Limpei minhas lágrimas, passei um blush leve em minhas bochechas e coloquei o colar que ele havia me dado no início do nosso relacionamento. Respirei, inspirei e tentei controlar meu nervosismo olhando para minha imagem no espelho.

– Vai dar tudo certo. - Disse à mim mesma.

– Sakura, podemos ir? Você não quer chegar atrasada logo hoje, certo? - Gritou minha mãe do outro lado da porta.

Antes de sair garanti que trazia alguns lenços e um terço, não era como se eu acreditasse nessas coisas, mas com certeza esse objeto faria a cena ficar mais dramática.

– Estou pronta mamãe - Disse eu colocando meus óculos enquanto saia divamente do banheiro.

Ela me encarou com aquela cara de "sério mesmo?" ou "não acredito que te criei para isso" que ela fazia toda vez que seguíamos rumo a mais um fim de meus relacionamentos passageiros... Quero dizer, casamentos.

– O que foi mamãe, não comeu hoje? - Ela apenas revirou os olhos e me puxou para o carro.

– Espero que essa seja minha última vez participando deste show - Disse ela me empurrando para dentro do veículo.

– A culpa foi sua por não ter me educado direito - Falei enquanto analisava minhas unhas.

Ela me encarou furiosamente e eu fiz cara de santa, seguímos a viagem em silêncio. Ok, não era como se eu me separasse sempre de um marido, no máximo foram sete... Eu presumo. Tudo bem que se formos considerar a minha idade isso seria um problema, mas qual é! Estamos em pleno século vinte e um!

E eu não tenho culpa se o que eu mais quero nessa vida é me sentir amada e esses caras que eu escolho não conseguem dar conta do recado e isso porque não faltou aviso.

– Olha Sakura, você tem que parar com esse negócio de a cada homem que encontrar na rua pedir em casamento à ele. A vida não é essa brincadeira que você acha que é. - Disse mamãe massageando a cabeça - Pelo amor de Deus, você tem apenas vinte e cincos e já passou por nove casamentos! Quando você irá amadurecer?

Nossa, da forma como ela colocava as coisas até parecia que era tão terrível assim, preferi ficar calada para evitar uma briga desnecessária. Ou seria necessária? Bom, o fato era que eu queria manter a minha aparência serena para quando aquele palhaço me ver se arrepender de tudo aquilo que não me deu.

Assim que chegamos no cartório eu corri para o banheiro para dar uma checada na minha cara. Estava tudo ótimo, apenas dei uma retocada no brilho labial e corri para a sala que minha mãe havia me indicado antes de correr para cá.

Entrei no local totalmente triunfante, todos os presentes me encaravam, principalmente Rick, meu futuro ex marido.

– Desculpe a demora, não pude me conter... - Forcei um início de choro e logo fingi me recompor - Tem sido muito difícil para mim.

– Ok senhorita Sakura, agora sente-se. - Falou o juiz autoritário. Logo percebi que esse seria um daqueles que é difícil de se convencer.

Rick me olhou com culpa e eu dramatizei ainda mais o meu olhar, senti que aquilo feriu o mais profundo de seus sentimentos. Yes, eu era ótima no que fazia!

A sessão seguiu-se tranquilamente, meu super advogado conseguiu para mim tudo aquilo que havíamos proposto desde o início, como sempre, e assinamos o papel do divórcio sem muitas delongas.

– Espero que você consiga ser feliz - Ele me disse apertando minhas mãos.

– Igualmente - Falei forçando as lágrimas novamente, mas pelo jeito elas não quiseram funcionar direito desta vez resultando em uma cara de dor bem esquisita.

Soltei a minha mão das dele para evitar o constrangimento em público e corri para fora da sala, mamãe veio logo atrás de mim.

– Parabéns, você conseguiu mais uma vez uma boa quantia para se sustentar durante meses até dar o golpe em outro pobre coitado - Olhei para ela indignada, não acreditei que estava ouvindo uma coisa dessas.

– Pense pelo lado positivo, até hoje não arranquei um tostão seu - Falei aquilo retirando alguns fios de cabelo dos meus olhos e seguindo para o carro - Ah, não vejo a hora de tirar algumas férias...

– Eu não acredito nisso - Ela sussurrou, mas pude ouvir muito bem o que ela disse.

Como não queria aguentar por muitos dias o inferno que seria aquela casa nesse período, logo que sai do cartório segui para uma agência de turismo e comprei minhas passagens para Bahamas, já faziam muitos anos que eu não passava por lá.

– Tenha uma ótima viagem, moça - Falou o rapaz que me atendeu.

Olhei para ele e aparentava ter seus vinte e dois anos, não podia investir, novo demais para mim e a última experiência que eu tive com alguém do tipo dele não deu muito certo, nos separamos na mesma semana em que nos casamos.

– Você é muito lindinho, mas não faz o meu estilo - Falei piscando pra ele.

– Mas... - O menino me olhou confuso, adoro quando se fazem de desentendidos.

Segui rapidamente para alguma loja especializada em roupas de verão e fiquei lá por horas montando minha mala para a viagem. Esta tudo perfeito, só teria que esperar duas semanas para me ver no paraíso novamente.

Claro que estar lá me traria algumas lembranças indesejáveis, já que a lua de mel do meu segundo casamento foi comemorada ali, mas nada que não possa ser superado. Fiquei o restante do dia trancafiada no meu quarto fazendo reservas de hotel e montando uma programação completa para o tempo que passaria em Bahamas.

Durante todo esse tempo evitei a presença da matriarca da minha família, mais conhecida como majestosa mamãe. Com certeza ela me puxaria para uma conversa séria como fazia desde o quarto término de um dos meus matrimônios.

No dia em que partiria deixei em cima de seu criado-mudo um recado de que eu estaria fora por um tempo para espairecer a mente e tentar me concertar e que voltaria apenas no mês que vem. Desculpa perfeita para amolecer o coração dela de uma vez.

Assim eu voei até Bahamas, rumo ao que eu diria em "férias até encontrar uma nova aventura", nova aventura eu me refiro à um novo marido, é. Eu não tenho culpa se essa era a única forma que encontrei para me sentir "bem".

O avião era bem confortável, grandes telas de televisão espalhadas em frente à luxuosas poltronas de couro. Um champanhe ao lado me aguardando para brindar uma vida nova e uma simpática aeromoça olhando com alegria para mim.

Ás vezes a fantasia era tão boa.

Apreciei todo o atendimento oferecido durante o voo e quando desci em terra firme me sentia bem comigo mesma mais do que em todos esses anos em que eu vivi, quem sabe talvez essa era uma porta sendo aberta para um futuro certo.

Corri esbaforida em direção ao rapaz que me aguardava na entrada do aeroporto com um plaquinha em suas mãos escrita "Haruno Sakura". Ele era um dos caras que contratei para me guiar pela cidade enquanto estivesse aqui.

– Olá, prazer!

– Prazer, meu nome é Uchiha Sasuke, espero que possamos passar um bom tempo juntos durante a viagem!

E assim ele me conquistou pelo sorriso.