Depois da minha infantil crise de choro Kira teve uma idéia linda para me animar. Não, nós não ficamos tomando sorvete e comendo chocolate, muito menos fomos comprar sapatos e roupas igual muitas garotas fazem. Seguimos para o shopping e fomos para a Rocks, uma lojinha pequena mas a minha preferida, compramos ingressos para uma daquelas festa de música eletrônica em lugares que ninguém sabe que existe. Seguimos para o salão de beleza ¬¬’, eu pedi que lavassem meu cabelo para tirar as sobras da tinta azul e Kira pintou o cabelo de preto. Depois fomos em um studio de tatuagem e piercings, Kira colocou uma argolinha preta no nariz (ñ aquelas ao estilo ‘’vaca’’) e eu já tinha uma, tatuamos ‘’Madness’’, que é o nome da nossa música preferida do Muse, na lateral do braço, com aquela letra toda elaborada e tal. Saímos de lá e fomos ao Starbucks, fizemos nosso pedido, pagamos e fomos à uma praça que tinha rampas de skates.

Quando descemos do carro, pegamos nossos skates e seguimos para perto dos garotos, que são nossos amigos a muito tempo. Eles estavam sentados em uma mesinha redonda de mármore e tinha alguns no chão também.

– Kira, o que seus pais vão dizer quando ver você assim?- perguntei para ela, lembrando de quando ela pintou as pontas do cabelo de vermelho, sua mãe não se importou muito mas seu pai não se diz o mesmo, fico imaginando a reação deles ao ver a filha de cabelos negros, piercing e tatuagem.

– Olha, me matar, eles não vão... Eu acho.- ela comentou rindo.- Oi, meninos.

– Oi , Mika e... Kira? Meu deus, é você?- Blake deu uma risadinha surpresa ao ver a nova Kira.

– Em carne e osso, benzinho.- disse Kira fazendo um gesto com a mão mostrando o próprio corpo.

– Legal as tatoos...- Michael comentou chegando perto do grupo, descendo de cima do skate.

– Valeu.- agradeci, sentando no chão com Kira ao meu lado.- Então, vocês vão na Neverland?

– Lógico, nós nunca perdemos uma edição, e não vou perder essa, é de 5 anos de Neverland... Cara, dá para imaginar como vai estar lá, véééi.- Sam comentou com os olhos brilhando de excitação.- Vocês vão, não é?

– Vamos, na VIP, amore.- falei, me gabando. Rimos e conversamos sobre a festa e as edições passadas.

– Caralho, eles tem coragem de pisar aqui.- Blake disse tenso, como se quisesse pular no pescoço de alguma criatura. Me virei e me deparei com os garotos que Blake e seu ‘’bando’’ tem rixa. É como gangues e tal, só que por orgulho, de qual grupo é melhor em skate, qual grupo tem mais garotas se arrastando atrás e esse idiotices de garotos. Mas se bem que, Kira e eu nunca gostamos deles, são tipo, aqueles filhinhos de papai que gostam de pagar de rebeldes e revoltados. Ta, eu também sou riquinha mas eu faço o que faço por prazer, não para pagar de revolts com a vida, e ainda tem as putas, que seriam as patricinhas da escola que caem aos pés de qualquer ‘’badboy’’ que aparece.

Não sei se minha mente estava me pregando peças mas Tobias estava lá no meio com os viadinhos. Eu não ligo dele estar lá. Sim, eu ligo sim, eu quero matá-lo e o encher de beijos ali mesmo... Meus pensamentos foram cortados quando Natally e suas seguidoras entraram em cena. Agora, aquela vadia não pisa no MINHA área de skate, onde EU ando, onde EU relaxo. Agora, eu levei pro lado pessoal.

Blake, Sam, Michael e os outros garotos se levantaram me tirando dos meus pensamentos, então eu percebi que o outro bando, o do Josh, se dirigia até nós. Kira e eu nos levantamos também.

– Oi, Blake e outros.- Josh disse fazendo um gesto quando falou ‘’outros’’ como se nós fossemos um nada. Coitado... Quando saí de trás dos meninos e Tobias me viu, seu sorriso virou pó.

– Mika?- ele disse quase num sussurro desesperado.

– Olha, vocês tem garotas. Eu já estava desconfiando da masculinidade de vocês.

– Eles tem masculinidade mas vocês, já não pode se dizer o mesmo.- Kira comentou com um sorrisinho cínico, melhor que o da Natally.

Josh fixou seu olhar em nós duas, nos analisando minuciosamente. Ele nos olhava com desejo e nem escondia. Garoto nojento.

– Uhm, adoro meninas revoltadas e gostosas.- ele me estupra com os olhos, mesmo. Que raiva desse menino, cara.

– Perdeu o cu aqui, benzinho?- perguntei, já fervendo de raiva.

Ele deu um sorrisinho que me faria cair ao seus pés, se eu não soubesse o babaca que ele é. Natally deu um passo à frente e sorriu.

– Olha quem está aqui.

– Kira?- perguntei por minha amiga.

– Fala.- Kira me respondeu olhando Natally.

– Pelo o que eu saiba, não é permitido vacas nesse parque, não é?

– Nunca foi.

– Bom, deixaram entrar essas aqui.- falei fazendo um gesto que mostrava Natally e as suas discípulas .

Os meninos caíram em gargalhadas, Josh e seu grupinho ficou em silêncio, Tobias me encarava com um olhar que dizia ‘’Fale comigo, POR FAVOR!’’, Natally queria me matar, estava na cara. Decide falar dos garotos.

– Olha, você é uma bosta, Natally. Mas eu nunca, mesmo, pensei que fosse andar com esses viadinhos.- comentei rindo da cara dela. Ela abriu um sorriso e chegou mais perto de mim, estava à apenas um metro ou menos de mim.

– Viadinho é o seu pai. Quero dizer, era né. Ele tá morto.- ela falou.

Minha risada parou na hora e eu apenas encarava aquela prostituta de quinta.

Como aquela puta desgraçada dos infernos ousou citar o meu pai, ela estava pedindo pra morrer, é isso?

Eu já não pensava mais, minha mão coçava pra bater nela.

Entrei no modo assassina-psicopata-sanguinária e fui pra cima dela. Me agarrei a ela como se ela fosse minha salvação, o que é irônico, já que eu estava prestes a matá-la.

Ela caiu no chão depois de vários socos bem dados na cara, eu comecei a chutá-la, em todo lugar, principalmente no abdômen. Fiquei por cima dela e voltei a dar socos, minha mão já estava vermelha com o sangue dela, levantei-me e a olhei de cima.

– Levanta, vadia. Anda ou não tem mais força? Hein?- eu gritei, enquanto a pegava pelos cabelos e lhe desferia mais um soco, soltei-a e ela caiu no chão chorando.- Se lembre do seu lugar, putinha.

Olhei em volta e percebi que o bando de Josh, inclusive Tobias, me olhavam horrorizados, enquanto Blake, Kira e os meninos riam feito doidos. Fiz a única coisa que consegui pensar em fazer naquela hora.

Andei até Tobias, segurei na sua camisa e limpei minha mão nela para tirar o sangue.

– Toma. O sangue da sua vadia.- falei olhando-o nos olhos, lhe dei as costas, peguei meu skate e sai daquele lugar antes que começasse a chorar.

Lágrimas começaram a escorrer pelas minhas bochechas, sem minha permissão, assim que comecei a atravessar a rua.

Quando eu encostei minha mão no carro, vi com o canto dos olhos Tobias chegando ao meu lado.

– Mika.- eu não olhei para ele, apenas peguei a chave do carro no bolso e destravei-o. Ele segura no meu pulso.- Mika. Me. Ouve.