Antes De Morrer escrita por Alan


Capítulo 38
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaa :3 um pouco de Sam com Kurt e Klaine



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- Eu vou ser o único menino da escola com um irmão morto.
- Vai ser bacana. Vai passar um tempão sem precisar fazer dever de casa, e todas as meninas vão ficar a fim de você.
Sam pensa a respeito.
- Eu ainda vou ser um irmão?
- Claro.
- Mas você não vai saber.
- Vou, sim.
- Você vai me assombrar?
- Quer que eu te assombre?
Ele sorri, nervoso.
- Talvez eu fique com medo.
- Então não vou assombrar.
Ele não consegue ficar parado, e anda de um lado para o outro pelo carpete entre a minha cama e o armário. Alguma coisa mudou entre nós dois desde o hospital. Nossas brincadeiras não são mais tão espontâneas.
- Pode jogar a televisão pela janela se quiser, Sam. Eu me senti melhor.
- Não quero fazer isso.
- Então me mostra algum truque.
Ele corre para buscar suas coisas e volta vestido com sua jaqueta especial, aquela preta com bolsos camuflados.
- Presta bastante atenção.
Amarra dois lenços de seda um no outro pelas pontas e enfia-os dentro da mão fechada. Depois abre a mão, um dedo de cada vez. Está vazia.
- Como você fez isso?
Ele sacode a cabeça e bate com a varinha no nariz.
- Os mágicos nunca revelam seus segredos.
- Faz de novo.
Em vez de repetir o truque, ele mistura e espalha as cartas de um baralho.
- Escolhe uma, olha e não me diz qual é.
Escolho a rainha de espadas, depois torno a colocá-la no bolo. Sam espalha as cartas de novo, dessa vez viradas para cima. Mas a rainha sumiu.
- Sam, você é bom!
Ele se joga na cama.
- Não sou bom o suficiente. Queria saber fazer alguma coisa maior, alguma coisa assustadora.
- Pode me serrar ao meio, se quiser.
Ele sorri, mas quase na mesma hora começa a chorar, primeiro sem fazer barulho, depois com grandes soluços engasgados. Até onde sei, é apenas a segunda vez que ele chora, então talvez precise fazer isso. Ambos agimos como se ele não tivesse controle sobre aquilo, como se fosse uma hemorragia nasal que nada tivesse a ver com seus sentimentos. Puxo-o para perto e o abraço. Ele soluça no meu ombro, e suas lágrimas penetram meu pijama. Tenho vontade de lambê-las. Suas lágrimas reais, tão reais.
- Eu te amo, Sam.
É fácil. Mesmo que isso o faça chorar dez vezes mais, fico muito contente por ter ousado.
Número treze, abraçar meu irmão enquanto o crepúsculo desce sobre o peitoril da janela.
Blaine sobe na cama. Ele puxa o edredom até bem debaixo do queixo, como se estivesse com frio ou com medo de que o teto caia sobre a sua cabeça.
- Amanhã seu pai vai comprar uma cama de armar e colocar ali no chão pra mim – diz ele.
- Você não vai mais dormir comigo?
- Talvez você não queira, Kurt. Talvez não queira que ninguém te abrace.
- E se eu quiser?
- Bom, nesse caso eu vou te abraçar.
Mas ele está apavorado. Posso ver nos seus olhos.
- Tudo bem, eu te libero.
- Shh.
- Não, sério. Estou te liberando.
- Eu não quero ficar livre. – Ele se estica e me dá um beijo. – Me acorda se precisar de mim.
Ele adormece depressa. Fico acordado, ouvindo as luzes serem apagadas por toda a cidade. Boas-noites sussurrados. O rangido preguiçoso de molas de colchão. Encontro a mão de Blaine e seguro-a com força. Fico contente por existirem vigias noturnos, enfermeiras, caminhoneiros de longa distância. Reconforta-me saber que, em outros países com fusos horários diferentes, mulheres lavam roupa nos rios e crianças estão a caminho da escola. Neste exato momento, em algum lugar do mundo, um menino está escutando o tilintar alegre da sineta de uma cabra enquanto sobe uma montanha. Fico muito contente com isso.


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Notas finais do capítulo

tchau :3



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