–Espera, volta! Você transou com o Ben?? Você perdeu a virgindade pro BEN??

–Sim, Flaviana, foi isso. - Sofia respondeu defensiva. - Eu sei, eu sei! Perder a virgindade pro príncipe-sapo da Anita é-

–FIM DE CARREIRA!! - Flaviana exclamou apavorada. Sofia ficou quieta por um momento.

– Ei, pelo menos não foi com o Sidney. - Tentou rir.

Flaviana aparentemente não tinha achado graça. A melhor amiga de Sofia andava de um lado para o outro em seu quarto.

– Para, por favor, você não tá ajudando em nada assim. Eu tô ficando mais tonta do que já tava.

– Você tá querendo dizer que-? Você tem que tirar! Já! A minha tia Hermínia conhece uma clínica e são só uns 2 mil reaizinhos e-

– Flaviana! Eu não tô grávida! - Sofia exclamou, batendo com a mão três vezes na cômoda de madeira da amiga. - Credo!

A morena sorriu aliviada.

– Bom, podia ser pior. Da próxima vez, você deita com um ricaço. Se der azar, leva uma grana. - Flaviana sugeriu.

– Se você pudesse não brincar com isso, eu agradeceria. - Sofia respondeu seca. - Eu tô ferrada!

– Ninguém precisa saber disso, Sofia, relaxa. - A amiga tentou tranquilizar a loira.

– Não é isso. - A patricinha suspirou. - É que... Bom, como eu digo isso... Eu devia perder o interesse no Ben, né? Agora que tudo aconteceu...

– Foi o que eu entendi que você tava querendo fazer. Funcionou? - Flaviana sentia já conhecer a resposta.

– Eu estaria aqui apavorada se tivesse? - Sofia questionou derrotada.

Ficaram em silêncio por um tempo. Sofia descobriu, em alguns minutos, o quão interessantes eram as paredes do quarto da melhor amiga, definitivamente melhores de encarar do que seus problemas. Seu plano havia falhado. A presença de Ben apenas a deixava mais interessada, e ter feito tudo com ele não havia esgotado seu interesse no garoto.

– Eu vou voltar pra Barra. - Sofia anunciou, decidida.

– Isso, amiga! Uma luz!!! - Flaviana exclamou, exagerada.

– Eu pensei que fosse esquecer o Ben com a convivência, mas já que não deu certo...

– É... Só tem um problema. - Apontou Flaviana.

–Qual? - Perguntou uma Sofia confusa.

– Vocês vão continuar se vendo no colégio todos os dias.

– Mas que droga! - Sofia gritou. - Por que isso tinha que acontecer comigo? Por que?

Flaviana riu do drama da amiga. Também achava horrível a loira gostar de Ben, mas era, no mínimo, divertido.

– Tenta seguir com o plano, talvez não tenha funcionado ainda porque só durou um dia.

– A gente transou, Flaviana! - Sofia exclamou.

– Pensa pelo lado positivo: pior que isso não fica! - Flaviana tentou incentivar.

– Haha! Muito engraçadinha você!

– Mas é verdade! - Flaviana protestou.

Sofia tentou argumentar, mas sua melhor amiga tinha razão. Estava perdida. E sem maquiagem!

– Faz assim: fica no Grajaú, continua com o Ben, e, mais cedo ou mais tarde, você vai esquecer ele!

– E se for muito tarde? - Sofia perguntou preocupada.

– Hello-o, amiga, já é muito tarde! Agora vem, que hoje tem reunião das MICAs.

– x -

Sofia tentou prestar atenção durante toda a reunião. Flaviana estava exaltada, algo a ver com a aproximação entre Micaela e Martin estar fugindo de controle. Entendia a situação tão bem... Ou melhor, Ben. Não sabia quando a situação havia fugido de controle. Sim, admitira algumas vezes estar apaixonada por Ben, mas esperava que fosse passar. Ou talvez não tivesse passado por fazer apenas um dia, como Flaviana afirmara. Um dia era realmente muito pouco para o tempo em que já estava interessada mais do que gostaria em Ben. Iria seguir com o plano. O pior estava feito. E seria engraçado ver Anita sonhar em ter chances... Inicialmente, não queria machucá-la, mas depois dos últimos acontecimentos... Anita estava insuportável, a julgava vinte e quatro horas por dia.

– Sofia? Sofia! - Flaviana chamou.

– O que foi? - Sofia perguntou distraída.

– O que você acha da situação da Micaela? Acha que a gente deve se preocupar?

– É... A gente não tem escolha nessas situações. Deixa ela. Tem que... Deixar rolar pra esquecer. - A loira respondeu aérea.

Percebeu o olhar confuso de Micaela, que parecia tentar lê-la. A ex patinho feio estava realmente intrigada pelas palavras de Sofia. Não pensava que a loira, justo ela, estivesse passando por aquilo. Acreditava que a patricinha estava se aproximando de Ben para incomodar a Anita, porém, analisando a resposta distraída de Sofia, a incomodada parecia ser a loira, e não a irmã. Ou talvez estivesse falando de outro cara. Por que teria que ter a ver com Ben? Na dúvida, anotou mentalmente a situação. E se Sofia estivesse se aproximando de Ben para esquecê-lo e não para incomodar? Havia percebido a forma como ambos se olharam na cozinha... Continuou observando a loira. Parecia desconfortável pelo que havia dito. Flaviana parecia entender a amiga, apesar de incomodada pela resposta. As outras MICAs, como sempre, seguiam perdidas.

– x -

– Oi, príncipe! - Anita alcançou Benjamin.

– Ah, oi, princesa, voltando pra casa?

– Também... Mas antes, o que você diz de a gente se encontrar em um lugar mais reservado? - Anita perguntou sugestiva.

– Olha, princesa, eu não sei como dizer isso sem que soe chato, mas... Não vai dar. Eu estou enrolado com outra pessoa e não quero te dar falsas esperanças. - Ben respondeu medindo as palavras.

– Q-que outra pessoa, Ben? - Anita tentou controlar a voz.

Pensou por um momento. Não se lembrava de Ben estar enrolado com outra, muito menos de estar interessado em outra. Tinha Sofia, com quem Ben admitira ter rolado algo pelo menos no começo, antes de conhecê-la de verdade, mas não podia ser. Já a havia desmascarado, Ben a garantira querer distância de Sofia... Expulsara a loira do hospital! Não era Sofia, podia estar tranquila a respeito da irmã, pelo menos.

– Uma pessoa aí... Eu não vou contar agora porque a gente não sabe bem no que vai dar, e eu não quero criar alarde. Acho que... Enquanto eu estava no hospital, a ficha caiu.

Talvez pelos pesadelos em que fugia da garota, que começavam por beijos apaixonados. Talvez por ter desejado tanto, naquela cama, que fosse real o olhar de preocupação que percebera de Sofia... Concluíra ser uma ilusão, mas a vontade de tê-la ao seu lado no lugar de Anita naquele quarto fez Benjamin notar que ainda gostava de Sofia, que ainda sentia o que sentira desde a primeira vez que a vira. Contudo, jamais contaria a Anita. A garota a julgaria como Giovana o fazia. Nenhuma das duas confiava em Sofia, com razão. A verdade era que sequer Ben sabia por que não havia se afastado completamente da garota, por que não a odiava. Queria desprezá-la, queria saber ignorá-la, mas parecia impossível. Cada vez que via Sofia, ainda mais desde o castigo, com aquele olhar perdido e dolorido, que a loira tentava disfarçar, não podia parar de olhar. Quanto mais a observava, mais encantado ficava, e cada vez mais a observava. Era uma bola de neve, precisava parar! Sofia não prestava, e Benjamin sabia. Conhecia a verdade em seus detalhes, armação por armação, e não conseguia deixar de querer agarrá-la não para puni-la, mas por desejo. Precisava estar com Sofia, por pior que fosse a loira, por mais que aprontasse.