Ivo. escrita por Lucciola
Estava chovendo muito.
A garota do tempo havia avisado que aquela tarde seria chuvosa.
Colins amava chuva, mas fechou a janela do quarto de seus pais para não molhar o piso e pela mesma pôde observar o quintal de sua casa, sorriu ao lembrar-se de quando tinha nove ou dez anos, com essa idade ela jurava que aquele quintal era uma floresta encantada, o que é bastante irônico já que hoje seu único encanto é as folhas secas que caiam com o vento.
Eles iriam viajar a alguns meses atrás. Iriam à Califórnia já que uma das pinturas de seu Pai iria ser exposta em uma galeria de renome, aquilo era um salto para sua carreira artística e ele queria que sua família estivesse junto.
O Pai parou em um posto de gasolina deixando Colins e Ana dentro do automóvel pois estavam cansadas e queriam dormi, seus pais saíram e foi quando tudo aconteceu.
Um assaltante fez a Mãe de refém, o Pai tentava conversar com o bandido, tentou se fazer de refém no lugar de sua mulher mas o mesmo não aceitava e gritava pedindo a chave do carro.
Ele tentou tira-las do carro antes de entregar as chaves e conseguiu puxar Colins. Ele chorava abraçado com sua filha de costas para o bandido e sussurrava desesperado em seu ouvido. Elas choravam. O bandido se desesperou ao ouvir a sirene de uma viatura da policia e atirou duas vezes contra o Pai, uma bala acertou o peito.
Sangue? O sangue do papai...
Colins viu a boca de seu pai abrir e nenhum som sair, viu seu olhos perderem a vida que todos os olhos deveriam ter, viu uma única lágrima descer pelo rosto dele e sentiu que seus braços afrouxavam ao redor dela. Ele estava morto.
Morto?
A Mãe enlouqueceu. Sua sanidade era agora um jorro de fúria, ela se soltou dos braços do bandido e abraçou o corpo morto de seu marido.
O bandido riu. Ela avançou para cima dele e arrancaria a pele de seu rosto, o deixaria cego, pegaria a arma e atiraria contra todo seu corpo e só pararia quando as balas acabassem. Mas isso não aconteceu. Ele foi mais rápido e atirou na cabeça da Mãe. Ela caiu no chão e seu sangue manchara o vidro do carro e Colins também.
Dizem que o pior luto é a perda de um filho. Quem disse isso nunca viu a morte consumir o corpo de seus próprios pais.
O barulho anunciara que a viatura estava mais próxima. Um quarteirão? Talvez mais. Dois? Ele não estava mais lá quando a policia apareceu. O frentista estava morto atrás do balcão. As câmeras estavam desligadas. Se o tal frentista não estivesse morto, levaria uma advertência por ter esquecido de ligar as câmeras naquele dia.
Ana e Colins haviam visto o rosto dele, fizeram o retrato falando e ele foi procurado, ninguém o achou e o caso foi arquivado. Parecia tão fácil matar e continuar livre.
Tão fácil...
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