Pov. Pablo

Estava preparado, ou pelo menos acho que estava para fazer o pedido. Eu estava saindo do Studio junto com a Jade e estava muito preocupado, suando e morrendo de medo.

–Jade, eu queria falar com você- Eu disse bem nervoso.

–O que Pablito?- Jade disse como ela sempre fala, muito fofa.

–Eu não sei se é o momento certo, não sei se é muito precipitado, mas eu queria... Queria- Eu tentava falar, mas estava preocupado demais.

–Porque essa preocupação toda Pablo?- Jade disse preocupada e muito preocupada já que ela me chamou de Pablo, ela sempre me chama de Pablito.

–Eu queria te falar que... – Eu ia terminar de falar, mas ela me interrompeu.

–Você quer terminar? Está nervoso por isso? Pode falar, eu estou acostumada- Jade disse e deixou algumas lágrimas cair.

–Não Jade! Claro que não! Eu nunca iria terminar com você- Eu disse limpando as lágrimas de seu rosto- Eu queria te pedir uma coisa.

–O que?- Jade disse, eu peguei o anel e me ajoelhei a sua frente.

–Jade LaFontaine, você gostaria de ser minha noiva?- Eu disse, abri a caixinha com as alianças e senti alguém pulando em cima de mim.

–Sim, sim, sim e sim!- Jade disse e nos beijamos, esse beijo não foi como os outros foi bem mais perfeito e a partir daquele momento me senti bem mais próximo dela. Coloquei o anel em seu dedo e entrelaçamos nossas mãos.

Depois daquilo me senti bem mais aliviado, ela aceitou e éramos noivos poderíamos nos casar e viver juntos, sempre pensei que acabaria ficando com a Angie já que eu tinha quase uma obsessão por ela, mas hoje percebi que ela era apenas uma boa amiga e quem eu realmente gosto é da Jade.

Eu deixei a Jade em casa a pé mesmo para aproveitarmos mais o passeio e depois fui para a minha casa, fiquei pensando em tudo o que aconteceu, estava noiva da mulher que eu amo!

Pov. Jade

Eu não podia acreditar! Eu estava noiva do Pablo, do meu Pablito! Estava muito feliz, muito feliz mesmo por estar noiva e não era do Germán! Acho que nunca tive um momento tão feliz como esse na minha vida antes, dessa vez alguém realmente de me amava, me achava diferente e cuidaria realmente de mim.

Pablo me levou em casa, a antiga casa da Angie, depois do nosso passeio mais do que perfeito e então eu fui para o quarto e me deitei na cama. Comecei a pensar no que aconteceu, nos momentos que tive com o Pablo e que em breve nos casaríamos, mas de repente me veio uma coisa à cabeça: Matías. Como ele reagiria? Teria de falar com ele, mas ele vai aceitar e se não aceitar não poderei fazer nada, eu estou bem com o Pablo e ninguém vai mudar isso, ou vai? Pensando nisso tudo acabei pegando no sono.

Acordei de manhã, me espreguicei e olhei para a minha mão, o anel, aliás, meu anel de noivado. Abri um sorriso quando me lembrei do que aconteceu no dia anterior. Me levantei, fui ao banheiro, me arrumei e depois fui comer alguma coisa na cozinha.

Assim que terminei de tomar café fui ver as horas, era hora certa para eu poder ver o Matías, estava preparada, ou pelo menos achava que estava. Peguei um taxi, não era muito recomendável devido a minha situação financeira, mas eu já teria de entrar naquela prisão repugnante acho que merecia, né?

Cheguei lá rápido, então logo entrei, aquele lugar era horrível, muito horrível e o pior era saber que eu podia estar ali se não fosse pela Angie. Como tinha conseguido convencer o policial de poder conversar com o Matías em particular não precisei esperar horário de visita, por sorte, aquele lugar cheio de pessoas fica mais repugnante ainda.

Já tinha chegado a uma sala, me sentei na cadeira e esperei Matías chegar, o que não demorou muito.

–Vocês tem meia hora- Um policial disse e fechou a porta.

–Jade! O que faz aqui? Porque veio? Precisava mesmo falar com você- Matías me disse.

–Eu preciso te dizer uma coisa- Disse com um tom de voz preocupado.

–O que? Aconteceu alguma coisa?- Matías me perguntou preocupado.

–Aconteceu, eu... O... Eu não sei como falar- Disse nervosa.

–É muito sério? Para você conseguir vir aqui fora do horário de visita e cedo, só pode ser algo sério.

–Não é tão sério, eu só não sei como você vai reagir- Eu disse preocupada.

–Eu sou seu irmão mais velho Jade, pode confiar em mim, por mais que eu não seja assim tão bom- Matías disse, ouvir aquilo dele foi bem estranho, mas bom.

–Eu estava namorando o Pablo há um tempo... – Disse, mas Matías me interrompeu.

–Como assim? Porque não me contou?

–Eu não sei, tive medo- Disse cabisbaixa- Mas agora, ele me pediu em casamento.

–Quer dizer então que minha irmãzinha vai se casar?- Matías disse em um tom de voz feliz.

–Sim!- Disse animada.

–Não posso acreditar!- Ele disse feliz.

–Nem eu conseguia, mas parece que é verdade- Disse mais animada- Então, você disse que precisava falar comigo- Eu disse e Matías que estava animado voltou com sua expressão de preocupação.

–Eu não quero que você venha me visitar mais- Matías disse com um tom de voz triste.

–Como assim? Por quê? Eu não vou te abandonar Mate- Eu disse e deixei algumas lágrimas cair, estranhei chamar o Matías de Mate já que fazia muito tempo que não o chamava assim.

–Vai ser melhor para você Jade, principalmente agora que pretende se casar.

–Mas por quê? Não tem motivos para eu não vim te visitar- Disse cabisbaixa, apesar daquele lugar ser horrível eu gostava de ver o Matías, ele é meu irmão.

–Eu andei falando com a Esmeralda- Matías disse.

–Como você andou falando com essa mulher? Ela está junto com as outras mulheres- Disse.

–Eu tenho meus contatos aqui dentro e além do mais ela que quis falar comigo.

–O que essa mulher quis falar com você? Porque deu atenção?- Disse nervosa.

–Ela quer minha ajuda para podermos... Podermos fugir- Matías disse preocupado.

–Como assim? Como pretende fazer isso? Para onde querem ir?

–Ela pretende ir para outro país, não sei aonde. Ela vai ter ajuda de algumas pessoas de fora.

–Você não pode fazer isso Matías! Não vai me largar aqui em Buenos Aires- Disse com os olhos marejados.

–Mas se eu não sair vou ficar nesse lixo por um bom tempo, não vou poder fazer nada e muito menos ficar com você, Jade. Por favor, eu preciso que você me apoie e não venha mais aqui.

–E o meu casamento? Você não vai estar aqui, eu não posso deixar você ir para outro país- Disse e já deixei algumas lágrimas caírem.

–Eu não poderia ir se ficasse aqui Jade, mas se você me apoiar eu prometo que eu vou estar lá- Ele disse e limpou algumas lágrimas do meu rosto.

–Promete? Mesmo estando com a Esmeralda e nem sabendo a data?

–Eu vou dar meu jeito sobre a data e quanto a Esmeralda, eu prometo que vou até se precisar levar ela junto- Matías disse e riu. Ia dizer mais algumas coisas até alguém interromper.

–Acabou o tempo- Um policial disse.

–Por favor, Jade- Matías disse baixo e eu assenti com a cabeça.

Escutar aquilo foi tipo, muito difícil. Quais seriam as chances dessa fuga dar certo? Ficaria longe do Matías e isso nunca me veio à cabeça, ele sempre cuidou de mim, se preocupa comigo e nunca nos separamos. Fiquei pensando nisso o resto do dia, estava muito nervosa.

Fui para casa, almocei e fiquei um tempo pensando no que aconteceu e no quanto estava nervosa com tudo aquilo. E se não desse certo? Matías poderia entrar numa fria e tudo por causa daquela... Daquela... Idiota, como pude ser tão besta a ponto de confiar nela? Apesar de que nunca fui lá muito esperta, mas poderia perceber que essa mulher não prestava. Eu tenho ódio dela! Ódio é pouco. O que ela poderia fazer se estivesse solta? Vingança? Vingança! Ela jurou vingança naquele dia do casamento, como pude me esquecer. Se eu falar isso para alguém vão querer falar com a polícia e o Matías vai ficar mais encrencado.

Esperei até o fim da tarde, mais ou menos no horário que as aulas do Studio acabam para ir até lá, precisava conversar com o Pablo, ele me faz tão bem. Fui a pé mesmo já que não era muito longe e fiquei esperando do lado de fora.

–Jade? O que a minha noiva linda faz aqui?- Pablo disse quando estava saindo do Studio juntamente com a Angie, ele não é um fofo?

–Parece que vai rolar casamento mesmo, hein?- Angie disse.

–Mas é claro que vai- Pablo disse enquanto me abraçava de lado.

–Com certeza que vai acontecer- Eu disse.

–Então, o que faz aqui meu amor?- Pablo me perguntou.

–Eu só queria te ver, podíamos jantar juntos hoje, preciso da companhia de alguém.

–Minha noiva não é uma fofa Angie?- Pablo disse e eu fiquei envergonhada.

–Vocês dois juntos são muito fofos, mas melosos de mais. Então eu vou deixar os dois a sós- Angie disse e saiu andando.

–Quer ir para a minha casa?- Pablo me perguntou.

–Está bem, aí jantamos lá mesmo?

–Pode ser- Pablo disse e então fomos caminhando em direção a sua casa.

Pov. Angie

Não dava para aguentar aqueles dois, são muito melosos, tipo “Ai meu amor”, “Que fofo (a)”, eu não aguentava, não dava mesmo então fui para a mansão sozinha já que Federico ficaria até um pouco mais tarde no Studio.

Cheguei à mansão e não encontrei ninguém e como não tinha nada para fazer fui tocar um pouco no piano. Comecei a tocar “Tienes Todo”, não foi a melhor coisa para se fazer, pois comecei a lembrar daquele dia, no inicio do ano quando acidentalmente o piano fechou em cima da mão do Germán, comecei a rir sozinha ali mesmo.

–Qual o porquê da senhorita estar rindo?- Ramalho apareceu do nada e disse, acabei levando um susto.

–Ai que susto Ramalho!- Eu disse.

–Me desculpe, não foi a minha intenção.

–Fica tranquilo não foi nada.

–Então, porque a senhorita estava rindo?

–Eu só me lembrei de um momento que eu tive aqui, no piano- Disse passando a mão no piano.

–Com o senhor Germán?

–Nossa Ramalho! Que neura de que eu só penso no Germán- Disse um pouco estressada.

–Mas você não me respondeu, estava pensando no senhor Germán?

–Estava! Mas não importa! Nós não estamos mais juntos, ele mentiu, aliás só sabe mentir- Disse nervosa.

–Deixe disso Angeles... – Ramalho estava dizendo até Olga aparecer, ele ficou olhando para ela, parecia hipnotizado.

–O jantar está pronto, poderiam avisar o senhor Germán?- Olga disse.

–Pode deixar Olguinha, eu o chamo- Eu disse e Olga voltou para a cozinha, Ramalho continuava parecendo hipnotizado- Ramalho! Ramalho!- Eu comecei a chama-lo e passar minha mão em frente ao seu rosto.

–Sim?- Ramalho disse saindo do transe.

–Estava pensando na Olga?

–Eu? Claro que não! Imagina!- Ramalho disse se enrolando- Eu vou chamar o Germán para jantar- Ramalho saiu.

O Ramalho fica me enchendo falando que eu só fico pensando no Germán e ele que só fica pensando na Olga e não admite. Enquanto pensava nisso fui para a mesa jantar.

–Oi- Germán disse e se sentou.

–Oi- Disse seca.

–Onde está o Federico?

–Ficou no Studio.

–A tá- Eu disse e assim finalizamos nossa incrível conversa.

Depois do jantar eu fui para o meu quarto, coloquei um pijama que eu acho muito confortável e fui ao banheiro para escovar meus dentes. Nesse momento eu vi Federico entrando, mas não liguei muito e continuei indo em direção ao banheiro e escovei meus dentes. Voltei para o meu quarto e finalmente me deitei, dormi rapidamente.

No meio da noite eu comecei a escutar uma melodia, a conhecia e estava sendo tocada em um violão. Não me aguentei e abri a janela do meu quarto, encontrei Federico tocando “Te fazer feliz” no violão e ao lado dele estava Germán, cantando.

–E tudo começou com um simples olhar- Germán cantava, como a voz dele é maravilhosa- Você ali e eu aqui, fiquei logo afim- Eu me debrucei na janela e comecei a apreciar a música, estava encantada apesar de já ter escutado Germán cantar.

Germán continuou a cantar e eu ficava mais encantada, mas no meio da música eu fechei a janela, sim, fechei a janela.

Pov. Germán

Logo após o jantar Federico chegou, eu precisava da ajuda dele para voltar com a Angie.

–Federico! Você chegou- Eu disse.

–Pois é- Ele disse e fez uma casa de “Não me diga”.

–Eu preciso que você me ajude com uma coisa.

–O que?

–Eu quero que você pense em algo para me ajuda com a Angie.

–Mas porque eu? Já basta a Vilu me metendo nos planos dela, agora o senhor- Federico disse desanimado.

–Eu preciso de ajuda e você é o único que faria algo que preste, eu acho- Disse no final mais baixo ao lembrar que ele fracassou com o plano da Vilu.

–Está bem, o que quer que eu faça?

–Isso que eu não sei, preciso de uma ideia.

–O senhor pode fazer uma serenata, no meio da madrugada... – Federico disse animado.

–Você bebeu Federico?- Eu disse e dei um tapa na cabeça dele- Se eu acordar ela no meio da noite, só vai piorar a minha situação.

–Eu garanto que não- Ele disse meio bravo e passando a mão na cabeça onde eu dei um tapa nele.

–Me desculpa pelo tapa, mas é que me aterroriza a ideia de ficar pior ainda com a Angie- Disse cabisbaixo.

–Está tudo bem, o senhor sabe tocar violão?

–Não, só piano mesmo.

–Então eu te ajudo.

Depois daquilo Federico me explicou tudo o que fazer, adorei a ideia e a música, me identificava muito com ela.

No meio da noite colocamos nosso plano em pratica, estava dando tudo muito certo. Angie até se debruçou na janela, mas do nada ela fechou a janela, o que me preocupou.

–Federico, está vendo? Agora ela vai morrer de raiva de mim por ter atrapalhado seu sono!- Disse preocupado.

–Me desculpe, mas estava tudo tão bem- Ele disse e vi uma sombra na parede, sabia muito bem quem era. Era a Angie.

–Angie! Gostou da serenata?- Disse animado.

–Adorei- Ela disse suspirando- Mas você continua sendo o Jeremias.

–Eu tento te explicar e nunca dá! Você interrompe ou entende errado!- Eu disse cabisbaixo.

–Então fale, mas eu sei que você só fez isso para espionar a Vilu.

–Não, não foi! No inicio era isso, mas depois percebi que era ridículo e só voltei com a ideia depois daquela nossa última briga. Eu só queria ficar mais perto de você.

–Sério?- Ela disse e deixou uma lágrima cair.

–Muito sério- Eu disse e ela me abraçou, um abraço bom. Depois do abraço eu não me contive e selei nossos lábios em um beijo, o melhor de todos.