O voo das borboletas. escrita por Fernanda Bittencourt


Capítulo 5
Capítulo 5: The Hardest Part.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me por toda a demora, eu simplesmente fiquei sobrecarregada com o curso de pré-vestibular e também resolvi tantas provas que quase não escrevo o último capítulo, me perdoem a todos.
OBS: Tentem escutar a música "The Hardest Part, do Coldplay", pois diz muito sobre este capítulo e ilustra um pouco de como eu me senti ao escrevê-lo.
P.S: Capítulo revisado.
Desculpem mais uma vez pelo atraso. ♥



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Capítulo 5: A pior parte.

– Para aonde estamos indo, John? – Gabriela perguntou. Os dois estavam no carro da morena, que estava sendo dirigido pelo médico.

Era uma madrugada de sábado e os dois haviam sido atingidos pela insônia.

– No lugar onde eu beijei alguém pela primeira vez. – Disse ele sem tirar os olhos da estrada.

– Nossa, que gentil, John. – disse Gabriela em escárnio. – Levar a garota no lugar onde você deu o seu primeiro beijo. – Sua voz deixava evidente o quanto ela estava enciumada.

– Exatamente por isso que estou te levando lá. – Ele então a olhou, piscando para ela.

Gabriela não entendeu muito o quê aquilo quis dizer, mas como John não iria dizer a ela nem sob tortura, decidiu relevar.

*

– John, eu não sei aonde pretende chegar, mas aqui é a minha casa.

– Exatamente. – O médico sorriu, ao abrir a porta do carro para Gabriela.

– Pensei que você me levar ao lugar onde você deu o seu primeiro beijo. – Eles estavam parados em frente à porta de entrada do prédio onde Gabriela morava.

– Exatamente. Foi aqui que eu beijei pela primeira vez a pessoa mais incrível do mundo. – Disse John categoricamente.

Gabriela enrubesceu e se aproximou dele, beijando-o.

– Você sabe que há bilhões de pessoas em todo o mundo, não é? – Gabriela riu. A médica depois de meses juntos, não conseguia acreditar o quão romântico John poderia ser.

– E o que são as outras pessoas, quando a que mais importa está aqui? – John sorriu, enquanto acariciava o rosto da médica. – Vem, vamos entrar.

*

O apartamento da médica estava devidamente arrumado, e as luzes semiapagadas, davam ao ambiente um ar mais aconchegante.

Na mesa de centro havia uma garrafa de vinho tinto, ao lado de um aparelho para fondue e logo ao lado alguns pedaços de pães cortados. A lareira estava acesa, iluminando suavemente aquele lugar.

– Quando fez isso tudo? – Gabriela perguntou emocionada.

– Hoje, quando você estava no hospital eu saí mais cedo e bom, dei um jeito em tudo. Rose me ajudou. – John riu, enquanto guiava Gabriela até a mesinha.

– Você é perfeito demais, John. – Gabriela o beija brevemente. – Eu amo você.

– Eu te amo, Gabriela.

Durante aquela noite, os dois se amaram durante horas no quarto da médica e John sabia que jamais esqueceria alguém como Gabriela. Eles sempre seriam um do outro, até que a morte os separasse. E infelizmente, os separou.

Cinco meses depois...

A morte não é dada a eufemismos e John sabia muito bem disso, tendo em sua profissão a árdua tarefa de conviver cara a cara com a tamanha e habilidosa caçadora que a morte era. E Gabriela fora a mais recente de suas caçadas bem sucedidas.

O médico estava vestindo o paletó, se preparando para o momento mais doloroso que poderia ocorrer na sua vida. John estava prestes a ir ao velório de Gabriela.

*

Enquanto John pilotava sua moto até o cemitério, as lágrimas que rolavam pela sua face, ilustravam a dor que as maravilhosas lembranças ao lado da médica significavam, e que jamais voltariam.

Assim que chegou, avistou os amigos da médica e também uma senhora, que logo se aproximou dele.

– John, querido. – Disse ela com a voz doce, porém chorosa. Era Dona Tereza, a avó paterna de Gabriela.

– Dona Tereza? – Ele nunca havia a visto antes daquele torturante dia.

– Sim, querido. Permite-me abraçá-lo?

– Sim, senhora. – John abaixou um pouco, para ficar com a sua altura parecida a da idosa e então a abraçou gentilmente. John agora chorava feito um bebê.

Depois John se encaminhou ao caixão, parando ali, ao lado de Gabriela que apenas parecia estar em um sono tranquilo.

Gabriela tinha uma maquiagem leve, realçando apenas a sua natural beleza.

– Ela te amou muito, querido. – Disse Tereza, afagando as costas do médico.

– E eu irei sempre amá-la, Senhora – John se virou, abraçando-a mais uma vez.

As pessoas presentes no velório o cumprimentaram com pesar e assim que tudo “terminou”, o médico foi para casa. Desde a morte de Gabriela, que ele nem ao menos passou em frente ao apartamento que era dela, ―onde agora Dona Tereza morava― simplesmente trabalhava e voltava para casa. O fato, era que John havia perdido a vontade de viver e sem a médica, nada fazia sentido algum.

Dois meses e meio se passaram e John ainda pensava em Gabriela constantemente.

“Ela não gostaria de vê-lo assim, John. Você se esqueceu de viver, querido”. Fora o que Tereza havia dito para o médico, durante uma das visitas que ele havia feito a ela. Com a morte de Gabriela, John nunca mais ousou pegar no violão e quase não dormia em casa, fazendo cada vez mais plantões.

A manhã de domingo pareceu se instalar sem graça e opaca, na visão do médico, que se recusava a sair da cama.

O telefone começou a tocar e languidamente, John desceu as escadas, rumando a sala para atender a chamada.

– Alô? – Disse John com a voz ainda embargada pelo sono.

– John, querido. – Disse a voz feminina suave e senil do outro lado da linha.

– Dona Tereza! – Ele fingiu empolgação, mas a verdade é que seu coração ainda pesava como chumbo pela perda que sofrera. – Como está?

– Estou bem, John. Eu tenho algo para você. – Disse ela.

– E o que é, Dona Tereza? – Perguntou John um pouco curioso.

– Uma carta de Gabriela para você, querido. Eu estava encaixotando algumas coisas dela e acabei encontrando a carta atrás do quadro da sala.

– Eu chego aí em quinze minutos. - Disse John, sentindo uma corrente de ânimo inundar o seu corpo.

Ele então correu para subir os degraus da escada, indo ao banheiro para tomar um banho. Após o término, tomou um café rápido e saiu de casa.

*

– Bom, John, aqui está. – Ela entregou o papel bem dobrado a ele, enquanto levava a xícara de café aos lábios. – Leia no lugar onde você se sentir mais confortável. – Disse Tereza.

– Se importa que eu já vá embora? – Indagou ele sem tirar os olhos da carta.

– Não, querido, claro que não. – Antes que a avó de Gabriela disse algo a mais, John já havia atravessado a porta de entrada, ansiando para ler logo a carta que Gabriela havia escrito.

Logo John estava na campina onde há alguns meses atrás esteve com Gabriela. Havia algumas borboletas, voando ao longe. O médico estava recostado em uma árvore, começando a ler a carta, que continha as letras elegantes da médica, e o papel tinha algumas ondulações, representando possíveis marcas de lágrimas.

“Querido John,
           Não, não se sinta como o protagonista do filme inspirado no romance de Nicholas Sparks, meu caro John. Sinta-se somente o John médico e completamente geek por quem eu me apaixonei perdidamente, desde o primeiro olhar que você desferiu a mim. Infelizmente, caso esteja lendo esta carta, é porque o meu esconderijo para ela já fora encontrado ou tristemente eu já não esteja mais viva e sorrindo para você, não fisicamente pelo menos”.
Justo nesta parte da carta, uma das borboletas pousou sobre uma das mãos de John, era uma borboleta-monarca, a mesma que Gabriela tinha tatuada em seu ombro esquerdo. O médico deixou uma lágrima escorrer, enquanto ainda lia atentamente as palavras calorosas de Gabriela.

Eu não quero que deixe de viver nem por um só dia e acredite, o pouco tempo que passamos juntos, fora os meses em que mais vivi e os quais mais me senti viva. A vida é realmente muito curta e eu sei que achará outra mulher que possa te fazer feliz, um feliz de um modo intenso e constante, como você fez com que eu me sentisse. Você acreditou, John, você foi o meu credo mais bonito e eu agradeço por ter sido durante meses, uma força que nem eu mesma havia tido dentro de mim há anos. Eu vou sempre, sempre amar e cuidar de você, de onde quer que esteja e aonde quer que você vá. Cuide-se, meu amor e sempre olhe pela janela numa manhã ensolarada, pois sempre haverá o voo da borboleta. Eu te amo.

P.S: Todos os meus livros devem pertencer à você. Aproveite mais de Harry Potter. Beijos.

Para sempre sua, Gabriela Green”.

Mais um tempo se passou e tudo pareceu voltar aos trilhos e durante todos os dias ensolarados, principalmente na primavera, John seguira o conselho de Gabriela e lá estava a borboleta-monarca, seguindo-o e velando por John. O médico retomou sua vida, hesitantemente, mas o fez, achando que devia algo a Gabriela e logo se casaria com Marley, uma enfermeira do Hospital Arizona Grace e bom, John estava feliz, mas sempre haveria aquela que lhe roubou o coração e a mente. Dona Tereza ainda era constantemente visitada por John, que se tornou um filho para ela e ele adorava ir vê-la, pois era a forma de ter Gabriela ainda mais perto, nem que fosse por horas somente.

FIM.


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Notas finais do capítulo

Até breve, gente! Jamais irei deixá-los e eu voltarei com "As Crônicas do Outro Mundo" quando menos esperarem! Fiquem à postos ^^



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