O Lago Mágico escrita por Isabela Rabelo


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Heey! Escrevi este CONTO, para um concurso literário... Gostaria de saber o que vocês acham :) Podem comentar, criticar... Lembrando, é um conto (capítulo único).



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Sophia olhou para sua boneca. Pequena, de pano, olhos de botões e um sorriso feito de linha. Balançou o corpo da pequena para frente e para trás, em ritmos divertidos.

– Sophia, já disse para você vir jantar! – disse sua mãe irritada.

Ela largou a pequena no chão e foi ao encontro da mãe na cozinha. O cheiro de sopa invadiu suas narinas e ela sorriu em satisfação.

– Já disse para você ser mais obediente! – disse sua mãe, preparando o prato de Sophia.

Mas ela não ligava. Estava muito ansiosa para encontrar sua avó, que a esperava todos os dias com uma mesa recheada de gostosuras.

A sopa foi posta na mesa e Sophia não esperou pelo pão para começar a comer. Sua mãe se juntou a ela e ambas se deliciaram do jantar.

– Ai! – protestou Sophia.

Seus cachinhos loiros estavam sendo puxados violentamente para trás para formarem uma trança. Sua mãe não estava com um bom humor hoje.

– Fique quieta, Sophia! Estou atrasada!

Marta trabalhava em uma pequena padaria no centro da cidade. Começava de manhã e só parava de noite. Sophia quase nunca ficava com sua mãe. Passava o dia na casa de sua avó, por estar de férias. Todavia, era muito divertido! Sua avó lhe contava histórias, quantas ela quisesse. Fazia os bolos mais gostosos de todos os tempos, cozinhava muito bem, e brincava de pular corda com Sophia. Claro que a avó não pulava, apenas segurava a corda.

– Mamãe? – perguntou – A trança já está pronta?

Marta assentiu, pegou um pequeno espelho em cima do guarda-roupa e colocou-o em frente à Sophia.

Observou uma garota linda, porém pequena, com pequenas maças em cada lado do rosto. Pele clarinha, lábios rosados e cabelos penteados em uma trança que tocava suas costas. Sophia deslocou os olhos do espelho sorrindo e olhou para sua mãe. Marta a observava e sorria também. Ambas riram por alguns segundos, mas logo pararam. Ela parecia uma princesa.

– Sophia, pegue sua mochila – pediu sua mãe já em frente à porta de casa.

Sem remediar, correu até seu quarto e pegou a pequena mochila que estava encostada ao lado da mesa de atividades. Voltou em disparada até a mãe.

As ruas da cidade estavam movimentadas. Carros indo e vindo de todos os lados, pessoas correndo para não perder o ônibus, crianças sendo puxadas pelas mães até a escola, lojas abrindo as portas para um novo dia de trabalho.

O que Sophia mais gostava de toda essa baderna, era o cheiro das Padarias. O cheiro de pão fresquinho e quentinho, o cheiro de chocolate. Mas só sentia quem acordava bem cedinho. Saíram da área movimentada da cidade e foram parar em um bairro amplo, cheio de casas diferentes. Algumas grandes, outras pequenas. Ela já sabia qual era o caminho.

– Quero que se comporte – avisou a mãe, estacionando o carro.

– Mas você pede isso todos os dias – retrucou.

Marta ignorou sua resposta, e saiu do carro para ajuda-la a descer.

A casa da avó continuava a mesma. Amarela, com um jardim de flores variadas, e um portão enferrujado na frente.

– Eu toco!

Sophia subiu no portão e conseguiu fazer com que seus dedos alcançassem a campainha. Isso significava que tinha crescido mais alguns centímetros.

O som da porta sendo destrancada tirou-a de seus devaneios. Uma senhora de vestido azul escuro que batiam até os joelhos, sapatos velhos, cabelo branco preso em um coque e um xale de lã branco veio ao seu encontro.

– Sophia! – disse a avó indo abrir o portão.

– Vovó! – disse sorrindo.

Pegou a mochila dos braços de sua mãe, colocou-a nas costas e esperou para entrar. Mesmo sua avó estando velha, sua voz não era igual a das velinhas que se via pela redondeza. Não era muito aguda nem muito grave. Não era muito enrugada nem muito nova. Era perfeita para ela.

– Vovó, tem bolo? – perguntou assim que o portão se abriu.

A senhora riu, e abriu os braços convidando Sophia para se acomodar. Um abraço caloroso recebeu.

– Marta, não quer entrar um pouco? – perguntou a avó.

– Mãe, você sabe que não posso. Sr. Rafael é muito rígido em horários.

Então, Marta entrou no carro se despedindo, e sumiu pelas ruas compridas do bairro.

– Vovó, gostou da minha trança? – perguntou, comendo um grande pedaço de bolo.

– Você está linda hoje, Sophia.

A menina riu se sentindo feliz por a avó achar o mesmo.

Na mesa, tinha de tudo que se podia imaginar! Bolo de chocolate e fubá, pão de mandioquinha e pão francês, suco de laranja e suco de limão… O dia passara bem rápido. Sophia tinha se deliciado na hora do almoço, e se acabado de tanto pular corda no quintal.

– Vovó – disse ofegante – Conte uma história.

O que ela mais gostava, era o fim da tarde. Sua avó lhe contava inúmeras histórias. Sophia se sentou na poltrona ao lado da senhora, e esperou ela começar.

– Bem… que história quer hoje?

– Hum… - pensou.

Mas antes que pudesse responder, sua avó começou a falar.

– Era uma vez… Uma garota, sonhadora, que adorava brincar pela floresta. Sua mãe vivia a dizendo para tomar cuidado, pois podia se machucar. Mas, Milena tinha espírito aventureiro e não ligava para as advertências. Um dia, a garota seguiu a lua…

– Vovó – interrompeu – Como a garota seguiu a lua?

Mas Sophia foi ignorada. A vovó estava com os pensamentos longe do presente.

– E foi parar em frente a um lago, um grande lago. Este estava sendo iluminado pela lua, que tinha repousado sobre ele. Milena, já tinha ouvido rumores sobre o lago. Diziam que ele era encantado, que possuía um poder fora do comum. Ele era um espelho, só que não mostrava sua imagem. Mostrava sua alma, seu interior. Milena, curiosíssima, tocou os dedos sobre o lago, fazendo-o ondular. Neste momento… - sua avó fora interrompida pelo som da campainha.

Sophia resmungou alto, e cruzou os braços sobre o peito emburrada. Queria saber o final da história. Justo na parte mais legal, sua mãe tinha chego para busca-la.

–Sophia, vamos? – perguntou a mãe entrando na sala.

– Mas a vovó ficou de me contar o final da história… - disse fazendo beicinho.

– Menina, obedeça a sua mãe. Amanhã, lhe conto – disse a avó sorrindo.

Sem remediar, Sophia despediu-se e entrou no carro.

Na cama, sua mãe puxou os cobertores até seu pescoço.

– Boa noite, Sophia – disse Marta, apagando as luzes e saindo do quarto.

Mas, ela não conseguia dormir. Virou-se de um lado para o outro sem sucesso. Queria saber o final da história. Sua avó tinha prometido contar, mas só no dia seguinte. Como dormiria?

Sua mente estava cheia de perguntas.

Deitou-se de barriga para cima e pensou em como poderia sumir com a curiosidade. Inventou vários finais para a história, mas nenhum parecia se encaixar com o verdadeiro que ela ainda não sabia.

A janela estava fechada, mas a cortina não estava cobrindo-a. Da cama, conseguiu ver a lua e algumas estrelas. Isso apenas deixou-a mais curiosa!

Então, teve uma ideia. De fininho, levantou-se da cama e seus pés encontraram com o piso frio. Abriu a porta do quarto tentando não emitir nenhum som. Caminhou nas pontas dos pés até a cozinha e pegou as chaves para destrancar a porta dos fundos. Tudo ocorreu como planejado. Sua mãe, não tinha acordado.

Ao sair para o quintal, um vento soprou seus cabelos. Olhou para o alto e encarou a lua. Esperou, esperou a lua lhe mostrar o caminho. Como Milena tinha conseguido?

– Vai Lua! Mostre-me, por favor, o caminho! – suplicou.

A verdade começou a chicoteá-la de leve. No fundo, sabia que era só uma história, algo para crianças. Mas não podia perder as esperanças de que aquela lua iria leva-la a um lago.

– Vai Lua…

Já cansada de olhar para o alto, decidiu voltar para a cama e esperar até que sua avó lhe contasse a continuação. Porém, quando deu o primeiro passo, a lua andou para frente, fugindo dela. Surpresa, Sophia andou em direção a mesma. Mas a Lua correu para frente, e parou.

Estava fugindo dela.

– Lua… - sussurrou para si mesmo.

Isso era muito estranho.

A Lua, pelo que Sophia sabia a acompanhava. Onde você fosse a Lua iria junto. Mas não. Não dessa vez, não nessa noite. Parecia um pega-pega. Ela corria atrás da lua, que ia para longe, longe dela, a afastando de casa. Quando percebeu, já era tarde de mais.

Tinha ido parar em uma floresta fechada, úmida e fria. A lua continuava distante dela. Queria voltar, estava prestes a chorar em desespero. Mas não podia. Tinha chego até aqui. Queria saber aonde essa brincadeira iria levar. Correu para alcançar a lua, mas logo a mesma parou. Sophia andou para frente, mas a Lua continuou parada. Andou para trás, mas o mesmo aconteceu.

Então, percebeu que a frente tinha um algo. Um grande lago, como sua avó descrevera. Um choque de felicidade atravessou seu corpo.

– As histórias são reais!

Aproximou-se, até chegar à beira. Sentou-se na grama fria e úmida sem tirar os olhos do lago brilhoso. Estava encantada. Paralisada por conta de tanta beleza.

Estendeu o braço, e tocou o lago. Em primeiro momento nada ocorreu, mas em seguida parecia que tinha mergulhado nele. Brilhos coloridos, que pareciam ter vida circularam em torno dela, pequenos animais desconhecidos também. Estava vendo sua alma, a graça que ela tinha. Ria, ria como nunca.

De repente, tudo se apagou, lhe dando um choque, como se algo tivesse os apavorado. Sophia não via mais sua alma, e sim a de alguém. Ondas negras, sujas e assustadoras cobriram o lago. Tirou sua mão de dentro dele e sua mente voltou ao normal. Olhou ao redor assustada e do outro lado do lago tinha uma sombra, alguém, agachado igual a ela.

Correu, correu para longe, sem conseguir ver quem estava ali. Mas Sophia tinha se perdido, não sabia o caminho de volta. Começou a chorar e pedir sua mãe queria voltar. Então, tudo se apagou e Sophia perdeu a consciência.

No caminho para a casa da avó, refletiu sobre o que tinha acontecido. Tinha acordado em sua cama, como se nada tivesse ocorrido. Mas ela sabia que tinha, sabia que tinha sido real. Se fosse um sonho, não poderia ter sentido o que sentiu. Sabia disso. Não tinha dito nada para sua mãe. Ela acharia que Sophia estava louca. Louca por ter sonhado tudo isso. Mas não tinha sido um sonho! Sophia teimava com o lado consciente de sua cabeça.

– Vovó, termine de me contar a historia! – implorou no final do dia.

– Está bem, está bem…

Sentou-se na mesma poltrona ao lado da avó, e escutou atentamente. Queria ver se a história da avó haveria uma explicação para tudo.

– Milena, viu sua alma. Uma coisa linda, que a fazia mergulhar dentro do lago sem ter mergulhado. Mas, isso logo passou.

Quando a vó disse isso, o coração de Sophia gelou.

– Algo negro e assustador vieram, fazendo-a gritar, sair correndo e ir para casa. E a história acaba assim.

– Só isso? – perguntou Sophia surpresa – A história é real, vovó?

Seus olhos estavam arregalados, e suas mãos apertavam o braço da poltrona.

– Muitos dizem que sim. Dizem também, o povo antigo, que o lago é amaldiçoado. Milena fora a primeira a receber a maldição. Suas mãos estavam suando, lágrimas vieram em seus olhos.

– Como assim, vovó? – conseguiu dizer com esforço.

– Sua alma fica poluída, você começa a mudar. Vira um ser ruim, pesadelos vêm a sua mente todas as noites. Mas, tem um jeito, um único, de parar com isso.

– Como?

– Passando a maldição para outra criança, mas só pode ser criança. Assim, a alma pura dela vem para você, e a suja vai para ela.

Sophia derramou algumas lágrimas. Desatou a chorar. Sua avó não sabia o que havia acontecido, tentou acalma-la.

– O que foi querida? – perguntou a avó.

– E-eu… E-eu… - gaguejou.

– Você o que?

– Eu fui ao la-lago, e isso tudo aconteceu vovó – disse ela secando os olhos.

Mas, Sophia sabia que sua avó achava tudo isso uma bobagem. Era só uma lenda, não tinha o que temer.

– Eu sei. Eu estava lá também, do outro lado.


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Notas finais do capítulo

MUAHAHA!
O que acharam??



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