Anjos da Noite: O Despertar escrita por Julia


Capítulo 12
Capítulo 10 - Corrompida


Notas iniciais do capítulo

Depois de alguns meses sumida, eu voltei! :D
Me perdoem, de verdade. Eu não concluí essa história ainda, então precisava de mais inspiração. :)
Mas fico feliz de estar voltando! E mais feliz ainda por que teve gente que me mandou mensagem pedindo pra eu voltar a postar logo...
As coisas ainda estão confusas na história, mas a intenção realmente é essa. Juntar fragmentos narrados pela mulher encontrada por Paul e por ele mesmo.
Essa segunda parte de anjos caídos será narrada em primeira pessoa, justamente porque eu achei que ficaria muito melhor para intensificar mais os sentimentos dos meus personagens.
Enfim, boa leitura!

(Estreando a Soundtrack do Anime "Another" que eu também a-d-o-r-o).



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*Clique aqui para ouvir a música*

As minhas memórias voltaram e eu me lembrei da vida que tive antes de estar naquele lugar. Uma vida miserável e infeliz, presa dentro de um corpo que não podia me obedecer. Uma vida de servidão. Meus dias eram cinzentos, minha existência era insignificante. Eu sempre tive consciência de quem era e das coisas ao meu redor, mas estranhamente, o meu corpo não me obedecia. Quase como se eu fosse uma boneca.

Mas lá dentro de mim, eu tinha vagas lembranças. Vagas imagens que pairavam, dançavam na minha mente como cores, sons de risadas e cheiros sem muitos significados. Um jardim, a primavera e o calor do abraço de alguém que eu jamais pude reconhecer.

Tirando essas breves e inexplicáveis memórias, a minha vida era completamente vazia. O pouco que sabia sobre mim mesma é que eu estive em uma espécie de “indústria-laboratório” quando criança e, desde então, jamais fui a mesma. Como num passe de mágica, me aprisionaram dentro de mim.

Depois das brutais experiências que fizeram comigo, depois dos diversos testes e das incontáveis informações que inseriram em minha mente, eles cravaram uma espécie de chip em nossas mãos e inseriram o que parecia ser um código no nosso pescoço. Após os últimos procedimentos, eu e as outras crianças fomos parar em uma espécie de depósito. O depósito era todo branco, seu teto, seu piso e suas paredes. O cheiro do lugar era forte como éter. Todos os dias, incansavelmente, eles cuidavam de nós. Até que, conforme crescíamos, aprendíamos a nos cuidar sozinhas, nos limpar, vestir, nos alimentar adequadamente para evitar que ganhássemos muito peso, aprendíamos a pentear frequentemente os nossos cabelos e passar cremes em nosso rosto e corpo. Pouco a pouco estávamos sendo programadas para cultivar e preservar a nossa beleza.

Eu observava todos os dias os rostos das outras garotas, todas na mesma situação que eu. Quando não estavam ocupadas cuidando de si mesmas, elas ficavam sentadas, quase imóveis. Pareciam vasos vazios, sem vida. Apenas cascas. Todas eram tão bonitas... Seus rostos, cabelos, pele, seus vestidos. E eu era como elas. Apenas mais uma boneca. Era horrível viver presa num corpo que não era mais meu. O que eles fariam conosco? Qual era o motivo por trás de toda aquela crueldade? De onde veio cada criança daquela? Elas também tinham consciência da situação em que se encontravam? Isso tudo era muito cruel.

Passamos o que me pareceu uma eternidade vivendo daquela forma, naquele depósito enorme com cheiro de éter. Então, ao atingirmos a puberdade, eles finalmente nos tiraram de lá. Passamos a ficar no que me parecia ser uma grande loja, um atacado, cheio de outras pessoas. Pessoas como nós, presas em seus corpos. Mas todas com características diferentes.

Havia homens mais velhos, esses poderiam ser mordomos, motoristas, seguranças, tendo uma categoria enorme de trabalhos variados. Havia mulheres mais velhas e sem muita beleza. Essas eram faxineiras, cozinheiras, jardineiras, e o que mais seu dono solicitasse. Os homens mais jovens e sem muita beleza estavam incumbidos de trabalhar de diversas formas. Geralmente em empresas, indústrias, lanchonetes e tudo aquilo que fizesse a economia seguir adiante. Já os homens jovens e bonitos, que não eram muitos, estavam incumbidos dos prazeres femininos. E, por fim, a categoria em que eu estava encaixada. Ela não era muito diferente das dos homens jovens. Nós, no início da puberdade, bonitas e bem cuidadas, quase como bonecas, poderíamos ser o que nossos donos quisessem, bem como os outros. No entanto, éramos indicadas para a diversão e distração sexual.

Foi aí que me dei conta do que eu era. Eu era apenas um produto. Um produto que, agora, estava pronto para ser vendido.

Desse atacado, fomos levadas para uma loja menor, direcionada para garotas como eu. Colocaram-me numa vitrine junto a mais duas outras garotas. Estávamos perfumadas e muito bem cuidadas. Nossas unhas bem feitas e pintadas. Nossos cabelos e pele hidratados. Nossa maquiagem impecável. Eles nos mandavam sorrir e assim fazíamos sem pestanejar. Ficávamos ali, sentadas e posicionadas como bonecas por algumas longas horas, tendo horário para revezar com as demais garotas. Todas nós estávamos na faixa dos dez aos catorze anos. Eu tinha consciência da minha idade: doze anos. Mas e as demais? Tinham algum tipo de consciência?

Ao realizar uma compra, o dono do servo programa o chip para que este atenda somente aos desejos de seu mestre e senhor. Retirado o chip, o servo se torna um ser livre, sem dono. Cada servo continha um código que, após a compra também era alterado. Nesse código estão todas as informações que um servo precisa ter para ser identificado. Nome do seu senhor, a classificação (utilidade, profissão) e idade do servo. Nossa profissão era denominada “Lolita”, por sermos belas, jovens e parecermos bonecas. Nós, humanos, tínhamos que possuir um chip e um código de identificação justamente por sermos supostamente “livres” para andar pelos lugares a serviço de nossos mestres. Então, deveríamos ser identificados e distinguidos.

*Clique aqui para ouvir a música*

No fim daquela tarde, logo no primeiro dia em que fiquei na vitrine, aquele que seria o meu novo senhor me comprou. Ele era alto, belíssimo e aparentemente muito rico. Seus olhos eram prateados e seus cabelos eram negros como a escuridão. Tinha uma barba mal feita e um ar de soberano. Ele parou em frente a loja com sua limusine prateada e abaixou o vidro do carro, me encarando. Seus olhos penetraram nos meus, me deixando arrepiada. Seu olhar era assustador.

Fui comprada sem muitas burocracias. Apenas reprogramada e vendida, como um objeto. Ele mandou que eu caminhasse até o carro e assim eu o fiz. Então, fomos para sua mansão no topo de uma montanha um pouco mais afastada da cidade, próxima a uma praia deserta. A mansão era belíssima e bem visível. As ondas enfurecidas do mar batiam na montanha inabalável que tinha em seu topo a bela casa. Era um lugar muito bonito e peculiar.

O nome dele era Steven Vianatto. E ele era um anjo caído. Seu clã era um dos mais poderosos e ele era um ser muito influente politicamente e economicamente.

– Acompanhe-me até meu quarto. – Ele disse essas estranhas e frias palavras enquanto me mirava, tirava o blazer e o entregava a serva governanta da mansão.

– O senhor deseja alguma bebida? – Perguntou a serva.

– Não me perturbe – Disse ele em resposta, sendo bem taxativo. Então ele virou novamente para mim e disse – Vamos.

Eu o obedeci. Não que eu quisesse, é claro. Não podia fazer nada. Estava com muito medo e assustada. Aquele homem... Me dava nojo.

Quando chegamos ao quarto dele, ele fechou a porta atrás de nós e me mandou sentar em sua cama. Eu assim o fiz. Então ele parou diante de mim e tocou suavemente no meu rosto.

– Tão bela... A mais bela que já possuí, sem dúvidas. – Terminando essas palavras ele me beijou.

Eu queria chorar, queria correr, queria gritar, mas não pude. Apenas tive que corresponder aos seus beijos desesperados e intensos. Eu sabia o que vinha em seguida, mas eu ainda era tão menina...

Brutalmente, ele arrancou meu vestido rendado cheio de laços e detalhes, minhas roupas íntimas, me deixando apenas com as meias três quartos, a cinta-liga e a sapatilha. Fui tocada, mordida, lambida e beliscada sem parar, até que por fim, aquele monstro tirou a minha virgindade.

Quando ele terminou, eu estava exausta e meu corpo doía muito. Ele era muito forte e parecia não ter noção disso. Tudo parecia ter sido um longo pesadelo sem fim. Ter sido usada como um objeto foi a pior coisa. Pensar que isso aconteceria sempre que ele desejasse, me dava vontade de me suicidar e acabar com aquela vida miserável. Mas eu não poderia fazer nada sem a permissão do meu dono.

Pensando nisso e me sentindo repulsiva, lágrimas surgiram dos meus olhos. Admirado ele me observou.

– Ora, servos podem chorar? E por que choras, criança? Essa vida miserável que tens é consequência dos atos dos teus antepassados. Não culpe a mim, que sou agora teu dono e senhor. Apenas me ame por eu não te matar e te manter a salvo em minha residência. Pretendo tratar-te como uma princesa e apenas pedirei teu corpo em troca... E é assim que me agradeces?

As palavras dele não surtiram efeito algum e eu apenas continuei derramando lágrimas sem parar.

– Se queres chorar, choras. Mas saiba que assim, só me deixas ainda mais excitado.

Quando terminou de falar, ele me agarrou novamente, me beijou, puxou meus seios e me tratou com muito mais brutalidade, pior do que antes, começando tudo de novo.

– Na primeira vez eu fui mais delicado, pois tu eras virgem. Agora eu não irei me conter.

Enquanto ele me usava como bem queria, eu apenas fechei os meus olhos e tentei me lembrar das poucas coisas que ainda me faziam sorrir. As risadas, o cheiro das flores, o abraço caloroso de alguém perdido no tempo...

Quando ele finalmente acabou, eu suspirei ainda mais exausta e repentinamente adormeci.


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Notas finais do capítulo

Enfim, um novo capítulo. Espero que tenham gostado. Tenho mais dois quase prontinhos, então, pretendo dar mais umas atualizadas em breve.
Por favor, comentem pois eu amo seus comentários! *-*



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