Metamorfose escrita por Letícia Barbosa


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Antes de qualquer coisa quero agradecer MUITO a minha linda leitora Dolly pela recomendação. Muito obrigada, de verdade, e é isso que me da cada vez mais vontade de escrever.
E espero que vocês estejam gostando da fic ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/416839/chapter/11

- O que é que você está fazendo aqui? - perguntei, um pouco confusa.

Olhou vagamente para os lados.

- O que geralmente as pessoas fazem nas festas?

Tirei minhas mãos do pescoço dele e me afastei.

- Vai começar?

- Não, prometo. - respondeu sorrindo, e voltei a dançar, um pouco contrariada. - Eu pensei um pouco sobre nossa última conversa, e você tinha razão. Eu estava realmente tentando te irritar, mas é só que... eu não resisti. Você fica muito bonitinha quando está irritada.

- Bonitinha? - pronunciei a palavra como se fosse sinônimo de alguma doença contagiosa.

- Ok. Quando você está irritada - fez a voz mais formal que conseguiu. -seus belos olhos azuis brilham como os raios do sol ao se por, encantando meu pobre coração. Melhor assim?

Ele voltou a sorrir, e eu não pude deixar de acompanhá-lo, mesmo que um pouco relutante.

- Bem melhor.

- Então, ainda continua com vontade de me matar?

- Você não faz ideia. - brinquei, tentando relaxar. - Você é novo por aqui? Eu nunca tinha te visto.

- Hm, pode-se dizer que sim. Mais ou menos. - disse pensativo.

- Como assim, mais ou menos? Ou você é novo ou não é.

- Não, nesse caso a resposta é definitivamente mais ou menos. - me puxou mais para perto um pouco disfarçadamente, mas me afastei e voltei à posição anterior - Vim para cá algum tempo atrás, provavelmente antes de você, depois viajei por alguns meses, e só voltei semana passada.

Pisei no seu pé e pensei o quanto nós dois deveríamos estar parecendo estranhos para os outros. Não que eles estivessem sóbrios o suficiente para notar. Enquanto todos dançavam ao ritmo da música alucinante, quebravam coisas, ou simplesmente ficavam parados bebendo, nós dançávamos como se estivéssemos em um baile, em meio à todo aquele caos. Era como se existisse uma música só para nós dois. Uma bem melosa e tediante. Aquele pensamento quase me fez vomitar. Aquele garoto conseguia ser muito gay as vezes.

- Porque você viajou? - perguntei, na tentativa de esquecer aqueles pensamentos.

- Ah, coisas.

De repente ele pareceu distante, como se aquele assunto tivesse apertado algum botão no seu cérebro. Um botão que com certeza não deveria ter sido apertado. Os olhos de Samuel pareceram desfocar, e ele começou a dançar mais de vagar do que antes.

- Alô! Terra chamando Samuel!

Estalei os dedos na frente do seu rosto, e pareceu funcionar.

- Ah, me desculpe. - ele balançou levemente a cabeça. - Isso acontece às vezes.

Afirmei com a cabeça e continuei em silêncio. Por mais bonito que fosse, Samuel também tinha seus momentos estranhos. Pensei em como Chery lidaria com aquilo sendo tão explosiva, e de repente quem teve o botão errado apertado no cérebro fui eu. Eu havia me esquecido dela.

Tentei não pensar na explosão de raiva épica que ela teria ao saber que eu estava conversando com Samuel, e me afastei dele instintivamente, mas ele me puxou para mais perto ainda.

- Isso me faz pensar que - sorriu apenas com o canto direito da boca e eu quase desmaiei. Não necessariamente por causa do sorriso. - você fez um ótimo trabalho descobrindo meu nome.

- É, você também. - respondi o mais ironicamente que consegui enquanto estava tentando me manter de pé.

Eu não podia continuar com aquilo. Era melhor deixar as coisas ruins como já estavam do que piorá-las ainda mais. Eu tinha que ir embora dali, e pensar em como explicar tudo para Chery. E era bom eu encontrar uma explicação ótima, a menos que eu quisesse ver a verdadeira guerra começar.

- E isso me faz pensar também que agora é minha vez de saber um pouco mais sobre você.

- Bem, a vida não é muito justa.

E fui embora dali.

------

A volta para o meu quarto pareceu mil vezes mais longa depois que eu comecei a prestar atenção no caminho. Despistar Samuel fora a parte mais fácil, mas pensar nos problemas que eu havia arranjado, e tentar controlar a minha vontade de voltar até ele e explicar o que estava acontecendo era a parte realmente complicada.

É isso que se consegue ao tentar ser legal com as pessoas: problemas.

O quarto parecia estar vazio enquanto eu abria a porta. Andei até minha cama, tirei meus sapatos, minha calça, e me enfiei em baixo das cobertas. Tentei relaxar, mas meu corpo permanecia tenso, então fiquei observando os pequenos passarinhos de papel cor-de-rosa presos na parte do teto de Danielly. Eles deveriam ser calmantes, ou algo do tipo. Uma baboseira qualquer relacionada a yoga, com certeza, e eu sempre os desprezei. Mas por algum motivo eles funcionaram naquele momento.

Enquanto eu os observava balançar ao sabor do vento que vinha da sacada, consegui acalmar meus pensamentos, e me senti um pouco mais leve. Foi quando Danielly saiu do banheiro na ponta dos pés e se sentou em sua cama.

- Você estava no banheiro até agora?

Ela deu uma risadinha nervosa.

- É claro que não. Eu sai de lá por uns cinco minutos para comer algumas horas atrás.

Soltei uma risada abafada pelas cobertas, surpresa por ela ter conseguido me fazer rir. Isso não era muito frequente. Na verdade nunca tinha acontecido.

Ela permaneceu em silêncio, e me virei para verificar se ela ainda estava lá.

- Então, - fiz uma pausa. - não vai dizer nada?

- Eu deveria? - perguntou um pouco confusa.

- Não, não deveria.

Voltei a olhar para o teto, apreciando aquele momento. Eu e Danielly no mesmo quarto, em completo silêncio. Isso definitivamente não era normal.

- Sabe, Danielly, - comecei - você está... diferente.

- O que foi? Meu cabelo está mais preto, ou comprido? - perguntou sarcasticamente, se referindo a uma conversa que tivemos alguns dias atrás.

- Seja o que for te fez muito bem. - respondi sorrindo um pouco, ainda estranhando aquela situação.

- É, talvez. - se deitou e apagou as luzes. - Boa noite, Alice.

- Boa noite. - respondi baixinho, e dormi assim que fechei os olhos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Estão curiosos sobre o que aconteceu com a Danielly? haha
Deixem comentários e até o próximo cap!