Acordei bruscamente, com alguém tirando a almofada da minha cara, revelando a claridade intensa do sol. Tentei abrir meus olhos com muito esforço, e então, levo um tapa forte na cara, me fazendo acordar rapidamente. Vejo ser Elena em pé, na minha frente.

-Elena? – murmurei, me sentando no sofá.

-Que pouca vergonha é essa, Damon?! Eu cheguei de viagem esperando por uma recepção melhor! – gritou.

Franzi a testa sem entender. Sinto uma brisa bater em mim, sentindo um calafrio, olho para mim mesmo. Estava apenas de cueca no sofá, e inacreditavelmente havia uma marca de batom, engoli a seco, olhando ao redor para me certificar de que não havia uma mulher ali.

-E que marca de batom é esse?! – gritou Elena, quase chorando.

Havia mesmo uma marca de batom na minha cueca, mas eu não lembrava como tinha parado ali, nesse estado. Muito menos o que eu fiz na noite anterior e com quem.

-Elena, eu juro que não me lembro de nada! – olhei nos seus olhos tentando demonstrar sinceridade.

-Ah, claro. Não lembra. – revirou os olhos. – Foram quantas? Foram mais que três?

-Quê?! Não, não é nada disso!

-Eu esperava um exemplo melhor de você para o Natan!

-Onde ele está?

-Eu o mandei para o quarto pra não precisar ver isso.

-Elena, eu estou falando a verdade! Eu não me lembro de nada!

-Você está tendo suas recaídas, Damon. Não percebe? – ela falou mais calma, com lágrimas nos olhos.

-Não, eu não...

-Suas recaídas de ir pra cama com qualquer uma e me prometeu parar! Assim como essa maldita bebida! Você está casado Damon!

-Mas eu não sei nem se eu cheguei a esse ponto!

-A marca de batom esclarece Damon. Esclarece muito! – Vi lágrimas caírem de seus olhos, e ela secá-las rapidamente, subindo as escadas correndo.

-Elena! – suspirei, me olhando por um tempo naquela situação. 

Peguei minhas roupas que estavam no chão e me vesti, sentindo o cheiro de álcool impregnado. Subi as escadas e vi a porta de Natan fechada. Pensei em bater na porta, mas não queria que me visse naquele estado. Então entrei no meu quarto, vi Elena chorando de frente pra janela. Sua mala aberta ainda sem ter tirado nada do lugar para botar de volta.

Por cima de suas roupas, uma carta. Eu a abri, e Elena olhou para trás. Comecei a ler: “Cara Eleninha, obrigado pela noite, eu me diverti muito... Sua sabedoria me encanta, seus cabelos macios e quentes, sua pele macia e delicada,... Eu adorei tudo em você. Espero nos encontrarmos novamente. Beijos, do seu admirador, Kevin.” Levantei o olhar para Elena, pasmo. Ela tirou a carta da minha mão.

-O que é isso?! – perguntei agora com raiva.

-Nada. – ela dobrou novamente e enfiou no fundo da mala.

-Nada? Não me pareceu nada. Parece que você também está...

-Não, Damon! Para com isso!

-Parar com isso?! O que eu fiz agora? É você que tem uma carta comprometedora!

-Ele só é um amigo de trabalho de Nova York!

-Não me pareceu somente um amigo. Elena, você está me traindo?!

-Você está? – ela me encarou.

-Não!

-Eu também não!

-Bom, um amigo falar que seus lábios são quentes...

-E uma marca de batom também não me diz que são amigos! – gritou.

-Eu nem sei quem é!

-Pior ainda Damon!

-Elena...

-Damon! - ela explode.

Respirei fundo, desviando o olhar para observar o quarto e me distrair um pouco da situação. Logo, Natan aparece na porta com uma expressão visível de chateação.