Destino Esquecido escrita por Laura Marie


Capítulo 5
Primeiras impressões




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- Nunca pensei que voltaria a este lugar – Disse Gambit assim que chegou à porta da mansão do clã dos ladrões.

- Imagino que você tenha dito a mesma coisa quando veio aqui pela última vez – Disse Mercy.

- Você está certa!

Após encarar a mansão por um breve momento, Gambit decidiu entrar, acompanhado por Mercy. O local estava um pouco diferente. O interior da mansão não possuía aquele clima “mal assombrado” como havia na última vez que esteve lá. O retorno à sua terra natal era como uma viagem no tempo. Apesar de sua visita ter sido apenas há dois anos, parecia que o tempo havia passado muito rápido naquele local.

No entanto, Gambit não teve muito tempo para admirar a nova arquitetura, já que os moradores da casa estavam à sua espera.

- Remy! – Disse Henri ainda descendo a escada.

- É bom te ver de novo, Henri!

Apesar dos maus entendidos no passado, Henri, assim como Gambit, estava muito feliz em rever o irmão. Os dois se cumprimentaram com um forte abraço, como se a saudade fraternal tivesse sido torturante durante aqueles dois anos.

- Não estou surpreso, mas você não mudou nada, Remy!

- Você também parece estar ótimo, mon frére! – Gambit dizia com um sorriso no rosto – Odeio perguntar isto, mas como está o clã?

- Bem... Imagino que a Mercy já tenha te contado...

- Ouí! – O sentimento de felicidade em Gambit, de repente, deu lugar a uma singela melancolia – Soube da morte de nosso pai... Eu sinto muito...!

- Todos nós sentimos muito por isso, Remy! Mas não se preocupe, você não tem culpa nisso... Eu queria ter te avisado antes, mas não queria entrar em seu caminho de novo.

- Até porque guardar segredos de seu irmão parece ser uma especialidade, não é? – Disse Remy sarcasticamente.

- Eu sei que você não veio por causa do clã.

- Ouí! A sua esposa me contou tudo sobre a minha filha... Então estou aqui para consertar esta confusão que todos vocês criaram!

Ao sentir o clima de tensão, Mercy decidiu intervir:

- Rapazes, acho melhor conversarmos em outro lugar. Vamos para a biblioteca!

Remy e Henri não hesitaram, e concordaram com a idéia de Mercy. Além do mais, ficar discutindo assuntos de família em pé na sala não seria muito prudente.

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- Remy, por favor, sente-se! – Disse Mercy, mostrando uma poltrona ao cunhado.

- Non! Obrigado, Mercy, mas eu prefiro ficar em pé mesmo, pois o que tenho para falar com vocês é rápido!

- É melhor você se sentar, Remy – Disse Henri enquanto se sentava em uma poltrona – Você acabou de chegar de viagem.

- Como podem pensar em descanso agora? – Remy começava a se descontrolar – Ontem eu descubro que tenho uma filha, e hoje estou aqui para vê-la. Onde ela está?

- Eu sugiro que você se acalme, Remy! – Disse Mercy – Você não está em condições de ver ninguém agora.

- E antes de você ver a sua filha, você precisa ficar a par da situação – Disse Henri.

- Eu já sei de tudo! Belladonna está em coma, Gaspar assumiu a liderança do clã dos assassinos, e vocês trouxeram a Melissa para a manipularem neste conflito!

- Você não sabe nem da metade do que está acontecendo, Remy! – Henri aumentou o seu tom de voz – Você vai me ouvir agora?

Após ver o temperamento do irmão, Remy decidiu se acalmar e ouvir o que ele tinha a dizer.

- Ouí...

- De certa forma, você está certo. Belladonna ainda está em coma devido aos incidentes passados, e o seu primo Gaspar assumiu o clã – Disse Henri – Você deve se lembrar dele, Gaspar sempre foi um radical e nunca foi a favor de uma pacificação entre os clãs.

- Ouí, eu me lembro muito bem dele!

- Por isso estamos sofrendo muitas baixas, o seu primo Etienne quase morreu no mês passado.

- O quê? – Remy se assustou com a informação – Como ele está?

- Etienne está fora de perigo agora – Disse Mercy – Mas se um ladrão tão talentoso como o meu filho quase morreu nas mãos dos assassinos, então você deve imaginar o poder deles.

- E a Melissa? Como ela está em meio a esta situação?

- Como você poderá ver, ela está bem e segura. Gaspar não fez nenhum mal a ela... Ainda – Disse Henri – Além disso, o fato de ela ser uma mutante também contribui para a sua segurança.

- E como eu lhe disse em Nova York, se ela aceitar assumir a liderança dos dois clãs, ela poderá colocar um fim nesta carnificina.

- Mas vocês não pensaram em um pequeno detalhe? – Disse Gambit – Você acha que todos os assassinos serão a favor disso?

- Há mais uma coisa que ainda não lhe contamos...

- Dieu! O que foi desta vez?

- Não são todos do clã dos assassinos que estão satisfeitos com a liderança do Gaspar – Disse Henri – Ele só tem se preocupado em nos atacar, e enquanto isso, o verdadeiro trabalho dos assassinos está sendo esquecido.

- Ou seja, eles estão perdendo dinheiro – Mercy adicionou.

- Então é por isso que Gaspar ainda não fez nada contra Belladonna e Melissa... – Concluiu Gambit.

- Exatamente! Claro que existem os fiéis de Gaspar, e eles tem sido a nossa real preocupação. Mas com a condição financeira em jogo, e a Melissa aceitando as nossas condições, tudo voltará a reinar em plena tranqüilidade.

- Quais condições? – Gambit imediatamente estranhou a última fala do irmão. No entanto, ele imaginava que aquilo poderia significar o fato do clã usar a usa filha para se auto beneficiar.

Porém, antes que Henri ou Mercy pudesse responder, a repentina chegada de uma pessoa à biblioteca rompeu o curso da conversa.

- Tia Mercy! – Disse uma doce e delicada voz feminina.

Gambit estava de costas para aquela misteriosa pessoa, mas ao ouvir a voz, ele não teve dúvidas de quem poderia ser. Ele sentiu o seu coração acelerar e as suas pernas tremerem, como se ele estivesse aguardando por aquele momento há muito tempo.

Se sentindo nervoso, Gambit se virou lentamente para a porta onde estava a pessoa. E assim, ele se deparou com uma linda garota de cabelos loiros e olhos azuis. Gambit realmente ficou sem ar. Ele já sabia que a sua filha era bonita devido à fotografia que Mercy tinha lhe dado. Mas pessoalmente, ela parecia um anjo.

Já a garota se assustou quando Gambit se virou para ela, mas Melissa decidiu não demonstrar esta surpresa. Porém, ela não sentiu as mesmas emoções que o seu pai sentira por ela.

- Melissa! Meu anjo! – Mercy se sentiu um pouco constrangida com a chegada da sobrinha, pois não era exatamente assim o encontro que tinha planejado para ela e Remy – Que bom que você chegou! Venha cá, se aproxime mais! Eu quero lhe apresentar...

- Não! – Melissa interrompeu a apresentação antes que pudesse ser iniciada – Eu já sei quem ele é!

Melissa, que possuía um olhar confuso, mas também raivoso, foi embora imediatamente do local sem dizer mais nada.

- Melissa! Por favor, espere!

- Non, Mercy! – Disse Gambit – Eu já imaginava que isso poderia acontecer...

- Eu sinto muito por isso, mon frère.

- Não se preocupem, mon amis. Ela tem todos os motivos para me odiar e não me aceitar como pai...

- Mas com o tempo esta barreira entre vocês não existirá mais – Disse Mercy – Isso tudo é muito novo para ela. Talvez ela precise de um tempo.

- Ouí. Você tem razão...

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Já estava começando a escurecer quando a garota dos olhos azuis estava sentada no telhado da mansão, observando melancolicamente o pôr-do-sol no pântano. Parecia que ela estava longe em seus pensamentos. Aliás, depois da surpresa que tivera hoje, era normal que a sua mente estivesse confusa.

No entanto, os seus pensamentos foram dispersos quando ouviu um barulho no telhado, vindo de trás dela. Assim que Melissa se virou, ela viu Gambit tentando se equilibrar no telhado, indo a sua direção.

- O que pensa que está fazendo?

-Olá, chérie! Há uma vista muito bonita daqui, non? – Disse Gambit com um sorriso no rosto, a fim de “quebrar o gelo”.

Ao contrário dele, Melissa não sorriu. Ela continuou com uma expressão séria e irritada, se virou novamente, e continuou a olhar a paisagem. Era evidente que ela estava tentando ignorar o pai, mas Gambit, como sempre, nunca aceitava receber um “não” de uma mulher.

Assim que se aproximou, ele se sentou ao lado da filha, e também começou a admirar a paisagem.

- Sabia que eu também vinha para cá quando eu era criança?

- Por favor, não comece com este papo ridículo de pai e filho! E eu não sou criança! – Disse Melissa irritadamente.

- Oh, claro! Pardon, chérie! – Remy tentava não ser sarcástico, mas de certa forma, achava engraçado o comportamento da filha – Por que você tenta ser tão durona? Isso não combina com você.

- E o que você sabe sobre mim?

- O suficiente para eu gostar de você!

Ao ouvir as últimas palavras de Gambit, Melissa aparentemente recuou. Ela não disse nada, apenas o encarou com um olhar melancólico, como se aquelas palavras tivessem surtado um efeito dentro de si.

- Olha, se eu soubesse que a sua mãe estava grávida, eu jamais teria deixado a cidade! – Gambit passou a ficar mais sério.

- Não precisa explicar nada. Eu já sei de toda a história...

- Então sabe que se eu soubesse de sua existência, eu já teria te procurado há muito tempo! Ninguém me disse nada sobre você, eu juro...

- Eu já disse que não precisa me explicar nada! – Melissa o interrompeu – Eu sei sobre a sobre a sua história, e também sei que você esteve aqui há dois anos, e que a sua namorada deixou a minha mãe no estado em que ela está hoje.

Gambit sentiu um calafrio quando Melissa se referiu à Vampira. Ele definitivamente não queria que a filha ficasse contra ela.

- Foi um acidente! Eu não quero defender e nem acusar ninguém, mas a sua mãe cometeu uma loucura em me seqüestrar, e nem se quer me disse nada sobre você!

- Eu sei... – Melissa, de repente, abaixou o seu tom de voz – Eu sei que a minha mãe errou... Principalmente por minha causa.

- Você não tem culpa nenhuma, Melissa. Foi Belladonna quem agiu de maneira errada, e eu lamento muito por ela ainda não ter se recuperado.

Melissa preferiu não dizer nada novamente. Era óbvio que existia uma grande dor dentro dela, mas ela preferia guardá-la para si mesmo. Mas, de repente, ela decidiu quebrar o seu próprio silêncio.

- Pode parecer um pouco brega, mas posso te perguntar uma coisa?

- O que você quiser, chérie.

- Você... Amou a minha mãe?

Gambit não poderia negar para si mesmo que ele ficou nervoso quando ouviu tal pergunta. Mas, para a sua filha, a sinceridade era o essencial (já que a confiança era o que estava em jogo).

- Belladonna foi o meu primeiro grande amor – Disse ele após refletir rapidamente – Apesar de ter sido um “amor forjado” pelos nossos clãs, ele foi real para mim.

Melissa, após ouvir a resposta do pai, ficou em silêncio novamente. Mas, desta vez, ela o encarava fortemente, como se estivesse se esforçando para fazer algo. No entanto, uma expressão de “estranheza” também tomou conta de seu semblante.

- O que foi, chérie?

- Eu... Eu não consigo ler os seus pensamentos, e também não consegui sentir a sua presença quando você estava vindo para cá.

Gambit não pôde deixar de rir.

- São os meus poderes, chérie. Eles bloqueiam qualquer poder mutante que se dá pelo contato físico e mental.

- Você também consegue explodir coisas, certo?

- Ouí. E também algo mais...

Remy, em seguida, retirou uma carta de Ás de Copas de seu bolso e a energizou. Ele a jogou para cima, e a energia a corroia delicadamente enquanto caía. Melissa estendeu a sua mão para pegá-la, e assim que conseguiu, a energia havia corroído toda a carta, exceto o desenho do coração, que havia sido minuciosamente contornado e preservado. 

Finalmente um sorriso surgiu no rosto de Melissa, e isso obviamente deixou Gambit mais tranqüilo.

- É feio ficar lendo a mente das pessoas por aí, mocinha! – Brincou ele.

- Me desculpe! Ás vezes eu não consigo controlar, e acabo fazendo isso sem querer – o tom melancólico de Melissa retornou – É assim que descubro tudo sobre as pessoas.

Gambit sabia exatamente o que Melissa estava sentindo. Ele havia sentido as mesmas dores que ela. E como um bom pai, ele não deveria passar este triste legado a diante.

- Olha, eu sei o que você passou, e imagino o quanto você sofreu por ter ficado distante por  tanto tempo. Eu também sei como é complicado ser um mutante, principalmente quando você não consegue controlar os seus poderes. Mas o pior de tudo, é que eu também sei a dor do fardo que você tem que carregar pelo clã.

- Eu não queria passar por tudo isso, mas parece que eu não tenho escolha, não é?

- Você não está sozinha, Melissa! – Disse Remy que, em seguida, segurou a mão dela – Eu não vim aqui só para te conhecer, mas também para te ajudar!

- Me ajudar?

- Ouí! Eu entendo que você tem todos os motivos do mundo para não querer aceitar a minha ajuda, muito menos em me considerar como pai... Eu sei que pode parecer difícil, mas eu te peço que confie em mim!

Apesar de ter acabado de conhecer o seu pai, Melissa, de alguma forma, sentia que ele estava sendo verdadeiro. Talvez demorasse um pouco mais para Remy deixar de ser um estranho para se tornar um pai. Mas aquele sinal de confiança poderia ser um começo.

- Ok... Eu vou tentar – Disse ela com um leve sorriso.

- Bon! Fico feliz em saber disso.

Após algumas trocas de olhares e sorrisos, Gambit decidiu se levantar.

- Eu tive uma idéia.

- Hum?

- Que tal irmos à cidade? Sabe... Sair um pouco. Eu posso te levar a alguns lugares legais.

- Eu não sei, Remy... Eu não costumo sair muito... E eu tenho que voltar para casa para cuidar da minha mãe.

- Uma garota tão bonita como você não deveria ficar presa em casa. Vamos! Eu prometo que não iremos demorar – Disse Remy, que em seguida estendeu a sua mão para ela.

Melissa refletiu, mas não demorou muito para que ela segurasse a mão de Remy, aceitando, assim, o seu convite. Agora, ela sorria com mais confiança, o que era um bom sinal para ambos. 


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