Green & Yellow escrita por DKRF


Capítulo 1
Sentimento




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A vida não é tão justa quanto parece.

Pelo menos é assim que eu pensava quando mantinha perpetuada a ideia de que não poderia expor meus sentimentos a ele.

Ele.

Laxus Dreyar.

Eu sou Freed Justine, e vou narrar a minha trajetória. A trajetória em busca do amor de quem eu sempre amei.

Você deve se perguntar como isso começou. Nem eu sei. Minha admiração cresceu incondicionalmente, e isso se transformou em um sentimento. Não entendia aquilo, só sentia vontade de protegê-lo e estar ao seu lado, seja para o que for. Mas acho que eu comecei a entender as coisas quando sentia uma atração até mesmo sexual por ele. Ai foi quando tudo começou.

Meu sentimento só se tornou mais forte, e chegou a um ponto em que se me confessasse para ele e fosse rejeitado, teria consequências drásticas sobre mim. Não saberia o que fazer. Por isso eu acabei por esconder, por medo do que poderia acontecer a mim. Depois de um tempo na Raijinshuu, eu comecei a querer envolvê-lo, para que quando – se um dia – eu falasse o que sentia para ele, não fosse tão impactante assim. Fiz de tudo. Eu me tornei mais “pegajoso” como ele mesmo me disse. Isso foi uma vitória, me dando forças para continuar a envolvê-lo. Mas não ache que tudo o que faço é por puro egoísmo de querê-lo para mim. Apesar de querer. Eu sempre quis estar ao seu lado, para ajudá-lo e protegê-lo, como já disse, mesmo quando ainda não entendia meus sentimentos muito bem. Hoje utilizo disso para me aproximar dele. Sim, é egoísta e aproveitador.

Mas a vida não é tão justa quanto parece.

Fazia pouco tempo desde que nós voltamos dos Grandes Jogos Mágicos, e Laxus ainda estava machucado. Eu estava cuidando dele, mesmo ele se recusando, dizendo que estava bem e que era para eu não me preocupar. Sempre é assim. Ele é orgulhoso que só, e não tem coragem de admitir que precisa de ajuda. Pelo menos para nós da Raijinshuu. Ele deve pensar que vai perder sua credibilidade como nosso mestre. Não mesmo. Nós somos fiéis a ele, não importa o que aconteça.

Falando em ser fiel, acabei por me lembrar da época em que nós atacamos a Fairy Tail. Naquela época, éramos apenas peças dele. Ele nos movia de acordo com sua vontade. Mas isso mudou logo que ele foi derrotado por Natsu. Quando ele se despediu de nós antes sumir no mundo, ele já estava completamente diferente. Quando ele voltou, estava mais diferente que antes.

Lembre-se: diferente não é ruim, não é bom. É diferente.

Mas claro que para mim isso foi muito bom, já que nos aproximamos bastante. Nos tornamos verdadeiros amigos. Antes nossa relação era indiferente. E eu acabei por me tornar outra pessoa, para que pudesse realizar os desejos dele. Eu estava tomado pela escuridão. Mas isso mudou quando Mirajane me derrotou. E isso, de alguma forma, me deu um estalo, fazendo eu perceber meus sentimentos sobre Laxus. Na verdade, Laxus sempre foi um cara normal, ai ele mudou e foi nessa época em que atacamos a guilda. Depois ele voltou ao normal, só que mais gentil e sensível (não tinha mais aquela rocha no lugar do coração) e por isso seus relacionamentos com todos mudaram para melhor. Antes de ele se tornar tão obcecado no controle da guilda, eu já desconfiava que gostava dele, mas quando ele mudou, isso foi apagado junto com a minha personalidade boa. Ai Mirajane me relembrou dos meus sentimentos e de quem eu era. Mas agora tudo estava mais claro.

Eu sou muito grato á Mirajane por causa disso. Eu até contei para ela que gostava do Laxus. Ela me disse que ele ficava de olho no corpo dela. Ela foi sincera, e eu adorei isso, mas... O que veio com sua sinceridade me doeu. Não sabia que Laxus queria o corpo de Mirajane. Mas minha relação com ela não mudou. Melhorou, aliás, porque sabia que podia confiar nela, e ela confiava em mim. Ela era sincera comigo, e eu com ela.

Além da Mirajane, Evergreen também sabia que eu gostava de Laxus. E eu nunca contei para ela. Ela apenas deduziu, e ao me ver corar quando ela me disse isso, teve certeza. Nunca pensei em contar para Bickslow, já que ele é um idiota e acabaria estragando tudo. Às vezes acho que ele até desconfia um pouco, mas não muito. Evergreen sempre me ajuda em relação á Laxus, porque sempre tenta me fazer ficar mais “perto” dele. Já meteu o pé na minha frente para eu tropeçar e cair nele, já me fez ficar sozinho com ele umas quinhentas vezes... E várias outras coisas. A melhor coisa que ela já fez foi quando nós paramos em um hotel no meio de uma missão, e só podiam dormir dois em um quarto. Ela insistiu que queria dormir no mesmo quarto de Bickslow, para que eu pudesse dormir no mesmo quarto que o dele. Infelizmente em camas separadas. Mas eu pude o ver dormir de forma suave.

Foi maravilhoso.

Além das duas, mais ninguém sabe. Isso é segredo absoluto, e elas têm o maior cuidado ao conversar comigo sobre isso. Não acho que Laxus desconfie. Ele só me acha muito chato às vezes, devido à forma com qual o idolatro. Mas isso não o faz desconfiar sobre mim. Ele é um cabeça dura para essas coisas.

Agora as coisas devem estar bem claras. Acho que posso começar logo.

Era quarta-feira e eram três horas da tarde. Eu, Evergreen e Bickslow estávamos em uma mesa no canto esquerdo da guilda. Estávamos na mesa do lado da escada para o segundo andar, e na frente da entrada para o balcão extenso em que Mirajane ficava. Estava sentado de frente para a entrada do balcão, e reto, passando a entrada do balcão, tinha um pequeno corredor que dava á uma escada para o andar de baixo, na sala de jogos, onde Laxus estava. Mirajane estava recostada no balcão, falando conosco. Bickslow estava comendo, e Evergreen tomando vinho. Eu só os acompanhava, e estava louco para descer e ver Laxus jogar sinuca. Eu estava esperando o vinho de Evergreen acabar para pegar outro na adega, que ficava do lado da sala de jogos. Não queria ir para lá sem um motivo. Estava lhe cuidando, quando Bickslow me chamou. Falava de boca cheia.

— Freed! Você já deu uma olhada nas missões? Você que iria escolher uma missão para gente. – Riu, mostrando a língua toda suja. Eu quase vomitei.

— Bickslow, não se fala de boca cheia. E não coma de boca aberta, também.

— Não mude de assunto! – Ele ignorou meu comentário, falando com a boca ainda cheia. Suspirei.

— Eu não achei nenhuma missão rápida. Não podemos demorar muito. Já são três horas.

— E porque não fomos antes para uma missão?

— Não seja hipócrita, Bickslow! Foi você que se atrasou, chegando só ao meio dia! – Falei em tom mais alto.

— Mas que horas são? – Ele olhou para o relógio na parede da guilda. – Já são três horas! Porque não fomos antes?

— Era para você vir ás nove horas. Eu já tinha escolhido a missão e-

— Mirajane, pode pegar mais um vinho para mim?

— Claro, Evergreen.

—E...? Qual é Freed? O que houve?

Droga! Eu me atrapalhei porque Bickslow me chamou a atenção! Mirajane já andava em direção as escadas, e não consegui dizer “não, deixa que eu vou”. Maldito Bickslow!

— Ah... É que... Sobre o que eu estava falando mesmo?

— Que você já tinha escolhido a missão.

— Ah, sim. Eu escolhi a missão, e você estragou tudo! Ai quando procurei por outra missão que desse tempo, não achei.

— Gente, mas que demora! – Evergreen já estava bêbada, e perdeu a noção do tempo. Faziam segundos que pediu o vinho para Mirajane. – Ah, quer saber? Eu vou embora.

— Já? Fique mais um pouco, Evergreen! – Não queria ficar sozinho com Bickslow.

— Ah, não tem nenhuma missão que possamos fazer mesmo. Não tenho porque ficar aqui. – Se levantou, cambaleando levemente por causa da bebida.

— Bom, é verdade. Amanhã vamos chegar um pouco mais cedo para compensar o tempo que perdemos hoje. – Olhei para Bickslow de forma acusadora. Ele é tão idiota que não entendeu meu olhar.

— Que horas é para nós virmos?

— Umas sete da manhã.

— Ai que cedo! Mas tudo bem, perdemos muito tempo hoje.

— Que isso, Freed! É cedo demais. – Bickslow falou de boca cheia, de novo.

— Então até amanhã. Beijos para vocês dois. – Abanou a mão e andou em direção á saída.

Bickslow não parava de comer, e eu estava ficando entediado, e com o estomago embrulhado. Passou vários minutos, e acabei por notar que Mirajane não voltou. Olhei para o relógio e já eram três e quarenta e cinco. Achei que Mirajane estava atendendo o pessoal lá de baixo, mas ninguém estava atendendo no primeiro andar, e percebi que várias pessoas estavam impacientes. Mirajane nunca fazia isso. Decidi procurar por ela, dizendo isso para Bickslow, e indo em direção ás escadas.

Péssima ideia.


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