Como a viagem era longa, resolvi tentar conversar com Quíron.

–Olá, mocinha. – disse Quíron- O que houve? Não vai cantar com os outros? – ele deu uma olhada em direção de Nico, que estava gargalhando da cantoria.

– Ah... – falei, dando um sorriso – Bem, não faz muito meio estilo. Por isso, achei que seria um bom momento pra tirar algumas dúvidas que estão pressas na minha cabeça.

– Sempre há alguma coisa incomodando essa cabecinha, não é mesmo? Mas vamos lá, pergunte.

– Porque hoje pela manhã ganhamos permissão para dormir até mais tarde? E porque não precisamos participar do treino de esgrima? E o banho no lago? O Sr deixou, ou...

– Devagar, uma pergunta de cada vez. Sobre dormir mais hoje eu achei que...

Ele foi interrompido por uma agitação na cabine do motorista.

–Está tudo bem, Mark?- perguntou Quíron, se referindo ao motorista, preocupado.

– Se está tudo bem? Está tudo ÓTIMO! Finalmente após muito tempo vou poder me alimentar de alguns semideuses!- disse Mark, tornando sua forma original. Um lestrião. Há quanto tempo não via um? – Está na hora de vocês me conhecerem!

O que havia dado em Quíron para contratar um monstro daquele? Como ele ainda não havia o reconhecido? Não havia tempo para pensar nisso. Nossa sorte, é que não estávamos perto de mortais, com a situação da Névoa...

Meus segundos de pensamento, quase custaram a minha vida. Mas Lena me puxou pra trás bem tempo.

– Annie! Acorda!!

– Certo! Me desculpe. – disse pegando minha adaga.

Fui uma luta, digamos que fácil. O pobre do lestrião não imaginou que as armas estariam tão a mão, pois as bagagens haviam sido guardadas no porta malas do ônibus. Mas se havia alguma coisa que eu tinha aprendido em 10 anos de acampamento, era que não se podia largar sua arma.

O lestrião virou pó em menos de 15 minutos. Todos se voltaram para Quíron.

– O que deu em você? – disse Clary.

– Calma, calma. Quíron o que aconteceu? Você contratou um... – fui interrompida.

– Pessoal, me desculpem, ele pareceu um simples semideus adulto. Não desconfiei. Deveria ter prestado mais atenção. Mas, ultimamente, essa situação da Névoa tem pregado muitas peças em todos, inclusive os deuses...

– Como assim, nos deuses? Eles não são os especialistas de pregar peças nos outras? – zombou Nico. Ouviu-se um trovão ao longe.

– Melhor cuidar o que fala, cara. Parece que hoje não é nosso melhor dia. – disse Larry.

– Certo, desculpa, só fiquei meio chocado com a situação. Mas Quíron, explique-nos o seu comentário.

– Vocês não devem se preocupar com isso, pelo menos não agora. – disse Quíron, encerrando o assunto. – Alguém aqui tem alguma ideia, mesmo que básica, de como se deve dirigir? – Percy levantou a mão... – Isso basta. Assuma o controle e nos leve o mais rápido possível até o aeroporto. Siga este mapa... – disse lhe entregando um mapa, não muito complexo. – Estarei sentado logo aqui na frente, caso precise de alguma coisa. – Falou, se retirando para a primeira fileira de bancos.

– Certo! – disse Percy. Parecia bem empolgado. – Todo mundo para dentro, hora do mestre aqui assumir. Vamos, vamos!

– Agora sim, estamos fritos. – reclamou Jason, quase em um sussurro. Mas eu não ri. Estava começando a me preocupar.