Wake Me Up explodia pelo autofalante do meu celular, tateio no criado mudo procurando por ele, ouço um baque no chão e vejo que derrubei o tubo de chantilly e o pote de nutella que estava pela metade, fazendo uma bagunça no chão. Pego meu celular e vejo que ainda são 05h49min da manha. Caio de volta na cama me xingando mentalmente por ter esquecido de desligar o despertador. Olho para Aline, que estava dormindo tranquilamente, eu passo a mão pelo seu cabelo e sorrio a ver o lenço dela no meu pulso.
Ela me provocou a noite toda, se eu disser que não gostei estaria mentindo. Estou pensando em provocar ela ainda mais, só para poder levar esse "castigo". Cara, nunca mais conseguirei comer nutella sem me lembrar dessa noite. Ela me excitava e me deixava pronta, mas parava antes que eu pudesse chegar lá. Me lambia, me chupava e me penetrava com os dedos. Na hora que ela fazia isso, tinha vontade de matar, mas nem dava tempo de reclamar, ela já vinha com sua língua frenética em alguma parte do meu corpo. Quando finalmente me liberei estava exausta, ela me desamarrou e foi a minha vez de brincar. No final, estávamos suadas e sujas de chocolate e chantilly. Minha roupa de cama deve estar uma beleza, penso comigo.
Aline se mexe ao meu lado e olho para suas costas, elas estava com marcas de arranhado em toda a extensão, consequência da noite passada. Dou um beijo em cada ponto vermelho que achava, ela se remexe e depois levanta a cabeça na minha direção, seu rosto estava amassado e seu cabelo desgrenhado, mas era a coisa mais fofa e sexy que já vi.
_ Da para parar? Não bastou o castigo de ontem? - ela pergunta tentando ficar séria.
_ Suas costas estão vermelhas, só tava dando uns beijinhos para sarar.
_ Você não dorme mais não?
_ Acabei de acordar. - Deito ao lado dela e ficamos uma olhando para a outra. - Estava pensando numa coisa. - Digo mexendo no tecido entre nós. - Como você imagina seu futuro?
_ Como assim?
_ Tipo assim, daqui a uns 5 anos aonde você quer estar?
_ Ah sei la. Acho que ainda na faculdade acabando o curso de direito.
_ E depois? - insisto na ideia.
_ Por que esse papo agora, Nanda?
_ Eu fico refletindo, já estou no ultimo ano e não faço a mínima ideia do quero fazer. Eu quero tanta coisa, gosto de jornalismo e psicologia, fotografia, arquitetura, turismo. São mil possibilidades, não sei qual escolher. Só sei que não quero passar meus dias dentro de um escritório sem poder viajar e aproveitar o mundo.
_ Bom, você tem que escolher algo que você realmente goste, aquela que você se identifica de verdade. Sempre sonhei em ser juíza. Quando brincava de policia e ladrão eu era sempre policial. Tenho uma afinidade tremenda.
_ Mas pensa, por exemplo minha mãe, ela e advogada, mas vive cheia de trabalho. Se viajar uma vez no ano e muito. Eu não quero isso para mim, eu gosto de ser livre.
_ Então seja, se você não se decide tira o próximo ano para você realmente pensar no que você quer.
_ Já pensei nisso, mas meus pais não iriam gostar.
_ Mas você vai fazer isso por você, não por eles. Conversa com eles realmente, eles vão te entender e te apoiar.
_ Ate mesmo se eu quiser sair pelo mundo com apenas o básico na mochila? Por que isso não e "normal", vai contra a essa rotina da sociedade: nascer, crescer, trabalhar, trabalhar mais ainda, se reproduzir, trabalhar mais, e morrer. Eu olho para frente e a única coisa que tenho certeza e que quero estar com você.
Ela aproxima e se aconchega em mim, passo os braços pelo seu obro e seguro apertado. Ficamos em silencio por um tempo, cada uma com seus próprios pensamentos.
_ Você quer ter filhos? - volto a perguntar.
_ Eu sempre quis ter dois filhos, um casal de preferência. Queria morar numa casa na beira de uma praia só para poder olhar para o mar todos os dias, um lugar tranquilo e em paz, como em uma vila. Me lembro de quando tinha uns 10, 11 anos e eu sonhava com o príncipe encantado. O meu era o Zac Efron, ou melhor, Troy Bolton. - ela ri sobre minha pele. - E eu imaginava o momento perfeito, ele me abraçando, com o menino sentado nos seus ombros e nossa filha andando de mãos dadas comigo. Eu jurei de pé junto que isso iria acontecer, era a única certeza que eu tinha do meu futuro. Então eu cresci e percebi que o Zac, o Troy, era só uma fantasia. Eu nunca poderia me casar com ele, primeiro porque ele é o Zac Efron, ele é famoso. E segundo, é porque tenho certeza que meu “felizes para sempre” é com outra pessoa. Mas eu ainda imagino as duas crianças, a casa e a vista. Só que ao invés do Zac, eu vejo você.
Ela fica fazendo círculos sobre a minha pele, eu escuto tudo isso calada, nem ouso respirar direito.
_ Não sou muito de fazer planos para o futuro, - ela continua. - ate porque, só tenho 16 anos e tenho a vida toda pela frente. Amor a primeira vista para mim era só em filme, não acreditava que exista apenas um amor para cada pessoa, talvez exista o mais certo.
Só que, ultimamente, não consigo deixar de pensar em como seria uma vida inteira ao seu lado. Eu sei que isso é muito "romântico" para uma pessoa tão casca dura como você, mas eu penso que seria tão bom e feliz a nossa vida. Você se tornou a melhor parte de mim, e apesar de matar
Quando eu falo que ela me entende de verdade é sobre isso que estou falando. Não posso evitar sorrir, saber que ela anda pensando na mesma coisa que eu só faz aumentar meu sentimento por ela ainda mais. Mas uma coisa ainda me incomoda.
_ Você me quer com você mesmo sabendo que não vamos poder ter filhos? - pergunto tristemente.
_ Por que não? – ela pergunta se apoiando com cotovelo no colchão.
_ Bom, somos garotas e... Você sabe.
_ Podemos adotar, sei lá Nanda. Hoje em dia tem tantas possibilidades. Mas isso é coisa para um futuro distante, ate lá daremos um jeito.
Sorrio com essa declaração, ela sobe em cima de mim e me beija. Coloca as mãos na sua costa a puxando ainda mais para mim.
_ Se isso foi um teste, acho que fui aprovada.
Ela se afasta de mim e coloca a mão no meu rosto. - Eu te amo Fernanda. Se essa coisa de alma gêmea realmente existir, você é a minha.
_ Você ta sabendo que depois disso não vou te deixar ir nunca, não sabe? - pergunto a abraçando e colocando ela perto do meu ombro.
_ Ainda bem, porque eu não vou para lugar algum.
Dou um beijo no seu cabelo e fecho os olhos. Nem noto quando adormeci.

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Pulo na água assim que ouço o som do tiro de largada.
Era a hora da final, estava ganhando de uma adversária por alguns milésimos. Vejo o movimento da água enquanto ela batia os braços chegando cada vez mais perto de mim. Aumentei o meu ritmo para colocar um pouco mais de distancia entre nós.
Apoio na parede e viro.
A água continuava batendo contra o meu rosto. Ouvia ao longe o barulho dos gritos de incentivo do Fabio.
Apoio na parede e viro.
Volto a superfície vendo que a garota estava na frente agora, demorei muito para virar e perdi algum tempo. Vou atrás dela igualando nosso tempo. Olho para ela e vejo o esforço estampado no seu rosto. Acho que ela não vai conseguir manter o ritmo por muito tempo.
Apoio na parede e viro.
Voltamos juntas, estava na ultima virada. Quando estava perto de bater olho para trás e vejo a menina ficando para trás e de repente sinto uma pancada forte quando bato minha cabeça na parede.
_ Ei, você esta bem? - diz a menina nadando ate mim. Estava tonta, minha cabeça estava doendo demais.
_ Acho que sim. - digo me encostando na parede da piscina. Fábio me ajuda a sair da piscina e tenta falar comigo, só conseguia balançar a cabeça. O mundo estava girando ao meu redor.
_ Você ganhou Nanda, você ganhou.
Tentei sorrir e falar algo, mas vejo o chão chegando até mim e minha visão de repente ficando escura...