POV Harry

- Ela tá demorando. – Resmunguei mais uma vez com o olhar fixo no tapete vermelho, ouvi Hermione bufar.

- Ah qual é, Harry! Vocês não marcaram hora, pare de reclamar e espere... – Hermione me olhou do jeito mãe que ela tinha de olhar, me repreendendo. Abaixei os olhos e suspirei. Sim, ela estava certa.

- Sabe Harry, por mais que ela seja sua meia-irmã ainda é uma Snape, não deveria nem ter pedido pra falar com ela... – Olhei para ele incrédulo. Ronald podia ser tão estúpido às vezes! Gina já havia nos dito o bastante sobre Anne; o bastante para podermos confiar nela, para eu parar com meu medo idiota e aceita-la como minha família. E a aceitei, principalmente depois da carta de Sirius.

- Cale a boca Ronald! Você é um insensível. – Mi se levantou e começou andar entre as poltronas que estávamos, visivelmente nervosa, resolvi não interrompe-la em sua “caminhada”.

De repente, enquanto Rony estava emburrado e eu e Hermione estávamos absortos em pensamentos, ouvimos gargalhadas ecoaram pelo quieto Salão Comunal e viramos a cabeça: Anne entrava acompanhada pro Córmaco McLaggen. Fechei a cara.

- Ah, olá Harry! – Disse toda sorridente para mim. O sorriso de mamãe, que também sorria para mim nas fotografias. – Obrigada Córmaco. Hm, nos vemos por aí? – Córmaco sorriu para ela, entregou seus livros, beijou seu rosto e voltou a sair pelo buraco da Mulher Gorda.

- Olá. – Disse seco e Anne franziu o cenho. Qual é, mal ganho uma irmãzinha e já vão tirá-la de mim? Ainda mais o idiota do McLaggen? Não mesmo. – O que estava fazendo com aquele babaca de novo? - Anne riu e caminhou até onde estávamos. Hermione apontou o sofá e ela se sentou.

- Ele me mostrou e castelo, depois me esperou fora da sala de McGonagall e de Snape. – A olhei desconfiado. Qual é, todos sabem que Córmaco já havia beijado metade de Hogwarts. – Juro! – Ela mostrou as mãos.

- Tudo bem. – Dei um meio sorriso e Hermione deu uma leve risadinha ao meu lado, Rony nem parecia respirar. – Não estamos aqui para falar de Córmaco... – Anne revirou os olhos, porém sorria. O sorriso da mamãe, os olhos da mamãe. – Sirius me mandou uma carta e duas fotos, uma delas é pra você. – Tirei a foto e a carta do bolso da capa. Deixei a carta cair no meu colo e entreguei a foto para ela. Anne pegou a foto e a abriu, ao abrir a foto um sorriso se abriu em seu rosto. Sim, a foto era realmente maravilhosa.

- Mamãe... – Ela me fitou com os mesmos olhos que os meus, porém os dela estavam cheios de lágrimas enquanto apertava a foto nas mãos. Na foto estávamos eu e ela: Anne era recém-nascida e estava no braço direito de mamãe e eu no esquerdo, já com meu um ano e pouco. Mamãe sorria com os lábios, com os olhos e com o resto do corpo todo.

- Sim. – Limpei a garganta. – Sirius me mandou uma carta perguntando como você estava e bem, tudo que eu pude responder era que eu não sabia e naquele momento me dei conta o quão estúpido eu estava sendo... Quer dizer, você é minha família! Bom, não demorou nada pra uma carta-resposta chegasse e Sirius me contou que você quase morreu no parto e o porquê de termos sido separados. – A vi prender a respiração. – Mamãe achou que iria te perder, mas acredite ou não, quem a consolou fui eu, porque de algum jeito eu sabia que você iria ficar bem. Porque eu te amo e sempre amei. Desde que você “voltou” venho tentado negar isso pra mim, mas cada vez os sonhos ficam mais claros, os sentimentos... E bem, é isso. Você é minha família, a parte da mamãe que eu posso olhar e me lembrar muito bem e além de tudo saber que você está aqui pra eu cuidar e proteger, e ter com quem passar o Natal, meu aniversário e tudo mais que eu quiser. – Anne chorava e eu entrei em desespero por isso corri para abraça-la e, de repente aquela sensação era mais familiar do que eu pensei que fosse.

- Não se culpe por ter me ignorado, Harry. Eu faria o mesmo! Sabe, meu pai não é um dos homens mais amados do mundo e por isso você deve sentir aversão a mim, e eu te entendo, então não se culpe. – Ela disse generosamente, secando as lágrimas. Falou aquilo como uma Evans e não uma Snape e, naquele momento senti que havia feito a escolha certa.

- Sou um idiota, não ligue para isso, uma hora você se acostuma. – Beijei sua testa e mais uma vez uma estranha sensação de familiaridade se apossou de mim. – Olhe, esse são Ron e Hermione, meus melhores amigos e a partir de agora seus amigos também. – Hermione veio abraça-la delicadamente enquanto Ron apenas acenou.

- Você tem irmãos realmente legais! Gina já é uma grande amiga e eu adoro os gêmeos. – Anne disse toda animada e Ron assentiu. Ele é idiota ou o que? – Ah Harry, quando terá visitas à Hogsmeade?

- Sábado que vem. – Ela assentiu e agradeceu. Ficamos conversando por mais algum tempo até que Anne avisou que estava indo dormir. – Pois bem Ronald, vai tratar minha irmã bem ou vai continuar sendo um idiota?

- Não estou sendo um idiota, Harry. – Ele disse e foi inevitável rir. Continuamos conversando até a noite cair. Logo Hermione nos forçou a terminarmos as tarefas, o que foi entediante e muito doloroso para minha cabeça. Exaustos, eu e Ron fomos dormir depois de longas horas.