Abro a geladeira e tiro um pedaço de pizza, comendo-a fria mesmo. Tomo uma lata de cerveja atrás pra pizza descer até o estômago, então guardei tudo de volta no lugar e fui para o quarto. Passo pelo quarto de Natan, ouvindo um rock pesado vindo de lá de dentro. A porta tinha uma fresta e posso ver que ele está no computador. Entrei no meu quarto, vendo Elena debaixo da coberta, assistindo TV.

-Comeu direitinho? – perguntou, sorrindo.

-Comi.

Entrei no banheiro e tomei um banho, desejando que toda a preocupação fosse junto com a água que descia pelo ralo. Me sequei, colocando a calça de pijama e me deitando ao lado de Elena, enchendo-a de beijos.

-O que o meu amor fez tudo hoje? – sussurro.

-Fiz compras, busquei Natan mais cedo na escola porque se meteu em briga,...

-De novo? – resmunguei.

-Outra vez.

-Amor... - murmuro, dando uma pausa antes de continuar - Eu te amo. – sussurro em seu ouvido.

 Ela sorri e segura a minha mão por baixo da coberta. Então acaricia meu rosto e me beija, seguidamente mordendo meu lábio. Ela recua sorrindo, e suspira.

-Eu não te mereço. – brinca, me fazendo rir.

Enquanto ríamos, fico em cima de Elena, beijando-a de leve. Sinto suas mãos deslizarem pelo meu corpo até prender seus dedos na barra da minha calça. Vi o seu sorriso safado estampado no seu rosto e então nos cobri com o cobertor.

Acordo com os raios queimando o meu rosto. Abro os olhos, vendo a cortina aberta. Viro para o lado para dar bom dia para Elena, e não a vejo na cama. Me sento na cama e chamo-a. Franzo a testa e coloco meu pijama, indo até o banheiro.

-Elena? – vejo o banheiro estar vazio.

Saio do quarto e abro devagar a porta de Natan, não o vendo na cama também. Vou até seu banheiro, vendo-o vazio também. Vejo a casa vazia. Chamo-a novamente mais alto, ninguém responde. A campainha toca, eu corro até a porta e abro. Jenna.

-Elena está? - pergunta.

-Não, ela...

-Então eu vou embora. - Diz já dando as costas.

-Não, calma! Elena sumiu! Natan também! Você sabe de alguma coisa?

-Quê?! Você a deixou sumir assim? De repente? - Ela se volta me olhando incrédula.

-Não!

-Eu sabia que você era um péssimo marido pra minha filha!

-Mas eu não tenho culpa!

-Por que não ficou de olho nela?

-Porque eu estava de olhos fechados durante a noite, eu também preciso dormir!

-Não se altere comigo! – me encarou.

            Revirei os olhos.

-Sabe ou não pra onde ela foi?

-Não, ela não me disse nada. Até marcou pra eu vim aqui hoje almoçar com vocês como todo sábado.

-É, meu dia favorito. – ironizei.

-Ah, é? – ela me fuzilou com os olhos. – O sábado seria melhor se me convidasse para entrar, não é?

-E precisa? 

            Ela passou esbarrando por mim, chamando Elena.

-Ela não está em casa!

-Cala a boca. – Ela continua gritando. – Elena!

            Revirei os olhos.

-Acha que se ela tivesse aqui eu já não teria achado ela? – ergui as sobrancelhas.

-Olha aqui, seu grosso. Isso não é jeito de falar comigo. E segundo, vai botar uma camisa, antes que eu comece a gostar de você.

Sorrio, negando com a cabeça incredulamente. Entro no quarto, trocando de roupa. Vejo a foto minha e de Elena perto da cama, bem no começo do namoro. Sorrio sozinho, e logo vou até a sala novamente.

-Vai procurar ela pela cidade! Você quem causou isso.

-Claro, deve ser. – ironizo, revirando os olhos, e pegando o celular. Ligo para Elena enquanto entro no carro, tenho a bela companhia de Jenna no banco do passageiro comentando que seremos uma bela dupla.

-Está ligando pra ela?

-Não. Pro asilo pra eles virem te buscar.

-Quê?!

-Relaxa velha.

Pude sentir seus olhos perfurarem meu crânio. Ouço a linha chamar umas cinco vezes e então alguém atende o celular. Não é uma voz feminina, não é a voz de Elena e sim de Kevin.