Paralelo T. escrita por Tom


Capítulo 3
Capítulo 3 - O Meio


Notas iniciais do capítulo

Não interessa quais os meios que você tem que utilizar. Se quer alguma coisa, faça o que for preciso.



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“A porta da passagem secreta se abriu com ruídos. Amerie não se importou, já que aquela era uma casa antiga e o barulho da música era mais alto que todo o resto. Adentrou no porão sem nenhuma dificuldade, passando pelos obstáculos de mobília velha e empoeirada. Seu nariz chegou a coçar um pouco, mas reprimiu o espirro que estava para vir.

- Ótimo. Uma assassina que tem alergia a poeira. – Resmungou consigo mesma enquanto ia em direção à porta pelo cômodo mal iluminado. Tentava manter-se concentrada na questão de como passaria sem ser vista, mas os seus pensamentos não paravam hora nenhuma de se direcionarem para o prefeito e sua mulher. Esqueceu até que o seu chefe havia a mandado matar apenas a criança.

Com o ouvido apoiado contra a porta de madeira, ouviu os sons que eram produzidos no exterior do porão. Nada ali. Deveria ser a parte mais afastada da mansão, com certeza. Girou a maçaneta e logo o portal estava livre para ser usado. Em poucos segundos, ela já estava totalmente debaixo do teto de seus inimigos.

Soltou um suspiro profundo antes de escolher o caminho da direita para seguir. Os únicos sons que se seguiam eram do salão de festas, onde a confraternização acontecia, então Amerie deduziu que não haveria qualquer pessoa ali. Enquanto ela andava de forma rápida e abafada, sentiu a adaga a incomodar. “Droga.” Pensou, irritada. Teria que colocá-la em outro lugar. Abrindo alguns botões do seu longo casaco, tirou a arma dali e a colocou por dentro da bota de salto alto. Era uma de suas melhores. O couro negro era maleável e o salto aplicava a mulher o tamanho que lhe faltava.

Agora abotoando novamente o casaco – que era a única peça que ela usava para lhe tampar o busto, tirando o sutiã – seus pés deslizaram novamente pelo corredor vazio. Cada quarto tinha uma porta com uma inscrição. Variavam de quarto de hóspedes, empregados, banheiros e etc. Assim que ela se aproximava de uma bifurcação, que levava a mais uma parte cheia de quartos da casa e ao salão de festas, começou a ouvir barulhos. Barulhos não, barulho. Era alguém, na verdade um homem, pela voz grave, que murmurava alguma música.

A mente de Ame começou a trabalhar. O som da voz do homem não tinha nenhuma oscilação, o que quer dizer que ele não saia do lugar. Se fosse algum convidado, com certeza só estaria procurando um banheiro ou algo do tipo, mas se não era um convidado e não mudava de lugar, só podia ser um guarda. Agora, o que um guarda estaria fazendo ali? Ele era o protetor de algum cômodo importante e a loira não duvidava nada que fosse o escritório do prefeito. Sorriu para sua sorte.

O guarda era um homem. Ela era mulher. Aquele era o escritório do prefeito. O lugar perfeito para ela iniciar sua vingança.

- Ai meu Deus! – Exclamou Amerie o mais alto que conseguiu enquanto cambaleava para o corredor na onde o homem estava. A mulher estava certa segundo ele e segundo o local. É. Ela nunca errava. O guarda olhou para ela, os olhos semicerrados e a mão pairando sobre o cassetete.

- O que faz aqui, senhora? – Ele perguntou com a voz inquieta. Amerie abriu um enorme sorriso, que para ela era totalmente falso, e se encaminhou para ele. Nada como o truque velho da mulher bêbada que procura um banheiro.

- Eu... – Ela começou a rir. – Onde... Onde fica... O banheiro mesmo? – Perguntou tentando evitar o seu próprio acesso de riso. O guarda olhou para a mulher, relaxando a postura. Ele tinha caído no truque.

- Volte no corredor. Segunda porta a esquerda. – Ele falou, rapidamente. Hora do plano B. Amerie voltou a cambalear na direção do homem, parando bem próxima a ele. – Senhora... Ahn... Poderia se afastar, por favor?

- Que isso guarda. O senhor não poderia... Como é mesmo a palavra? – Disse com um meio sorriso. – Me ajudar no banheiro. – Agora a voz de Ame já não era de uma mulher totalmente bêbada. Tudo bem que ainda deveria manter o falsete do primeiro, mas agora ela usava um tom mais sensual. Pelo caráter do guarda, ele não tinha cara de ter se relacionado com uma mulher recentemente. A loura colocou a mão do pescoço do homem, olhando-o fixamente.

- Acho que a senhora não deveria fazer isso. – Falou ele, mas pelo som da sua voz não era aquilo que ele queria. Amerie era uma mulher sensual. Seus lábios vermelhos e carnudos, seus olhos azuis e seu corpo esguio. O guarda, preocupado e desejoso ao mesmo tempo, passou a mão em torno da cintura da mulher. – Venha então, vou te ajudar.

Antes sequer que ele começasse a puxá-la, Amerie o beijou. Ele teria que se esquecer completamente do que estava fazendo ali para ela ter êxito. Por mais que ela fosse experiente, ele ainda era um homem e tinha mais força física. Não era um beijo verdadeiro, era seco, mas seus lábios se moviam com voracidade. As mãos espertas do homem robusto se aproveitavam de todo o corpo de Ame enquanto ela encaminhava suas unhas para debaixo da camiseta do guarda, arranhando-o.

- Um lugar mais discreto... – Amerie murmurou entre o fim do beijo e o início das mordidas que o homem aplicava em seu pescoço. Tirando uma única chave do bolso, ele abriu, sem errar, a porta do escritório de Antti Charlisle. Os dois primeiros botões do casaco da mulher estavam abertos, o que possibilitava que o guarda se concentrasse mais em ver os seios dela do que se lembrar na onde é que ele estava entrando.

- Aqui. Bem melhor. – Ele falou com a voz meio rouca. Puxou Amerie para um sofá que fora posto logo na frente da mesa principal. Sentando o guarda lá, a mulher, com toda a sensualidade que lhe cabia, parou atrás dele passando as mãos pela sua nuca e chegando até o seu tórax. Ela sentia o quanto o guarda estava gostando daquilo e isso ainda aumentava ainda mais a vontade do que Ame estava prestes a fazer.

- Sinto muito... – Ela sussurrou bem perto da orelha do homem, fazendo-o arrepiar. Ele não pareceu se importar com o significado daquelas palavras, até porque no momento seguinte o guarda já estava morto. Com uma mão em torno da mandíbula do homem e a outra logo abaixo de sua orelha direita, ela havia lhe quebrado o pescoço. – Homens são movidos pela cabeça de baixo. – Disse simplesmente enquanto se afastava do cadáver e se arrumava, observando o local.

Um sentimento estranho tomou conta de Amerie.

Não era ódio, nem prazer e nem ressentimento.

Eram saudades.

Enquanto vasculhava o local, ela percebeu que aquele escritório já fizera parte de sua vida. Era, antes, do pai de Antti e agora era o lugar que ele ocupava.  Foi bem ali que ela... Ela dera o primeiro beijo.

E as coisas pioraram.

No canto direito da mesa jazia um porta retrado com uma foto de dois jovens. Uma garota loura com um sorriso enorme e um garoto com cabelos castanhos e um sorriso maior ainda.”

Torie prendeu a respiração. Amerie com certeza não suportaria as lembranças que aquele cômodo poderia trazer a ela. A própria garota se sentia mal pela personagem. Se era conscientemente ou não, Torie Ferwell e Amerie Piktrius tinham bastante em comum. No mesmo tempo em que pensava sobre isso, o celular da jovem vibrou com uma nova mensagem.

“Quero ver essa sua história logo”. Era o que dizia o texto e a loira sorriu, desviando os olhos novamente para a tela do computador. O sono e o cansaço batiam em sua porta e ela saberia que se escrevesse mais alguma única palavra, sairia uma merda. Decidiu então que a melhor coisa, nesse momento, seria o descanso. Por um momento a sua mente se voltou para o jogo da internet, para o garoto do jogo da internet.

- A não. Nem vem.  – Disse para si mesma. Não era hora de ficar pensando nele.


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Notas finais do capítulo

Aeee õ/. Ficou mais emocionante, não? Tava na hora de dar uma agitada nessa parada. Espero que tenham apreciado a leitura. :3