Prólogo

“Sabe o que é ver tudo o que você mais acreditava se desfazer na sua frente? Imagina o que é você lutar insanamente por algo e descobrir que não resultaria em nada, não faria diferença? Entende como é se sentir sem chão mesmo quando o caminho está na sua frente mas não pode ou consegue segui-lo?” – perguntava sem ter nenhuma resposta.

Em questão de horas todo o seu mundo mudou e descobriu que tudo em que baseava seu começo de cada manhã não era o que pensava. Notava as diferenças, ela sabia que elas estavam lá, mas preferiu negar ou justificar com algo simplório. Ocupava demais a mente com questões adolescentes, julgava que seus problemas de amores não correspondidos poderia ser o pior a lhe acontecer. Pensava que a dor da perda de um amigo – quase irmão - em troca da possibilidade de algo a mais não poderia ser mais aguda.

Inocentemente, mal desconfiava que as pessoas mais próximas de si poderiam esconder segredos que mudariam tudo. De repente tudo parecia se encaixar por mais insano que aquilo poderia parecer.

Sentia-se uma nova pessoa sentada com os joelhos grudados ao corpo na mesma poltrona de sempre, aquela que nomeava a sua favorita. O crepitar da lareira – acesa mesmo não estando tão frio – era um embalo para mergulhar em devaneios. Como pôde ser tão cega? Um sábio disse uma vez que só não vemos o que não queremos ver. Permitia que os músculos relaxassem assim como se permitia assimilar a ideia aos poucos.

O que poderia fazer? Só restava acreditar.