7 de Dezembro, havia chegado à frente de um enorme shopping, grande mesmo. Provavelmente tinha uns três ou quatro andares. Por mais que contassem muitas histórias terríveis sobre o lugar, parecia-me um simples shopping abandonado pelos lojistas; as paredes eram amareladas e sujas e alguns vidros estavam rachados ou até quebrados; um cheiro de coisa podre rondava o lugar e um grande calafrio foi me dando, porém foi interrompido por passos atrás de mim e antes que eu pudesse ver quem era, apareceu outra pessoa ao meu lado, tomei um grande susto.

Virei-me e me deparei com uma bela garota, possuía belos cabelos loiros e olhos claros e profundos e ainda atrás de mim um garoto muito parecido com a loira; ele também tinha cabelos loiros e olhos claros e era apenas um pouco mais alto, os dois aparentavam 16 anos. Decidi cumprimenta-los de uma vez, porque eu devia estar a um tempo os encarando, pois a garota pareceu um pouco envergonhada.

— Oi, vocês também foram chamados pela escola? – Perguntei parecendo simpática

Não sei ao certo o que eu falei para a garota se mostrar animada de repente. Por um minuto ela estava quieta e depois demonstrou não ser tão tímida quanto eu pensava.

— Ah, oi! Eu e meu irmão fomos chamados por um telefonema muito estranho. Nem dava para saber quem estava na linha! Eu sou Alessa, prazer! E esse bocó aqui é o meu irmão gêmeo Arthur- Disse puxando o garoto para frente

— Prazer, você saberia por acaso quem ligou? Ah, desculpe... qual o seu nome?- Perguntou o jovem

Os dois pareciam mesmo gêmeos: O modo de agir, os dois vestidos de azul, o mesmo cabelo, os mesmos olhos e aparentemente os dois tinham uma personalidade bem animada; eu gostava de pessoas assim. Na minha sala não tinha ninguém assim tão agitado e eu finalmente havia terminado o ano. Reparei que a garota usava uma blusa de alça, bege e com um desenho de uma flor azul e um short jeans e o garoto com uma simples blusa azul marinho e uma calça jeans. Parei de pensar na roupa dos outros e decidi responder logo a pergunta, eu era muito lerda para essas coisas e muito detalhista para outras.

— Bianca. Eu também recebi essa mesma ligação, pensei talvez ser uma excursão, afinal esse lugar é histórico.

— Mas quem iria querer visitar esse lugar tão acabado? Haha sem chance- Disse Arthur sentando no chão da rua

— Hei idiota, você vai se sujar todo se ficar sentando aí!

— Calma maninha, relaxa! É só enquanto não chegam as outras pessoas!

— Virão outros para esse lugar? – Perguntou Alessa olhando, pelo horizonte, a rua

— Se for uma excursão, sim- Eu disse olhando entediada para a entrada, velha, do shopping

Eu nunca fui muito paciente e agora menos ainda. Em pé debaixo de sol na frente de um shopping velho, tendo de esperar as outras pessoas. Fiquei um tanto enfezada e decidi me sentar também no chão da rua.

— Se você também vai se sentar... Também vou!- Falou Alessa sentando ao meu lado

Passaram alguns minutos e vi ao longe mais duas pessoas. Pensei serem professores ou guias para a possível excursão, mas eram duas garotas: Uma de cabelos castanho-claros e outra com um cabelo bem vermelho. As duas vinham totalmente caladas, a morena com uma cara fria e a de cabelos vermelhos com um leve sorriso no rosto. Tinham provavelmente 16 anos que nem Alessa e Arthur.

— Oi pessoas, vieram também para a reunião?- Perguntou friamente a morena

—Ah, não para uma reunião. Viemos para uma excursão- Disse Alessa as encarando nervosamente

— Excursão? Tem certeza?- Se pronunciou a de cabelos vermelhos

A morena possuía belos cabelos um pouco ondulados e olhos azuis, agia friamente ao me encarar e ao encarar Alessa e seu irmão, usava uma simples blusa de manga verde clara e uma calça jeans. A garota ao seu lado, pelo contrário, parecia bem mais amigável e sorria sempre; possuía cabelos bem vermelhos e olhos de diferentes cores, algo estranho, mas que combinava muito com ela, um olho claro e outro meio roxo, usava uma blusa sem manga amarelo claro e uma bermuda branca.

— Foi o que disse um telefonema anônimo que nós recebemos- Eu disse

— De qualquer jeito- Cortou-me a morena- Era para estarmos nesse lugar estranho

— Hum... ah, eu sou Bianca e esses aqui são Alessa e Arthur!

— Mary... não que isso te importe

— Eu sou Pietra- Disse a garota dando um grande sorriso

Conversamos um pouco até que vi Mary abrindo a porta do shopping e entrando.

— Hei, espera!- Falei, mas ela já havia adentrado o local

— Não deveríamos entrar sem a autorização de um adulto- Disse Pietra

Pietra certamente era aquela garota que chamamos de anjo, sempre com postura, educada e com um sorriso angelical.

— Ela é sua amiga não é? Vamos entrar então e buscá-la!- Eu disse a puxando em direção a porta

Entramos todos no shopping. O cheiro de coisa estragada havia aumentado e muito, o lugar tinha uma atmosfera sombria apesar de vazio, fui andando lentamente ao que se parecia o centro do shopping, um lugar aonde deveria ter existido uma bela cascata, poço de enfeite. Após alguns segundos Alessa e Arthur vieram atrás de mim; Alessa me deu um grande susto ao tocar sua mão em meu ombro, dei um grito baixo, mas agudo e me virei rapidamente.

— Haha medrosa!!- Ela gritou rindo

Arthur parecia em algum tipo de feitiço, olhava para todos os lados com expressão de surpresa.

— Não é tão ruim quanto pensei! Haha, olha Alessa!- Arthur disse apontando para uma estátua que tinha de uma mulher gorda- É você!! Hahaha

O coitado levou um soco no meio da cara, mas logo estava de volta rindo como sempre. Acabei rindo também, mas parei de rir assim que vi Mary me encarando de longe, ela estava acompanhada de mais três pessoas.

— Pensei que vocês não fossem entrar nunca, seus medrosos!- Gritou de longe Mary

Chegamos perto e vimos mais quatro pessoas com ela: Uma garota ruiva, uma garota um tanto baixa e loira, um atraente garoto de cabelos castanhos e outro com cabelos pretos repicados e óculos.

— Hei, essas pessoas estavam aqui a um bom tempo esperando alguém. O telefonema anônimo também ocorreu na casa deles – Falou Mary calmamente

— Oi, eu sou a Nancy. – Falou a ruiva

Nancy era uma garota muito esbelta, seus cabelos eram ruivos e muito compridos, batiam no joelho; parecia ser uma garota muito legal e divertida, possuía belos olhos azuis, uma franja que deixava seu cabelo ainda mais bonito e algumas sardas; usava um belo vestido branco que lhe caía muito bem. Aparentava 16 anos que nem todas as garotas do lugar, talvez fossem da minha escola, de outras turmas talvez. Foi a vez da pequena loira se apresentar, ela era baixa para a sua idade e possuía uma franja tão grande que cobria quase metade da cara, usava só preto: Uma blusa sem manga preta com alguns detalhes em vermelho, calça preta e um colar em forma de coração, era difícil dizer que tipo de pessoa ela era com seu comprido cabelo dourado e um sorriso amarelo no rosto.

— Myranda- Ela disse em voz baixa

— O quê?- Perguntou Arthur

— MY-RAN-DA! Escutou não? Idiota!

Por um momento pensei que ela fosse assassinar todos ao redor, mas o garoto de cabelos castanhos a acalmou de repente.

— Calma Myranda, eles não escutaram! Mals gente, essa coisa está sempre estressada haha- Disse o garoto rindo- A propósito eu sou o Alex e vejo que tem muitas garotas bonitas por aqui

Provavelmente as garotas todas ficaram vermelhas, umas de raiva outras de vergonha, mas isso não vem ao caso. Após isso todos nos apresentamos. Alex era um garoto de cabelos castanhos escuros, bem escuros que possuía belos olhos, claros e esverdeados, parecia daqueles garotos animados e de grande atitude, sorria de forma determinada, possuía estrutura forte e era alto. Deveria ter em torno de 18 anos, sendo mais velho que todas nós de 16. O último garoto me lembrava de alguém meio nerd, possuía cabelos pretos e usava óculos que o deixavam com um tom superior e autoritário, fiquei meio tensa ao vê-lo me encarando.

— E eu sou o Mark- Disse com voz forte

— Ah, sim! Esse é o meu amigo nerd que se acha!! –Alex disse rindo

Mark fez uma cara que eu preferiria nunca ter visto, gelou o shopping inteiro, parecia irmão gêmeo da Mary, mas após um tempo ele desfez a cara emburrada e sorriu. Sorriu por tempo suficiente para acertar Mark no rosto. Acabei soltando risadas altas, a cena havia sido algo muito engraçado.

— Então, o que é mesmo que estamos fazendo aqui?- Perguntou Myranda

— Conversando com idiotas- Falou Mary sombriamente

As duas provavelmente iriam se tornar belas amigas

— Já era para ter aparecido algum professor se isso fosse uma excursão- Disse Pietra

— Além disso já está escurecendo- Comentou Nancy

— Vai dizer que tem medo- Disse Mary a encarando

— Qual o problema?- Retrucou Arthur

Antes que eu pudesse parar a futura discussão doida deles, escutei um barulho agudo; alguém estava entrando no shopping. Fomos correndo ver se era algum professor e nos deparamos com duas pirralhas: Uma loira com seus cabelos presos em duas tranças infantis e uma de cabelos cacheados castanhos. Pareciam ter idades aproximadas. Duvidei de de fato ser uma excursão, afinal tinham garotas mais novas que haviam sido chamadas.

— Quem são vocês?- Perguntou Myranda secamente

— Viemos pela entrevista otários! Sou Alice!- Disse a menina loira

— Ah! Desculpa pelo atraso! E eu sou Marlena- Exclamou a de cabelos cacheados

— Mas que entrevista?- Perguntou Alex

— Nos ligaram da escola por telefone. Avisaram que teríamos uma entrevista e uma prova para ganharmos uma bolsa- Disse a outra

— Nos ligaram também, mas era para uma excursão e para a Mary era uma reunião de alunos- Eu disse sem entender nada

O que era esse encontro? Uma excursão? Reunião? Entrevista? As coisas pareciam ficar cada vez mais estranhas.

A garota loira tinha um jeito infantil e fofo, possuía 13 anos. Com um cabelo loiro cor de bronze preso em duas belas tranças, Alice encantava a todos presentes com seu jeito sorridente e travesso e seus belos olhos azulados, seu único problema era ter uma língua afiada. A outra garota também era muito bela, possuía um belo cabelo cacheado castanho com uma mecha azul no cabelo, tinha a pele bem branca como Alice e 14 anos; por incrível que pareça também tinha língua afiada, as duas amigas eram provavelmente grandes desordeiras.

— Afe, que chato! Me fizeram vir aqui à toa!! – Berrou Marlena emburrada

— Pois é, já passou da hora de criança dormir!- Implicou Myranda rindo

Dizem que olhar traiçoeiro de garotas jovens mata, não sei ao certo se é verdade, mas o olhar que Marlena deu, gelou Myranda na hora e o pessoal ficou só rindo enquanto eu tentava melhorar o clima.

Eu já estava entediada e já era de noite, eu estava indo dizer que iria para casa quando algo inesperado aconteceu; ocorreu um estalo e todas as luzes se apagaram deixando um clima sombrio e mais escuro ao ambiente. Após isso um barulho alto pôde ser ouvido vindo do segundo andar, algo ou alguém descia as escadas de modo barulhento e um barulho agudo vinha delas, como se alguém afiasse uma faca na parede. Todos nós gelamos.

CONTINUA