Capítulo 3

- Senhorita America fique parada! – Mary ordenou.

- Não consigo! – Gemi. Faltavam apenas alguns minutos pra a sessão de fotos e eu estava tendo uma crise de ansiedade, batendo o meu pé compulsivamente enquanto Mary terminava o meu cabelo, e Lucy e Anne finalizavam minha maquiagem – Meninas, já não está bom? – perguntei pela centésima vez.

- Já estamos terminando – disse Anne – Acalme-se senhorita!

- E se eu chegar atrasada? – Olhei desesperada para um ponto fixo na parede.

- Impossivel, senhorita! – Mary exclamou – Pronto! – Suspirei aliviada.

- Só mais um pouquinho – Anne deu umas pinceladas de alguma coisa que eu não me dei o trabalho de registrar em meu rosto – Terminado, também! – Respirei fundo evitando olhar o espelho e me levantei. Lucy já havia retirado a capa do vestido e eu mais uma vez me impressionei com a sua beleza. Retirei meu roupão e logo o vestido já estava deslizando sobre meu corpo, seu tecido de uma textura suave me deu leves cócegas. Fechei os olhos ao colocar meus braços por dentro das alças. Respirei fundo e olhei diretamente no espelho da penteadeira.

- Eu estou sem palavras – Disse emocionada – Vocês são geniais! – Lucy, Mary e Anne deram risadinhas baixas que eu mal escutei, estava impressionada com minha imagem refletida. As meninas haviam feito vários cachos em meus cabelos e os puxaram para trás com presilhas cravejadas de pedras em uma cascata de fogo, a maquiagem leve remetia a simplicidade do vestido, e até meu colar de passáro descansava em meu peito parencendo muito mais elegante. Eu me senti linda como nunca havia antes.

- O véu – Mary colocou o véu que se estendia até as minhas costas na altura das presilhas. Eu sorri.

- Obrigada meninas – Respondi sincera. Elas acenaram com indiferença.

- Agora, vamos! – Anne começou a mexer na minha cauda e nós quatro, eu e minhas criadas, saímos juntas do quarto. Quando chegavamos no local onde as outras selecionadas sempre se reuniam, e lá só encontrei Kriss que parecia ansiosa e linda. Seu vestido era quase como um oposto do meu, tinha uma saia grande no melhor estilo “princesa” com um forrado de renda um pouco acima do busto até a cintura marcada, e o cabelo combinando era um coque alto elaborado com cachos grossos, por baxo deles o véu curto como o meu. Ela parecia nada além de uma princesa. Anne ainda mexia na minha cauda e eu dispensei as três, elas não precisavam ir todo o percurso comigo, apesar de sua insistência. Eu as abracei, agradeci por me deixarem tão bela e elas se foram.

- America, você está linda! – Disse Kriss assim que cheguei ao exato local onde Kriss parecia uma pilha de nervos.

- Você também! – Sorri, e ela estava mesmo.

- Você está nervosa? – Kriss perguntou. Apenas acenei afirmando – Eu também – Ela sorriu apavorada e eu ri de sua expressão, ela me acompanhou.

- Argh! Segurem direito esse véu! – Celeste andava até nós parecendo extravagante e ameaçadora, erclamando com suas criadas. O vestido de Celeste era coberto por um complexo padrão rendado, com um decote “V” realçando seu busto, marcando todas as curvas de seu corpo e com uma longa cauda que se mesclava com o mais longo véu. Ela chegou revirando os olhos e bufando – Parece que não servem pra nada mesmo! – Eu e Kriss nos entreolhamos. Não tinha como aquela garota ficar pior.

Começei a me perguntar se Maxon expulsaria ela se além de mim, Kris também insistisse. Meus devaneios foram interrompidos pelo ofegar ofendido de Celeste, ao ver Elise. Elise vinha até nós usando um glamuroso vestido vermelho de uma alça só com algumas estampas que me lembravam de penas de pavão.

- Você não pode estar usando isso! – Celeste disse furiosa – Vai fazer contraste com o me... Nossos vestidos – Gesticulou tardiamente para mim e para Kriss. Elise a olhou indiferente.

- Meu vestido segue a tradição da Nova Ásia, no casamento a noiva deve usar vermelho – Disse simplesmente. Celeste parecia a ponto de explodir.

- Meninas! – Silvia nos saudou ao se aproximar – Vocês todas estão lindas! – Juntou as mãos em um gesto adimirado – Já que todas estão aqui, acho que já está na hora de irmos – Andou em direção as escadas – Uma dama nunca se atrasa! – A seguimos em silêncio. Eu e Kriss andando na frente, e Celeste e Elise atrás rodeadas de criadas para cuidarem de seus vestidos exuberantes.

A sessão de fotos iria ocorrer no Grande Salão, Silvia nos guiou até lá avisando que cada uma entraria sozinha, tiraria as fotos para que outra entrasse e assim por diante. Meu coração batia forte no meu peito. Eu estava além da ansiedade e nervosismo.

- Bom, a ordem nos nomes foi decidida aleatóriamente – Silvia analisou uma pracheta que eu não tinha percebido antes – Srta. Elise Whisks – Anunciou e Elise entrou no Salão. O tempo passou incrivelmente devagar até que após Kriss ter saído, Silvia chamou meu nome – Srta. America Singer – Respirei fundo e tentei sorrir, mas me pareceu mais uma careta. Abri a porta para o Salão, e me deparei com uma infinidade de câmeras que me fizeram tremer um pouco, além disso, o Salão estava decorado com adornos que remetiam ao clima casamento. Suspirei e procurei Maxon no meio do mar de lentes. Assim que nossos olhares se encontraram, consegui esquecer todo o resto. Sorri enquanto caminhava em sua direção, ele me olhava com admiração e um sorriso tão grande que preenchia seu rosto. Pareceu uma eternidade até que eu estava ao seu lado e ele me abraçou pela cintura, as mãos dele em minhas costas nuas me causando um arrepio, sua boca em meu ouvido.

- Preciso dizer o quanto está linda? – Seu hálito era quente.

- Já você ainda parece querer se misturar com os lustres – Sorri relembrando a piada que havia feito na primeira sessão de fotos. Sua roupa se assemelhava a que ele usara da outra vez, porém sua cor era branca, e de alguma maneira parecia ainda mais elegante e requintada. Ele riu baixinho. O fotógrafo nos alertou para a foto, e Maxon me posicionou de maneira que ficassemos um ao lado do outro. Sua mão em minha cintura me puxando para lateral de seu corpo. Sorri um pouco tensa com a quantidade de pessoas na sala.

- Esqueça-se deles – Maxon sussurrou, descobrindo qual era o problema. Eu estava prestes a dizer para ele que estava tentando, quando sua mão desceu para a base das minhas costas, o toque de sua pele na minha fazendo meu coração martelar e me deixando sem fala. A foto foi tirada. Meu sorriso era nervoso, a foto deveria ter ficado terrível – America olhe pra mim – Maxon disse suavemente. Quando virei meu rosto pro seu, ele estava fazendo uma careta hilária. Comecei a rir. A câmera disparou mais uma vez. O fotográfo gesticulou para Maxon algo e trocamos de posição, ficamos um em frente ao outro, de mãos dadas. Olhei em seus olhos e ele olhou nos meus. Estava pouco ciente das câmeras ao meu redor naquele momento, tudo o que podia fazer era encarar os olhos castanhos de Maxon, que se dirigiam a mim daquela maneira única que ele fazia, com a qual eu me sentia singular e linda, perfeita da maneira que ele clamava que eu era. Alguém pigarreou e voltamos a mudar de posição. Tiramos mais algumas fotos e então o fotógrafo disse que era o suficiente. Virei-me pra Maxon e ele pegou minha mão na sua e levou-a até sua boca depositando ali um beijo, e então mexeu na orelha discretamente com uma piscadela. Sorri e mexi a minha.