Depois daquela noite, os meus dias não podiam ser melhores. Eu estava estudando, mas eu e Edward nos encontrávamos sempre, na saída da faculdade, à noite, ás vezes até na hora da aula (mas isso é segredo!). E Angie também não estava atrás, ela e Charlie saíram várias vezes, mas para eles era mais fácil, porque ele não tinha tantos compromissos quanto Edward, e Angie não estava estudando como eu, claro que ela estava preparando tudo para viagem. Eu a ajudava sempre que tinha tempo, ela comprou tanta coisa que ela teve que comprar mais malas também. Uma semana depois do convite que Edward fez para Angie, ela se encontrou com o rei Adam para ele ver se ela não era uma psicopata, ou maluca assassina, depois da conversa, ele se encantou por ela, falou que era uma garota incrível e que ele ia ter o maior prazer de recebê-la na sua casa. As coisas estavam tão perfeitas que eu tinha quase esquecido que Edward teria que voltar para Londres e Angie iria com ele, mas quando eu me lembrei, essa notícia me atingiu com força.

- Ana, você sabe que dia é amanhã? – perguntou Angie

- Não sei, quinta? – falei lendo um livro.

- Sim, mas amanhã é o dia que eu vou viajar. – falou.

- Ai que bom! – falei praticamente a ignorando, o meu livro estava fantástico.

- É mesmo? Edward vai comigo! – falou um tanto irritada, mas essa frase me fez olhar pra ela.

- Você tem razão! Ai, meu Deus! Você tem razão! – falei colocando o livro na estante.

- Eu to um pouco mal por você só ter prestado atenção quando falei de Edward, mas vou ignorar. Você não vai se despedir dele hoje? – perguntou.

- Eu não falei com ele hoje ainda! – falei pegando meu celular.

- Então, combina algo pra gente fazer, nós quatro. – falou sorrindo.

- Vou fazer isso! – falei discando seu número que já era tão familiar quanto o dela. Ele atendeu ao terceiro toque.

- Oi, você está ocupado? – perguntei.

- Não, pode falar! Estou arrumando minha mala. – falou naturalmente.

- Então era sobre isso que eu queria falar. – comecei

- Sobre minha mala? – perguntou fingindo surpresa.

- Não engraçadinho, sobre a viagem. A gente não marcou nada pra hoje! – falei com a garganta seca.

- Sim, eu sei. Talvez porque eu não queria encarar que eu teria que voltar. – falou com a voz pesada.

- Nem me fale. Eu vou perder você e a minha melhor amiga de uma vez só. – falei triste

- O que quer fazer? – perguntou.

- O que você me sugere? – perguntei

- Só um minuto. Tem alguém na porta. – depois de um tempo em silêncio, falou:

- Era o Charlie, ele sugeriu a praia, porque não vamos voltar a ver por um bom tempo! – falou.

- Ótima ideia! Que tal o por do sol? – perguntei, a Angie me encarava.

- Perfeito! Até daqui a duas horas! Beijos! – falou

- Beijos! – falei e desliguei o telefone. Falei pra Angie os nossos planos e ela assentiu. Depois que terminei de me arrumar, passamos na casa dela pra ela se arrumar. Já saímos de lá atrasadas.

- Angie, era só um biquíni, vestido por cima, rasteirinha e pronto. – falei irritada.

- Ah, por favor! Você sabe que não era só isso! – falou acelerando o carro igual a uma maluca. Quando chegamos ao hotel eles estavam esperando com cara de impacientes, a Angie só parou o carro e eles entraram.

- Desculpe pelo atraso! – falei beijando Edward.

- Tudo bem! – falou – Angie?

- Sim, ela estava se arrumando. – falei sorrindo, ela fez bico.

- Que absurdo! Vocês falam como se eu fosse uma menina fútil ou fizesse isso à toa. – falou fingindo se irritar.

- Eu não me importo! – falou Charlie como um bobo apaixonado. Patético, mas fofo.

- Viu? Só o Charlie é decente e gentil! – falou procurando uma vaga.

- Não exatamente, mas só ele tem que te agradar! – falei quando ela estacionou, fazendo Angie me fuzilar com o olhar. Pegamos tudo e caminhamos até a areia.

- Antes do por do sol, um mergulho? – perguntou Charlie.

- Claro, por que não? – falou Angie tirando o vestido, a sandália, os apetrechos que a acompanhavam, quando terminou os meninos já estavam na água. Eu fiquei a esperando e fomos juntas até o mar, assim que nossos pés encostaram-se à água, a gente deu um passo pra trás.

- Algum problema? – perguntou Edward

- Gelada. – falei olhando pra Angie

- Muito gelada! – concordou a Angie.

         Os meninos se entreolharam e sorriram de um jeito nada amigável e começaram e vir na nossa direção, um segundo depois a gente entendeu e corremos na direção oposta, mas não funcionou por muito tempo porque pouco tempo depois eles nos pegaram pela cintura e caminharam em direção a água. Nós nos debatíamos e gritávamos, mas eles apenas riram. Quando a água estava na cintura deles, Edward falou:

- Se eu fosse vocês, prendia a respiração. – e nos jogaram na água que estava um gelo, mas mergulhei assim mesmo. Quando submergi, a Angie estava dando um monólogo a Charlie e Edward, e ela era boa nisso.

- Vocês me entenderam, né? – falou irritada.

- Sim, senhora. – falaram impecavelmente juntos.

- Ótimo! – falou mergulhando me fazendo rir.

- Ela brigou muito com vocês? – perguntei sorrindo.

- Brigou? Ela acabou coma gente! – falou Edward.

- Ela é boa nisso! – falou Charlie.

- Sou mesmo! – falou Angie ao lado dele e o beijou, pegando ele de surpresa, mas ele rapidamente se recuperou e colocou suas mãos na cintura dela. Eu olhei pra Edward e dei de ombros, ele sorriu e me beijou. Naquele momento tentei não pensar que aquele podia ser um dos nossos últimos beijos até eu não fazia ideia de quando.

- Ei, vocês dois? – falou Angie cutucando meu ombro.

- Hum. O que? – perguntei olhando pra ela.

- O sol! Está se pondo! – falou pegando a mão de Charlie e caminhando para fora da água. Eu e Edward fizemos o mesmo e sentamos em cima da canga que a Angie tinha trago. Edward colocou sua mão na minha cintura e eu peguei a sua mão livre e a entrelacei na minha, apoei a minha cabeça no seu ombro e assim assistimos ao por do sol. Não pensei em mais nada, só curti esse momento ao máximo com ele, eu estava de corpo e alma ali o que era praticamente impossível pra mim, mas com ele eu não fazia sacrifícios, com ele era fácil, isso apertava o meu coração, mas eu afastei esse pensamento da minha mente. Quando o sol terminou de se por, nós levantamos e começamos a guardar nossas coisas.

- E agora? – perguntei para ninguém específico.

- Vamos comer? – perguntou Charlie.

- Claro! Vocês deixam só a gente trocar de roupa? – perguntou Angie.

- Como assim? – perguntou Edward.

- A gente trouxe outras mudas de roupa, é claro! Agora vocês vão atrás de alguma coisa, sei lá. Só saiam daqui para podermos trocar de roupa dentro do carro. – falou Angie.

- Então foi por isso que você não veio de conversível? – perguntou Charlie.

- Mais ou menos. Só saiam daqui! – falou fazendo uma expressão nada agradável eles saíram andando sem rumo. Trocamos de roupa, prendemos o cabelo em rabo de cavalo e saímos do carro. Eles não estavam em nenhum lugar á vista, enquanto eu ligava para eles, Angie se maquiava. Até eles chegarem deu tempo de eu passar maquiagem e ela hidrante, quando chegaram estávamos arrumadas e perfumadas. Eles também estavam arrumados e cheirosos.

- Vocês foram aonde? – perguntei.

- Pro hotel. Pegamos um táxi, nos arrumamos e voltamos pra cá, enquanto vocês se arrumavam. – falou Edward.

- Tudo bem! – falei levantando a sobrancelha – Para onde vamos?

- Sei de um restaurante legal. – falou Angie.

- Não sei não. Suas idéias... – começou, mas ela me interrompeu irritada.

- Eu juro que vocês vão gostar. – falou confiante.

- Tudo bem para mim e vocês? – perguntou Charlie. Eu olhei com cara de dúvida para Edward, mas ele apenas sorriu.

- Tudo bem! – falei e Angie sorriu radiante.

- Então vamos! – falou entrando no carro e nós a seguimos. Angie falava sem parar dentro do carro, ninguém conseguia nem tossir. Acho que porque ela tinha percebido que estava cada vez mais perto da sua viagem que ela tanto sonhara. Quando ela estacionou o carro, ficou quieta por um minuto, o suficiente para eu sair e respirar aliviada.

- O que foi? – perguntou ela olhando pra mim.

- Você não ficou quieta nem por um segundo. – falei e ela sorriu sem graça.

- Desculpe, estou ansiosa. – falou

- Eu sei, vamos? – perguntei olhando pra ela. Entramos na frente e os meninos vieram logo atrás, a Angie tinha razão eu ia adorar!

        As mesas estavam na parte mais alto do salão, enquanto embaixo tinha um espaço com música e várias pessoas dançando, sem dúvida o meu tipo de restaurante. Sentamos na última mesa e fizemos o pedido, enquanto ele não chegava pedimos licença aos meninos e fomos dançar. Eu adorava dançar, me acalmava, me fazia relaxar de um jeito incrível. Eu e a Angie dançamos como há muito tempo não fazíamos, os pedidos chegaram e os meninos chamaram a gente. Foi incrível, rimos tanto e brincamos de besteiras, depois fomos todos dançar, e nos divertimos muitos, eles definitivamente não sabiam dançar nada que não fosse dança de salão, o que foi engraçado. Fomos embora já tarde e liguei para minha mãe avisando que ia dormir na casa da Angie e ela não se importou. Quando deixamos os meninos no hotel, estávamos tensos de alguma forma. Na verdade, a situação era comigo, porque eles três iam continuar se vendo até mais do que no Rio, mas e eu? Quando ia voltar a vê-los? Ela estacionou o carro e eu encarei Edward pela primeira vez de um jeito triste.

- Tchau! Até amanhã no aeroporto! – falou e me beijou como se fosse a última vez e o meu coração estava pequenininho.

 - Até amanhã! – falei quando ele desceu do carro.

        Eu e Angie não conversamos até chegarmos a casa dela, falei rápido com os seus pais e subi para o seu quarto. Ele era perfeito e eu o conhecia como se fosse o meu próprio quarto. Só tinha uma diferença, no canto tinha dezena de malas cor de rosa com glitter etiquetadas e fechadas com cadeado. Essa imagem fez meu sorriso sumir.

- Seu pijama está... – começou, mas eu já sabia o resto da frase.

- Na gaveta á direita do lado do seu listrado, perto da estante da televisão. – falei sem emoção.

- Exatamente! – falou ela também sem emoção. Trocamos de roupa e escovamos os dentes, eu sentei na minha cama e ela na dela. Sim, eu dormia tanto lá que tinha uma cama pra mim.

- Ana? – falou ela quase como um sussurro.

- Sim? – respondi no mesmo tom.

- E o que vai ser de nós? – perguntou sem olhar pra mim, eu levantei e sentei ao seu lado.

- Vamos ser amigas para sempre não importa o que aconteça! – falei olhando pra ela.

- Eu sei, mas quem vai me mandar calar a boca quando eu falar demais? Quem vai me dar conselhos tão filosóficos, dignos de Einstein? Quem vai falar que tudo vai dar certo? Quem vai comigo nas provas mais difíceis só pra me fazer sorrir? Quem vai apertar a minha mão e chorar comigo? – falou com lágrimas nos olhos, olhando pra mim. Juntas começamos a chorar como crianças.

- Angie, somos irmãs, isso nunca vai mudar! Sempre serei eu que vou colocar juízo nessa sua cabeça, sempre serei aquela que ri das suas besteiras, aquela que atura o seu sarcasmo e ironia, aquela que te escuta, aquela pra quem você sempre foge. Serei sempre eu, só que agora estaremos separadas por um oceano, mas graças à internet te verei todos os dias. Isso me lembra que eu tenho um presente pra você, dentro da bolsa que eu trouxa mais cedo. – falei indo pegar minha bolsa e enxugando as minhas lágrimas. De dentro da bolsa tirei uma caixa cor de rosa e entreguei a ela.

- O que é isso? – perguntou olhando curiosa.

- Abre! – falei sorrindo e ela abriu com um sorriso gigantesco. – Aí dentro está nossas fotos desde 12 anos de idade pra quando sentir saudade de mim. Ela olhava as fotos sem dizer nada e depois as guardou, colocou a caixa dentro da sua bolsa de viagem de mão e me abraçou. E assim ficamos por um bom tempo, abraçadas e chorando.