POV Camila.

Hoje será a festa no You Mix. Estou me arrumando junto com Violetta e Francesca. Elas dizem que estou parecendo a Ludmila com tantos brilhos, maquiagem e botas de salto alto.

Estou com um vestido preto com paetês brilhantes, botas marrons com salto quinze, e um pouco de maquiagem.

– Então. – diz a Francesca, voltando-se para mim. – Você pretende ficar com o Maxi essa noite?

– Não sei. – respondo, enquanto enrolo um pouco mais meu cabelo com o babyliss. – Provavelmente sim.

– Se eu fosse vocês tomaria cuidado com onde eu ficaria. – diz a Violetta enquanto amarra um laço brilhante na parte de trás do vestido. – Se ficassem no meio do pessoal, correriam risco de serem filmados. Se ficassem nas sombras, correriam risco de dar um encontrão com a Naty.

Uh. Não tinha pensado nisso. Mesmo assim, respondo:

– Seremos cuidadosos.

– Se eu fosse vocês, contava logo tudo. – diz a Vilu.

– Ai, amiga, deixa a Naty e o Broadway curtirem essa festa antes de terem o coração quebrado por esses dois irresponsáveis. – diz a Fran.

Andamos até o local onde será a festa. É um salão atrás de toda a plantação de coqueiros, aquela mesma onde Maxi e eu passamos aquela noite.

Ao entrarmos no salão, me admiro com o tamanho: é enorme, talvez do tamanho da minha casa inteira. De um lado, Naty está encostada na parede.

– Olha o Federico! – diz a Vilu.

Ele está conversando animadamente com a Naty.

Procuro Maxi em meio á multidão. Então, vejo ele encostado na parede oposta á que a Naty está, bem longe dela, do jeito que eu gosto.

– Bem, meninas, tenho coisas a fazer. – Digo, enquanto ajeito o vestido e dou alguns pulinhos como se estivesse me preparando para uma atividade de Educação Física.

– Boa sorte. – dizem elas.

Então vou na direção onde vi Maxi pela última vez. Então essas são as "sombras". As pessoas aqui não interagem muito, mas conversam um pouco umas com as outras, e balançam ao ritmo da música. Tem até alguns casais aqui, mas nenhuma câmera por perto.

Só o que acontece é que Maxi não está mais no lugar onde eu vi. Será que desistiu de me esperar e foi procurar a Naty? Será que já foi chamado para se apresentar? Começo a me desesperar, quando sinto alguém colocar as mãos sobre meus olhos.

Só podem ser duas pessoas. E eu espero desperadamente que seja que, eu estou procurando.

– Advinhe quem é.

– Ahm... É... É o Broadway?

– Não!

Pelo tom de indignação, já sei que é o Maxi. Acho que posso brincar um pouquinho com ele.

– É... O Leon! Ou o André?!

– Claro que não é!

Coloco as mãos sobre as dele, ainda sobre os meus olhos, me viro para ele, com os olhos fechados, e digo:

– É o Maxi.

– Acertou.

Abro os olhos devagar. Ele está com uma camiseta branca e preta, meio desbotada, um jeans azul escuro, All Star vermelho, que só combina com o clássico boné, que é azul-escuro, branco e vermelho.

– Você está lindo.

– Ah, peraí, eu tô todo largado. Olha só pra você. Tá linda. Parecendo uma princesa do pop. Uma princesa não merece um mero plebeu como eu.

– Ah, para com isso. Você arrasou. – tento olhar para o palco para ver quem está cantando essa música estranha tocando nos meus ouvidos, mas é muita gente na minha frente. – Quem está se apresentando?

– Ah, é a Ludmila. Pelo que eu consigo entender, ela está cantando algo sobre ser uma diva do verão e todos só olharem pra ela.

Começo a rir. Então ele desliza o braço pela minha cintura, e aproxima o rosto do meu. Fico de olhos fechados, esperando que ele me beije, mas ele apenas diz:

– Vamos ver quanto tempo você consegue resistir.

– Resistir a quê?

– Vamos ver quanto tempo você consegue ficar a essa distância de mim... Sem me beijar.

– Ah, para de graça.

Então levo meus lábios de encontro aos seus, e, de repente, nada mais parece importar. Nada mais. E se a Naty ver? Não tô nem aí. Se a câmera nos pegar? Não ligo.

Ele aprofunda mais o beijo, se é que isso é possível. Do lado de fora, devemos estar parecendo dois desesperados. Mas não importa.

Quando o ar finalmente se faz necessário e temos que nos separar, nossa respiração está curta, como se tivéssemos acabado de correr meia maratona.

Mesmo assim, olho nos olhos dele, e sorrio. Essa noite vai ser uma das melhores.

POV Ludmila

Desço do palco com um andar confiante e a certeza absoluta de que brilhei e ofusquei toda a noite. Duvido que alguma apresentação seja melhor que a minha, o que é absolutamente impossível, já que minhas músicas são sempre as melhores.

Vou procurar a Natália pelas sombras. Bem a cara dela sumir justamente no momento que eu estou precisando de uma água. Estou passando perto das sombras, quando vejo um bonezinho azul. Com certeza é o Maxi. Ele é o namoradinho da Naty, com certeza deve estar com ela, se não, saber onde ela está. Mas então ele se vira de lado, e vejo que ele está beijando afobadamente uma menina com um vestido escuro cheio de brilhinhos, que eu tenho certeza que não é a Naty, porque o vestido da Naty é vermelho e não tem nenhum brilhinho.

De primeira, não reconheço o rosto da menina, mas depois que eles tem que se separar para respirar, posso reconhecer aquele rostinho de cabelos encaracolados. É a Camila.

A Natália tem me falado horrores dela desde o dia da fogueira, faz um tempinho. Dizendo que ela era uma cobra, uma ridícula, e que queria agarrar o namorado dela, e é exatamente isso o que ela está fazendo.

Se eu mostrar á Naty quem o Maxi realmente é, ela vai ter mais tempo para ser minha assistente. Além disso, eu não perderia uma oportunidade de arruinar a vida da Camila e do Maxi depois de tudo o que esses dois me fizeram.

Vou até o meio do pessoal, onde tem um homem filmando algumas pessoas dançando.

– Com licença? – digo.

– Menina, quantas vezes eu tenho que te falar que eu não vou filmar você em tempo integral?

– Não é para me filmar, mas sim algo importante.

Ele me segue até as sombras, e eu mostro a ele Camila e Maxi, que estão praticamente se engolindo novamente.

Então o homem faz uma expressão de surpresa, se esconde discretamente atrás de um grupo de pessoas e diz:

– Camila e Maxi.

Ele liga a câmera rapidamente e foca nos dois.

– De onde você conhece esses dois? – pergunto.

– Não te interessa.

Então ele pega algo do bolso, que parece um walk-talk, aperta um botão e diz:

– Central, especial para o boxe Camila e Maxi. Liguem a câmera da parede esquerda, na coordenada 53.

Não entendo uma palavra do que ele diz, mas percebo um leve movimento na parte de cima da grande parede. Uma pequena câmera, com a lente ficando cada vez maior, focando-se no casal ao nosso lado. Não sei por quê, mas sinto que fiz o que deveria fazer.