Arlequim escrita por DElizy
Notas iniciais do capítulo
Um One-Shot simples que me veio á mente um tempo atrás. Talvez possa virar uma trama mais elaborada, mas quem sabe? Reflexão é a maior característica deste... Hehe
Arlequim
Sinta-se responsável, porque no final, é exatamente o que você é.
Mais do que isso.
Perceba sua língua colar no céu da boca.
Sem justificativas.
Você não tem esse direito.
Isso é o que se ganha por se deixar tornar refém...
-***-
Tornou-se para cima, com a existência amargurada de espírito, mas refém de si mesmo teve de se calar.
Consciente de que toda a responsabilidade era sua, apenas sua, a única coisa que poderia fazer era emudecer.
Lamentar o faria injusto com o próximo e o peso da injustiça já era esmagador por si só apenas com o fardo de seu próprio sangue em suas mãos.
Era isso.
Tudo o que tinha agora: um horizonte que não fazia teu e o lento gotejar de teu próprio sangue sobre tuas mãos.
Ele sabia que era capaz. Que podia. Que tinha o mundo de joelhos diante de si. Tudo que quisesse poderia ser seu. Tudo. Mas estava refém. E por conta disso não pagava seu preço.
Com suas próprias mãos esmagava seus sonhos. Destruía tudo o que poderia ser seu. Sufocava seu potencial e enterrava os talentos.
“Não sei o que acontece... Você tem potencial. Muito potencial.”
Eu sei.
“Nunca vi alguém com tanto potencial desperdiçá-lo como você!”
Saber não é o suficiente. Se não viver o que sabe, continuará não sendo nada.
Simplesmente não entende porque ainda continua vivo. Sua existência já deveria ter sido apagada. Ele mesmo sabe disso. E aceita. E concorda.
Não fazia jus ao que recebera. Se ainda vivia, vivia porque ele havia se sacrificado por isso. Sacrificado-se por ele.
Loucura...
Ele mesmo não teria se sacrificado por si. Não valia á pena. Sua existência ingrata, essência ingrata, fazia de tudo aquilo ridiculamente desnecessário.
Ele não fazia jus ao sacrifício da única pessoa que realmente o amara de verdade. Seu melhor amigo para todas as horas. Seu companheiro, irmão, pai. Que dera a vida para que ele pudesse viver e agora era isso: ele vivia uma vida vazia, desperdiçando e enterrando tudo o que poderia fazer para fazer valer á pena o sacrifício.
O pior é que a maioria do público simpatizava com ele. Amavam o parasita que era. Como se cegos para quem realmente é. Aplaudindo de pé a apresentação do Arlequim vestido de morte.
Humanos eram peças do seu tabuleiro. Usados quando necessário apenas para tapar o que lhe faltava. Gostava de tê-los ao redor, mas não que opinassem em nada. Simples peças de ornamentação.
E se alimentava deles.
Nada muda. Nunca muda.
E a culpa é dele.
Na mão direita tem o alongar-se da vida e na esquerda, riquezas e honra.
Mas ás ata nas costas e afunda no limbo.
Com as próprias mãos destrói a si mesmo.
Que te falarei?
“Porque o vosso amor é como a nuvem da manhã e como o orvalho da madrugada, que cedo passa.”
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Se gostaram, comentem. Se não, comentem também. =D