Sem despedidas problemáticas, nem despertadores humanos. Parecia o ideal, até acontecer realmente. E quando fui para e escola, ele nem se quer me olhou.

Isso me deixou incrivelmente... Irritada.

Por isso o que farei agora possui explicações lógicas, sobre irritação. Algo entre o amor e o ódio, que definitivamente cai mais para o ódio.

Pular da minha sacada para a dele, então arrombar a porta. A primeira parte está feita, não há como voltar atrás.

Mentira. Só não estou no meu quarto agora mesmo, porque pelo visto voltar é mais difícil do que ir. A sacada dele é vazia, não existe nada para mim apoiar. Droga, droga, droga! Estou preso na sacada do Natsu. Devo ficar em silêncio até ele dormir, então abrir as portas, atravessar o quarto, descer as escadas e ir para casa! Pena que faltam três horas para escurecer.

– Lucy? - exclama surpreso, um ser que acabara se abrir as cortinas e se depara com outro ser em sua sacada. Então sua expressão muda para confusão, e instantes depois estou dentro de seu quarto, sentada em sua cama. - Ao menos que seja uma pervertida, veio aqui para me dizer algo certo?

– Fico com o pervertida. - respondo sorrindo forçadamente. Já posso ir embora? Porém minhas esperanças são destruídas por sua testa franzida. - Ok... Acho que eu... Eu vim pedir desculpas. - digo o mais rápido possível, tacando meu rosto no travesseiro. - E obrigada por me salvar do carro, e pelo vidro. - minha voz baixa, fica ainda mais baixa sendo abafado pelo travesseiro, então não sei se o mesmo ouviu alguma coisa.

Como se ajudasse, Natsu fica em silêncio.

– Diga alguma coisa! - praticamente grito, me sentando e deixando o travesseiro cair. Encontro algo realmente único. O Natsu está corado! E em vez de me fazer rir, me faz corar ainda mais. Eu quero morrer.

Me enterro debaixo das cobertas. O cheiro dele estava tão forte, que me sufocava. Mas algo me impedia de abrir para entrar o ar.

– Não é nada cortês tomar posse da cama do proprietário. - responde finalmente. Então eu simplesmente rolo pra fora da cama, caindo com tudo no chão. A coberta vai junto, e caso queiram saber, não ajudou em nada com o impacto.

Sua frase repentina havia me pego de surpresa, mas cair da cama? Eu não poderia ter uma reação mais normal, como arregalar os olhos?

– Você esta bem? - pergunta entre risadas. - Não disse pra sair.

Me enrolo ainda mais na coberta, até que não sinto mais o chão duro e gelado. Porém não era pela coberta, e sim porque Natsu estava me carregando.

– Prontinho, um travesseiro de canto. - exclama rindo, e ponho com dificuldade a cabeça para fora, fando o rosado gargalhar alto. Quando finalmente termina o ataque de risos, suspira. - Eu proponho uma trégua por hoje. Mas saiba que amanhã vou definitivamente te fazer me odiar! - anuncia decidido, sentando ao meu lado.

Me desenrolo, sentindo um grande alivio por poder mexer o corpo livremente. Então ele se deita do meu lado e quero minha coberta de volta. Quer dizer, a coberta dele de volta.

O encaro franzindo a testa, e ele responde bagunçando meu cabelo, em seguida me abraçando.

– Você sera a maid mais bonita amanha, Luce. - diz ternamente, como sempre fazia. E o modo como diz meu nome faz meu rosto arder como nunca antes. Mesmo ele estando virado para a parede, ele pode sentir muito bem o calor dele. - Porque sempre que você cora algo me impede de ver? - murmura para si mesmo, meio irritado.

– Eu não estou corada! - exclamo ficando ainda mais quente.

– Claro que não. - responde sarcasticamente, apagando as luzes. - Boa noite.

– Eu verdadeiramente não estou corada! - repito, com mais enfase.

– Boa noite, Luce.

E isso foi o suficiente para me calar, e fazer meu coração bater num ritmo mais acelerado que o normal, pelo resto da noite.