No Other escrita por Pacheca


Capítulo 47
Capítulo 47 - Big Jet Plane


Notas iniciais do capítulo

E ai, galerinha? Bom, vim deixar essa capítulo para vocês. Espero que gostem. Beijinhos :3 Música do capítulo é de Angus e Julia Stone: https://www.youtube.com/watch?v=yFTvbcNhEgc



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   A notícia tinha se espalhado pela escola. Na última semana, tudo que tínhamos que fazer era apresentar um trabalho em grupo de cada disciplina, ou mais de uma unida. Quase um trabalho de pontos extras para mim e Ali. Logo, assim que chegamos, pudemos ficar um pouco com os gêmeos, explicando como tudo funcionaria.

   ─ Gente, eu já quero chorar aqui. ─ Louis comentou, com os olhos realmente cheios de lágrimas. ─ Eu já não queria ir para a Grécia, agora vocês vão se mudar de novo. Você abre o olho, Ali, morando com o namorado...

   ─ Até parece que a Megs não vai caçar o ex dela por lá também, né? Juízo.

   ─ Vocês dois são loucos, sabiam? Eu fico feliz que tenham sido meu primeiro encontro por aqui.

   ─ Ah, fofa. Eu vou chorar em dobro te vendo indo embora.

   ─ Calma, Louis. E vocês me conhecem a mais tempo. ─ Ali fez aquela carinha emburrada que sempre deixava todo mundo rindo e conseguiu o abraço que todo mundo sabia ser seu objetivo. ─ Bom, temos que apresentar o bendito trabalho. O sinal já vai bater.

   ─ Vamos. Nos vemos depois. ─ Os irmãos saíram juntos pelo corredor, enquanto eu pegava meu material e Ali sorria.

   ─ Ali.

   ─ Dá um aperto de vez em quando, né? Se eu estivesse sozinha, tenho certeza de que ia desistir.

   ─ É, assusta um pouco. Bom, sem sentimentalismo barato, né? Vamos logo.

   Preciso dizer que meu trabalho foi um sucesso? Mesmo que a contragosto de Ali, ficamos com matemática e física. A parte boa foi que ela só teve que montar os experimentos e deixar tudo bonitinho. Eu me ocupei de explicar a mágica por trás de tudo para Annie e Todd, que estavam conosco. Uma das maiores notas, modéstia à parte.

   No fim do dia, eu estava esvaziando meu armário, quando senti a ilustre presença bem perto de mim. Bem mesmo. Ele estava parado atrás de mim, quase me abraçando. Peguei o papel que eu segurava com a boca e sorri.

   ─ Oi, Shaun. Como vai?

   ─ Muito bem, você melhor ainda, hein?

   ─ Soube da novidade, sim? ─ Joguei minha bagunça de volta na mochila e bati a portinha, virando o cadeado pelo que deveria ser a última vez.

   ─ É, Louis comentou comigo, mas eu já tinha ouvido falar. Dinamarca, huh?

   ─ Eu sou muito óbvia, não sou?

   ─ Só o suficiente. Boa sorte.

   ─ Valeu. Você anda merecendo também. E um pedido de desculpa.

   ─ Megs, a gente já falou disso. Você tomou uma decisão, é isso ai, não vou ficar me remoendo por isso. Agora, se lhe interessar, ou algo der errado no futuro...Eu vou estar aqui. Eu sempre estarei em contato e, arrisco dizer que você é a pessoal ideal para me encontrar onde quer que seja.

   ─ Vai me esperar para sempre, bonito?

   ─ Quem sabe? Não vou fazer promessas porque eu não controlo o futuro, mas posso te garantir que você vai ser a primeira a saber se interessar.  

   ─ Igualmente. Shaun, obrigada. É bom saber que tem alguém legal que gosta da gente de verdade.

   ─ Mesmo que a gente não saiba retribuir? É, eu sei como é. Você merece tudo de bom que te vier, Megs.

   ─ Você também. ─ Sorri para ele, pondo a mochila nas costas.

   ─ Posso pedir um último favor?

   ─ Bom, se eu estiver em casa antes das cinco e meia, qualquer coisa. Podemos ir?

   ─ Acho que eu sou meio óbvio também, huh?

   ─ Só o suficiente. ─ Ri, seguindo-o para fora da escola e indo até o carro. Estrada afora, eu aproveitei para ir me desfazendo do que poderia me prender ali, murmurando a música junto ao rádio.

   Foram duas horas excelentes dentro daquela caverna, encerrando um caso que nem tinha se iniciado direito. Era bom lavar a alma daquele jeito às vezes, ainda mais com alguém que te entendia tão bem. Ele me deixou em casa e foi embora.

   Tive meia hora para comer uma coisa e recolher todos os meus documentos. Minha mãe ia me levar até a empresa para acabarmos de preencher tudo para a viagem. Ela estava mais nervosa que eu, foi até fofo.  

   Os outros já tinham chegado. Kyle era o suposto responsável de Kyu, a mãe de Leh era simplesmente a mesma pessoa com mais rugas que a filha, a mãe de Annie tinha um sorriso super fofo e eu já conhecia a mãe de Ali.

   Subimos até a sala de Kyle, onde a moça que havia aplicado as provas separava uma papelada. Foi um pequeno questionário simples. Nome completo, idade, data de aniversário, os números dos documentos, alguns comprovantes, o ano que cursaríamos e tudo mais. Ah, e doenças ou condições médicas. Descobri que Leh tomava remédios para ansiedade e que Kyu sofria de hipertensão.

   ─ Coração? ─ Perguntei enquanto Kyle assinava o contrato.

   ─ Aquele monte de lámen tem seu preço, querida. Brincadeira. É, minha alimentação não era das melhores antes de eu me mudar para cá, teve seu peso no futuro.

   Contratos assinados e fichas preenchidas, a moça avisou que receberíamos os bilhetes em alguns dias. Agradeceu e nos dispensou. Minha mãe ficou um pouco com Kyle antes de irmos embora para casa.

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   Na quinta feira, eu estava chegando em casa da compra que eu tinha ido fazer, quando quase esbarrei em Kyu. Ele segurou a sacola que caiu da minha mão e pediu desculpa.

   ─ O que comprou?

   ─ Rolo de fita, papel bolha, canetão...essas coisas que sempre somem em casa.

   ─ Sua mãe foi comprar o jantar, Kyle foi com ela. Vão trazer sushi.

   Esperei minha comida no meu quarto, com Jared e Ian, falando dos CDs que eu provavelmente levaria. Quando minha mãe nos chamou, ela estava no pé da escada com um envelope em mãos. Pulei os dois últimos degraus e peguei a correspondência.

   ─ É a passagem?

   ─ Uhum. ─ Olhei a data no canto de baixo da passagem. ─ 14 de junho. Só mais duas semanas.    

   ─ Já estão de férias, vai ter mais tempo para arrumar a bagagem.

   ─ É isso ai, Kyu. E lá vamos nós. E por falar nisso, Kyu, eu tinha te comprado um presente, mas você não estava mais aparecendo por aqui.

   ─ Ei, você lembrou do meu aniversário. Que fofa. Gamsaimnimida.

   Estendi a caixinha para ele, sorrindo, e fui jantar. Ele reapareceu na cozinha com o potinho de lámen na mão, ainda sorridente. Kyle riu, enquanto minha mãe só pensava em me matar.

   ─ Como você adivinhou que eu amo isso?

   ─ Palpite.

   ─ Vou comer chegando em casa.

   ─ Você não tem fundo mesmo, hein, cara? ─ Ian riu, puxando sua cadeira e sentando ao meu lado, meio apertado na mesa. Mesmo com o pouco espaço, foi um jantar em família bem agradável.

   ─ Vocês vão adorar a Dinamarca, foi um dos lugares que eu mais gostei de fazer show. ─ Liam comentou, sendo apoiado por Jared. Jack deu um sorriso fraco, dizendo que ainda preferira a Noruega.

   ─ Vocês viajaram mesmo tanto?

   ─ Sim, senhora, mãe. A gente só não comentava muito porque acabava em porre.

   ─ Seu cara de pau.

   O jantar correu bem, até mesmo na hora da louça. Me ofereci para lavar os pratinhos cheios de shoyu, e Kyu veio me ajudar. Kyle ficou com minha mãe na sala, conversando. Aumentei um pouco o rádio, para não ouvi-los. Eu ia lavando, Kyu foi guardando tudo no lugar e jogando as embalagens no lixo.

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   Precisei ir à escola para pegar meu histórico escolar e receber o boletim. An e Ali estavam lá, comentando da viagem. Annie parecia a ponto de explodir, tamanha ansiedade. Eu ri, cruzando os braços. Leo veio nos dar um abraço e me entregar um bilhete. Abri, um pouco surpresa com o remetente.

   “Poderia me encontrar na minha sala? Preciso falar com você. – Albert”

   ─ Gente, eu preciso ir ali dentro rapidinho. Podem ir na frente. Beijos.

   O professor, também conhecido como meu antigo sogro, estava sentado no escuro da sala, com todas as persianas possíveis abaixadas. Pedi licença e encostei a porta antes de me aproximar. Confesso que estava um pouco na defensiva. Nossa última conversa me deixara em prantos.

   ─ Hey, Megs. Vou ser rápido.

   ─ Tudo bem. Por que me chamou?

   ─ Fico feliz com o rumo que as coisas estão tomando. Minha mulher sempre me disse que o futuro une quem deve ficar junto. ─ Ele sorriu para mim, fazendo com que eu me lembrasse do filho dele. ─ Quem sou eu para impedir o destino?

   ─ Senhor...

   ─ Duran sabe que está indo?

   ─ Não, senhor.

   ─ Quando vai?

   ─ Dia 14, vou chegar lá ao fim da tarde. Umas quatro.

   ─ Boa viagem. Que tudo dê certo.

   ─ Obrigada, senhor.

   Pedi licença mais uma vez e deixei a sala, o coração a mil. Eu não sabia bem o que concluir daquele encontro, mas decidi deixar de lado e ir para casa, cantarolando. Sim, tudo ia dar certo.

   Kyu já estava para tocar minha campainha, quando pedi licença e passei na frente, abrindo a porta com minha chave. Larguei os dois envelopes juntos da chave na mesinha e subi as escadas, com ele falando de Ali comigo.

   ─ É, eu sei que ela é incrível. E o que você está fazendo na minha cama?

   ─ Nada.

   ─ Você é mais folgado que meus dois irmãos juntos.

   ─ Achei que eu era como um irmão.

   ─ Não por isso, é o mais folgado dos três, então.

   Ele riu, mas logo em seguida o silêncio nos cercou. Ele se sentou e perguntou no que eu estava pensando. Suspirei antes de responder.

   ─ Sei que podemos voltar se algo der errado, mas...Vai ser muito tempo longe de casa. Porque vai virar nossa casa.

   ─ Temos mais duas semanas para nos acostumar com a ideia. Acredite em mim, meu bem, se tem algum de nós que consegue encarar isso, é você.

   ─ Valeu, Kyuzito.

   ─ Agora eu posso dormir?

   ─ Folgado. ─ Empurrei ele na cama e sai do quarto, apagando, fechando a porta para ele. 


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Notas finais do capítulo

E é isso ai, preparem seus motores ♥



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