Antes De Morrer escrita por Alan


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Estou postando um pouco tarde porque meu irmão, que veio de SC, está aqui e sempre fica no computador. Mas enfim, aqui vai outro capítulo.



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- Eu quero que o Blaine venha morar aqui.
Papai se vira da pia, e suas mãos fazem escorrer detergente no chão. Ele parece inteiramente atônito.
- Deixa de ser ridículo!
- Estou falando sério.
- Onde é que ele vai dormir?
- No meu quarto.
- Não há hipótese de eu permitir isso, Kurt! – Ele torna a se virar para a pia, mexe as tigelas e pratos de um lado para o outro. – Isso faz parte da sua lista? Ter um namorado morando em casa faz parte da sua lista?
- O nome dele é Blaine.
Papai sacode a cabeça.
- Pode esquecer.
- Então eu vou me mudar pra casa dele.
- E você acha que a mãe dele vai querer você lá?
- Então a gente vai fugir pra Escócia e morar em uma fazenda. Você preferiria isso?
Quando ele se vira para mim outra vez, sua boca está tremendo de raiva.
- Kurt, a resposta é não.
Detesto a forma como ele se aproveita da própria autoridade, como se tudo estivesse resolvido só por que ele falou. Então subo até meu quarto pisando firme e bato a porta. Ele acha que isso tem a ver com sexo. Será que não percebe que é mais profundo? E será que não vê como é difícil pedir.
Três semanas atrás, no final de janeiro, Blaine me levou para passear de moto, mais rápido do que da primeira vez e mais longe: até um lugar na fronteira de Kent, onde o terreno é pantanoso e desce em declive até a praia. Lá longe, no meio do mar, havia quatro turbinas de vento, com suas pás fantasmagóricas girando.
Ficamos jogando pedrinhas nas ondas, e eu me sentei no chão de seixos e disse a ele como a minha lista está fugindo do meu controle.
- Tem tantas coisas que eu quero. Dez não é mais suficiente.
- Me fala – pediu ele.
No início foi fácil. Falei sem parar. Primavera. Narcisos e tulipas. Nadar à noite sob um céu calmo e azul. Uma longa viagem de trem, um pavão, uma pipa. Outro verão. Mas não consegui lhe dizer a coisa que eu mais quero. Nessa noite, ele foi para casa. Todas as noites, vai para casa cuidar da mãe. Ele dorme a poucos metros de mim, depois da parede, do outro lado do armário. No dia seguinte, ele apareceu com entradas para o zoológico. Fomos até lá de trem. Vimos lobos e antílopes. Um pavão abriu a cauda esmeralda e azul-turquesa para mim. Almoçamos em um café, e Blaine comprou para mim um prato de frutas, com uvas pretas e fatias brilhantes de manga. Alguns dias mais tarde, ele me levou a uma piscina coberta e aquecida. Depois de nadar, ficamos sentados na borda, enrolados em toalhas, balançando os pés dentro d’água. Bebemos chocolate quente e rimos das crianças que berravam no ar frio. Certa manhã, ele veio me trazer uma tigela de flores de açafrão.
- Primavera – falou.
Levou-me até a nossa colina de moto. Havia comprado uma pequena pipa na banca de jornal, e nós a soltamos juntos. Dia após dia, era como se alguém houvesse desmontado a minha vida inteira e polido cada pedacinho com muito cuidado antes de juntar tudo de novo. Mas nós nunca passamos nenhuma noite juntos. Então, no Dia dos Namorados, fiquei anêmico apenas doze dias depois de uma transfusão de sangue.
- O que isso quer dizer? – perguntei ao especialista.
- Você chegou mais perto da linha – respondeu ele.
Está ficando mais difícil respirar. As olheiras debaixo dos meus olhos se tornaram mais fundas. Meus lábios parecem plástico esticado diante de uma cerca. Ontem à noite, acordei às duas da manhã. Minhas pernas estavam doendo, um latejar difuso, como uma dor de dente. Eu havia tomado paracetamol antes de me deitar, mas precisava de codeína. A caminho do banheiro, passei pela porta aberta do quarto de papai, e mamãe estava lá: seus cabelos se espalhavam sobre o travesseiro, e o braço dele a envolvia protetoramente. É a terceira vez que ela dorme aqui nas últimas duas semanas. Fiquei no corredor olhando os dois dormirem e soube, com absoluta certeza, que não poderia mais ficar sozinho no escuro.
Mamãe sobe até o andar de cima e senta-se na minha cama. Estou em pé junto à janela, olhando o anoitecer. O céu está repleto de alguma coisa, as nuvens baixas e carregadas.
- Soube que você quer que Blaine venha morar aqui – diz ela.
Escrevo meu nome na janela embaçada. As marcas do meu dedo desenhadas no vidro fazem eu me sentir jovem.
- O seu pai pode concordar com uma noite de vez em quando, Kurt, mas não vai deixar o Blaine vir morar aqui – diz ela.
- O papai disse que ia me ajudar com a minha lista.
- Ele está ajudando. Acabou de comprar passagens pra todo mundo ir pra Sicília, não foi?
- Isso é por que ele quer passar uma semana inteira com você!
Quando me viro para olhar para ela, ela franze o cenho para mim como se eu fosse alguém que nunca tivesse visto antes.
- Ele disse isso?
- Ele está apaixonado por você, é óbvio. Viajar nem está mais na minha lista.
Ela faz cara de espantada.
- Achei que viajar fosse número sete.
- Eu troquei por fazer você e o papai voltarem.
- Ah, Kurt!
È estranho porque, de todas as pessoas, ela era quem mais deveria entender de amor. Cruzo os braços para ela.
- Me fala sobre ele.
- Sobre quem?
- Sobre o homem por quem você deixou a gente.
Ela sacode a cabeça.
- Por que você está falando nisso agora?
- Por que você disse que não teve escolha. Não foi isso que você disse?
- Eu disse que estava infeliz.
- Várias pessoas são infelizes, nem por isso elas fogem.
- Por favor, Kurt, eu não quero mesmo falar sobre isso.
- A gente amava você.
Plural. Pretérito. Mesmo assim, as palavras são grandes demais para o pequeno quarto. Ela ergue os olhos para mim, com o rosto pálido e anguloso.
- Desculpa.
- Você deve ter amado ele como nunca amou ninguém. Ele devia ser maravilhoso, uma pessoa meio mágica.
Ela não diz nada.
Simples. Um amor grande assim. Torno a me virar para a janela.
- Então você deve entender o que eu sinto pelo Blaine.
Ela se levanta e chega perto de mim. Não me toca, mas fica muito perto.
- Ele sente a mesma coisa por você, Kurt?
- Não sei.
Quero me encostar nela e fingir que tudo vai ficar bem. Mas tudo que faço é apagar meu nome da vidraça e olhar para a noite do outro lado. Lá fora está estranhamente sombrio.
- Vou falar com seu pai – diz ela. – Ele está pondo o Sam pra dormir, mas quando terminar eu levo ele pra tomar uma cerveja. Tudo bem vocês dois ficarem sozinhos?
- Vou chamar o Blaine. Fazer um jantar pra ele.
- Tá bom. – Ela se vira para sair, depois torna a se virar na soleira da porta. – Você quer algumas coisas lindas e maravilhosas, Kurt, mas cuidado. As outras pessoas nem sempre podem te dar o que você quer.
Corto quatro fatias gigantes de pão em cima de uma tábua e ponho-as debaixo do grill. Pego uns tomates da cesta de legumes e, como Blaine está de costas para a pia olhando para mim, seguro um com cada mão na altura dos peitos e vou rebolando até a bancada. Ele ri. Corto ao meio os dois tomates e ponho-os no grill ao lado das torradas. Pego o ralador no armário, o queijo na geladeira, e ralo uma pilha de queijo sobre a tábua enquanto a torrada está no forno. Sei que há uma curva especial (a única curva que ainda tenho) onde minhas costas se encontram com meu bumbum, e que, quando me apóio sobre um dos quadris, essa curva se projeta na direção de Blaine.
Depois de ralar o queijo, lambo um dedo de cada vez, de propósito e bem devagar, e acontece exatamente o que eu sabia que aconteceria. Ele se aproxima e beija a minha nuca.
- Quer saber o que eu estou pensando? – sussurra ele.
- Pode falar – digo, embora eu já saiba.
- Eu quero você. – Ele me vira e me beija na boca. – Muito.
Fala como se houvesse sido possuído por uma força que não compreende. Adoro isso. Pressiono meu corpo contra o seu.
- Quer saber o que eu quero? – pergunto.
- Fala.
Ele sorri. Acha que sabe o que eu vou dizer. Não quero que ele pare de sorrir.
- Você.
É a verdade. Mas ao mesmo tempo não é.
Desligo o fogo antes de subirmos. A torrada já virou carvão. O cheiro de queimado me deixa triste.
Em seus braços, esqueço. Mas depois, quando estamos deitados juntos, em silêncio, torno a me lembrar.
- Eu tenho pesadelos – digo.
Ele acaricia meu quadril, o alto da minha coxa. Sua mão é cálida e firme.
- Me conta.
- Nesses pesadelos eu vou a algum lugar.
Caminho descalço por um campo até chegar a um lugar no final desse mundo. Subo degraus e atravesso uma grama alta. A cada noite, vou mais longe. Na noite passada, cheguei a um bosque – escuro e não muito grande. Do outro lado havia um rio. Uma bruma flutuava sobre a superfície. Não havia peixes e, quando saí da água, havia lama escorrendo entre meus dedos.
Blaine roça um dedo na minha bochecha. Depois me puxa para mais perto e me beija. Na bochecha. No queixo. Na outra bochecha. Depois na boca. Muito delicadamente.
- Se eu pudesse, iria com você.
- Dá um medo danado.
Ele balança a cabeça.
- Eu sou muito corajoso.
Sei que ele é. Quantas pessoas estariam aqui comigo, para começo de conversa?
- Blaine, eu preciso te pedir uma coisa.
Ele espera. Sua cabeça está ao lado da minha sobre o travesseiro, seus olhos estão calmos. É difícil. Não consigo encontrar as palavras. Os livros na prateleira acima da cama parecem suspirar e se mover.
Ele se senta e me passa uma caneta.
- Escreve na parede.
Olho para todas as coisas que escrevi ali ao longo dos meses. Garranchos de desejos. Poderia acrescentar tantas outras coisas. Uma conta conjunta no banco, cantar na banheira junto com ele, ouvi-lo roncar durante anos e anos.
- Vai – diz ele. – Eu tenho que ir embora daqui a pouco.
E são essas as palavras, que contêm dentro de si um pouco do mundo exterior, de coisas a fazer e de lugares aonde ir, que me permitem escrever. Eu quero que você venha morar comigo. Quero as noites. Escrevo depressa, com uma letra horrível, para que talvez ele não consiga ler. Depois me escondo debaixo do edredom. Há uma pausa de um segundo.
- Eu não posso, Kurt.
Desvencilho-me do edredom. Não consigo ver seu rosto, somente um vislumbre de luz refletido nos olhos. Talvez sejam estrelas brilhando ali. Ou talvez a Lua.
- Por que você não quer?
- Não posso deixar minha mãe sozinha.
Detesto a mãe dele, as rugas em sua testa e ao redor dos olhos. Ela perdeu o marido, mas não perdeu mais nada.
- Você não pode voltar pra cá depois que ela for dormir?
- Não.
- Pelo menos já pediu pra ela.
Ele sai da cama sem me tocar e se veste. Queria que fosse possível espalhar células cancerosas pela bunda dele. Eu poderia alcançá-la daqui, e então ele seria meu para sempre. Eu ergueria o carpete e arrastaria Blaine por debaixo do chão até os alicerces da casa. Faríamos amor diante dos vermes. Meus dedos penetrariam debaixo de sua pele.
- Eu vou assombrar você – digo-lhe. – Mas por dentro. Sempre que você tossir vai pensar em mim.
- Pára de bagunçar a minha cabeça.
E então ele vai embora.
Agarro minhas roupas e saio atrás dele. Ele pega a jaqueta pendurada no corrimão. Ouço-o atravessar a cozinha e abrir a porta dos fundos.
Quando o alcanço, ele ainda está em pé no degrau da porta. Atrás dele, no jardim, grandes flocos de neve caem rodopiando. Deve ter começado quando estávamos no quarto. O caminho de terra batida está coberto de neve, o gramado também. O céu está repleto dela. O mundo parece silencioso e menor.
- Você queria neve. – Ele estende a mão para pegar um floco e me mostra. É um floco perfeito, como os que eu costumava recortar em papel e pregar na janela no primário.
Ficamos olhando o floco derreter na palma de sua mão.
Pego meu casaco. Blaine encontra minhas botas, meu cachecol e meu chapéu, e me ajuda a descer o degrau. Minha respiração é puro gelo. Neva tanto que nossas pegadas desaparecem no mesmo instante em que se formam. A neve sobre a grama é mais profunda; ela geme quando pisamos. Atravessamos juntos a superfície toda nova. Escrevemos nossos nomes com os pés, tentando penetrá-la, chega à
grama lá embaixo. No entanto, mais neve vem cobrir todas as marcas que fazemos.
- Olha – diz Blaine.
Ele se deita de costas no chão e agita os braços e pernas. Grita por causa do frio em seu pescoço, em sua cabeça. Torna a ficar em pé com um pulo, limpa a neve da calça.
- Para você. – diz. – Um anjo desenhado na neve.
É a primeira vez que ele olha para mim desde que escrevi na parede. Seus olhos estão tristes.
- Já tomou sorvete de neve? – pergunto.
Mando-o ir buscar dentro de casa uma tigela, açúcar de confeiteiro, baunilha e uma colher. Ele segue minhas instruções, põe algumas colheradas de neve dentro da tigela, mistura todos os ingredientes. O troço vira uma pasta, fica marrom, com um gosto esquisito. Não é como nas minhas lembranças de menino.
- Talvez seja iogurte e suco de laranja.
Ele sai correndo. Volta. Tentamos de novo. Fica pior ainda, mas dessa vez ele ri.
- Que boca linda – digo.
- Você está tremendo – diz ele. – Devia entrar em casa.
- Não sem você.
Ele olha para o relógio.
- Como se chama um boneco de neve no deserto? – pergunto.
- Eu tenho que ir, Kurt.
- Poça.
- Sério.
- Você não pode ir embora agora, no meio de uma tempestade de neve. Nunca mais vou encontrar o caminho de casa.
Abro o fecho do casaco. Deixo-o se abrir, expondo o ombro. Mais cedo, Blaine passou vários minutos beijando esse pedacinho especifico do meu ombro. Ele pisca para mim. A neve cai sobre seus cílios.
- O que você quer de mim, Kurt? – pergunta ele.
- As noites.
- O que você quer de verdade?
Eu sabia que ele iria entender.
- Quero que você fique comigo no escuro. Que me abrace. Que continue me amando. Que me ajude quando eu ficar com medo. Que vá até a beiradinha junto comigo pra ver o que tem lá.
Ele me olha com muita intensidade.
- E se eu fizer alguma coisa errada?
- É impossível você fazer alguma coisa errada.
- Eu posso te decepcionar.
- Você não vai me decepcionar.
- Eu posso surtar.
- Não faz mal. Eu só quero que você esteja comigo.
Ele olha para mim em meio à paisagem invernal do jardim. Seus olhos são muito dourados. Neles vejo seu futuro se estender à sua frente. Não sei o que ele vê nos meus. Mas ele é corajoso. Sempre soube disso a seu respeito. Pega minha mão e torna a me conduzir para dentro de casa.
No andar de cima, sinto-me pesado, como se a cama houvesse colado em mim e estivesse me sugando para baixo. Blaine leva uma eternidade para tirar a roupa, depois fica em pé, tremendo, só de cueca.
- Entro na cama, então?
- Só se você quiser.
Ele revira os olhos, como se comigo nunca fosse possível vencer. É tão difícil conseguir o que eu quero. Fico preocupado que as pessoas só me dêem coisas por que sentem culpa. Quero que Blaine queira estar aqui. Como é que vou poder saber a diferença?
- Não é melhor a gente avisar à sua mãe? – pergunto quando ele sobe na cama ao meu lado.
- Amanhã eu aviso. Ela vai sobreviver.
- Você não está fazendo isso porque tem pena de mim, está?
Ele sacode a cabeça.
- Pára com isso, Kurt.
Nós nos enroscamos um no outro, mas o frio da neve perdura; nossas mãos e pés são feitos de gelo. Entrelaçamos as pernas para nos aquecer. Ele me esfrega, me afaga. Torna a me envolver em seus braços. Sinto sua ereção. Isso me faz rir. Ele também ri, mas um riso nervoso, como se eu estivesse rindo dele.
- Você me quer? – pergunto.
Ele sorri.
- Eu sempre te quero. Mas está tarde, é melhor você dormir.
A neve torna o mundo do lado de fora mais brilhante. A luz penetra através da janela. Adormeço vendo-a cintilar e resplandecer sobre a pele dele.
Quando acordo, ainda é de noite e ele está dormindo. Seus cabelos sobre o travesseiro são escuros, seu braço está jogado sobre o meu corpo como se ele fosse capaz de me reter ali. Ele suspira, pára de respirar, mexe-se, torna a respirar. Esta bem no meio do sono – parte deste mundo, mas parte de outro mundo também. Isso é estranhamente reconfortante para mim. Mas o fato de ele estar comigo não impede minhas pernas de doerem. Deixo-lhe o edredom, enrolo-me no cobertor e vou cambaleando até o banheiro buscar codeína.
Quando saio, papai está de roupão no corredor. Tinha me esquecido de que ele sequer existia. Não está calçando chinelos. Seus dedos dos pés parecem muito compridos e cinzentos.
- Você deve estar ficando velho – digo a ele. – Só velhos acordam no meio da noite.
Ele aperta mais o roupão em volta do corpo.
- Eu sei que o Blaine está aí dentro com você.
- E a mamãe está aí dentro com você?
Isso me parece um detalhe importante, mas ele decide ignorá-lo.
- Você fez isso sem a minha permissão.
Baixo os olhos pro carpete e torço para ele terminar logo com isso. Minhas pernas estão pesadas, como se meus ossos estivessem inchando. Arrasto os pés no chão.
- Não estou querendo cortar o seu barato, Kurt, mas é meu dever cuidar de você e eu não quero que você se machuque.
- É um pouco tarde pra isso.
Eu pretendia que a frase soasse como uma brincadeira, mas ele não sorri.
- Kurt, o Blaine é só uma criança. Você não pode depender dele pra tudo. Ele pode te decepcionar.
- Ele não vai fazer isso.
- E se fizer?
- Aí eu ainda vou ter você.
É estranho abraçá-lo no corredor escuro. Apertamo-nos mais forte do que me lembro de jamais ter acontecido. Depois de algum tempo, ele solta e me olha com um ar muito sério.
- Eu vou sempre estar ao seu lado, Kurt. O que quer que você faça, o que quer que ainda tenha pra fazer, o que quer que a sua lista idiota te leve a fazer. Você precisa saber disso.
- Não falta mais quase nada.
Número nove é Blaine se mudar para a minha casa. Mais profundo do que sexo. É enfrentar a morte, mas não sozinho. É a minha cama não ser mais assustadora, mas, sim, um lugar onde Blaine está deitado, quentinho, à minha espera.
Papai beija o alto da minha cabeça.
- Então vai lá.
Ele vai para o banheiro.
Eu volto para Blaine.


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Notas finais do capítulo

Boa noite