Search escrita por Bella A N


Capítulo 1
Prólogo...


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...



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28 de Setembro de 2006 - Residência dos Martins 

Eu encarava as pessoas que eu achava que eram meus pais e não sabia o que dizer. Meu mundo era uma mentira e eu não fazia a mínima ideia de como reagir a isso, talvez eu devesse gritar pedir explicações, mas naquele momento eu não conseguia nem derramar uma lagrima. Eu os amava tanto, eles eram tão amorosos e dedicados que era difícil de acreditar que aquilo podia ser verdade, seus olhos estavam vermelhos e me olhavam com dor explicita nos mesmos.

–Diga que isso é mentira! - Praticamente implorei para eles quando finalmente achei minha voz.

–Amamos você Flora – disse a mulher que eu achava que era minha mãe, voltando a chorar desesperadamente, foi quando eu tive minha certeza que ela não era a mulher que me tinha gerado.

Corri até meu quarto e bati a porta com toda força que eu tinha, deitei em minha cama e fiquei horas olhando para o teto como se ali estivesse o que eu realmente procurava. Eu já deveria ter suspeitado já que Anna tinha varias fotos de quando era criança e eu muito poucos. Era até difícil acreditar já que eu era bem parecida com Diego que era meu suposto pai e Lilian sempre tratou Anna e eu do mesmo jeito. Ouvi batidas na porta depois de algum tempo e apenas murmurei um “Entre” ainda olhando para o teto.

–Oi – disse Anna deitando-se ao meu lado e olhando para o teto também.

–Você já soube? – perguntei e virei meu rosto em sua direção

–Já e entendo sua reação, mas mamãe e papai te amam muito da mesma forma que eles me amam – Ela ainda olhava para o teto e parecia concentrada com algo – Perdoe eles, afinal nós somos uma família e não tem nada de errado em ser adotada.

–Você diz isso porque não foi com você, é como se o mundo em que eu vivia não fosse real. – deixei uma lágrima cair quando finalmente ela me olhou nos olhos.

–Sei que está se sentindo muito mal e respeito isso, só não seja egoísta demais ao ponto de só ver os defeitos deles e esquecer o quão feliz eles nos fazem – ela se levantou e saiu sem nem ao menos esperar minha resposta.

As vezes isso acontece, a gente fica tão magoado que só vê os pontos negativos da questão e acaba esquecendo os positivos, iria demorar para eu superar aquilo, mas eu sabia que Lilian e Diego eram meus pais e ninguém poderia mudar isso, nem meu sangue iria mudar o que estava marcado em minha alma. No fundo minha irmã estava certa e eu sei que eles dariam a vida por mim.

(...)

13 de Junho de 2009 - Cemitério São João Batista - Rio de Janeiro, Brasil.

Caminhei lentamente por entre as lápides de mármore, olhei cada uma daquelas pessoas e imaginei o que seus entes queridos deviam ter sentido quando estiveram aqui para deixá-los, talvez fosse a mesma coisa que eu deveria está sentindo naquele momento, um imenso e triste vazio em meu peito que cismava em sangrar ou talvez fosse só a saudade que já estaria batendo ali.

Ao longe eu avistei um grupo com suas roupas pretas e soube que era para lá que deveria está indo, caia uma leve chuva que pelo céu logo iria engrossar. Sabe quando você acha que eles nunca vão te deixar, quando você acredita na promessa de que sempre vão estar com você? Foi assim comigo, e então papai e mamãe nos deixaram... Eles morreram, em aquele maldito acidente de carro.

–Floraaa – minha irmã Anna veio caminhando até mim com seu vestido perto e duas rosas brancas na mão – Eles morreram nos protegendo irmã.

–Meus pais Anna, meu amados pais – ela me abraçou apertado e eu chorei pela milésima vez naquela semana.

Afastei-me da mesma e ajeitei meu sobretudo preto, ela deu um sorriso fraco, limpou minhas lagrimas com seus dedos e murmurou um “eu te amo” antes de voltamos a caminhar lado a lado para perto dos túmulos. As duas pessoas mais maravilhosas do mundo estavam ali agora, eles poderiam não ser meus pais de sangue, mas eles me amaram e eu os amo como se fosse.

Diego e Lilian cuidaram de mim desde que eu tinha pouco mais de dez meses, fui deixada na frente da casa dos mesmos dentro de uma caixa de papelão com apenas uma fina roupinha que sem duvida não me protegeria do frio e uma carta em espanhol assinada por Amélia Barcelona. Anna tinha apenas dois anos e mesmo assim eles me acolheram e me trataram com o mesmo amor que trataram sua verdadeira filha. Eu amava minha família e nada ia mudar isso.

Eu só tinha a agradecer aqueles que me ensinaram tantas coisas. Lembranças vinham a minha mente de acordo que os caixões iam abaixando e as pessoas jogavam rosas brancas, lembranças deles sorrindo, cantando, me abraçando, me beijando. Beijei as duas rosas vermelhas e as joguei, no meio de todas aquelas rosas brancas as minhas vermelhas se sobressaíam.

Adeus e eu amo vocês foram as únicas palavras que o vento levou de mim naquele dia...


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Notas finais do capítulo

e ai continuo ou não??