O Vizinho escrita por JJ Gleek
Dias depois, em pleno almoço de domingo, na casa de Silas, tudo indicava uma perfeita harmonia: Mrak e Dorcha cantando no karaokê, Vanderlucy e Henry morriam de rir dos amigos que não sabiam falar e cantar em Português, e Mörk e Alexandra namorando num canto da varanda, próximo à churrasqueira.
Silas, incomodado com a cena da “irmã” com o namorado, resolveu interrompê-los um pouco. Aproximou-se e estacou. Não percebendo nada, os namorados continuaram a se beijar. Silas, sem paciência, limpou a garganta em alto e bom tom. Alexandra, percebendo que o “irmão” gostaria que eles parassem, disse:
– Vou ver Mrak e Dorcha no karaokê. Pelas altas risadas de Vanderlucy, deve ser hilário.
Silas, aproveitando a saída de Alexandra, disse:
– Então, como vão os preparativos para o noivado?
– Que noivado!?- disse Mörk, desconversando Silas.
– O seu e de Alexandra. Precisam noivar logo, ou acha que vão namorar para sempre!? Já é hora de assumir um compromisso mais sério!
– Não vamos nos casar. Tanto ela quanto eu não queremos isso. Quando a hora certa chegar, vamos morar juntos. – O que, aliás, já estamos fazendo, desde que Morten foi preso pela primeira vez aqui.
– O que!? – disse Silas, boquiaberto.- Vocês dois estão amasiados?
– Sim. Gostamos de viver assim. Não quero me casar, assim como ela. E, como já temos a intimidade necessária para morar juntos, o fazemos. – disse Mörk, tranquilo.
– Alexandra! Venha aqui agora! – disse Silas, aos gritos.
Quando a “irmã” chegou, o esposo de Vanderlucy disse:
– Que história é essa de viverem amasiados!?
– Eu e Mörk não queremos nos casar, e já temos intimidade para morar juntos.
– Sabe que Harry não gostaria disso! Vocês têm que assumir um compromisso!
– Harry não daria a mínima! Você não gosta disso! A vida é minha! Eu quero viver assim, e irei! Faço o que quiser da minha vida!- disse ela, aos berros.
– Você está certa! Cansei disso! Sempre tento protegê-la o tempo inteiro, e você só se mete em mais perigos! Já chega! Se quiser viver assim, viva! Seja o que quiser! A vida é sua! Estrague-a como quiser! - gritou Silas.
– Não briguem! Este almoço é para nos aproximar, e não desunir! Os dois: abraço mútuo. – disse Vanderlucy, se aproximando deles.
– O que!? – falaram Silas e Alexandra, em uníssono.
– Abraço! Agora!- Repetiu ela.
– Você está louca!?- disse Silas.
– Pirou na batatinha!?- falou Alexandra.
– Não. Só queria algo para acalmar seus ânimos. A tática do “abraço mútuo” nunca falha! – disse ela, rindo.
– Tem um policial na porta! Disse que Jack nos chamou para averiguarmos algo no caso de Morten! – disse Henry, ofegante. Afinal, correu o percurso todo da sala até a varanda da casa.
Mörk, Silas, Vanderlucy, Alexandra , Mrak e Dorcha, tiveram que voltar na delegacia novamente. Porém, agora, acompanhados de Henry, que ainda se recusava a saber qualquer coisa ligada ao assassinato do pai. Dessa vez, o progresso era no caso de Morten.
Ao chegarem à delegacia, foram recebidos pelo delegado, que disse:
– Jack os espera em minha sala.
Chegando na sala do oficial, encontraram Jack sentado na cadeira atrás da mesa. Entediado, girava um envelope no tampo da escrivaninha.
– Chamei-os aqui para abrirmos o envelope com o resultado da autópsia do sangue de Hela e Uklar, apesar de já saber que Morten é o culpado.
– O senhor poderia abri-lo logo, por favor!?- disse Silas, ansioso.
– Sim.- disse Jack, com indiferença.
Ao abrir o envelope, leu o resultado silenciosamente. Chocado, leu –o novamente. Não poderia acreditar!
– Pela cara dele, já posso supor que estávamos certos! – disse Silas, animado.
Sorrateiramente, Mörk pegou o papel da mesa e leu-o aos amigos, traduzindo tudo instantaneamente.
– Segundo os laudos do laboratório, os sangues de Hela e Uklar continham a toxina de morcego. Nosso amigo está livre! – disse ele, triunfante.
Jack, relutante, libertou Morten. Era a única coisa que ainda poderia fazer.
– Eu disse que nunca cometi crime algum! Sou inocente! – disse Morten, não se aguentando de felicidade.- Obrigado por provarem minha inocência! Muito obrigado mesmo! – continuou, abraçando todos os seus amigos.
Passado um tempo, todos se desvencilharam do abraço. Vanderlucy, resoluta, se aproximou lentamente de Morten. Abraçou-o novamente, sussurrando:
– Me desculpe! Fui uma idiota com você desde o começo! Desculpe por não ter acreditado em você, quando me contou a verdade!
Após o abraço, Morten disse, também sussurrando:
– Tudo bem, isso são águas passadas. Somos amigos agora! E amigos não guardam ressentimentos uns dos outros!
Ao voltarem para a casa dos forasteiros, fizeram uma festa animada. Cheia de comidas, bebidas, e muito Marilyn Manson.
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