Sentiments D'anubis escrita por GiGihh


Capítulo 8
Você e eu


Notas iniciais do capítulo

Oiee, andei sumida, mas voltei!
Esse cap é o penúltimo, então... Boa leitura:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/415672/chapter/8

Nut estava visivelmente nervosa. Não porque Apófis estava escapando de sua prisão ou porque uma grande guerra iria explodir, mas sim porque aqueles dois eram orgulhosos demais para dizerem o que sentiam. Reprimindo um suspiro ela observava a menina caminhar sem qualquer rumo, apenas em frente.

—Anúbis, querido – a deusa disse mais para si do que para o deus escondido em algum lugar nas sombras – Não deveria deixar essa menina sofrendo. Deixe o orgulho de lado e diga o que sente...

Sadie dava passos lentos em direção ao sol; seguindo a leste, a menina tentava evitar que suas lágrimas voltassem a cair. Se perguntando mudamente do porque de ter ido com o deus e se castigando por sofrer com o súbito abandono. Encostou-se a uma árvore, fechou os olhos e respirou fundo diversas vezes. Ela queria, mais do que pudesse imaginar, esquecer aquela noite; a melhor noite da vida dela havia sido incrivelmente dolorosa. Irônico, não?

Quando voltou a abrir seus olhos, Sadie não encontrou as poucas árvores verdes, a grama rasteira, as ruínas ao longe ou mesmo o sol. O lugar era extremamente claro aos seus olhos. Tons de azul e branco formavam o cenário perfeito do que muitos definiriam como céu. Para ela, aquilo era apenas uma lembrança dos deuses e da injustiça que fizeram a Nut... E que também fizeram a ela própria.

—Por que estou aqui? – a loira ainda não enxergava cem por cento, mas já se acostumava com a claridade. Sentiu uma mão sobre a sua a puxando delicadamente até um sofá feito de nuvens. Isso provavelmente encantaria qualquer um a qualquer momento, afinal, quem nunca quis se sentar em nuvens fofinhas de algodão? Mas como pensar em coisas tão puras e ingênuas quando suas melhores esperanças foram jogadas fora por alguém em que se sente algo realmente forte?

—Você está aqui porque eu preciso saber como está. – a voz calma e serena da deusa era reconfortante a loirinha. Nut por sua vez, tentava esconder o quanto sabia e pensava em como poderia juntá-los mais uma vez. Mas como a deusa faria algo se os dois se recusavam a deixar o orgulho de lado? – O que sente, Sadie?

—Eu não sei. – ela estava triste, revoltada, magoada, machucada, perdida... Perdida talvez fosse à palavra que mais se encaixasse naquele furacão de sentimentos desconexos e talvez até desconhecidos pela menina. Ela amava Anúbis? Poderia se disser que sim, mas como chamar isso de amor quando ela mais chorava do que sorria? O amor dói, parte, queima e acaba, foi essa a conclusão que chegou.

—Não sabe? – a deusa parecia decepcionada, mas ela também não se lembrava da própria reação depois do conselho. Teria ela ficado raivosa? Teria tido a chance de falar com Geb uma ultima vez? A deusa não conseguia se lembrar, mas podemos apenas suspeitar que sua reação tenha sido como a da pequena maga.

—Não. Isso é frustrante! – e como não seria? Palavras agora pareciam dispensáveis as duas, mas o silêncio era desconfortante para as duas; era claro que o ar estava tenso.

—E Anúbis? – a voz da deusa cortou o silencio e Sadie finalmente voltou seus olhos para a divindade.

—O que tem ele? – aquele coração mortal pareceu se partir ao ecoar daquele nome; foi visível aos olhos da deusa.

—O que sente por ele?

— Algo forte. – não era uma mentira; o sentimento dela por ele era algo forte, mas não era mais composto pelo amor de antes ou pela dor de minutos, talvez horas, atrás. Era raiva, uma raiva forte e pura. A deusa sentiu o mesmo que a menina, mas não podia culpá-la; Anúbis não reagia e não lutava por algo em que queria arriscar tudo.

—É estranho falar sobre isso, não? – a deusa tinha um mínimo sorriso.

—É sim! – a loira sorriu de volta, tentando prender o riso. Nut entregou a ela uma bebida quente com o gosto acentuado de baunilha e chocolate. Sadie bebeu até a metade antes de arriscar a pergunta:

—Posso ir para casa?

Nut soube o tinha que fazer... A escolha nunca tinha sido dela mesmo.

—Posso abrir um portal para você, querida. Mas não sei aonde ele vai levá-la.

—Como assim?

—O portal vai levá-la para onde seu coração a mandar; o lugar onde você, não apenas quer, mas em que deve estar.

Sadie estava receosa. Ela não conseguia confiar em seu coração; ele a havia traído de forma dolorosa. Como confiar em algo que só a fez sofrer? Não tinha muita escolha; ela queria acreditar que iria para casa, no seu quarto e lá poderia chorar o que não se permitia ali.

—Mas... E se não for onde devo estar?

—Receberá alguma ajuda lá. – a deusa estava misteriosa, mas nem a própria compreendia o que fazia. Ela estava sendo guiada por algo mais poderoso que os deuses, influenciada por algo bem mais puro. O portal foi aberto e a menina ainda o olhava com medo. Sadie devolveu a caneca com a bebida quente à deusa, agradeceu e passou...

Foi o ar salgado e bem úmido o que sentiu. A menina estava confusa demais para pensar no conforto do quarto ou em algo mais. A rocha em que se encontrava estava no meio de um mar ligeiramente agitado. As ondas se quebravam na rocha onde estava, mas não a molhavam. Um frio atingiu seu corpo e borboletas brincavam em seu estômago... Mesmo sem olhar ela sabia que existia alguém atrás dela.

 

 

ANÚBIS

Doeu mais do que consigo descrever ouvi-la dizer que me odeia. Não consegui ficar lá, não suportaria mais olhá-la de forma alguma. Eu tinha desperdiçado meu tempo indo vê-la? Mas não conseguia me arrepender, mesmo querendo.

Fui para alguma rocha no meio de um mar qualquer; eu só queria a solidão e poder pensar e esquecer.

—Anúbis, querido. Não deveria deixar essa menina sofrendo. Deixe o orgulho de lado e diga o que sente... – A voz de Nut me atingiu como um chicote, mas também foi uma âncora em que me apoiei. Se eu tivesse uma chance diria tudo a loira... Diria tudo o que sentia...

... Saindo de um portal ela parou na minha frente admirando o mar. Não consegui fazer nada a não ser olhá-la de forma incrédula. Seria o destino o responsável por isso? Será que ainda tínhamos uma chance naquela noite?

Ela virou lentamente para mim; era como se soubesse que eu estava ali, mas não quisesse admitir. Seus olhos brilhavam com lágrimas cristalinas e me senti culpado. O nó que se formou em minha garganta fez tudo se tornar mais difícil.

—Sadie... – não consegui dizer mais nada.

—Me deixou sozinha. – sua voz continha mais mágoa do que posso descrever.

—Eu não... – tentei me aproximar, mas ela deu um passo hesitante para trás enquanto balançava a cabeça negativamente. – Sadie, eu não aguentei ouvir você dizer que me odeia. – ela parou, mas seus olhos cintilavam. – Doeu ouvir isso.

—Por quê? – sua voz soou entrecortada. Eu tinha que confessar tudo.

—Sempre fui sozinho, mas você conseguiu preencher esse vazio. Nunca senti nada, mas... – como era bom desabafar; dei um passo para frente e Sadie não se moveu. – agora sinto frio, calor, dor, saudade... - a cada sensação dei um passo pequeno em sua direção; Sadie abraçava os próprios braços. – Eu me importo com você como nunca me importei com mais nada.

—Por que se importa comigo? Eu não sou nada pra você!

—Nada, Sadie? Você significa tudo. Aqui e agora, eu prometo você e eu. Sempre você e eu. – quebrei os últimos centímetros que nos separavam; segurei seu corpo assim como sempre quis fazer. Uma de minhas mãos acariciou seu rosto ainda tristonho, mas surpreso; desci os carinhos até meu dedo encostar em seus lábios macios. Não dei muito tempo para ela desistir: meus lábios já estavam nos seus.

Eu senti um calor se apoderar do meu corpo quando suas mãos subiram ao meu pescoço e me puxaram para mais perto de si. Seus lábios massageavam os meus enquanto aquele gosto de baunilha me preenchia. Deslizei minha língua sobre seu lábio inferior e Sadie ofegou; pedi passagem e ela cedeu. Lento, doce e tímido, era o nosso primeiro beijo. Senti Sadie fraquejar e amparei seu corpo ainda sem parar o beijo.

Bem lentamente, deitei a menina na rocha e admirei seu rosto a milímetros do meu: seus olhos brilhavam, mas não era por causa das lágrimas; aqueles lábios vermelhos pareciam me chamar para si. Suas mãos já não me tocavam; nem por isso aquele calor sumiu. Não precisávamos de palavras; não naquele instante. Peguei uma pequena mecha dourada sentindo a maciez dos fios; voltei a acariciá-la, dessa vez, na curva do pescoço e nos ombros. Senti meus olhos marejarem.

— Você diz que eu não luto por agora. Eu não sei como fazer isso. – minha voz soou entrecortada; isso tinha acontecido muito ultimamente, principalmente com esse nó na garganta – Me mostre como lutar por agora, Sadie. Ajude-me a não te perder por hoje...

Seus dedos acariciaram meu rosto e afastaram meu cabelo. Assim como eu havia feito, seus dedos tocaram meus lábios e eu me senti queimar por dentro. Precisava daquele calor.

— Não vai me perder. – sua voz, suas palavras... Foi a primeira vez em milhares de anos que eu senti esperança. Sadie me puxou para si e eu não pensei em resistir. Meu corpo sobre o seu trouxe aquele fogo de volta e nossos lábios se encontravam com certo desespero. Nossas línguas disputavam pelo controle em uma dança rápida e precisa. Sadie mordiscou meus lábios e um gemido me escapou. Desci uma das minhas mãos até sua coxa e trouxe sua perna de encontro a minha cintura... Mais um ofego escapou de seus lábios.

—Quando foi que pegamos fogo? – perguntei a ela sorrindo e me referindo aquele fogo que ambos sentíamos.

—Onde existe desejo sempre existe uma chama. – Nós dois nos sentamos na rocha bem perto um do outro. – Eu menti.

—Mentiu? – sobre o que ela falava?

—Não consigo te odiar.

—Igualmente, loirinha – mais uma vez naquela noite, meus lábios chegaram aos seus enquanto uma onda se quebrava ao nosso redor.


Era inegável dizer que as estrelas estavam mais brilhantes do que o normal naquela noite e que refletiam fracamente naquele mar. Nut ria e parecia dançar nos céus com suas estrelas e nuvens. Os dois estavam juntos e felizes mesmo que por pouco tempo... Em algum lugar na praia, havia um homem deitado na areia admirando as estrelas. Ah, como ele sentia falta de sua esposa... Um sorriso apareceu nos lábios de Geb; ele sabia que Nut havia conseguido: os dois estavam juntos finalmente... Mesmo que só até o nascer do sol em poucos minutos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E? Ficou ruim? Espero que não... desculpem qualquer errinho, ok?
Se existe um casal tão lindo quanto Sanubis (não existe, mas chega bem pertinho) é Nut e Geb; ai, eu adoro esses 4!!! rsrsrsrss
Até logo, bjss



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sentiments D'anubis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.