Duas semanas se passaram e Kaito conseguiu arranjar um emprego, simples porém honesto de garçom em um bar charmoso de Tóquio. Conheceu gente nova e fez amizade com o seu colega de trabalho, Kamui Gakupo, que é sem dúvida o cara mais sério e esquisito que ele já conheceu. No trabalho Gakupo até aparentava ser um cara normal, pois estava sempre de uniforme e rabo de cavalo, mas é ele sair do bar que ele se comporta de maneira estranha se vestindo sempre de kimono e fazendo aquela cara séria. Gakupo tem uma namorada, Luka Megurine, uma moça muito inteligente que trabalha na livraria, calma e decidida sonhava em abrir o seu próprio negócio junto com o namorado. Os dois são muito batalhadores.

Em uma bela manhã, Kaito recebeu uma ligação de ninguém menos que seu velho amigo Len Kagamine. Len é cinco anos mais novo que Kaito (que, só pra ficar registrado, tem 26 anos), mas tem um papo que Kaito curte e por isso ficaram tão amigos. Quando Len soube de sua irmã Rin que Kaito tinha se mudado pra Tóquio, ficou muito feliz e logo ligou pra ele dando uma bronca:

– É né, seu puto, vem pra Tóquio e nem avisa o seu melhor amigo.

–Eu vivo ocupado, cara. Respondeu Kaito. Trabalho a noite inteira. De manhã eu chego em casa pra ter um relacionamento sério com o meu colchão.

–Como assim de noite? Virou guarda noturno?

–Não, eu trabalho em um bar lá em Koto.

–Delícia hein, quando eu quiser beber até cair já sei quem eu procurar.

–Nessas horas os amigos vem igual imã...

Depois de muita conversa, Len então convidou o amigo pra tomar umas cervejas na casa dele no sábado. Kaito topou e perguntou se poderia levar um amigo junto. Len aceitou dizendo que poderia ser divertido ele conhecer gente nova. Terminada a ligação, Kaito enterrou a cabeça no travesseiro pois estava morrendo de sono.

Enquanto isso do outro lado da cidade, Gakupo ia ao encontro de Luka, que aproveitou o seu horário de folga pra chamar o namorado pra uma conversa (lê-se conversa como discutir a relação). Gakupo sabia que não era coisa boa e pra se acalmar, colocou o seu fone de ouvido e começou a ouvir um enka dos anos 50, até porque Luka queria se encontrar com ele em Akihabara, e o sério amigo de Kaito realmente não gostava de ir pra lá, pois se lembrava daquela bandinha de garotas do colegial com o nome da cidade em questão, ao se lembrar da banda (que ele tanto odeia) ele automaticamente se lembrava das vozes gritando em coro "Aitakattaaaa...". Ele pensava "se a Luka queria me deixar de mau humor antes mesmo de conversarmos ela conseguiu"

Chegando ao encontro de Luka ele já logo disse:

–Bom dia, minha donzela. Está tão linda hoje

Gakupo sempre elogiava a beleza dela quando sabia que Luka estava zangada. Mas a moça nunca caia. Luka respirou fundo e não fez muitos rodeios, foi direto ao ponto disse palavras que o Gakupo não queria ouvir.

De noite, Kaito e Gakupo estavam trabalhando normalmente, Gakupo nem tanto, estava com as palavras de Luka ecoando na sua cabeça, naquela hora ele queria o "Aitakattaaaaa..." martelando na sua mente. Kaito por outro lado estava de bom humor, pois ia tomar umas cervejas no sábado, ele nunca foi de beber muito, mas não poderia recusar um convite de seu grande amigo. Além dele ter percebido a tristeza nos olhos de Gakupo. Levá-lo pra tomar uns drinques na casa do Len seria uma boa pedida. Ao nascer o dia, no final do expediente, Gakupo aceitou o convite do colega. Um pouco sem vontade, pois estava triste e não gostava de ir na casa de estranhos, ainda mais um rapaz 9 anos mais novo que ele, mas Kaito dissera que o Len é gente fina e nada imaturo.

Gakupo então resolveu desabafar com o Kaito.

–Eu tive uma conversa com a minha namorada hoje cedo

–Legal.

–Legal? Foi horrível.

–Vocês brigaram?

–Mais do que isso. Ela pediu para que sejamos apenas amigos

Kaito, que sabia muito bem que a frase "sejamos apenas amigos" é um jeito educado e suave de terminar a relação, resolveu dizer:

–Sei como é terminar um relacionamento com uma garota que você ama muito, das vezes que você me falava de sua namorada, elogiava ela tanto. Não faz muito tempo que eu terminei com a minha ex

–Ela disse que você era esquisito e fazia ela passar vergonha?

Naquele momento Kaito passou a entender o que a namorada dele sentia. Várias vezes, quando voltavam pra casa (Gakupo e Kaito moravam perto um do outro), Gakupo deixara o rapaz envergonhado, imaginava-se no lugar de Luka, que tinha que aguentar ficar com ele... Gakupo prosseguiu:

–Luka, disse que queria ficar com um homem normal, pois ninguém mais a levava a sério, apenas a sua melhor amiga .Acho que você já viu ela, é uma que sempre dá um jeito de aparecer no bar.

–Mas nada que não possa ser mudado em você. O meu relacionamento terminou pois não havia mais jeito.

–Como foi isso, Kaito?

–Cara não gosto nem de falar no assunto pra não ficar me lembrando. Mas já que estamos nessa "partilha de tristezas" e pior do que estamos com certeza não vai ficar, eu te conto. O pai dela era um controlador, não queria que eu e a Miku ficássemos juntos.

–Miku é o nome da sua namorada?

–EX namorada. Enfatizou Kaito com um azedume na voz

–Essa ênfase que você deu ao "ex" é porque você já se acomodou com o término, mas disse com um tom tão revoltado... Se eu fosse você teria deixado de ser bundão fugido com a garota que nem eu fiz com a Luka.

–É doido é? A Miku tem só 17 anos! O pai dela poderia até chamar a polícia se eu fizesse isso. A Luka tem a minha idade se eu não me engano

– Tem razão. Mas não se preocupe, você supera.

–Valeu, cara.

No sábado Len estava animado pois receberia o seu grande amigo Kaito, comprou umas cervejas de qualidade e uns petiscos. Prometeu a si mesmo que não tocaria no assunto "Miku Hatsune" de jeito nenhum, Kaito deveria esquecer de vez daquela garotinha que o fez sofrer bastante segundo a Rin. Esta por sua vez tentou fazer Kaito e Miku voltarem, mas Len disse pra ela não se meter pois seria ruim pra ela e pro casal. Se não é pros dois ficarem juntos, não tem porque mudar o destino. Sem contar que a Miku nunca fez nada pra mudar o relacionamento além de chorar igual uma guria retardada enquanto Kaito fazia de tudo pra ter ela em seus braços. Pensar naquilo deixava Len com uma ânsia de vômito. Eis que a campainha tocou. Len foi atender, eram Kaito e Gakupo. A ânsia se foi de vez e a alegria tomou conta do rosto de Len