– Disse que são ricos, mas não vejo muita coisa. O que acha?

– Acho que deveria calar a boca e me deixar trabalhar.

– Mas o que exatamente você quer encontrar nessa casa?

– É o seguinte – A sombra do alto homem se moldou na parede da sala. Havia algo preso em suas costas. A sombra de sua postura ereta parecia um guerreiro orgulhoso e seu inglês era enrolado e parecia que cada palavra daquela língua lhe causava nojo. - Dinheiro não é prioridade. Quero detalhes do dia deles.

– Entendi... – O homem mais baixo, mais magro e assustado olhou ao redor. Estavam na sala de estar, tinha muita coisa que podiam levar e vender, mas aquilo não era “prioridade”. Subiu até o segundo andar deixando o amigo vasculhando as gavetas, livros e agendas na sala. Andou ligeiro pelo corredor, estava escuro e ele se segurava para não abrir uma janela.

Preciso ser rápido. Eles podem voltar.

Entrou no primeiro quarto. Era de uma das filhas, por isso não o interessou. Entrou no segundo quarto e irritado fechou a porta, aquele também não o interessava. Entrou no terceiro. Era o quarto dos pais.

Ele procurou. Vasculhou gavetas, leu papeis à procura de qualquer coisa que fosse útil. Viu um notebook no canto da cama e sorriu, aquilo sim agradaria o amigo. Ele ligou o notebook e uma página azul-marinho apareceu na tela. Riu mais ainda. Um ponto para ele.

– Quantos copos de uísque ganha quem achar algo primeiro? – O homem baixinho perguntou enquanto descia as escadas segurando o notebook aberto nas mãos.

– Um computador? Que gênio. – Ironizou.

– “Prezado Senhor Dimitri Borya, é com grande honra, felicidade e admiração que nós, Organizadores Superiores da maior evento internacional de Arte Clássica da Califórnia, o convidamos a expor uma de suas obras no próximo evento. Aguardaremos retorno.” – O homem continuou sorrindo. – O que acha disso, Ivo?

– É perfeito. Que grande viagem ele fará...