Angel Dark escrita por Hana


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Vida dupla



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/413222/chapter/1

Cinco minutos. Podem significar mais do que muitos imaginam. Nem eu imaginava como poderia durar tanto. Eu estava perdida em pensamentos enquanto meu olhar continuava fixo nos ponteiros do relógio a minha frente assim como estivera durante há última meia hora. Esperava ansiosamente que o tempo passasse logo para encerrar finalmente meu “ótimo” expediente. Não que eu não goste do meu trabalho, muito diferente disso. Exercer a profissão no rumo da medicina é algo bom, você ajuda vidas e tal... Mas francamente falando, estar três dias sem dormir, sem comer alguma refeição descente, enfrentando cirurgias e pessoas chatas, em um plantão de sexta à noite exatamente 01h55m não é um bom momento para discutirmos sobre o lado ruim da vida. A última coisa legal que me lembro de ter feito foi comprar um café grande na lanchonete da esquina do hospital em que trabalho, durante meus míseros trinta minutos de almoço antes da próxima cirurgia, e ganhar um pequeno de brinde junto com duas balas de canela com menta, um novo sabor ainda em fase de teste.

Estou na minha sala de trabalho totalmente entediada sem nada pra fazer. Ainda bem que não tem espelhos aqui, pois se tivesse, minha frustração seria repelida e eu passaria o tempo me encarando como uma criança de seis anos. O cômodo branco com muitos detalhes em verde claro dava um misto de animo e conforto ao ambiente, ao menos isso, pois todos os prédios já tinham um clima deprimente com tudo branco cheirando a naftalina e hortelã, o novo produto de limpeza. O silêncio, doce silêncio, é a melhor coisa aqui, já que a maioria do meu tempo eu passo dando ordens às pessoas, ou ouvindo reclamações dos familiares dos meus pacientes. Esse é o momento em que eu penso realmente que se soubesse que teria que lidar com tudo isso, teria mesmo seguido com essa loucura. E como médica, eu não podia mesmo que quisesse (e olha que vontade é o que não falta) me dar ao luxo de discutir com pessoas revoltadas, muito menos socá-las da forma como queria. Ali naquele silêncio, sem gritos, choradeiras, rezas e tudo mais, eu podia sentir como se a paz em pessoa estivesse ali. O clima quente de verão fazia com que o lugar, por mais que as janelas estivessem abertas, ficasse abafado e sem ventilação. O que realmente é um fato estranho, pois tenho quatro ventiladores ligados fora o ar condicionado.

A minha frente tenho uma grande mesa de vidro, cheia até demasiadamente de fichas médicas, que exigiram a minha atenção durante quase a noite inteira. Minha cabeça já doía de ter que forçar a memória para lembrar o nome de todos os pacientes que atendi, em apenas algumas horas. Desse jeito daqui a poucos anos, nem lembrarei meu nome direito. São fichas padrão, todas têm prontuários médicos, com relatórios de todas as cirurgias, os remédios e todos os horários que deveriam ser medicados os pacientes. Coisa que eu não me importava nem um pouco naquele momento. Quando eu assumia um paciente como meu, se claro a família concordasse e aceitasse meus métodos, o paciente não tardará a voltar para sua casa esbanjando saúde. Em toda minha curta porem desgastante vida profissional como médica, são raros os pacientes em óbito e cirurgias que deram errado. A única neste ano ao que me lembro, foi um bêbado que provocou um acidente de carro matando um casal de recém casados, que pelo visto acabavam de sair da igreja. Ele ficou preso entre as placas de metal amassado que um dia foi um carro, bateu a cabeça e teve um profundo ferimento no pulmão. Tive que realizar várias cirurgias nele, e com todas finalizadas o individua entrou em coma por cinco dias antes de falecer. Como médica fui à família, que mesmo com toda a desgraça que ele causara estavam chorando, rezando e torcendo por ele, e disse a verdade. Os consolei e me despedi. No entanto, como pessoa eu estava feliz (e muito) que uma pessoa tão imprestável tenha ido direto pro inferno. Mesmo morrendo, matou uma família e deixou uma divida enorme para sua família pagar, de dívidas e de medicamentos caros que ele precisou durante os poucos dias que ficou na UTI. À pessoas neste mundo que realmente não mereciam viver, ele era uma delas.

Bocejei de tédio, sono e cansaço ao mesmo tempo, e como um ato involuntário tive que me esticar na cadeira e deitar minha cabeça dolorida nos meus braços cansados que acabara que apoiar na mesa, no processo amassando uma ficha, ou duas (ou todas) que deveriam ser entregues sem rasuras manchas ou riscos. E assim, como se o tempo tivesse parado, olho para o relógio num último ato de desespero e para minha felicidade (ou não) agora só faltam 4 minutos. Fecho os olhos calmamente e fico a meditar, o silêncio é tanto que até ouço o irritante tic-tac do relógio que deveria ser silencioso. Tamanho o meu stress, abro os olhos novamente e me levanto da cadeira com a intenção de pega-lo, e joga-lo pela janela, mas paro no meio do caminho onde avisto a minha bolsa em cima da mesa. O que eu sinto além de desgosto por ela estar toda bagunçada? Fome, lógico, meu último café foi a pelo menos quatro horas, e minha vontade era de comer não só os papeis de bala que estavam na minha bolsa, mas a bolsa inteira. Ainda com minha pouca esperança de que haja algo para comer, eu vou até ela e a vasculho inteira, me deprimindo ainda mais por não encontrar nada comestível.

Então eu chego a simples conclusão de que ninguém vai perceber se eu sair três minutos mais cedo, e já animada com a idéia pego rapidamente todas as fichas já assinadas e coloco-as desajeitada mente em uma pasta, deixando-a do lado da minha bolsa. Meu celular vibra no bolso do meu jaleco, e eu achando ser algo importante o pego e vejo a nova mensagem. Claro, em momentos assim nunca vai ser algo importante! Só mais uma oferta da operadora. Minha vontade foi de pela segunda vez no dia, querer tacar algo pela janela, mas minha porta sendo aberta rapidamente sem nenhum aviso, e de lá uma cabeleira castanha extremamente cansada e ofegante me fez voltar à sanidade mental razoável. Podia não estar perto, mas quase sentia seu coração bater desgovernada mente pela forma como parece que essa garota correu.

- Sakura, é uma emergência! – também se não fosse, agora seria por entrar na minha sala sem bater antes – É um garoto de seis anos vitima de um acidente de carro. O médico responsável pelo plantão das três, já esta chegando, no entanto temos que fazer alguma coisa, a criança está perdendo muito sangue e a qualquer hora pode ter uma parada fulminante.

E lá vou eu que nem uma louca pra mais uma cirurgia que nem é minha ainda por cima. Antes que Yori terminasse de falar, eu já estava saindo da minha sala para a emergência as pressas. Ela veio atrás de mim falando as coisas inúteis que eu não precisava saber, enquanto nós duas corríamos no hospital pedindo licença, esbarrando nas pessoas e ouvindo resmungos e xingamentos alheios.  O pronto socorro ficava no primeiro andar, e minha sala se localiza no quinto andar onde é a pediatria. Mesmo correndo e mesmo tendo em mente mais de mil e uma coisas, eu ouvi vários gritos no corredor paralelo ao que nós estávamos. Agora vamos pensar comigo, aquela altura já deveríamos estar na maternidade, uma ala que provavelmente deveria ser calma e tranqüila. E de repente do nada eu vejo uma mulher e um homem com um bebê no colo correndo feito doidos dos seguranças que estavam a uma considerável distancia. Nem um pouco suspeito, não é?

Na hora eu empurrei Yori para o lado (para que não fosse atropelada pelas pessoas que estavam correndo), esperei o homem passar e interditei o corredor. Eu imaginei que naturalmente o bebê deveria estar com a mulher, mas muito contrário disso ele estava nos braços do homem, que ao ver que provavelmente sua companheira seria pega, deu no pé. Por outro lado à mulher de uns vinte e poucos anos paralisou ao me ver, talvez menosprezando minha força tentou passar por mim. Acertei-lhe um soco bem nas costelas deixando-a atordoada e sem ar por alguns segundos, que eu aproveitei para socar seu rosto, prender suas mãos, joga-la no chão e imobiliza-la sentando em cima de suas costas. Foi o tempo perfeito para os seguranças chegarem até nós.

Doutora, a senhorita está bem?

Estou. Vocês três vão por ali e virem à direita, interceptando as escadas e o elevador. Vocês dois fiquem na cola do seqüestrador, na certa tentará fugir pela saída de emergência, e você pegue ela e ligue pra policia. Empresta-me isso aqui. Vamos!

Sakura e a cirurgia? – Yori gritou meio assustada com tudo aquilo.

Eu já vou indo, me de três minutos. Vá preparando tudo.

Sim eu estava dando ordens para os seguranças como se isso fosse um jogo de xadrez e montássemos uma estratégia que na minha cabeça daria certo. Eles não discutiram apenas fizeram exatamente o que eu pedi e me ajudaram a levantar. Como clinica geral, pediatra e cirurgiã todos ficaram preocupados em me ver em algo tão perigoso, era uma das poucas médicas neste hospital, que assim como todos os outros tem pouquíssimos médicos e muitos enfermeiros incompetentes. Yori correu para o elevador e foi para a sala de cirurgia, só torcia para que os enfermeiros não matassem o garoto antes de eu resolver este problema. O que eu pedi emprestado ao segurança que ficou pra trás para segurar a seqüestradora foi seu rádio comunicador, e com isso já tinha informado a todos os outros seguranças para bloquearem as saídas. Após todos se dividirem eu fiquei bloqueando um corredor por um tempo, e vi a exata hora que o homem passou com o bebê que estava chorando feito um condenado. As pessoas não entendiam o que se passava e dificultaram muito minha passagem. Para que isso não acontecesse de novo dei outro alerta geral para que isolassem um pouco os corredores. Até que em um momento eu me vi cara a cara com o seqüestrador.

Bebê em uma mão, faca em outra. Confesso que eu não sabia ao certo o que fazer, qualquer coisa que pensasse colocaria o bebe em perigo, mas alguma coisa devia ser feita. Ele tentou correr e eu corri atrás dele, após virar em um corredor e decidir ir por outro consegui chegar perto o suficiente e me jogar no chão empurrando seus pés para frente, e o fazendo cair. Péssimo plano já que ele caiu em cima de mim, mas eu o empurrei e consegui chuta-lo nos países baixos, pegando a criança na mesma hora. Afastei-me dele e quando o mesmo tentou levantar já era tarde, os seguranças o tinham pegado e ao que parece a policia também. Surpreendi-me com a rapidez deles, mas considerando tudo que Yori disse que houve uma batida de carro e um garoto (que deveria estar sendo operado mais o médico ficou preso em um engarrafamento, e sendo eu a única idiota responsável e capaz de fazer alguma coisa que estava disponível fui solicitada pra não deixar que os enfermeiros matassem o paciente, antes de o médico chegar) conseguiu ser resgatado, é óbvio que já tinha policias aqui, tudo que precisaram fazer foi pegar o elevador, o que explica tudo.

Entreguei o bebê, que era uma menina julgando pela cor da manta, ao policial responsável, e tratei logo de explicar que tinha uma cirurgia urgente. Os seguranças agradeceram à ajuda e se preocuparam com meu pequeno corte na mão, que foi feito quando peguei o bebê e levei uma facada de presente. Eu agradeci a preocupação, e voltei a correr pra onde eu deveria estar a muito tempo. Quando cheguei na sala antes da cirurgia Yori já me esperava atônica, desesperada e preocupada com meu ferimento. Coloquei a roupa especial o mais rápido que consegui junto com a máscara a touca e muitas outras coisas. A criatura ainda queria cuidar da minha mão, mas eu prometi a ela que faria isso depois da cirurgia. Até aquele momento eu estava bem, digo pelo menos eu achava isso. Ao entrar naquela sala e ver uma criança sendo operada por aquele bando de irresponsáveis, tive quase um troço.

O que acha que está fazendo Karin?

Operando o paciente.

Está o matando. – falei calmamente enquanto checava seus batimentos cardíacos.

Não estou na_

Nem precisou completar a frase e o paciente, a pobre vitima disso tudo, começou a ter uma parada fulminante. Não preciso dizer que todos aqueles amadores, estagiários que nem sabiam o que estavam fazendo ali, ficaram uns olhando pros outros enquanto o garoto morria.

Faça alguma coisa!

Eu? Não é minha operação, é sua, se ele morrer você vai presa por operar um paciente sem estar autorizada para isso.

Opere-o Doutora Haruno, pelo amor de Deus!!

Nada que um pouco de pressão psicológica não resolva os problemas, não é mesmo? Após ela ter dito as palavras mágicas, eu a empurrei pra trás junto com todos os outros idiotas e tomei a frente naquilo. Nada que eu pensava em fazer daria certo naquelas circunstâncias. Peguei os equipamentos e junto com os enfermeiros estabilizei os batimentos cardíacos com uma descarga elétrica. Quando tive certeza que seu coração não voltaria a falhar, continuei com a cirurgia que deveria ser feita. A essa altura todos já haviam sido expulsos da sala aos pontapés por Yori, e quando menos esperei o médico responsável apareceu para me ajudar a terminar a operação. Depois que terminou, eu tive certeza que tudo foi um sucesso (apesar do começo errado) e que o garoto sobreviveria. Yori já tinha se encarregado pessoalmente de se livrar dos meus relatórios e qualquer outro “imprevisto” que acontecesse. Nem preciso dizer que se meu humor naturalmente não é nada bom, agora então ele estava péssimo de vez. Naquela rotina daqui a pouco eu é quem precisaria de um médico.

Minha vontade era ir pra minha sala, pegar as minhas coisas e sair dali antes que sobrasse mais alguma coisa pra minha pobre alma fazer. Mas Yori prevendo alguma catástrofe fez o favor de fazer isso por mim. Enquanto isso Gaara, meu amigo que foi o responsável pela cirurgia, vendo o meu péssimo estado fez questão que eu esperasse em sua sala. Mal acabei de sentar e uma enfermeira já veio buscá-lo para outra “emergência” Fiquei ali encarando o vácuo por alguns minutos até que tive uma vontade absurda de dormir. Eu resistiria, mas estava tão cansada que fechei os olhos e tentei meditar. Nem precisou tanto pra eu pegar no sono, sentada mesmo, e acordar minutos depois ao ouvir a porta sendo aberta, e por ali passar a figura sorridente de Gaara. Ele sentou-se ao meu lado e começou a enfaixar minha mão com o corte recente, que aquela altura do campeonato já tinha até me esquecido dele.

Você está péssima Sakura.

Estaria melhor se este hospital não estivesse abusando da minha boa vontade. Mas, pelo menos você parece bem melhor do que eu. Como vai a Ino, soube que ela está grávida.

Ela vai bem, um pouco alterada pela gravidez, e com uns desejos sinistros.

Já? Ela só tem três meses e já começou com isso. Coitado de você meu amigo, não sei se vai sobreviver até o parto. Sempre tive curiosidade em relação a isso, que tipo de coisas ela come?

Arroz e morangos, mel e chocolate, abacaxi com limão, e por ai vai. Hoje ela quis comer frango com molho mexicano sem pimenta. Posso com uma coisa dessas? O molho mexicano são tomates e pimenta, não querendo pimenta nós poderíamos ter jantado em qualquer restaurante e não demorar uma hora pra ir num lugar mexicano comer molho de tomate.

Antes que ele continuasse a contar mais sobre minha amiguinha e seus ataques de TPM Yori entrou na sala com a minha bolsa, uma pasta com mais relatórios e um café. Só com meu olhar despedi-me de Gaara encorajando-o a ter coragem nesses tempos dificíes. Ela me acompanhou saltitante falando sobre muitas coisas que eu não estava interessada em saber, mas como sua amiga a ouvi amigavelmente. Enquanto eu degustava meu café, Yori que fez questão de levar as minhas coisas continuava com seu relato de como Gaara era um médico exemplar carinhoso atencioso e incrível. Cheguei a ficar com pena dela, por gostar de alguém que já é casado com a mulher que ama, e logo terá uma família. Sendo Ino, também minha amiga. Quando chegamos ao térreo, peguei minhas coisas e me despedi dela, dizendo que não precisava me acompanhar até o carro. No mesmo momento outra enfermeira a abordou, dizendo que um de seus pacientes já estava na hora de receber outra dose de medicamentos.

Sai pela porta principal do hospital, e andei por todo o estacionamento a procura do meu carro. Embora estivesse lotado, tudo estava totalmente vazio, e a má iluminação fazia com que o lugar se tornasse algo deserto e abandonado. Em meio uma multidão de carros, olhando dinamicamente acho o meu, bem camuflado, como se tirasse uma com a minha cara pelos incontáveis minutos que ficará ali, a deriva para achá-lo. Claro, pessoas normais geralmente lembram onde estacionam seus carros, mas vai por mim, quando você levanta ás seis da madrugada não come direito e tem uma rotina amigável como a minha mais um plantão, você vai se esquecer até o seu próprio nome, então tecnicamente eu estou bem, por enquanto. Após entrar no carro e fechar a porta, o doce silêncio encantou meus ouvidos e me convidou a tentar tirar outra soneca, depois da última frustrada tentativa. É tentadora a oferta, mas não forte o suficiente para me fazer dormir no banco do meu carro no estacionamento do hospital, quando posso chegar em casa e descansar da forma como mereço.

Troquei os saltos brancos que usava por uma simples sapatilha, que estava jogava sobre o banco de carona, tal como a deixei pela manhã quando viera ao trabalho. Coloquei os cintos, e antes de dar partida no carro conferi no meu relógio de pulso que horas eram. 3h22m. “Com certeza deveria receber hora extra por trabalhar no período dos outros” – pensei ironicamente enquanto tentava me desfazer da minha raiva que com certeza não mudaria muita coisa, e dirigir calmamente para fora daquele lugar. Antes de sair do estacionamento noto uma nova ambulância chegando ao hospital com as sirenes ligadas indicando ser uma emergência, mas não dou importância alguma a ela. Afinal, sendo um pequeno acidente de cozinha, uma batida no trânsito ou um sobrevivente de um incêndio, já não é mais problema meu, é responsabilidade dos outros médicos do plantão da madrugada que estão sendo pagos para isso.

Fiz coisas rotineiras que sempre faço, como xingar mentalmente o farol quando ele fica vermelho segundos antes de você atravessar e em seguida pisar do acelerador se recusando a esperar alguns minutos pro farol ficar verde novamente, buzinar para os gatos e ver as diferentes reações deles, pensar mesmo que por alguns segundos que vi o Batman, e coisa e tal. Quando cheguei em casa, após guardar o carro na garagem e trancar a porta a primeira coisa que eu fiz foi me jogar no sofá, depois de ligar o abajur que estava sobre uma mesinha junto com o telefone e de jogar as minhas coisas na mesa encontrada no centro da sala com um lindos vaso de flores posto em cima dele ao lado de algumas revistas.

Eu podia ter o trabalho de carregar o meu corpo cansado até o meu quarto, mas o sofá já estava de bom tamanho para eu recarregar as energias que estavam em falta. Não sei ao certo quando tempo fiquei ali, ou por quantos minutos consegui cochilar um pouco. Mas tudo o que senti após ser acordada com o maldito toque do meu celular – que eu deveria ter desligado – foi ter a certeza de que mataria quem estivesse ligando. Bastou ver estampado no visor do meu celular Sasori, que recusei a ligação. Esta era uma pessoa que conseguia o que queria, e eu sabia que as coisas não terminariam ai. Tem um gênio ruim, mas na maioria das vezes esta sempre alegre. Sem me preocupar mais com isso, tentei voltar a dormir. Tentativa inútil, pois nem cinco minutos depois da ligação, a minha porta foi aberta, e por ela passou aquela cabeleira ruiva que parecia um pouco indignada. Sem cerimônia alguma, ele sentou no sofá como se fosse a casa dele, e ficou me encarando ironicamente quando enfim descobriu que eu não falaria nada.

Então, não irá falar nada? ~não~

Eu sei que você conseguiu.

Como?

Se não tivesse conseguido não estaria na minha frente, pois sabe que te castraria se isso acontecesse.

Você deveria melhor seu senso de humor, Sakura.

Bocejei como uma criança entediada, e sai xingando Sasori mentalmente enquanto me arrastava até o meu quarto, que diferente do que se pode pensar é simples amplo e acolhedor. Troquei minhas roupas claras, por escuras e discretas, uma calça jeans, uma blusa de alçinhas e botas. Ao voltar pra sala já mantinha um semblante um pouco menos sonolento e mais ameaçador do que o normal, já que geralmente eu tenho um bom humor na presença das outras pessoas. Encontrei um Sasori embriagado deitado no meu sofá abraçado a uma garrafa tradicional de Bourbon. Como estava com fome mesmo, fui até ele e tirei seu brinquedinho favorito recebendo uma cara feia como resposta. Talvez alguém responsável tire uma bebida de um amigo que vai dirigir, e jogue na pia ou devolva ao armário, mas como eu não era nem um pouco responsável, mesmo sabendo que ia dirigir eu me encarreguei de terminar o resto da garrafa. E ironicamente, Sasori me advertiu.

Não beba tanto Sakura, tem que estar sóbria para apagar os tira.

Olha só quem fala.

Com tantos anos de convivência comigo (sem ser morto acidentalmente) ele já deveria saber que nunca aceitei sermões de ninguém. Dei tempo a ele para se recuperar do álcool, enquanto pegava algumas armas de porte pequeno e médio no fundo falso atrás da porta. Coloquei meu sobre tudo preto que estava jogado sobre um dos sofás, Sasori apagou as luzes, e lá estávamos nós dois, um olhando pra cara do outro na frente da minha porta.

Temos o nosso curso?

Boat na Avenida Principal.

Qual era o combinado?

O informante dá as informações a cada dez minutos, segundo ele o alvo ainda está lá, temos alguns minutos ainda.

Vamos no seu carro, ou no meu?

Espaço é o que sempre falta, amigo.

Diferente de quando voltei pra casa com meu carro simples sem chamar muita atenção, o veículo que eu peguei para sair era meu outro carro estacionado estrategicamente ao lado do outro atrás de casa perto da piscina. Após sair na rua já avistei Sasori com uma BMW preta idêntica a minha, quando percebi que ele estava atrás de mim, pisei fundo no acelerador, convidando meu amigo calorosamente a uma corrida pra ver quem era o mais rápido. Sem pensar duas vezes ele aceitou, e com essa pequena diversão extra chegamos rapidamente na boat que o informante havia descrito. Estacionamos separo um do outro, e esperamos nosso alvo aparecer. Demorou cerca de uns quinze minutos para um homem sair pela porta dos fundos totalmente bêbado, mais pra lá do que pra cá, sem o terno e provavelmente sem a carteira, junto de duas prostitutas num estado tão deplorável como o dele. Quando iam entrar no carro, vi Sasori apagar todos rapidamente, sem fazer barulho para não chamar atenção das pessoas. Tem três coisas que me orgulho no meu parceiro de trabalho, 1º seu senso de humor, 2º sua ironia, 3º seu rifle semi automático com silenciador.

Sai do carro em questão de segundos, quando percebi que um tiro pegou apenas de raspão no ombro da pessoa, e uma das mulheres não estava tão morta como deveria, terminei o serviço com minha pistola. Sasori também chegou ao lugar e foi verificar os sinais vitais do alvo, pelos gestos que fez com ambas as mãos pude concluir que ele estava morto mesmo. Enquanto eu guardava o cara no meu porta malas, Sasori pagava o informante que teve grande participação em tudo. Ao primeiro sinal de pessoas vindo naquela direção todos já tinham desaparecido do lugar, ficando apenas as duas mulheres mortas que a policia talvez nunca descobrisse o que de fato desencadeou suas mortes. Oras, eu digo. Estar no lugar errado, na hora errada, com a companhia errada.

Já estava acostumada a essa rotina. Eu não mato pessoas inocentes, varro a sujeira do chão, que por sinal vale muito dinheiro no mercado negro. Enquanto nos mandávamos de lá, eu revirava um monte de papéis, alguns tendo um grande X na foto das pessoas. Abri o porta luvas onde tinha alguns energéticos, e tomei uma garrafa em menos de um minuto. Abri o vidro do carro, estando alinhado ao carro de Sasori, e falei alto para que ele ouvisse.

Qual é o próximo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olha só quem tá de volta. Aee titia Hana voltou! Bem, primeiramente eu não sei o que dizer. Exclui a fic porque ela precisava ser reescrita e melhorada. E, francamente lamento muito por isso. Como sabem não sou muito conhecida por minha pontualidade. Mas, sigamos os conselhos da sábia Kéfera, "antes tarde do que mais tarde".
* E pra quem tá acompanhando cursed dreams, o próximo capitulo já ta pronto só não revisei ainda. Posto nessa semana com certeza.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angel Dark" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.