Casamento De Cristal escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 1
One-Shot


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Essa história é uma fic de um livro nacional maravilhoso! Eu conheço a autora e consegui convencê-la e me contar uns extra sobre a trilogia e acabei me apaixonando completamente pelo casal Cien/Ailyn. Como eu sei que nunca vai acontecer, essa é uma fic sobre como eu acho que foi uma parte muitíssimo importante da vida da Ailyn: o casamento dela com Edwin, depois de Cien ter sido banido. Sei que é pouco, mas é o que tem por enquanto :D
A história se passa um ano depois das Sete Irmãs Originais terem banido Cien para o Inferno.

PS: Se você não leu o livro ainda, vá lê-lo é muito legal!



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Estavam no meio do verão e fazia um dia tão abafado era que como se o ar pretendesse sufocar a todos, escondendo uma chuva há muito esperada. As flores pareciam bonitas fora da casa de madeira, e pequenas borboletas pousavam nelas o tempo todo no que parecia uma brincadeira de pega-pega. Ailyn podia ouvir o riso das crianças se divertindo no rio não muito longe dali, tentando talvez acabar com o calor.

Não havia uma nuvem sequer no céu, e talvez fizesse o que muitos considerariam um dia bonito. Mas não era assim que Ailyn se sentia. Para ela aquele era um dia triste, independente de como o clima estava.

Estava trancada dentro de seu próprio quarto, olhando pela janela enquanto deixava que suas irmãs Leslie e Sophia a ajudasse com o vestido branco de casamento.

Agora que olhava para Leslie, que estava ajoelhada enquanto terminava de arruma sua saia, podia ver as gotas de suor em sua testa, e foi só então que percebeu como estava quente dentro do quarto. Estava tão alheia ao resto do mundo, que não se atentara ao fato.

Levou a mão ao cristal pendendo em seu pescoço, como fizera várias vezes ao logo daquele último ano, ansiando desesperadamente que houvesse qualquer mudança nele. Voltou a olhar pela janela, seus olhos encontrando automaticamente a pedra na frente da Grande Casa.

Suspirou tristemente.

– Acabei. – disse Leslie levantando-se com os braços cruzados, admirando a irmã, os cabelos ruivos meio bagunçados, mas um sorriso satisfeito em seu rosto.

Ailyn virou-se, fazendo o vestido rodopiar e raspar o chão levemente, olhando-se no espelho e tentando forçar um sorriso, mas sem conseguir.

– Tu fizeste um bom trabalho, irmã. Tu também, Sophia – acrescentou ao ver a irmã mais nova, com os cabelos também ruivos e arrepiados, parando atrás de si no espelho.

E não mentia. As irmãs tinham feito um vestido branco maravilhoso, que parecia quase brilhar. Não era muito exagerado, correndo junto ao corpo bonito de Ailyn sem precisar de nada para sustentá-lo, e com algumas pedras azuis bordadas ricamente por Mila, outra irmã dela, perto dos ombros, fazendo parecer talvez que Ailyn chorara e suas lágrimas haviam ficado paradas ali.

Ou será que era ela que estava apenas triste demais e todo lhe soava melancólico e trágico?

Não saberia dizer.

Foi nesse momento que a porta rustica se abriu com um rangido terrível, deixando Mila entrar, e fazendo suas três irmãs viraram em sua direção rapidamente.

– Saí vós duas – disse, andando elegantemente até onde elas estavam. – Tenho que falar sozinha com Ailyn.

Por um momento pareceu que Sophia fosse protestar, mas Leslie pegou-lhe o braço e a arrastou para fora.

– Só não vós atraseis. – Leslie disse, já à porta – Vós sabes que não é bom uma noiva atrasar em seu casamento.

­– Não vou precisar de muito tempo, irmã. – Mila disse, séria. – Tenho certeza que Edwin pode esperar.

– Sim, Edwin pode esperar.

Leslie não disse mais nada, e saiu do quarto na companhia de Sophia.

– Edwin já esperou um ano. – Mila disse agora se virando para Ailyn. – E tenho certeza de que teu noivo esperaria pela eternidade por ti. ­– Sorriu docemente então, pegando as mãos da irmã. – Estás tão linda!

Ailyn não disse nada. Apenas deixou que Mila a colocasse sentada e começasse a pentear seus cabelos ruivos, prendendo-os com uma espécie de grampo decorado com bonitas pedrinhas.

– Mamãe me deu quando eu me casei. – Mila disse. – Contou-me que fora vovó Morgie quem lhe dera. Considerando de que era, deve ter alguma magia, e tu talvez precises de uma força extra.

– Obrigada, Mila.

Mas Ailyn saiba que a irmã não estava ali para simplesmente lhe entregar o grampo ou fazer-lhe um penteado bonito no cabelo. Conhecia Mila o bastante para saber que não teria se incomodado em aparecer ali se não fosse importante.

Colocou Ailyn de pé novamente, então, segurando-lhe as mãos novamente e suspirando.

– Tu és a noiva mais bonita que já vi. Mais bonita do que Ivana, Leslie ou eu mesma – Encarou-a por um tempo, enquanto deixava que seu sorriso sumisse no rosto. – Sorrias. Sei no que estás pensando, mas tens que esquecê-lo – Mila agora olhava fixamente para o cristal no pescoço de Ailyn. – Acabou. Cien representa tudo o que tu não deves querer.

– Eu o traí. Ele confiou em mim. Viste o rosto dele quando me viu fazendo o feitiço? Não há um dia em que não pense nele…

– Tu fizeste a coisa certa – Mila disse firmemente. – Se não o tivesse feito Cien teria matado milhares.

– E se o bem e o mal não existirem?

– Começo a me perguntar de que lado tu estás. Não acredito que possas pensar uma coisa essas! E mesmo que não eles existirem, tu não és tola a ponto de achar que matar pessoas e controlar a todos seja uma coisa correta.

Ailyn suspirou, sabendo que a irmã tinha razão.

– Tu fizeste a coisa certa – Mila repetiu, mas agora Ailyn sabia que ela se referia a Edwin. – Teu noivo é um homem certo, bonito e está apaixonado por ti. Devias pelo menos sorrir para ele, e se não o estiver, finja que esse casamento te agrada tanto quanto a todos da aldeia – Mila a encarava seriamente. – Eu também não amava Grant quando me casei com ele. Vê agora! Alisha tem quase um ano e… – ela levou a mão de Ailyn até a própria barriga, onde a mais nova sentiu uma saliência por baixa das roupas largas. – Não sangro há quase três meses. Talvez esteja esperado mais um bebê. – Ela anunciou sorridente.

– Isso é… maravilhoso, irmã. – Ailyn exclamou, forçando um sorriso que soou falso, mas Mila não pareceu perceber.

– Sim… – Ela acariciou a própria barriga. – Só não contes a ninguém. Não disse nem a Grant ainda.

Ailyn concordou silenciosamente, e Mila ainda olhou-a por um tempo.

– Vou esperar lá fora. Acho que tu precisas de um tempo sozinha. Mas não demores demais. Já fizeste Edwin esperar muito por ti. – Mila dirigiu-se a porta, mas parou um momento antes de sair – Sorrias. – Aconselhou.

No momento em que a porta bateu atrás de Mila, Ailyn desmoronou na cadeira em que antes estava sentada, escondendo o rosto dentre as mãos.

Como podia continuar com aquela mentira? Como podia casar com Edwin se continuava tão apaixonada por Cien, mesmo que tivessem se passado mais de um ano desde que ela e as irmãs o haviam banido para o Inferno?

Cien era cruel, é verdade, e ele lhe contara pessoalmente seus planos, mas seu coração era tolo, e Ailyn continuara apaixonada por um homem que jazia perdido nas profundezas do Inferno.

E havia Edwin. Edwin era gentil, bonito e estava apaixonado por ela, nisso Mila estava certa, mas o que faria com aquele seu coração que insistia em uma relação que não tinha chance de dar certo?

A ruiva tocou novamente o colar de cristal, ansiosa, indecisa e querendo simplesmente que aquele momento acabasse.

Ela nunca soube quanto tempo ficou ali exatamente, mas por fim obrigou seus pés a levarem-na até fora da casa e de lá até o campo livre atrás da Grande Casa, que normalmente era usado para se treinar, tanto com magia como com armas, mas onde uma parte daquilo tudo fora reservado para o casamento de Ailyn e Edwin.

Várias pessoas estavam reunidas ali, toda a sua família estava ali, as pessoas que conhecia, e até algumas que já vira na aldeia, mas que não fazia ideia de quem eram.

Eu sou Ailyn de Dracheroter, filha de Sarah, neta de Morgana das Fadas e do grande feiticeiro Merlin, ela repetia sem parar mentalmente. E eu consigo dar alguns passos e dizer algumas palavras.

Mas não era tão simples assim, como ela logo foi descobrir. Quando todos se viraram para olhá-la, Ailyn simplesmente travou e tudo o que podia ouvir e sentir era o coração latejando em suas veias com toda força.

Edwin a esperava perto de sua avó Morgana, e naquele momento a vira, sorrindo alegremente para ela.

Ailyn andou até eles devagar, finalmente obrigando os pés a andar e implorando para os joelhos não lhe falharem, tentando manter os braços relaxados ao lado do corpo.

Finalmente parou de frente a Edwin, que tomou-lhe as mãos suadas pelo nervosismo e ambos olharam para a já velha Morgana, que sorriu para os dois e começou seu discurso sobre a união deles, mas tudo parecia chegar distorcido a Ailyn, e foi mecanicamente que ela colocou a coroa de folhas na cabeça de Edwin e sentiu ele colocar a coroa de flores na sua. Finalmente compreendeu as últimas palavras de Morgana, ditas em uma voz alta para que todos pudessem ouvir:

– E então eu agora, perante os deuses novos e antigos, torno-os uma só alma, unida pela eternidade.

Todos aplaudiram quando Edwin avançou para um beijo casto em seus lábios e Morgana fez um pequeno feitiço rodar os dois, em um ato simbólico que representava que suas almas estavam amarras juntas para sempre.

Ailyn sentiu-se podre quando se pegou imaginando que Edwin era na verdade Cien.

Sentiu quando todos começaram a jogar pétalas de flores neles, e toda a multidão se reuniu em volta deles. Ailyn só podia sentir a mão de Edwin segurando a sua com firmeza e seu coração com um pequeno passarinho em seu peito, voando desesperando por todos os lados e fazendo-o bater descontroladamente.

Não acreditava que de fato fizera aquilo. Não acreditava que estava assim, tão de repente casada com Edwin. Apenas forçou-se a colocar um sorriso no rosto e continuar andando pela multidão que parecia animada e feliz com o casamento deles.

Alguém começou a tocar uma flauta irritantemente aguda, e finalmente Edwin e Ailyn conseguiram sair da multidão que continuou dançando, e ele também a convidou para dançar em um gesto.

Ailyn aceitou, hesitante, e deixou que ele a conduzisse aos saltos para o meio de uma roda, dançando animadamente, mudando de par para par, vendo os sorrisos e ouvindo a música em seus ouvidos como um ruído vindo de outro mundo.

Quando finalmente tudo acabou, quando o sol já se punha e por tradição os noivos deviam se retirar, Edwin a conduziu para sua nova casa, onde deviam consumar o casamento e ele tirar-lhe a virgindade, deixando as outras pessoas ainda dançando onde o casamento acontecera.

E, enquanto faziam isso, passaram em frente a Grande Casa e à pedra pela qual Cien fora banido.

Ailyn tocou o colar com em um impulso, encarando a pedra por quanto tempo conseguiu, virando a cabeça para continuar acompanhando-a enquanto andava ao lado de Edwin, e apenas um pensamento lhe preenchia a cabeça.

Perdoe-me, Cien. Perdoe-me, meu amor.

E Ailyn continou andando, ainda segurando o cristal delicamente.



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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Mereço comentários?



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