Green & Yellow escrita por DKRF


Capítulo 26
Spin-Off


Notas iniciais do capítulo

Esse é um Spin-Off referente aos capítulos 16, 17 e 18 de Green & Yellow.



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Chovia fortemente naquele dia. O sol não apareceu, e cinzas tomaram o lugar no céu. Todos da guilda estavam lá. De pé em frente a um túmulo.

O túmulo de Freed Justine.

Laxus estava ao lado de seu avô. A foto do garoto de cabelos verdes estava recostada ao pé de flores trazidas por seus amigos. O loiro se aproximou, e deixou uma rosa cair de sua mão. Lentamente a rosa caiu na pedra do túmulo, parecendo sangue escorrendo de um corpo.

O sangue que escorria do coração de Laxus.

As lágrimas se juntaram a chuva como uma só. Lembrava vagamente das palavras do garoto: Yami no Écriture, Morte. Soavam ao vento frio, como um gemido. Laxus sentia calafrios. Era um desespero sem fim. Era uma angústia sem fim. Era uma tristeza sem fim.

Tudo o que acontecera com o garoto era culpa dele. Pensar que jamais o veria novamente. Pensar que jamais o tocaria novamente. No dia anterior, quando aconteceu o incidente, Laxus percebeu no ápice da batalha que era o garoto de cabelos verdes quem ele amava.

A dor naquelas palavras o levou a uma decisão. Uma decisão que não afetaria somente a ele, mas sim a todos em sua volta. Laxus e qualquer outro da guilda sentiam um pesar no coração. Evergreen, Bickslow, Mirajane, Makarov. Todos indiretamente estavam conectados pelos fatos do amor daqueles dois. Um amor trágico que os levou a um beco sem saída. Dead end.

Laxus sabia que sentiria culpa pelo resto de sua vida. E por ter matado seu próprio amor. Sentindo todo o castigo pelo que fez, estava ele de pé. Em frente a um corpo frio representando um amor morto. A chuva que caía sobre os ombros do sofrimento não atingia aquele garoto. Talvez porque no fundo, ele estivesse feliz.

Não feliz, aliviado.

Se matar foi a forma de eliminar o sofrimento. A chuva que não o molhava era a prova disso. Uma alma morta não sentia dor. Mas para isso teve que sacrificar os sentimentos de várias pessoas. Valeu mesmo à pena? Ele não tinha mais tempo para pensar nisso. Estava morto. E morto não pensa. Porque morto não sente dor.

Era como Laxus se sentia. Completamente morto. Sua mente e seu corpo eram meros bonecos perto do que sua cabeça estava. Não funcionava mais. Era automático. Ainda sabia andar, ainda sabia falar. Mas não tinha mais a capacidade de reconhecer isso. Sua mente estava ocupada demais pensando no sofrimento.

Laxus deu um passo para trás. Foi o último a colocar a rosa em seu túmulo. Pois foi o último a perceber os sentimentos do garoto. Perdeu tanto tempo. E tempo é irrecuperável. Nada o faria voltar no tempo. Mesmo que desejasse completamente isso. Não viveria se isso não acontecesse. Mas sabia que a guilda não aguentaria mais um morto.

Então, se libertando, chorou desesperadamente. Eu preciso de mais do que posso aguentar. Caiu de joelhos no chão molhado. Colocando as mãos sobre o rosto, sentiu a mão de seu avô tocar suas costas. Era a primeira vez que mostrou sua vulnerabilidade na frente de toda a guilda.

Sua roupa preta ainda tinha sobre os ombros o mesmo casaco que usara na noite anterior. Um casaco preto. Talvez fosse um aviso. Uma premonição, pois era uma rara ocasião em que usava um casaco preto nas costas. Ele devia ter percebido que as consequências do que fez seriam graves. Devia ter percebido que tudo acabaria mal.

Devia ter percebido que tudo acabaria.

E estava acabado. Não poderia voltar atrás. Magia alguma faria alguém voltar à vida. Magia. A magia e o mundo não tinham significado nenhum agora. Para que sobreviver? Para que usar magia? Não precisava de nada daquilo. Ele só precisava de ajuda. Ajuda que ser algum poderia lhe oferecer.

Chegou um ponto em que não tinha mais lágrimas. Só havia uma face desesperada entre as mãos grandes. Makarov apertou o ombro do loiro. Ele o olhou. Seriamente, olhou para trás. Laxus seguiu-o com o olhar. Todos já haviam ido embora. Só havia Evergreen e Bickslow, que agora choravam também.

Quanto tempo fiquei aqui?

Quase quatorze horas. Sua resposta foi respondida pelas palavras frias de Makarov. Seus companheiros tinham ido e voltado. Só Makarov ficou ao seu lado. O tempo inteiro com a mão sobre seu ombro. Makarov sabia que se não o tocasse, ele cairia sobre uma solidão infinita. Iria achar que estava sozinho. Apesar de já se sentir sozinho.

Quatorze horas ajoelhado sobre um túmulo era incrivelmente triste. Humano algum em plena consciência aguentaria isso. Mas Laxus estava longe de uma consciência concreta. Não vivia mais nesse mundo. Seu corpo mostrava que aguentaria muito mais tempo. Parecia estar ali há pouco tempo. Resistiu, no mínimo, a isso.

Levantou-se e andou até o túmulo do garoto. Debruçou-se. Sua expressão era vazia. Encarava os olhos azuis na foto a sua frente. Agora, pensava na realidade daquele mundo. O que faria após sair dali? A Raijinshuu estava acabada. Sua magia não seria tão forte quanto antes. Não tinha razão para viver. Mas deveria viver pelos seus amigos.

“Uma pessoa não morre por um amigo, mas vive por ele.”

Erza Scarlet

Não importava pensar naquilo agora. Ainda tinha mágoas para considerar na frente daquele túmulo. Makarov sentiu raiva de seu neto. Não podia ficar tão triste por tanto tempo. Tinha que se levantar e seguir em frente. Era apenas um covarde lamentando. Mas preferiu se calar. Se dissesse isso, só pioraria a situação.

Laxus ficou de pé na frente do túmulo. Uma sensação o tomou. Vinha de dentro e não podia controlar. Tinha que soltar aquilo ou enlouqueceria. Um grito grave e alto saiu de sua boca, ecoando pela extensão vazia do local. O nome de seu amado entrou no vento, penetrando o vazio.

Ouviu seu nome ser chamado.

Abriu os olhos. Suas lágrimas corriam desesperadas. Sentou-se e olhou para os lados. Onde estou? Estou morto? A resposta veio em seguida. Mavis estava ao seu lado, chamando-o.

— Demorou para acordar, Freed!


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