No Other escrita por Pacheca


Capítulo 18
Capítulo 18 - Sherlock


Notas iniciais do capítulo

Então gente, meio grande, mas compensa a demora .q Boa leitura :3 Música é Sherlock, do SHINee : https://www.youtube.com/watch?v=8kyG5tTZ1iE



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Entrei no elevador com Ali, apertando o último andar: 30º. Ela ficou encarando a porta, com um olhar branco.

– Que foi, Ali? – Dei um cutucão nela.

– Ele tá afim de você. – Ela falava baixo.

– O que? Quê que você tá falando? – Franzi o cenho.

– Que Kyu tá afim de você.

– Que tipo de droga você anda usando?

– Ele chamou de fofa, olhando pro chão.

– Ele também te chamou de fofa.

– Mas TE pediu para falar...

– Ali, você é retardada? Para de querer jogar o Kyu para mim!

– Não quero, mas é a verdade. – Revirei os olhos. – Ninguém fica tímido daquele jeito e depois chamando a pessoa de fofa por nada. E já é a segunda vez que isso acontece.

– Quando foi a primeira vez, que eu to sem saber?

– Quando ele te viu no seu quarto.

– Ele não me chamou de fofa.

– Mas corou.

– Ali, eu coro até hoje só de ver o Ian sem camisa.

– Ian?

– Amigo de Jack, meu irmão.

– Ah.

– Corar não tem nada a ver com estar afim.

– Ele é gostoso? – Ela sorriu, só pra me provocar.

– É, Alice! Agora, voltando ao assunto Kyu...

– Ainda acho que ele tá afim de você.

– Não tá. E da próxima vez, vocês dois vão ter uma conversa decente.

– Falo nada. – O elevador se abriu. Revirei os olhos para ela antes de sair.

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O escritório de Kyle era imenso. Eu tinha imaginado que seria uma sala no último andar, mas me enganei. O escritório era o andar inteiro.

No canto da direita havia uma escrivaninha imensa, com um computador e vários livros, CDs e alguns gráficos. Além de uma pilha enorme de folhas.

Mas o lado esquerdo parecia a sala de estar da minha casa, com um sofá preto enorme de frente para uma TV de umas 42 polegadas e uma mesinha de centro.

– Ah, olá, Megs. E...

– Kyle, Alice. – Puxei Ali, que se escondia atrás de mim feito ma criança. – Ali, Kyle.

– Prazer, senhor. – Ali deu um aceno de leve.

– O prazer é meu. – Ele manteve as mãos nos bolsos da calça. – Megan, pedi Kyu para te buscar por ordens da sua mãe. Vão jantar na minha casa hoje. Você também, Alice, será muito bem vinda.

– Obrigada. – Alice era tão fofa quando estava com vergonha.

– Sei que é um pouco cedo, mas não queria deixá-la sozinha em casa. – Kyle respondeu minha pergunta antes que eu a pronunciasse, como se pudesse ler minha mente.

– Obrigada pela preocupação, Kyle. – Agradeci, colocando minha mochila aos pés do sofá.

– Fiquem à vontade. Podem mexer no computador se quiserem. A TV só passa noticiários mesmo.

– Obrigada. – Agradeci mais uma vez e puxei Ali comigo até a escrivaninha. Ela estava sem graça, mas mexeu no computador. Me sentei em outra cadeira, olhando os CDs.

Tinha de tudo. CD de pop ao metal. Mas um me chamou atenção. Uma capa azul, com um símbolo que eu conhecia mais que bem. The Secret Weapon.

Lembrei de Jack, me falando que eles estavam se firmando nos EUA. Eles estavam assinando com a empresa de Kyle. Sorri, feliz.

– Passei os olhos pelas folhas e pastas, sendo mais curiosa do que deveria. Quando desisti de entender aquela papelada toda, uma das folhas caiu.

Peguei-a, estudando seu conteúdo. Era uma ficha de entrevista, com um currículo. Olhei o nome. Duran Dobscha.

– Megan! – Pisquei, me virando para Ali. – Seu celular.

Só percebi a vibração quando ela falou. Tirei o celular do bolso, olhando o visor. Duran.

– Oi.

– Olá. – Ele falava com uma voz feliz. – Onde você está?

– No escritório do namorado da minha mãe. Ou seu futuro chefe, se preferir.

– Sua mãe namora o Sr. Patel?

– Uhum, Kyle. Achei que tinha te contado.

– Entendi. – Ouvi uma porta batendo perto dele, seguida por um suspiro. – Ahn, te ligo mais tarde.

– Tudo bem?

– Tá. Te ligo depois. Beijo.

– Beijo. – Desligou. Ali me encarava.

– Vocês dois não se cansam, não? Se falam todo dia, o dia todo.

– Você também vai ficar assim com Kyu. Ou pior. - Sorri.

– Megan! Cala a boca. – Ela olhou para Kyle, vendo se ele tinha ouvido. – Vadia.

– Calma, você não ficava assim com o Duran?

– É diferente.

– Não é não. – Me aproximei dela, puxando a cadeira. – O que você tá fazendo?

– Xingando Shaun. – Franzi o cenho. – Não é nada, coisa antiga.

– Ok. Partiu Omegle?

– Partiu. – Ela riu e entrou no site.

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Kyle vivia numa mansão, perto da praia. Minha mãe e Elijah já estavam lá quando chegamos.

– Fiquem à vontade. – Kyle abriu a porta e entrou, abraçando minha mãe.

Olhei a sala de estar. Era enorme, parecida com o lado esquerdo do escritório, com a adição de uma lareira, um piano e um lustre de cristal, daqueles enormes.

– Porra. – Ali falou, olhando o lustre de cristal. Elijah já tinha sumido, indo atrás de uma das empregadas. Kyu fechou a porta atrás de si, encarando o chão. Alice ainda observava o lustre.

– Aquela varanda é de frente para a praia? – Caminhei devagar, até a porta de vidro.

– É. – Kyu parou ao meu lado. O olhar dele estava fixo na praia, na área além do vidro.

Abri a porta. Kyu me olhou, enquanto eu ia para a varanda. Ouvi Ali me seguindo. Desci a escadinha quase correndo.

– Onde você vai, troço? – Ali me gritou, debruçada sobre a sacada, quase caindo de cara na areia.

– Ali, eu nunca vou à praia porque eu odeio sol. E tá de noite agora. – Tirei o sapato.

– Trocou o sol pela lua. Também odeio sol. – Ela me seguiu, descendo atrás de mim.

– Kyu? – O chamei, ele se debruçou sobre a amurada, onde Ali estava um segundo antes. – Vem.

Ele olhou o céu antes de descer, devagar. Ali o observava, muito descarada. Dei um cutucão nela.

– Eu percebi já. – Ela se sentou onde estava, olhando pro mar.

– A gente não devia ficar aqui por muito tempo. – Kyu tirou o paletó e se sentou ao lado de Alice.

Era a pior ideia que eu já tive. Respirei fundo. Era óbvio que Ali queria conversar com Kyu. Sem minha presença. Passei direto por eles. Eu era o pior cupido da face da Terra, mas era o que eu podia fazer.

– Já volto, só um minuto. – Ali me olhou, confusa. O que eu não fazia por ela?

Antes que um deles falasse qualquer coisa, saí correndo, só parando quando cheguei no mar. Ali me chamou, gritando. Ignorei-a, mandando que ela conversasse com ele, por pensamento.

Em um segundo eu já estava tremendo. Muito. Meus dentes batiam de frio. E eu tinha que ficar por pelo menos 5 minutos. Vi Kyu me olhando, incrédulo e rindo com Ali. Socorro!

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Nunca achei tão bom ficar perto de uma lareira. Eu realmente achava a praia de noite maravilhosa, até o mar. Mas eu com certeza griparia.

Alice foi até a cozinha, pedir uma empregada para me fazer um chá. Kyu me deu um cobertor e uma camisa dele, seca. Ficou um pouco larga, comprida, mas era melhor do que a outra, completamente molhada.

– Uma das empregadas deve ter uma calça. – Ele ia se levantar, mas recusei com a cabeça.

– Não precisa. Essa sua blusa é quase um vestido pra mim.

– Mas você continua com a calça molhada...

– Estou bem. Já ta secando.

– Por que fez aquilo? – Ele se sentou na poltrona à minha frente. – Sabia que ia se molhar toda e ia gripar.

Ok, eu queria que Ali ficasse com Kyu. Era o plano. Mas eu era realmente inútil como cupido. Simplesmente porque eu não pensava. Nem antes de agir, nem de falar.

– Pra você e Ali ficarem sozinhos. – Só percebi minha burrada quando Kyu mudou de posição, e corou. – Nossa, me mata!

– Vo...você...quer que...eu fi...fique com ela? Alice? – Ele gaguejou um pouco, se embolando com as palavras. Eu acabei de FUDER com as chances dela. Por quê? Porque eu sou idiota.

– É... – Apertei o cobertor, abaixando o rosto. Minha resposta ficou no ar.

Ele ficou quieto. Ergui a cabeça, checando se ele ainda estava ali. Encontrei-o, me olhando. Continuava da cor de um tomate, mas parecia ponderar algo.

– Toma. – Ali me estendeu a caneca, saindo da cozinha. – Retardada mental.

– Valeu. – Quase queimei minha língua. Kyu agora olhava para ela. Cutuquei o pé dele com o meu.

Seja discreto. Falei sem emitir som. Antes que ele reagisse, Kyle e minha mãe apareceram. E minha mãe nem pareceu notar a filha toda molhada.

– Vamos jantar. – Ele falou.

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Kyle se sentou na cabeceira, Elijah na outra ponta. Minha mãe ficou à direita de Kyle, me fazendo me sentar ao seu lado. Kyu e Ali tiveram que ficar um ao lado do outro.

Era um jantar bem simples: frango grelhado com batatas assadas. Só se ouvia as vozes de minha mãe e Kyle.

– E como anda a seleção, meu bem?

– Muito bem. Já tenho uns três funcionários em mente. – Ele deu um sorriso.

– Se lembra de algum nome? – Eu não devia me meter no assunto assim, mas estava tão ansiosa quanto Duran.

– Ah, claro. Do meu favorito. Dobscha. O secretário novo. – Era Duran. Ele ia adorar quando pegasse a vaga. – Parece ser um bom garoto. É adorável.

– Eu sei quem é. – Dei um sorriso.

– Dobscha não é o Duran? – Ali apontou sua faca para mim. Concordei com a cabeça, ainda sorridente.

Ela voltou a comer, encerrando o assunto. Kyu olhava para seu prato o tempo todo. Percebi que Ali também não olhava na direção dele. Não sei a razão, mas achei aquilo fofo.

Foi rápido. Terminei meu jantar e me levantei. Alice me seguiu assim que me viu indo até a varanda.

– Quer gripar mais? Acho difícil. – Ela parou ao meu lado.

– Não vou voltar lá pra baixo. Só que o vento tá gostoso, facilita pra respirar. – Fechei os olhos. Eu provavelmente estava com cara de retardada, com a boca meio aberta e os olhos fechados. – Por que você não vai falar com Kyu?

– Nossa, você me expulsou?

– É, é isso mesmo. – Respondi, irônica. – Só to querendo ajudar. – Cocei meu nariz. – Aliás, minha blusa já secou?

– O que isso tem a ver com Kyu e eu? – Ela franziu a testa.

– Ainda to com a blusa dele. – Fechei os olhos mais uma vez, respirando fundo. Ou ao menos, tentando. Ela ficou em silêncio.

– Me dá um abraço? – Abri um olho, vendo-a com os braços esticados pra mim. Arqueei a sobrancelha. – Só quero ver uma coisa.

– Ok. – Estiquei os braços também, abrindo o outro olho. Ela deu um sorriso tonto. – Que foi?

– A blusa dele é tão macia e cheirosa. – Revirei os olhos. – Ai, eu quero ele, Megs.

– Apesar de você estar vendo o garoto pela segunda vez na sua vida, eu sei disso. – Respondi. – Mas então me solta, porque eu definitivamente não sou ele.

– Tá bem. – Ela me apertou mais uma vez antes de me soltar.

– Agora vai lá e usa todo seu charme natural e agarra ele.

– Aham, claro. Vou muito fazer isso. – Ela me olhou com aquela cara sarcástica dela.

– Oi, se você não percebeu ainda, eu sou o pior cupido do mundo. Sério! – Copiei a expressão dela.

– Ah, eu vou lá, agarro ele do nada e saio. Super normal. Faço isso com todo mundo mesmo. – Ela cruzou os braços.

– Claro que eu vou criar uma situação, ridícula. Ou vou tentar.

– Mané. – Ela me mostrou a língua. Sorri.

– Eu sei que você me ama. E vai aprender a xingar. Minha irmãzinha deve ser mais ofensiva que você.

– Ah, vai se fuder. – Me mostrou o dedo do meio. – Irmãzinha?

– Filha da minha madrasta. Mas eu a amo. – Dei de ombros. – Mas parabéns pela ofensa. E calma. Você ainda vai ficar com o Kyu, respira fundo.

– Você não tá entendendo. Ele é muito gostoso!

– Vai ficar com ele só por isso? Porque se for, pega o Shaun, muito mais fácil.

– Nem brinca. – Ela falou, séria. – Eu nunca vou pegar aquele ridículo.

– Espera, eu perdi alguma coisa entre vocês? Porque, se eu lembro bem, nos primeiros dias em que você apareceu, vocês mais pareciam irmãos.

– Mentira. Lembrou errado.

– Você quase brigou com o cara, obrigando ele a ir almoçar na nossa mesa.

– Só porque eu sei que todo mundo é amigo dele, inclusive você. – Ela encarava o mar.

– Se você diz... – Dei de ombros.

– Cala a boca. – Ela relaxou um pouco.

– Ok. Quanto a Kyu...

– Preciso urgente de uma situação. – Ela sorria, pensativa.

– Bem. O aniversário de Elijah é daqui duas semanas. Ele vai dar uma festa lá em casa e me deixou chamar alguém.

– E o Duran?

– Ele vai. Mas Elijah gosta de você, não vai se importar com você.

– Ah. E o Kyu, vai?

– Meu irmão convidou Kyle. Ele vai levar Kyu com ele, certeza disso.

– Ai, tomara. – Ela respirou fundo. – Tomara mesmo.

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Desliguei meu despertador. Era domingo, mas eu ainda queria acordar cedo. Me forcei a sair da cama, mesmo com todo meu sono. Ali tinha passado as últimas duas semanas, desde que fomos à casa de Kyle, me perguntando da festa de Elijah.

Vesti um short e uma camiseta velha. Peguei a caixa em cima do meu guarda-roupa e bati de leve na porta dele, entrando.

Ele já estava de pé, trocando de blusa, quando cheguei. Deu um sorriso e um bom dia, depois de um bocejo.

– Bom dia, troço. – Respondi, esticando a caixa para ele. – Parabéns, idiota.

– Obrigado. – Pegou a caixa na minha mão, se sentando na cama. – Vejamos.

Um sorriso surgiu quando ele abriu a caixa. Um box dos livros de Guerra dos Tronos e um CD do Pantera estavam lá dentro.

– E ai? Acertei?

– Claro. É Pantera e o Geroge juntos. – Me abraçou, pulando da cama. – Valeu, Zinha!

– De nada. – Saí do quarto, indo pra cozinha. Meu celular tocou assim que peguei o suco na geladeira.

– Diga. – Atendi.

– Posso mesmo ir? Pra festa?

– Pode, já falei. – Tome um gole do suco. – Hum, arruma aqui comigo. Eu não quero ficar sozinha até Duran e Kyu chegarem.

– Tudo bem. Lá pras 3 da tarde eu chego ai.

– Te espero.

– Ok. Kissus. – Me despedi também e desliguei.

Passei meu tempo lendo. Antes do almoço acabei o livro e fui comer um sanduíche de microondas. Acordei com a campainha. Desci correndo pra atender a porta, passando a mão pelo cabelo no caminho. Ali entrou, com a mochila nas costas.

– Oi. – Me deu um abraço e me mostrou uma caixa. – Seu irmão gosta de Rammstein, certo?

– Gosta. Vem cá. – Subi e bati na porta de Elijah, pra que Ali o entregasse o presente.

– Fala. Ah, oi Ali. – Ele já estava com um dos livros que eu tinha dado. Ela o entregou a caixa, sorrindo.

– Parabéns, Elijah.

– Opa, mais CDs. – Ele falou depois de abrir a caixa. – E dois. Valeu mesmo.

– De nada. – Depois que ela terminou de falar, a puxei pro meu quarto.

– Que horas ele marcou com os amigos? – Ela se sentou na cama.

– Seis, eu acho. Já são 3 e meia. – Coloquei as mãos na cintura, encarando meu reflexo na janela. – O que acha que eu devo fazer com meu cabelo. Tá regaçado o lazarento.

– Hum, prende. Ou prancha.

– Acho que vou pranchar mesmo. – Olhei pro banheiro. – Vem me ajudar.

Quase uma hora depois com um secador, uma escova e uma prancha, meu cabelo ficou legal. Ali deu um suspiro, rodando o ombro.

– Nossa, por que você tem tanto cabelo? Meu braço ficou cansado.

– Me desculpa ai, se nem todo cabelo é bom.

– Ah, como se o meu fosse ótimo.

– Não vou nem discutir. Valeu.

– Eu vou tomar banho.

– Ok. O da direita é o de água quente. – Ela concordou e fechou a porta.

Abri meu guarda-roupa. Ali me disse que ia usar um short jeans e uma camiseta. Peguei algo simples também: calça jeans, uma camiseta e meus coturnos.

Ali gastou quase meia hora no banho. Assim que saiu, já vestida, fui tomar um banho também. Sai 20 minutos depois, já vestida também.

– 5 e meia. – Ali olhou o relógio do celular. – Seu irmão precisa de ajuda lá embaixo, no quintal?

– Não sei. – Olhei pela minha janela. Vi Duran chegando. – Mas você, talvez, fique um pouco de vela.

– Ah, nem. Que cu.

– Vou tentar não te deixar de vela, boca suja.

– Vou ficar de fone então.

– Anda, vem. – Desci assim que a campainha tocou, com Ali logo atrás de mim.

– Olá. – Dei um selinho nele. – Oi, Ali. – Ela só acenou, sorrindo.

– Entra. – Puxei Duran para dentro. Fui levando os dois até o quintal, depois de fechar a porta.

Meu irmão tinha colocado algumas mesinhas de plástico aqui e ali, tinha pedido sushi e estava carregando um fardo de refrigerante. Ele deu um aceno com a cabeça pra Duran.

– E ai, cara? – Dava pra ver que eles ainda ficavam sem graça, desde o dia que meu irmão fez o favor de bater em Duran.

– Parabéns.

– Valeu. – Ele deu um sorriso fraco. – Zinha, liga o som pra mim.

– É pra tocar meu Ipod?

– A ideia é essa. Pode tocar kpop, mas só um pouco.

– Tá bom. – Liguei o aparelho no som. Deixei no aleatório, ouvindo a primeira música na lista. Linger. Dei um sorriso pra Duran.

– Que música é essa? – Ela olhou pra mim e Duran. Se sentou em uma das mesas, esperando a resposta. Duran me abraçou por trás, antes que eu respondesse.

– Linger, do Cranberries. Nossa música.

– Ai, que gay. Mas até que é bonitinha.

– Valeu, Ali. Quero ver quando você tiver uma também.

– Ali tá saindo com alguém? – Ele passou a encara-la, com um sorriso provocativo.

– Não, mas quer. – Ela me olhou, quase berrando pra eu calar a boca. – Kyu.

– Megs!

– Eu to sabendo, Ali. O coreano que me deu fama de corno por drama seu.

– Nossa, seu grosso.

– Verdade. – Duran riu. – Mas eu já te perdoei.

– Idiota.

– De qualquer jeito, ele deve chegar daqui a pouco, Ali.

– Ah, fica quieta.

Alguns dos amigos do meu irmão já estavam chegando. Peguei refri pra mim e pra Duran e um suco para Ali, me sentando com ela. Foi quase uma hora de isolamento, nós três conversando.

Ali batia o pé, nervosamente no chão, quando Elijah se sentou ao seu lado.

– Tudo bem com vocês? – Ele olhou pros amigos por cima dos ombros.

– Que foi? – Ali olhou pra trás também.

– Nada, anã.

– Elijah! – Dei um chute na canela dele, rindo.

– Foi de forma afetuosa.

– Vai se fuder. – Ela deu um tapa no ombro dele.

– Tem mais gente chegando. – Apontei pra porta dos fundos. – Seja um bom anfitrião, anda.

– Fui expulso. Beleza, já vou.

– Gente, eu sofri bullying aqui. – Ali falava indignada.

– É o jeito de demonstrar afeto dele. Podia ser pior.

– Pior como? Ele me chamou de anã.

– Ele já me queimou com um isqueiro, por brincadeira. – Ela me olhou curiosa. – Também não entendi.

– Seu irmão é bem normal. – Duran me deu um sorriso fraco.

– Não muito. – Corri os olhos pelo quintal. – Kyle chegou.

– Kyu também? – Ela se virou, procurando o coreano.

Me levantei e fui até Kyle, que me recebeu com um sorriso e um abraço. Kyu estava atrás dele, com uma calça jeans e uma camisa.

– Olá, Megan. Como vai?

– Bem, obrigada. Vocês?

– Muito bem. Onde está seu irmão?

– Com os amigos. Vai lá.

Ele saiu, me deixando com Kyu. Ali não tinha me seguido, aquela tonta. Peguei o braço dele e o puxei até nossa mesa.

– Senta aqui, Kyu. – Ele se sentou ao lado de Ali, meio sem graça.

– Kyu, certo? Duran, namorado dela. – Apontou pra mim. Os dois trocaram um aperto de mão. Depois disso, ficamos conversando por mais algum tempo. Ali estava tímida, mas quando Kyu começou a puxar conversa com ela, passou. Ela não parou mais de falar.

Já eram quase 9 da noite quando nos levantamos. Minhas pernas doíam e eu queria ficar um tempo com Duran. Deixar Ali com Kyu. Só uma coisa me distraiu. Mr. Simple começou a tocar. Ali já me olhou sorrindo, me fazendo sorrir também.

– Vem, Megs.

– Não, não. – Ela começou a me puxar pelo braço. – Ali, não.

– Anda logo!

– Socorro, gente! – Gritei pra Duran e Kyu. O coreano só nos seguiu.

– Vamos, Megs. Mr. Simple é fácil. – Me fizeram dançar com eles. Foi no mínimo bizarro, considerando que eu não tenho nenhuma coordenação motora. Mas dancei.

A música mudou para Sherlock, do SHINee. Não dançaria aquela, nem fudendo, era difícil. Mas Kyu dançou, muito foda. Ele parecia mesmo integrante de um daqueles grupos de Kpop.

Ali o encarava vidrada. A puxei, sem que ela parasse de ver a coreografia.

– Vou dar uma volta com o Duran. Se você não usar essa chance, va ficar sem o Kyu, e merecido.

Antes que ela respondesse, me afastei com Duran. Fomos pra lateral da casa, um corredor mal iluminado entre a casa e o muro vizinho. Ele me abraçou, falando.

– Você é uma boa amiga. Se isolando pra Ali ficar com ele.

– Não foi só por isso que me isolei. Foi pra ficar com você.

– Por mim, tudo bem. – Sorri.

Ficamos ali por quase uma hora. De onde estávamos, eu podia ver quem ia embora. Quando começou a ficar muito tarde, voltei para perto das mesas.

A primeira coisa que vi foi Ali e Kyu, se beijando. Dei um sorriso triunfante, fazendo Duran rir.

– Parabéns, cupido. – Me deu um beijo.

– Eu quase detonei tudo, mas consegui corrigir. – Dei de ombros.

– Ei, tenho que ir embora. – Fiz um biquinho. – Hum, fofa. – Me deu mais um beijo. – Te vejo depois?

– Claro. Te levo até a porta. – Peguei sua mão e atravessei o quintal, entrando em casa. – Tchau, tchau.

Ele saiu, caminhando tranquilo. Voltei pro quintal, procurando Ali. Ela me puxou de lado.

– Posso dormir aqui? Porque eu preciso contar pra você. – Ela estava absolutamente eufórica.

– Pode, mas você vai me deixar dormir?

– Não!

– Tá, ok.

Ela voltou correndo pra perto de Kyu. Eu sabia que ficaria de vela, mas a segui. Me sentei, observando enquanto os dois se agarravam.

Vi Kyle se aproximando devagar, falando no celular. Kyu se separou de Ali, esperando por alguma ordem.

– Temos que ir, garoto. – Ele colocou o celular no bolso. – Temos trabalho amanhã.

– Claro. – Ele deu um beijo em Ali, mais tímido agora.

Levei-os até a porta, puxando Kyu e sussurrando de um jeito provocativo.

– Perdeu sua timidez, foi?

– Já tá voltando, valeu. – Olhei pra ele, percebendo que suas bochechas coraram.

– Ah, larga de ser fofo, Kyu.

– Foi um elogio?

– Foi.

– Gamsa.

– Isso é obrigado?

– Uhum. Kissus, to indo.

Acenei pra ele e voltei pra perto de Ali. Subimos pro meu quarto.

– Ele é tão...ai, lindo! – Já tínhamos trocado de roupa e eu já tinha arrumado um colchão pra Ali. Ela repetiu aquela frase pela milésima vez. – Acho que eu apaixonei.

– Você acha? – Me joguei na cama, abraçando meu travesseiro.

– Você também demorou a perceber que era afim do Duran. – Ela suspirou. – Ai, eu amo o Kyu.

– Comecem a namorar e me deixa dormir. – Bocejei. – Pronto.

– Você viu ele dançando Sherlock? – Ela nem me escutou.

– Vi, Ali. E vi Mr. Simple também, e ele parece muito um daqueles k-idols.

– Ai, que amor. – Ela afundou o rosto no travesseiro. – Eu quero casar com ele.

– Bem, eu quero dormir. Mas não vai acontecer tão cedo.

– Ok, vamos dormir. – O silêncio durou por, mais ou menos, um minuto. – Ele vai vir pra cá amanhã?

– Não sei, Ali. Me deixa dormir. – Choraminguei.

– Ai, tá bom. – Dessa vez ela realmente ficou quieta. Dormi em poucos instantes.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Um beijo :*



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