É, eu tenho te acompanhado. Visto seus passos e caminhadas.

Suas missões, dias de luta e glória. Animação e companheirismo. Chateações e lágrimas. Sim, eu estive ao seu lado o tempo todo. Você só apenas não percebeu.

Não me estranhe, nem me ache um stalker obsessivo. Mas, sempre vou ao seu quarto a noite quando você vai dormir.

Te observo. Você fica tão angelical quando repousa... tenho vontade de beijar-la toda vez que a vejo.

Admito, às vezes acaricio seus cabelos e fico enrolando fio por fio escarlate em meus dedos. São tão macios. Às vezes até parece que está acordada e de que sabe o que estou fazendo, pois sua bochecha cora e até mesmo sorri toda vez que o faço.

Faço questão de sempre que sair do seu quarto pela janela dar-lhe um beijo em sua macia bochecha e certificar de arrumar, com todo o cuidado para não acordar-la, o seu delicado cobertor para que não passe frio a noite.

Na última noite, o céu estava tão estrelado, iluminado e quente. Tanto que quando fui-me sentando na janela de seu quarto já me via sendo atraído e encantado pelo que me aparecia em minha vista.

Você realmente estava sentindo o clima esquentar, e sem perceber, no meio do sono foi tirando com seus pézinhos o seu cobertor.

Sua camisola rosa-bebê - o mesmo tom de suas bochechas quando você fica com vergonha -, de seda e colada estava à mostra. Era curto demais, e assim mostrava muito de suas coxas, bunda e seios. Não queria ter de tirar aquilo do meu alcance de visão, mas queria que apenas eu veria. Se alguém mais visse você nessa situação, teria de matar-lo sem dó nem piedade.

Mas meus pensamentos foram-se embora assim que me aproximei e acariciei seu rosto frágil e angelical. Parecia uma bonequinha de porcelana, que poderia quebrar a qualquer momento só de olhar-la, de tão frágil que era.

Me deitei ao seu lado, ainda acariciando seu rosto de fios de seda e de tom escarlate. Aproximei nossas testas, deixando meu azul se misturar com seu cabelo avermelhado. Formando-se assim um tom único, o Azul Escarlate.

Você estava com respiração pesada, seu dia havia sido realmente cansativo provavelmente. Me sinto de consciência desconfortável, incompleta e perturbada. Afinal, estive ocupado com aquelas chatas que chamo de companheiras - Ultear e Meredy - caçando Darkguild e não pude te seguir hoje.

Sacudi a cabeça tentando tirar mal pensamentos sobre você e tamanha desconfiança. Confio em você, mas não confio em seus companheiros Natsu e Gray. Sim, eu soube que vocês tomavam banho juntos.

Ainda acariciando seu rosto com a minha mão direita, levei a esquerda para a sua mão e entrelacei nossos dedos. A apertei firme porque não queria mais soltar. Não quero mais me afastar de você, quero estar do seu lado em todo o sempre. Entende isso?

Essa noite, você dormiu com o rádio ligado. Tocava diversas músicas lentas e românticas, o que deixava o momento mais intenso e romântico. Só queria que estivesse acordada e me correspondesse aquele momento, que ouvisse o que tenho a te dizer.

Fechei os olhos, e aproximei nossos rostos ainda mais e a envolvi em um quente abraço. Quando poderei dormir junto de você? E que poderei dar um boa noite, eu te amo antes de nos deitarmos? Quando poderei te chamar de minha?

Nunca, eu suponho. Enquanto eu estiver com problemas com o conselho, não poderei ter uma vida normal, ao seu lado.

Eu vim hoje e ficarei até mais tarde porque não poderei mais voltar. Aquela maldita guilda independente está só me causando mais problemas. E a pior das realidades ali é que eu terei que me afastar de você.

Aproveitei o momento, sim. E enquanto sentia sua respiração indo se acalmando e aspirava um delicioso perfume de morangos, percebi o que havia começado a tocar na rádio.

Nossa música, você se lembra dela?

Na torre do paraíso, enquanto presos em nossa cela mais nossos amigos, um guarda que nos vigiava -pois causavamos muito por buscarmos liberdade - a ouvia em seu rádio.

Seus olhos brilhavam toda vez que você a ouvia, eles me pareciam sonhadores e encantadores.

E me lembro exatamente da véspera daquele dia. Eu cantei para você dormir, assim que vi a cair em prantos, enquanto acariciava seus cabelos brincando os cabelos escarlates. Me lembro direitinho, só chorava de apenas um lado, pois havia perdido o outro por causa de maus tratos e torturas daqueles vagabundos.

Comecei a acompanhar a letra da mesma.

Well I know the feeling

(Bem, eu conheço a sensação)

Of finding yourself stuck out on the ledge

(De se encontrar na beira do abismo)

And there aint no healing

(E não há cura)

From cutting yourself with a jagged edge

(De se cortar com uma navalha afiada)

I'm telling you that

(Eu estou lhe dizendo que)

It's never that bad

(Nunca é assim tão ruim)

Take it from someone who's been where you're at

(Aceite isso de alguém que já esteve onde você está)

Laid out on the floor

(Caído no chão)

And you're not sure

(E você não tem certeza)

You can take this anymore

(Se você pode aguentar mais)

~//~

So just give it one more try

(Então, só tente mais uma vez)

With a lullaby

(Com uma canção de ninar)

And turn this up on the radio

(E aumente o rádio)

If you can hear me now

(Se você pode me ouvir agora)

I'm reaching out

(Eu estou chegando)

To let you know that you're not alone

(Para que você saiba que você não está sozinha)

And if you can't tell

(E se você não sabe disso)

So just close your eyes

(Então, basta fechar os olhos)

Oh, honey here comes a lullaby

(Querida, aqui vai uma canção de ninar)

Your very own lullaby

(Sua própria canção de ninar)

[...]

Eu cantava e me lembrava do que passamos naquela torre juntos. Foram momentos ruins e torturantes, mas foi ali que a conheci. Por isso não guardo rancor.

Eu lacrimejava e apertava os olhos para não deixar as lágrimas caírem.

Assim que abri meus olhos lentamente, vi que você estava acordando então vi que hora de sair dali. O momento fora ótimo, mas não queria me arriscar sendo visto por você ou qualquer outra pessoa.

E quero que saiba que este não é um adeus, e sim um até logo.

Eu te amo Erza, e espero que me perdoe algum dia pelo que te fiz passar.