As malas de sua prima estavam jogadas no chão, enquanto a mesma se encontrava no canto do cômodo. Blair estava na ponta dos pés, agarrada ao mordomo, que estava de costas para Louise. Sua prima o puxou pela nuca e quando estava prestes a beijá-lo, como se tivesse sentido a presença de Louise, abriu os olhos. O olhar da mesma encontrou o olhar apavorado de Louise. Blair então soltou um sorriso triunfante, colando os seus lábios aos do mordomo.

Louise não conseguia acreditar. Mesmo que a dama não quisesse admitir, ela sentia algo pelo mordomo. Algo até que grande de mais, que já era impossível segurar-se. A mesma estando perto do demônio sentia seu coração acelerar e seu rosto ruborizar. Ela mesma não gostava nem um pouco disso. Se sentia idiota por gostar tanto de alguém... Por amar alguém... Amor, um sentimento tão idiota...

Louise sentiu seus olhos se encherem de água. O quê está acontecendo comigo? Por que estou chorando? Não sei. E-eu estou... Não... Eu não estou apaixonada por um mordomo... Por um demônio? Não... É impossível! Mas por quê? Por quê o Sebastian fez isso? Por quê ele a beijou? E por que isso tem que ser tão... Doloroso? Logo a mesma correu para algum lugar, qualquer lugar seria útil, contando que sua prima e Sebastian não estivessem lá.

A mesma não olhou para trás foi até a sala de piano, já que há tempos não tocava. E que também foi o primeiro lugar que lhe veio à cabeça.

...

Um tempo antes...

– Lady Blair, preciso arrumar algumas coisas, ordens de sua prima Louise.

– HAHAHAHAHAHA – Blair riu alto – E quem é que liga para ela? Qualquer coisa diga à ela que você estava ocupado comigo... – Blair pôs as suas mãos nos rosto do mordomo – Sabe... Você até que dá para o gasto, que tal ir trabalhar comigo? – ela disse o examinando – Tenho certeza que se divertirá mais do que trabalhando aqui para a sem sal da Louise... Ela é bem chatinha, não acha?

– Lady Blair... – Sebastian começou a falar, mas foi interrompido.

– Me chame só de Blair. – ela o corrigiu.

– Sua proposta é bem encantadora, mas terei que recusá-la. Tenho muitas coisas para fazer aqui... Se me deixa ir... – o mordomo a empurrou gentilmente, mas isso só fez com que a mesma se agarrasse mais a ele.

– Sabe, eu gostaria que falasse aquele Yes, my Lady para mim. Posso dizer que é bem... – Blair avistou Louise dentro do quarto, então sorriu e olhou para os lábios do mordomo, que estavam rígidos, assim como o mesmo. Ela o pegou pela nuca e tentou beijá-lo.

Na hora Sebastian sentiu a presença de sua pequena, então se afastou de Blair de uma vez e se desculpou, dizendo que realmente tinha coisas para fazer, a deixando plantada ali.

...

Voltando à atualidade...

Louise estava sentada no banco, de frente ao piano. Suas mãos delicadas viajavam pela extensão do piano, enquanto as partituras não serviam para nada, já que a mesma sabia tudo de cor. Seus pensamentos estavam longe e a dama não pensava em mais nada, a não ser naquela música que agradava aos seus ouvidos. Seus pálidos dedos tocavam ferozmente as teclas, depositando toda a sua raiva. A música ecoava pela grande sala, ficando mais baixa no lado de fora, mesmo assim podendo ser ouvida por qualquer um.

Após o término daquelas belas melodias, Louise deitou se nas teclas. Ao olhar ao seu redor, percebeu que Sebastian estava à poucos metros de distância. Ele a observava como se o seu olhar perguntasse se a mesma já havia terminado. Sem obter resposta o mordomo se aproximou e a puxou pela cintura até o quartinho onde haviam mais alguns instrumentos, Louise o socava, o que era em vão, já que o mesmo não iria soltá-la tão facilmente.

– Eu te od... – Louise começou a falar, mas logo foi calada com um beijo de Sebastian. A mesma ficou surpresa, queria retribuir, mas não podia. Ele havia beijado a sua prima! A dama o empurrou, logo seus olhos se encheram de lágrimas – E-eu te odeio, Sebastian! Como vo-você pôde?

– Louise, - Sebastian se abaixou, ficando na altura da mesma e segurando levemente o seu rosto – a senhorita não deve chorar, não por um demônio como eu; e não por uma coisa que não aconteceu.

~~ Louise POV ~~

Então ficamos em silêncio. O cômodo estava escuro, mas mesmo assim eu conseguia ver os olhos de Sebastian. E bem... Pelo que parecia ele não estava mentindo. Mas mesmo assim, eu não havia gostado nada do quê eu havia visto... Espera, eu estava mesmo com ciúmes?!

Me aproximei, lentamente. Então comecei a ter ódio da minha altura, por que tenho que ser tão baixinha? O puxei pela gravata que o mesmo usava, pude perceber que ele hesitou um pouco, mas me obedeceu. A surpresa era evidente em seu olhar, talvez ele não pensasse que eu fosse ter aquela atitude. Hahaha, como está enganado, Sebastian. Finalmente, quando seu rosto estava próximo ao meu, quando eu pude ouvir sua respiração e sentir o seu cheiro embriagante, selei nossos lábios.

Novamente um beijo calmo, nossas bocas se moviam lentamente, explorando cada canto um do outro em um ritmo lento, afinal nenhum de nós tinha pressa. Envolvi meus braços em seu pescoço, aprofundando o contato. Infelizmente precisávamos de ar.