A Boneca Viva De San Fox escrita por Jonathan Vinícius Vieira


Capítulo 1
A boneca viva de San Fox




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Era sábado de verão, a cidade estava virando um forno elétrico, estava tão quente que acho que eu conseguiria fritar um ovo, simplesmente quebrando-o na calçada na frente de casa.

Porém esse calor nem incomodava meus pais, Vitor e Kate estavam tão contentes pelo fato que hoje seria o "grande dia", é, hoje eles finalmente iriam ao orfanato de San Fox, adotar uma criança para dividir o meu quarto, minhas coisas e minha comida.

Já faz certo tempo que eles tentam engravidar pela segunda vez, mas parece que está difícil, cansados de tentar, eles resolveram adotar uma criança, afinal tem muitas que precisam ser adotadas.

- Thomas, já está pronto? Vamos sair daqui a cinco minutos. - Berrou minha mãe da cozinha no primeiro andar.

Para falar bem a verdade, eu não sei se essa seria uma boa ideia, sei lá, nunca pensei em ter um irmão ou uma irmã que não fossem do mesmo sangue que o meu. Nossa, esquece isso, foi muito feio da minha parte ter um pensamento desses.

   - Estou pronto mãe, já podemos ir. - Peguei uma maçã e fui para o carro, onde meu pai estava.

Vitor estava bem arrumado, bonito, mesmo com tanto calor ele vestia um suéter preto que por baixo vestia uma camisa social branca e uma gravata da mesma cor que o suéter. Parecia um segurança de casa noturna. Já Kate vestia um vestido azul, o qual meu pai e eu demos a ela no natal do ano passado. Seu cabelo castanho claro, e sua pele branca caiam bem com a tonalidade do vestido.

   - Eu quero uma menina, vamos chama-la de Lara, ela tem que ser parecia comigo e com o Thomas, um pouco pelo menos, assim que sairmos do orfanato, iremos ao shopping comprar roupas para ela, e depois vamos ao restaurante Luviton, comemorar... 

   Minha mãe estava muito empolgada com a ideia de adotar uma criança, isso seria bom para a imagem social dela. Não que ela se importe muito com isso, mas sabe como é né? Elas adoram ser bem faladas por aí.

   Um pouco mais de quarenta e cinco minutos de carro, e finalmente chegamos ao orfanato San Fox. Não tive uma boa impressão logo que o vi, não era nada parecido com o que eu costumava ver em novelas infantis, não tinha muro, nem cercas, apenas uma calçada que ligava a estrada da rua, com a porta da frente do orfanato. A grama estava muito alta, batia na minha canela. Acho que a unica coisa que tinha de mais bonito ali era uma arvore, no qual estava toda seca, e sem folhas. O orfanato em si era grande, de madeira, pude perceber que não era pintado fazia algum tempo, alguns anos, a tinta da madeira já estava seca e descascando. Olhei para minha mãe que parecia ter a mesma impressão que a minha, então quem teve a coragem de entrar primeiro foi Vitor, meu pai sempre foi corajoso pra tudo, nossa, que drama eu estou fazendo, parece que era uma casa mal assombrada, mas não, era simplesmente um orfanato velho e mal cuidado.

Uma senhora que deveria ter seus quarenta e poucos anos com cara de mandona, e com um coque horrível em cima da cabeça nos recepcionou. Apresentou-se como madame Boll.

- Entrem e fiquem a vontade, vocês devem ser a família Portillo, eu já esperava por vocês, Celina já irá descer com as meninas, devo dizer que elas estão muito animadas e ansiosas pela visita de vocês ao nosso orfanato. Esse mês o orfanato está completando setenta e cinco anos, e queremos fazer a doação de várias meninas, arrisco a dizer que se tudo der certo, todas terão seu final feliz esse mês.

Até que por dentro o orfanato não estava tão acabado como estava por fora, tinha uma escada que ligava o primeiro andar ao segundo, enorme daquelas que só se vê em palácios bem no centro da sala, no canto da parede havia um piano de cordas, preto, e várias portas que se encontravam fechadas. Arrisquei-me a sentar em um sofá grande que parecia estar cheio de fungos e bactérias, era um sofá velho, que de tão velho, já não tinha mais cor. A madame Boll, trouxe até nós uma água suja que ela dizia ser chá, com medo não aceitei, seria melhor morrer de sede do que tomar esse ‘’chá’’.

Então as meninas desceram, uma atrás da outra, seus olhos eram tão vazios que não expressavam nenhum sentimento, não expressavam nada. Com os cabelos sujos e bagunçados, elas vestiam um pano que representava ser um uniforme, um verde mais escuro que uma grama, seus sapatos pretos, era menor do que deveriam ser. Elas pararam uma ao lado da outra na nossa frente, havia sete meninas ali, então madame Boll as apresentou.

- Bom como vocês puderam perceber, essas são as nossas meninas, cada uma delas é de uma parte diferente do mundo, isso facilitará para vocês, ou seja, vocês que iram ensina-las a falar o idioma, a cultura, etc... Enfim, essa aqui é Amanda – a madame Boll empurrou a menina para frente – ela veio da Escócia, tem oito anos de idade, foi abandonada na estação de trem assim que nasceu. Não só ela como as demais meninas foram todas abandonadas, e precisam de um lar, eu gostaria muito de apresentar todas elas para vocês, mas isso tomará muito o seu tempo, que deve ser precioso não é mesmo? – A madame Boll começou a passar por trás de cada menina, apresentando seu nome. – Essa é Megan, Flavia, Carla, Rosana, Dulce, Diana e, espere um momento está faltando uma, Celina, onde que está Cassie?

Celina parecia ser uma empregada no orfanato, ela era responsável por tudo que tivesse a ver com limpeza, incluindo a das meninas.

- Madame, Cassie está lá em cima com o doutor Christian, ele veio busca-la.

- Mas que maravilha – disse Boll – infelizmente Cassie já arranjou um lar, e será impossível apresenta-la para adoção a vocês, mas ainda sim temos meninas maravilhosas a sua disposição...

Descendo a escada um senhor que aparentava ter uns cinquenta e tantos anos, trazia uma jovem menina que deveria ser Cassie, ela aparentava ter onze anos de idade, e estava assustada. Ela estava diferente das outras meninas, estava arrumada, e bem vestida, mas o que me chamou a atenção mesmo foi o que ela aparentava estar sentindo, medo, então de muito falar madame Boll nos deixou com Celina, e junto de Cassie e o senhor, entraram em uma das portas que ficavam ao lado da escada principal.

- Então, - começou Kate – eu acho melhor a gente ficar mais um tempo aguardando na fila de espera, não que eu não tenha gostado das meninas, realmente são lindas e encantadoras com esses rostinhos, ér, digamos que, um tanto quando, ér, fofos, se é que me entende. Eu acho que é isso, então, muito obrigada pela atenção, e, até logo. Então Kate saiu do orfanato, seguido por Vitor, e logo atrás dele estava eu. Fique realmente intrigado com aquele senhor e Cassie, ela não saia da minha cabeça, estava preocupado com ela, calma, não estou apaixonado por ela, apenas, curioso com isso tudo.

- Mas que lugar horrível, um horror, as crianças já estão todas grandes, e parecem que não tomam um banho há séculos, além de tudo parece que estão mortas. Vitor, me leve para casa, estou assustada demais.Minha mãe e meu pai até que poderia ir para casa, mas eu queria realmente saber o que acontecera com Cassie, então fiquei escondido atrás de uma arvore, esperando eles saírem. Até que enfim os dois saíram, ele segurava a mão de Cassie com tanta força que eu pensei que iria arrancar a mão dela. Eles andaram por alguns quilômetros, até que chegou a um prédio, estranhamente feio e acabado, esse sim eu tinha quase certeza que estava abandonado, mas não sei, se ele entrou ali, é porque alguém vive nesse local. Me chamou a atenção também, porque nesse local não havia nenhum tipo de vizinho, apenas arvores ao redor.

Esperei alguns minutos e entrei também. O corredor estava escuro, e ligava apenas a uma porta, com medo, eu segui em frente. Escutei um barulho de som ligado, era uma musica eletrônica, que não tinha nada a ver com o estilo do senhor que eu vi no orfanato. Enfim, cheguei a outra sala, que tinha algumas caixas de papelão, amontoadas uma em cima da outra, e pelo teto havia alguns ganchos pendurados, daqueles que penduram carne no açougue, então fiquei observando.

Ele estava servindo algo para Cassie, parecia ser uma bebida, ela cheirava o copo sem saber o que havia ali dentro, estava com receio de tomar, ele dançava ao som da musica, tomando a mesma bebida que oferecia a menina, Cassie então tomou, fez cara feia, não tinha gostado daquilo, mas ele não estava nem se importando, estava oferecendo mais bebida a ela, e dessa vez não recusava tanto, com um pouco de insistência ela bebia. Em pouco tempo os dois dançavam juntos naquela outra sala, seu corpo esfregava junto ao dela, suas mãos perigosas passavam pelo corpo de Cassie, ela estava tão bêbada que nem se importava com o que ele fazia. Ele colocou uma espécie de protetor em seus ouvidos, e aumentou o som, estava tão alto que precisei tapar os meus também, mas e Cassie, ficara sem os protetores? Isso poderia prejudicar sua audição, mas acho que ele não se importava com isso também, com gestos ela pediu para que desligasse o som, e ele a ignorou, jogou Cassie em um sofá que havia ali, com uma corda prendeu seus braços e suas pernas, ela estava imóvel, não poderia fazer nada. De repente um susto, ele havia tirado a camisa social, e estava baixando a calça, ficando só de cueca, com os braços e pernas presas ao sofá ele deitava em cima de Cassie, ela tentava se debater, mas era impossível, ela estava presa, muito bem presa por sinal, então ele saiu da sala, teria ido onde? Eu queria sair correndo daquele lugar, mas meu corpo estava imóvel, eu não conseguia me movimentar, e ele voltou, estava com uma mala de viagem grande.

Cassie estava desesperada, o que acontecera com ela? Isso tudo estava virando um pesadelo. Ele deitou a mala ao chão e a abriu, dentro dela, havia materiais cirúrgicos, coisas que eu jamais teria visto na minha vida. Então ele pegou uma espécie de alicate, ela balançava a cabeça com tanta força que pensei que quebraria seu pescoço, mas não, ele segurou sua cabeça, colocou algo que fez sua boa ficar aberta, e sem a mínima piedade começou a arrancar seus dentes, um a um, ela tentava berrar de dor, mas o som alto a abafou, seu corpo se debatia de dor, então ele caiu no chão por causa de seus movimentos, ele se levantou, e deu um tapa no rosto de Cassie, a menina suava demais, desesperada, o tapa foi tão forte que Cassie apagou, desmaiada, ele aplicou algo com uma seringa no corpo dela, um liquido estranho, que até onde eu pude ver, era meio amarelado.

De verdade, achei que ele não faria mais nada com ela, mas me enganei. Depois de certo tempo após aplicar o liquido em Cassie, ele amarrou os dois braços e as duas pernas dela em uma maquina estranha, movida a manivela, ele começou então a girar a manivela, esticando cada vez mais seus membros, ela estava completamente esticada, meu Deus, o que é isso? De repente Cassie estava amputada, a maquina teria feito seus braços abaixo do cotovelo e suas pernas abaixo do joelho se separarem de seu corpo, ele rapidamente fez um curativo onde a minutos atrás aviam braços e pernas. Perguntei-me se ela havia falecido, mas desconfiei de que a injeção em Cassie fosse um anestésico e algo que a fizesse dormir obrigatoriamente. E mais uma vez aquele senhor saiu da sala, e em meio aqueles traumas e ao som alto eu adormeci.

Horas depois, acordei novamente, não lembrava direito onde estava, até olhar para aquela sala, onde tudo estava acontecendo. Ele havia voltado. Cassie já estava acordada, e ele estava dando aquela mesma bebida novamente a ela, sem braços e sem dentes ele dava a bebida na boca dela. Ela estava inconsciente, ele a pegou no colo e começou a dançar ao som da musica extremamente alta que tocava no aparelho de som, ele a colocou novamente ‘’sentada ao sofá’’ Então ele mesmo passou suas mãos em seu corpo, excitando-se novamente, até que enfim tirou a cueca, ficando completamente nu. Que nojo, jamais pensei em ver uma cena dessas na minha vida, a não ser que fosse eu quando mais velho, bem mais velho. 

Ele passava suas mãos enrugadas ao cabelo liso e escuro de Cassie, até que colocou seu pênis ereto dentro da boca dela, forçando-a a fazer sexo oral nele. Estava nojento demais, eu não queria ficar mais ali dentro, tentei me levantar e sair correndo, mas para o meu azar, acabei derrubando algumas caixas que estavam próximas a mim, elas estavam cheias, fazendo certo barulho, um barulho que aquele velho pedófilo e nojento escutou. Meu Deus do céu, ele estava vindo à minha direção, nu, e desconfiado de algo, eu estava bem à frente dele, só que encolhido atrás de outras caixas, se ele olhasse para o chão já era, eu iria morrer, ou ele faria de mim a mesma coisa que estava fazendo a Cassie. Ele foi até a porta que estava aberta, a mesma que eu entrei, e a fechou, não pude ver se ele a trancou com a chave, se eu fizesse qualquer movimento às caixas na qual eu me escondia atrás cairiam também, eu estava completamente, extremamente apavorado, eu tampava a minha boca com a mão, eu não poderia nem respirar direito. Então ele voltou a Cassie, e continuou a fazer a mesma coisa que estava fazendo antes. Então ele deitou Cassie no sofá, e começou a fazer sexo oral nela enquanto se masturbava, passando o dedo na vagina de Cassie, ele começou a masturbá-la, ela tentava gritar, berrar, mas não saía nenhum tipo de som da boca dela, desconfiei que enquanto eu havia dormido, ele teria cortado suas cordas vocais, justamente para que ela não fizesse nenhum tipo de barulho. Enfim, ele colocou seu pênis dentro da vagina de Cassie, fazendo movimentos, ele estava abusando sexualmente dela, depois de alguns minutos, acho que ele havia ‘’chegado lá’’, com a cueca que ele estava usando, ele limpou seu pênis, e a vestiu novamente.

Na estante que estava o aparelho de som, havia uma televisão, onde a mesma estava desligada, pelo menos por enquanto, então o velho ligou a televisão, e colocou em um vídeo, um vídeo forte demais para uma criança de onze anos assistir, era um vídeo adulto, onde vários homens abusavam sexualmente de uma mulher, não só a abusavam sexualmente como a torturava. Porém nada era mais aterrorizante e assustador com o que eu estava presenciando. Aquilo era demais para mim, minha mente já estava completamente abalada, e por que não torturada? 

Por fim aquele senhor que aparentemente seria uma boa pessoa, sentou aos pés do sofá, e tirou os curativos da amputação de Cassie, e com um maçarico ele fez cicatrizar todo aquele machucado, após isso ele costurou em Cassie, braços e pernas de bonecas, ela poderia até tentar se movimentar, mas jamais conseguirá novamente andar ou pegar algo. Enfim, ele começou a espetar seu corpo com agulhas, Cassie já nem respondia mais de dor, seu corpo parecia estar acostumado, ou não sei, simplesmente ela já não estava mais respondendo, porém ela não estava morta, pois eu percebi que ela ainda piscava. 

Até que o velho a colocou deitava no sofá, guardou seus objetos que estavam dentro da mala, e se retirou definitivamente daquela sala. Cassie, que já não era mais a mesma, era apenas uma boneca viva, ficou ali, parada, imóvel, e ficará assim para sempre, até que para sua sorte ela morra. Transtornado, esperei mais algumas horas, para ter certeza de que ele não voltaria ali tão cedo, me levantei e me retirei daquele prédio, que com certeza ficará para sempre em minha memória.

                         Thomas Chamberlain Portillo.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o primeiro conto que eu escrevo referente ao Thomas, lembrando que a história que eu irei trazer com o livro '' A história de Thomas Portillo " não é nem um pouco parecida com esta, e que se trata de um romance negro. Cheio de mistérios, romance, e um pouco de terror.
Obrigado, e abraços.



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