Capítulo 5

“Pai, nós chegamos!” Kurt gritou assim que ele abriu a porta. Blaine estava ao seu lado.

“Oi, Kurt!” Burt avistou Blaine e lhe deu um grande sorriso. “Blaine! Como você está?”

“Estou bem, Sr. Hummel. Obrigado.” Blaine sorriu.

A maioria das pessoas tinha medo de Burt Hummel, mas não Blaine. Ele sabia que apesar de ele ter uma aparência séria, ele era o homem com um dos maiores corações no mundo inteiro. Blaine sempre o admirou pela maneira como ele aceitara e apoiara Kurt. Mesmo Kurt sendo gay, ele o amava do mesmo jeito. É isso que os pais devem fazer certo? Amar seus filhos não importa o que aconteça? Ah, como ele queria que o pai dele fosse como Burt.

“Eu já te disse para me chamar de Burt, garoto. Eu te conheço há três anos e você ainda me chama de Sr. Hummel! Não faça isso, sinto-me tão velho.” Burt disse, com um ar de brincadeira, mas um pouco sério.

“Desculpe, Burt.”

“Pai, nós vamos ao meu quarto, ok? É só me chamar se precisar de algo.” Disse Kurt, puxando Blaine gentilmente pelo braço.

“Tudo bem, filho.” Burt parou por um momento. Então ele disse: “Kurt, eu acabei de me lembrar de te perguntar algo sobre o qual eu estive pensando por um tempo.” Os dois pararam de andar e olharam para Burt. “Quando eu vou conhecer o seu namorado?”

Ótimo. Agora Blaine ia ter que ouvir Kurt falando sobre Noah com o homem que ele tanto desejava que fosse seu sogro.

Kurt olhou para Blaine, e então desviou o olhar de volta ao seu pai. “Pai, eu não sei...eu vou falar com ele depois, tá?”

“Certo. Mas, eu quero conhecê-lo. Vou mostrar-lhe como tratar meu garoto.”

“Pai!”

“Desculpe! Vocês podem ir agora.”

Os dois meninos foram ao quarto de Kurt e Blaine se perguntou por que Burt estava olhando para ele toda hora quando eles estavam falando sobre Noah. Ou talvez ele apenas estivesse imaginando coisas.

Blaine se assustou quando Kurt o tirou de seus pensamentos.

“Então...você quer assistir a Moulin Rouge? Ah, que pergunta idiota!” Kurt disse, batendo em sua cabeça de leve. “Claro que você quer.”

Blaine sorriu para Kurt enquanto o outro garoto colocava o DVD.

Ele esperou por Kurt para sentar porque ele não queria deixar o outro menino desconfortável, então quando o seu melhor amigo se sentou no sofá, ele tentou dar-lhe o maior espaço possível.

“Blaine? Porque você está tão longe? Vem cá, eu quero ficar abraçado com você.”

Meu Deus. Eles ainda podiam ficar abraçados agora que Kurt tinha um namorado? Isso não importava, de qualquer forma, porque quando Blaine se aproximou, Kurt colocou um de seus braços ao redor da cintura do moreno e Blaine não conseguiu conter sua vontade de colocar a sua cabeça no ombro do outro garoto, então ele o fez.

Era tão bom ficar lá. Blaine desejou que aquele momento pudesse durar para sempre. Kurt tinha um cheiro tão bom e era tão quente e perfeito quando estava pressionando seu corpo sobre o de blaine.

Ah,o filme já havia começado? Ele não estava prestando atenção, de qualquer maneira. Ele sabia que não iria. Como ele poderia quando o garoto que ele mais amava estava tão perto dele? Naquele momento, Blaine podia fingir, ao menos uma vez, que Kurt era dele e que eles podiam se beijar quando quisessem, que Noah não existia.

Quando Come What May começou a tocar, Kurt finalmente quebrou o silêncio entre eles.

“Vamos dançar.”

“Como?”

“Dançar! Vamos, B!” Kurt levantou-se e estendeu sua mão para o moreno segurá-la.

Fazer isso, provavelmente, não era uma boa ideia, porque eles ficariam ainda mais perto do que estavam há um minuto e Blaine estaria olhando diretamente naqueles olhos azuis perfeitos. Seria demais.

Mesmo sabendo disso tudo, ele pegou na mão do outro garoto e eles começaram a dançar no ritmo da música.

Never knew I could feel like this
Like I have never seen the sky before

(Nunca pensei que eu pudesse me sentir assim, como se eu nunca houvesse visto o céu antes.)

Blaine não sabia quanto tempo havia passado, mas de repente o rosto de Kurt estava tão perto que ele podia sentir o hálito morno do outro garoto sobre sua face. Tinha cheiro de menta. Só restava um pouco de espaço para que ele sentisse os lábios macios e rosados de seu melhor amigo.

Come what may
Come what may
I will love you until my dying day

(Aconteça o que acontecer, aconteça o que acontecer. Eu te amarei até o dia de minha morte.)

“Isto é tão errado. Ele tem um namorado.” Uma voz em sua cabeça dizia, mas... “ Apenas beije-o. Eu sei que você quer. Você sempre quis.” Dizia a outra voz. Ele decidiu ouvi-la. Ele começou a se aproximar ainda mais de Kurt, seu coração batendo tão forte, que ele pensava que iria explodir. Era só uma coisa da cabeça dele, ou Kurt também estava se aproximando? Se Blaine realmente o beijasse, ele definitivamente morreria um homem feliz. Seus lábios estavam tão perto. Então...

“Eu acho que a música acabou, Blaine.” Disse Kurt, pigarreando e se afastando de Blaine.

Deus, Blaine era tão idiota por pensar que Kurt ia querer beijá-lo. Kurt era lindo, inteligente, talentoso, divertido, perfeito; ele, por outro lado, era apenas um menininho patético irremediavelmente apaixonado pelo seu melhor amigo.

“S-sim, acabou.” Blaine sentou-se no sofá ao lado de Kurt.

“Então...a escola foi tão estranha sem o Glee Club hoje, não acha?” Kurt perguntou do nada.

“Foi, eu sinto falta do Glee Club.” Blaine disse, tentando não mostrar sua frustração.

“Eu também. Espero que o Mr. Schue melhore logo.” Eles olharam nos olhos do outro por um momento antes de Kurt falar novamente. “Um...acho que está na hora de irmos dormir.” Ele disse, olhando para o seu relógio.

“Sim.”

“Ok. Você pode ficar com a minha cama e eu vou dormir no sofá.”

Blaine queria morrer. Eles têm dormido na casa um do outro desde que se tornaram amigos e nunca haviam dormido em locais diferentes. Eles sempre dormiam abraçados. Era tão reconfortante e toda vez que eles dormiam daquela maneira, Blaine não tinha pesadelos, com os quais ele já se acostumara. Por que Kurt estava fazendo isso? Por que ele não poderia ficar nos braços de Kurt novamente, sentindo seu coração bater, ao colocar a cabeça contra o seu peito? E então, Blaine começou a entrar em pânico. E se ele nunca mais fosse sentir aquela sensação? Talvez ele não fosse. Talvez a única pessoa que fosse sentir isso agora era Noah. Porque Kurt era o namorado de Noah, não dele.

“Blaine? Você está sequer neste planeta?”

“O-o que? Err...sim. Desculpe. Eu estava apenas pensando. Eu não vou te fazer deixar a sua cama. Eu durmo no sofá.”

“Certo.” Kurt entregou a Blaine um cobertor e um travesseiro antes de apagar as luzes.

“Boa noite, B.”

“Boa noite, Kurt.”

Havia muitas pessoas. Parecia um casamento, mas Blaine não conseguia ver quem estava se casando.

E então, ele viu.

Era Kurt. O Kurt dele. Não, não dele, ele lembrou a si mesmo. Esperando por ele no altar estava Noah.

Isso não podia estar acontecendo. Todos aqueles sonhos que ele tinha de se casar com Kurt e deles viverem felizes para sempre estavam destruídos.

Blaine sentiu suas bochechas ficando molhadas e ele soltou um alto soluço. Ele gritou o nome de Kurt, mas parecia que ele era invisível.

“Não!”

“Blaine? Blaine, acorde.” Kurt disse, balançando o seu ombro gentilmente.

“Kurt?” Ele disse, chorando.

Kurt o tomou em seus braços.

“Shh, foi apenas um sonho. Um pesadelo, ok? Eu estou aqui.”

Blaine soluçou mais algumas vezes e então caiu no sono nos braços de Kurt.

Kurt sorriu para o garoto dormindo em seu colo. Ele parecia tão tranquilo. Kurt teve que resistir a vontade de beijar sua testa, seu corpo gritando por um maior contanto, pela sensação de ter Blaine tão perto.

Ele balançou sua cabeça.

Ele e Blaine haviam quase se beijado algumas horas atrás. Ele tinha que se controlar. Ele só não sabia se da próxima vez que o moreno estivesse tão perto, ele conseguiria se afastar novamente.

Ele continuou pensando sobre ele e Blaine. Ele pôde sentir seus cílios ficando pesados até que ele fechou os olhos e dormiu da forma mais tranquila que ele já havia desde a última vez que ele dormira nos braços de seu melhor amigo.