Capítulo 2: minha ratinha

Era uma manhã linda de abril. Acordei com o telefone tocando com mais um de nossos amigos querendo saber quando Bella finalmente daria à luz. Pois é tá demorando, e nós estamos ficando nervosos. Bella só sabe reclamar dizendo que a culpa é minha, e minha mãe e minha sogra dizem que isso é normal. Eu não tenho tanta certeza.

Já eram duas horas da tarde, e eu estava no consultório dentista onde eu trabalhava, quando o telefone tocou. Me arrastei até o telefone que tocava estridente, e atendi com preguiça.

-Alô?

-Edward tá na hora! - Bella parecia nervosa.

-Hora de que, Bella? Não acredito que você marcou médico e não me avisou de novo!

Ela era mestre nisso. Faltando minutos, MINUTOS, para a consulta ela me liga e diz que eu não escuto nada do que ela diz. Isso me irrita, mas se brigo com ela, começa a chorar.

-NÃO É ISSO, SEU IDIOTA! - viu como ela tá carinhosa? - SUA FILHA VAI NASCER EDWARD CULLEN!

De primeira fiquei estático. Minha filha vai nascer? Minha filha vai nascer... Minha filha vai nascer! Desci voado pelas escadas e me joguei dentro do carro. Fui eu...

Dirigindo, dirigindo, então meu querido opala, ano 1980 resolveu que eu não merecia chegar no hospital para ver minha filha nascer, e parou. PAROU EM PLENA PRAÇA SEANS PEÑA! Me desesperei! Girei a chave três vezes e nada do carro pegar. Abri o capô do carro e não parecia ter nada errado. Depois de quase dez minutos tentando fazer o carro pegar, o desgraçado ligou e fui eu correndo para o hospital. Quando eu penso que nada mais podia dar errado, comprovo que eu estava totalmente errado. Um engarrafamento gigantesco na Praça da Bandeira. E ao mesmo tempo - para perturbar meu juízo ou me enlouquecer, sei lá - meu telefone não parava de tocar com alguém infernizando minha vida.

-ALÔ?

-Edward onde você tá? - minha sogra que estava tentando me fazer enlouquecer.

-FALA QUE SE ELE NÃO CHEGAR AQUI EM MEIA HORA, NÃO PRECISA CHEGAR MAIS! AHHHHHH - ao fundo ouvi a escandalosa que eu chamo de esposa.

-René eu tô preso no engarrafamento, eu juro que queria estar aí logo, mas não dá!

Quando o trânsito finalmente andou, eu consegui seguir meu caminho. Quando cheguei no hospital, Bella já tinha dado a luz. Ela estava deitada na maca, com minha filha nos braços. Branquela, sem cabelo, toda enrugadinha, dez dedinhos nas mãos e nos pés, um nariz arrebitado igual à mãe... É estava tudo em ordem.

-Ela é tão linda! - exclamou Bella emocionada.

-Só você tá vendo essa “lindeza” toda. Mas ela é perfeita! - respondi sincero.

-Sim, ela é. Jully Anne Swan Cullen é o bebê mais lindo desse hospital.

Fiquei emocionado. Era o nome que eu havia escolhido, e passamos nove meses brigando com ela dizendo que era um nome feio, mas no final ela havia gostado. Algum tempo depois, a enfermeira levou a pequena Jully Anne. Eu fiquei com Bella no quarto, ela já havia dormido. Estava cansada, e tudo bem, ela tinha feito um ótimo trabalho. Depois de beijar os cabelos de Bella, fui até o berçário.

Eu fiquei imaginando como seria quando levássemos a bebê para casa, porque não tinha nem um dia que ela havia nascido, e já estava tocando o terror no berçário, a escandalosa. Puxou a mãe, ri.

Minha ratinha já provava que seria uma pentelha, mas não tinha problema nenhum. Ela sempre seria a ratinha do papai.