Depois do clarão, pude ver que estava sob uma cama de hospital, com as paredes monótonas e aparelhos engatados por todo o meu corpo. Diante de mim, estava Elena com Natan em seu colo, mas eu já não estava entendendo mais nada... Afinal, o que era aquela luz que tanto ofuscou minha visão? Como vim parar aqui? Por que Elena parece mais preocupada que o normal? Tem algo de muito errado aqui.

-Damon? - Elena sussurra, segurando minha mão com firmeza.

-Elena, o que eu estou fazendo aqui?

-Eu estava indo viajar, quando contei à você que estava grávida de dois meses e então no outro dia você entrou em coma pelo àlcool. Damon, você está realmente bem? É a primeira vez em seis meses que você acorda do coma! Você perdeu seu filho nascer...

-Como assim? Não, nós estávamos no castelo com Stefan e Caroline, eu era um soldado, lutei na guerra, nós vencemos e você teve Natan numa mansão, fui eu quem fiz o parto de Natan! - Começo a me agitar, aquilo tudo está deixando meus pensamentos ainda mais embralhados.

-Damon, não. Nunca existiu castelo, nem guerra,... Eu vou chamar a enfermeira. - Ela já dava as costas, quando a chamei.

-Elena, não! Está me chamando de louco?!

-Não. - Ela se vira novamente para mim, passando a mão nervosamente por entre seus cabelos enquanto balança Natan em seu colo - Hoje é dia 20 de Julho.

-E?

Aquilo a pegou de surpresa. Pude ver em seus olhos que estava prestes a chorar. Ela não quer que eu perceba suas lágrimas, então respira fundo algumas vezes e olha para o teto procurando as palavras certas, e então finaliza mirando seus olhos para mim.

-Hoje é o nosso aniversário de casamento, e se você não tivesse enchido a cara, estaríamos felizes, talvez fazendo um piquenique ou sei lá. Você me prometeu alegrias e não está cumprindo! Sabe como eu precisei de você todos esses meses?

Isso foi uma paulada forte no peito. Natan começou a chorar com a tensão que existe ali nesse quarto. Não é pra menos, estou me tornando um péssimo marido. Na verdade, nunca fui alguém de boa índole mesmo.

-Elena, me desculpe, eu...

-Não. Você também me prometeu parar com a bebida quando noivamos.

E assim ela finaliza, fechando a porta do meu quarto, fazendo com que eu ouça o choro de Natan ecoar cada vez mais longe pelo corredor do hospital. Nessa hora desejaria entrar em coma novamente para bloquear os pensamentos mais obscuros que me cercam.