Awake escrita por Lauren Dwar


Capítulo 10
Capítulo 10 - Vida paralela




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/415514/chapter/10

Acordo com o sol no meu rosto e puxo o cobertor para me esconder. Minha cabeça está latejando de tanta dor. Flashes da noite anterior me vem a mente e eu tento lembrar do que aconteceu. Fernando me levou para a boate, tomamos alguns shots, dançamos um pouco, bebemos mais um pouco, sai para tomar um ar, vomitei na rua, um estranho me ofereceu ajuda e depois disso...Rick.

Sento rapidamente com a lembrança e me arrependo profundamente quando a pressão na minha cabeça aumenta e a dor também. Pisco algumas vezes para acostumar meus olhos com a claridade e assim que tudo volta ao foco, percebo que não estou em casa.

O quarto é grande e branco. Não há mais nada além da cama aonde eu estou deitada e uma mesa de metal no centro. Deslizo minhas pernas para fora da cama e cambaleio até a ela. Sobre a mesa há uma pasta preta com um bilhete que diz: "Emma, leia isso antes de sair do quarto.".

Volto para a cama com a pasta e começo a ler tudo que tem dentro dela. No começo são apenas fotos minhas ao longo dos anos, mas depois eu encontro uma ficha completa de absolutamente tudo sobre mim. Desde o meu nome completo até a marca de cereal que eu como todas as manhãs. Folheio mais algumas páginas e quando termino, fico sem palavras.

Toda a minha vida resumida em dez folhas. Como isso é possível? Desde as minhas medalhas que eu ganhei no jardim de infância até a minha carta de aprovação na faculdade! É como se tudo que eu vivi até agora tivesse virado um livro.

Continuo a ler o resto das folhas e encontro uma ficha semelhante a minha, só que de Paul. Embaixo de sua foto está escrito "Agente aposentado CIA." Meu pai que não sabe mexer no computador da loja, agente da cental de inteligencia americana? Impossível.

Escuto um barulho de fora do quarto e me assusto. Fecho a pasta e abro um pouco a porta para espiar. Encontro um longo corredor escuro e uma escada no final. Deixo o quarto e conforme me aproximo, sinto um cheiro delicioso. Meu estômago rosna de fome e eu desço os degraus gelados de mármore branco. Passo por cômodos vazios e empurro a única porta que há. Entro no que parece uma cozinha e meu estômago rosna novamente quando pouso meus olhos na bancada repleta de comida.

Enfio um pedaço de tudo na boca e só paro quando escuto a porta por onde eu entrei bater.

"Ei..." A voz que eu pensei nunca mais ouvir, soa atrás de mim.

Engulo a comida e me viro lentamente. Rick está em pé ao lado da porta, segurando lenha nas suas mãos. Nos encaramos em silêncio.

"Eu estou sonhando?" Pergunto, minha voz rouca.

Ele deixa a lenha de lado e anda até ficarmos frente a frente.

"Não." Ele responde.

Meu impulso de toca-lo é inevitável. Toco seu rosto e me arrepio ao passar os dedos pela sua barba por fazer. Seus olhos nunca deixam os meus enquanto eu continuo a acaricia-lo.

"Como isso é possível? Eu fui no seu funeral..." Sussurro.

Rick respira fundo e finalmente me toca. Seus braços me envolvem e nos aproximamos mais.

"É complicado..." Ele responde.

Ele é tão alto que eu tenho que ficar nas pontas dos pés para chegar mais perto de seu rosto. Roço meu nariz no seu e a proximidade de seus lábios me faz ansiar pelo seu beijo. O que eu estou fazendo?

"Você mentiu para mim." Sussurro sobre seus lábios.

Seus braços diminuem o aperto ao meu redor e eu me afasto dele.

"Eu só queria te proteger." Ele diz, sem me olhar.

"Me proteger? Rick, você foi a pessoa que mais me causou mal em toda a minha vida! Eu sofri durante todos esses últimos cinco anos pensando que nunca mais iria poder viver de novo! Como você pode fazer isso comigo?" Grito.

As lágrimas fogem do meu controle e eu estou aos prantos. Ele permanece calado e não faz mais contato visual comigo. Choro por alguns minutos e quando vejo que ele faz menção a se aproximar, recuo dois passos para trás.

Limpo minhas lágrimas e me controlo. O olho nos olhos e junto todas as minha forças para conseguir falar.

"Para mim, você está morto."

Corro para fora da cozinha e volto para o quarto de onde eu nunca deveria ter saído. Meu choro volta a tona e eu tento abafa-lo com o travesseiro. O homem que eu mais amei em toda a minha vida, mentiu para mim a sua própria morte e ainda diz que era para minha proteção? Talvez ele até tenha feito bem, me protegeu dele mesmo.

A expressão do seu rosto quando eu disse que o considerava morto me vem a cabeça. Sei que fui cruel ao dizer isso, mas eu estava tão indignada que não consegui me conter. Não que ele mereça qualquer tipo de consideração minha, mas morte é algo que eu não desejo nem para o meu pior inimigo.

Dío mío, o que faço? Uma parte de mim está fervendo de ódio, mas a outra está tão feliz por te-lo de volta e eu não faço ideia de como agir sobre toda essa história maluca.

A porta é aberta e me preparo para manda-lo ir embora quando Claire entra no quarto.

"Finalmente você acordou!" Ela grita e pula na cama.

"O que você está fazendo aqui?" Pergunto, confusa.

"Seu tio me buscou ontem no aeroporto e viemos para cá. Ele disse algo sobre alguém estar atrás de você e por eu ser sua amiga, iriam me usar como ísca para atrair você...algo assim."

Arregalo os olhos e Claire da de ombros. O que?

"Claire, você escutou o que acabou de sair pela sua boca?" Pergunto, incrédula.

"Eu falei algo errado?"

Bufo e deixo minha cabeça cair no travesseiro. Minha melhor amiga é a pessoa mais absurda que eu conheci em toda minha vida!

"Então, como foi o reencontro com o amor da sua vida?"

Me apoio nos meus cotovelos e a encaro.

"Vocês se conheceram?" Indago.

"Sim, ele é a única pessoa da minha idade nessa casa. Já que você dormiu por dois dias, tive que socializar."

"Dois dias? Eu dormi por dois dias?" Minha voz eleva.

Ela assenti. Dois dias? Uau, isso explica minha fome.

"Claire, explica novamente o porque estamos aqui."

Minha amiga se endireita na cama e ficamos sentadas uma de frente para a outra. Ela conta tudo o que aconteceu até chegar aqui e repete as mesmas palavras que Joe usou para explicar a ela. Eu queria explicações, queria saber o que estava acontecendo, mas a medida que ela ia falando, essa vontade vai embora. Eu não quero mais saber de nada, eu só quero voltar para casa e viver minha vida normal e sem graça.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Awake" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.