O Dia Depois De Amanhã escrita por Camy


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Heey o//

Acabei de ver o filme... morri chorando.

~~enjoy



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Era o dia depois de amanhã. Arrietty estava ansiosa, sabia que o dia seria complicado. Olhou para o cubo de açúcar ainda intocado. Era seu maior segredo.

— Arrietty, hora do café! – sua mãe chamou.

Mordeu o lábio inferior. A casa que tinham era confortável, porém não se comparava à antiga. Muito menos à de bonecas. Ainda sonhava com ela. Os cômodos bem feitos, os móveis confortáveis… Sho.

Caminhou até a cozinha, que em nada parecia com a que a mãe tanto gostara, e pegou um pedaço de pão.

— Gostaram da casa? – Spiller perguntou parado no batente da cozinha.

"Spiller!"

Feliz, Arrietty encontrou a solução para seus problemas.

— Vou dar uma volta com Spiller. Voltamos ao anoitecer.

Não esperou por uma resposta. Saiu correndo e pegou a mão de Spiller, puxando-o para fora novamente.

— O que foi?

— Preciso que me leve de volta.

Ele piscou os olhos, confuso.

— O quê?!

— Me leve de volta, rápido!

Ele ficou sério. Os olhos dela estavam brilhantes pelas lágrimas presas e, de alguma forma, o pequenino selvagem soube qual era o problema.

— É o humano, não é?

Arrietty assentiu com a cabeça.

— Não posso…

— Por favor! Se não me levar, eu volto sozinha! – determinada, a pequenina ameaçou.

— Não sabe o caminho.

— Por isso mesmo que preciso da sua ajuda!

— Seu pai vai me…

— Vamos!

Ela o puxou pela mão novamente e começou a caminhar para uma direção qualquer. Spiller a fez parar abruptamente.

— Está indo para o lado errado!

Arrietty sorriu e abraçou Spiller o mais forte que conseguiu.

— Obrigada, Spiller.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

— Bocchan, está pronto? – Haru estava ao seu lado, tal qual sua tia. Todos o estavam esperando na sala de cirurgia.

— Sim… eu acho.

Sasako se sentou na cama com o sobrinho e, lentamente, acariciou os cabelos escuros. Sho brincava com o prendedor que recebera de Arrietty.

— Está tudo bem?

— Sim…

— É sua mãe, não é? Ela devia estar aqui…!

— Está tudo bem. A mamãe é assim mesmo.

Sasako sorriu, afastando-se do sobrinho.

— Pode nos deixar a sós, Haru?

A velha empregada, meio a contragosto, acatou a ordem de sua patroa, saindo do quarto com seus passos pesados e ligeiros.

— O que o incomoda, querido?

— Nada tia…

— São as pessoas pequenas?

Sho não respondeu imediatamente, dando à tia a resposta que ela desejava.

— Eu vou cuidar delas. Quando você sair dessa cirurgia, pode voltar lá para nossa casa. Eles estarão apenas esperando por você.

— Eles foram embora. Haru os descobriu e ela teve que ir.

— Querido…

— Titia, me faz um favor? – perguntou abruptamente.

— Qualquer um.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Arrietty demorou bem mais do que esperava. O caminho pelo rio foi longo. A chaleira não era tão rápida quanto parecera. Ela estava com o coração apertado. Por algum motivo, seu peito doía.

— Falta muito?

— Estamos quase chegando… tem certeza disso?

— Tenho.

Chegaram ao lugar em que se despedira de Sho. Spiller se sentou na pedra da qual observara o humano e disse que ali ficaria. Arrietty não argumentou. Olhou para a cerca na qual subira e sorriu ao ver Nyia descansando sobre a grama.

— Nyia!

A gata abriu apenas um olho; estivera esperando pela pequenina. Levantou-se e começou a guiá-la de volta. Arrietty sabia o caminho, porém agradeceu mentalmente ao animal por resolver acompanhá-la. Nyia afastou os sapos e os ratos, mantendo-a protegida.

Ao chegarem, a casa estava vazia. Arrietty correu até a entrada de bueiro onde Sho lhe deixara o cubo de açúcar e a flor, porém não havia nada ali. Sentou-se e abraçou os joelhos; seus olhos fixos na entrada de madeira.

Niya deitou-se à frente da pequenina, permitindo que esta lhe acariciasse as orelhas. Sasako não demorou a voltar, porém o dia já escurecia. Arrietty sabia que precisava voltar, todavia queria ver Sho novamente, certificar-se de que ele estava bem.

Sasako ordenou que Haru entrasse e arrumasse sua cama. Seguiu a empregada.

Arrietty esperou ansiosamente que Sho saísse do carro da humana, porém ele não apareceu. Sentiu os olhos se encherem de lágrimas, mas não podia se dizer realmente surpresa. Ela sabia, desde o início do dia. Assim como ele, ela sabia.

Arregalou os olhos ao ver Sasako sair novamente da casa. A velha mulher caminhou até Nyia, que a esperava no local indicado pelo sobrinho.

Arrietty pulou para longe da gata, escondendo-se entre as folhagens.

— Niya! O que está fazendo aqui, hm?

Sasako se abaixou e depositou um pedaço de papel com o bule da cozinha da casa de bonecas. O mesmo que Homily usara para fazer chá.

A mulher grisalha pegou a gata no colo. Não sabia se os soluços que ouvia eram seus ou se não passavam de sua imaginação, porém resolveu arriscar. Se estivesse errada, ninguém a ouviria.

— Arrietty…

A pequenina arregalou os olhos, tentando conter os soluços que lhe escapavam da garganta.

— A última palavra que ele me disse foi seu nome. Se quiserem voltar… Haru não voltará a incomodá-los, prometo. Porém meu sobrinho jamais retornará.

Arrietty não se revelou. Sasako esperou por alguns segundos, porém acabou indo embora com Nyia em seu colo. A gata estava descansando. Passaria o resto de seus dias deitada sobre a cama de Sho, esperando pela volta do garoto.

Quando Sasako não mais podia ser vista, Arrietty correu até o papel. Delicadamente retirou o bule de cima deste. Ela desdobrou a folha branca, sentindo esta se molhar com minúsculas gotículas de lágrimas.

"Arrietty… não me esqueça. E aceite o presente. A casa de bonecas é de vocês".

A menina agarrou o bule e, sentindo o cheiro de ervas que vinha deste, chorou. Nunca quis tanto sentir o abraço de sua mãe.

Quando a lua estava alta, ela começou a fazer o caminho de volta. Estava agarrada ao bule e ao papel; as lágrimas eram ininterruptas. Spiller ainda a esperava e não fez perguntas quando ela chegou chorando, apenas a ajudou a entrar na chaleira e a guiou para sua nova casa.

Arrietty nunca mais viu a casa de bonecas ou voltou para a casa onde conhecera Sho. A pequenina viveu por muitos anos, porém nunca se sentiu completa. Uma parte dela sempre esteve no único local que pôde chamar de lar. Uma parte dela sempre viveu com aquele que foi enterrado com um prendedor entre seus dedos. 


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Notas finais do capítulo

:'c


Não saiu bem como eu queria, mas tá aí :33
Não foi betado - muito ansiosa pra postar u-u

Reviews? o//

Bjs e teh + ^3^/



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