''O garoto devia ter uns 15 anos. Possuía cabelos tão pretos como os meus e olhos azuis elétricos. Sua pele, morena clara como de meu pai, tinha algumas cicatrizes e poucas espinhas pela testa. Poderia dizer que é meu irmão, e todos acreditariam.

[...]

–Ah, não te disse meu nome. Sou Jack Templesmith ''

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"A paixão aumenta em função dos obstáculos que se lhe opõe"

—Willian Shakespeare.

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–Por que não esperou uma autorização para a missão antes de tomar essa decisão? – Quíron perguntou, logo depois que lhe contei sobre meu sonho e a quebra de meu voto com lady Ártemis.

–Quíron, Luke precisa ser salvo o mais rápido possível. – eu disse, me cansando – Ele foi, ou melhor, é um herói. Você deixa heróis morrerem?

Pareceu que toquei em um ponto fraco dele. Ele não suportava deixar heróis morrerem. O centauro fez uma expressão pensativa e, depois de alguns minutos, ele suspirou e olhou dentro de meus olhos, e eu olhei para seus profundos olhos castanhos, que já tinham visto de tudo nesse mundo.

–Quer mesmo se arriscar nessa missão, Thalia? Hécate é bem explosiva, se gostaria de saber.

–Não irei deixar Luke morrer. Já o deixei uma vez, não vou deixá-lo de novo.

Ele pareceu considerar o heroísmo que eu estava demonstrando, e logo concluiu:

–Hoje à noite, na fogueira, vamos falar com Rachel. Receberá sua profecia e escolherá seus companheiros. – eu assenti e me virei para sair, mas Quíron me chamou de volta – Por favor, não tente mudar a profecia, está bem?

–Pode confiar em mim, Quíron – ele levantou as sobrancelhas, como se não acreditasse em mim. Suspirei – Quer que eu jure?

–Por favor – ele deixou suas sobrancelhas voltarem para o lugar.

–Eu juro pelo Estige – levantei minha mão direita.

Um trovão ribombou do lado de fora.

–Bem, espero que cumpra seu juramento, Thalia. Agora, vá. Tem uma mochila para arrumar, não?

Assenti e saí da Casa Grande. Na varanda, vi o sr. D, que deveria ter chegado a pouco tempo, com uma lata de Coca Diet na mão.

–Olá, sr. D. Como vai? – cumprimentei-o.

–Nada mal, Thalita. – ele respondeu, bebericando sua lata. – Vai salvar o Lucca do Mundo Inferior? Há – ele debochou – Pouquíssimas pessoas saíram do Hades com vida e, infelizmente, o Peter Johansson está entre esse grupo seleto. Leve-o, talvez aquela peste te ajude.

–Vou pensar no assunto, sr. D. – respirei fundo, tentando me acalmar, e saí, indo falar com Percy e Annabeth.

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–Isso é ótimo, Thalia! – Annie me abraçou, depois que falei que receberia a profecia à noite.

–Parabéns, Lia – Percy deu alguns tapinhas nas minhas costas – Já sabe quem vai levar?

–Não. Vou esperar a profecia, mas já tenho dois em mente. – respondi, com a sombra de um sorriso no meu rosto.

–Quem? – perguntou Annie, curiosa.

–Vocês vão ver.

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Fiquei conversando com Annabeth e Percy por mais algum tempo, até que Jack se juntou a nós.

–Oi, gente! – ele cumprimentou, enquanto bebíamos água encostados a uma das paredes da arena.

–Oi, Jack! – Percy disse, dando espaço para ele se sentar.

–Hey! – Annie acenou.

–Tudo bem, Jack? – perguntei, vendo sua expressão, que parecia preocupada.

–Tudo, tudo bem... – ele balançou a cabeça como se espantasse um pensamento ruim – E aí, o que estavam fazendo?

–Treinando esgrima, conversando, humilhando a Annie... – Percy brincou, e acabou recebendo um tapa na nuca de Annabeth.

–Não brinque assim, idiota – e todos riram, riram tanto que Jack acabou cuspindo água em cima de mim. Todos riram mais ainda, e eu acabei dando um choque no meu irmão.

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A fogueira estava bem animada. Logicamente, os chalés mais desanimados eram os de Afrodite e de Ártemis, pela constante rivalidade entre os dois. Até agora pouco, uma discussão rolava entre membros dos dois chalés:

–Ah, o amor não presta, não é? Farei você ficar apaixonada, é só esperar, queridinha! – uma filha de Afrodite morena que não reconheci estava ameaçando Jasmine, depois dela ter dito que "o amor não prestava para nada".

–Há! Sonhe, bonitinha! – Jasmine retrucou – As Caçadoras não podem se apaixonar, ou você não sabia disso, já que é muito tola?

–Ora, sua... – a morena estava quase pulando no pescoço de minha ex-companheira Caçadora, quando Ártemis interveio na briga:

–Parem, garotas. Vão para a fogueira.

Todos já estavam reunidos e cantavam as últimas canções da noite, quando Quíron anunciou minha missão:

–Heróis, campistas, espíritos da natureza... E deuses – acrescentou, olhando para o sr. D – Vim anunciar que nosso antigo amigo e herói, Luke Castellan, ainda está vivo!

Correu um burburinho pelo anfiteatro, e o fogo ficou com uma coloração púrpura – eles estavam agitados demais.

–Acalmem-se, por favor! – o centauro continuou – Enfim, quem me deu essa informação foi a srta. Thalia Grace, filha de Zeus, ex-caçadora e heroína, a mais... Experiente entre vocês.

Me levantei. Não sabia o que dizer, então esperei.

–Ela, antiga amiga de Luke Castellan, – Quíron retomou –resgatará nosso herói do Mundo Inferior, e ele poderá estar entre nós novamente.

–Mas não foi ele que causou a 3ª Guerra entre os deuses, abrigando Cronos no corpo e tudo mais? Ele não deveria permanecer no Mundo Inferior e, quem sabe, ser jogado no Tártaro?– alguma garota de Ares gritou, e houve uma concordância entre o grupo.

–Luke foi bem mais do que o receptáculo de Cronos! – explodi. Odiava quando falavam mal de Luke – Ele salvou todos nós! Ele se matou para desestabilizar Cronos e impedi-lo de fazer algo por séculos! Acha isso pouco?

A garota me olhou, atordoada com minha atitude, provavelmente.

–Mas se ele não tivesse começado com essa história de "Cronos deve dominar o mundo" e blá blá blá, aquele titã idiota não teria nem começado a se reerguer! – ela tentou argumentar.

–Ok, parem. – Quíron interveio – Clarisse, sente-se. Bem, Rachel, venha aqui.

Rachel, uma garota ruiva com olhos verdes, o nosso Oráculo, foi até onde o centauro estava e, do nada, desmaiou.

Dois garotos foram até ela com um banquinho e colocaram-na sentada. Eles se afastaram e, quando Rachel abriu seus olhos novamente, eles estavam com um brilho verde extremamente assustador. Uma névoa verde saiu de sua boca e se instalou ao redor da ruiva. Ela começou a falar, com uma voz gutural que, certamente, não era a que eu conhecia.

Três heróis e o que ainda a chance não teve

Partirão em busca do que se matou

Perderão um na terra mágica

Onde nenhum vivo jamais pisou

E a sorte estará sempre ao seu lado, presente a todo momento.

A fumaça voltou para a boca da Oráculo e ela fechou os olhos. Ela acordou de seu transe e só conseguiu pronunciar quatro palavras:

–O que eu disse?