Fala Sério Pai! escrita por Ingrid Lins


Capítulo 15
Bônus


Notas iniciais do capítulo

OI GENTE!
YHULLLL eu não morri! Cá estou eu, viva e de volta. A explicação do meu sumiço é o mesmo de sempre, falta de internet! Gente, tô assustada, quase um ano em hiatus :O
Mas eu tô de volta com um capítulo bônus pra compensar, e espero que gostem!



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POV BELLA

Meu casamento ia bem, e tudo ia certo. Ainda era meio puxado ser mãe, dona de casa, esposa e colunista, mas tem tantas outras que conseguem, certo? Então, eu não tenho ideia de como elas conseguem! As crianças só faltavam pirar minha mente quando eu chegava do trabalho, e mesmo quando o estresse me pegava de jeito eu não poderia descontar nas minhas pequenas de forma alguma mesmo que elas testassem meu juízo as vezes. Jully Anne saiu toda o Edward, louca aquela criança! Chata, controladora, ciumenta, cheia de personalidade e impaciente; características que em nada lembravam minha pessoa. Tudo que eu não sofri com a mais velha eu tava pagando com Charlice: chorona, enjoada, e desde pequena já se vê que vai ser chantagista. De onde essas crianças herdaram essas coisas, meu Deus?! Enfim, eu não conseguia descontar nas meninas pelas minhas frustrações profissionais... a não ser um dia, que foi mais forte que eu.

Eu havia acabado de chegar da redação, morta de cansada, sem paciência pra nada e nem ninguém, mas isso não tem a menor importância quando você tem duas filhas pequenas. Eu tava lá, papel e caneta na mão, Jully e Charlice berrando e brigando no quarto tirando minha concentração, e Edward ainda não tinha chegado pra dar um sonífero nessas garotas.

Menos de dois minutos que eu havia voltado do quarto depois de dizer meia dúzia de "cala boca" pra elas, vem Jully pisando duro, bico lá na frente, cara fechada. Lá vem reclamação!

Mãe, a Charlice pegou minha boneca! – disparou assim que chegou ao meu lado.

Ela é menor que você, Jully. Deixa sua irmã!

Mesmo insatisfeita ela me deixou trabalhar. Por dois segundos, pois logo volta ela.

Mãe, a Charlice pegou meu urso!

Pega a boneca dela!

Mais dois segundos depois...

Mãe, a Charlice pegou minha bolsa!

Pega o piano dela!

Dois segundos depois...

Mãe, a Charlice pegou minha revista de colorir! E meu pato, meu avião, minha Barbie, meu balde de praia, minha bateria, meu celular de brinquedo, minha mochila, meu lápis de cor, e minha piscina de bolinha, e meu pandeiro, e minha escova, minha bola, e minha outra boneca! – a garota parecia que nem respirava no meio dessa reclamação máster, deixando bem claro o quanto eu claramente, não tava tomando partido dos "roubos" da caçula. Mas minha cabeça tava estourando, eu tava cansada e precisava terminar aquele artigo. Não resisti...

E o que você quer que eu faça, Jully Anne? Eu tô tentando trabalhar e a cada dois segundos você vem reclamar da sua irmã. Não seja uma pessoa acomodada, minha filha, vá a luta! Pessoas acomodadas não ganham nada na vida. Você quer ser uma pessoa legal como a mamãe, ou uma boba como a Tia Tanya? Claro que você quer ser alguém na vida como a mamãe, e pra isso precisa muito esforço, minha filha! Sua irmã pegou sua boneca? Pega a dela, pega tudo dela, não deixe que Charlice daquele tamanho monte nas suas costas, ou quando você for mais velha, todos farão isso. Seja uma garota de atitude, querida porque mamãe não gostou uma fortuna em leite NAN pra você ser uma mosca morta!

Eu senti um tremendo alivio ao proferir tal discurso, me senti a mãe mais educadora do mundo. Entretanto, Jully Anne parecia discordar totalmente de mim, já que tava com a cara fechada; horrível. Então reconheci o pior: olhos marejados, bico lá na frente, sobrancelhas tremulas, a mudança de fisionomia se dando de forma lenta e vagarosa. Droga! Em segundos ela já tava chorando assustada com o que eu havia dito a ela.

Desculpa, filhinha. Vem cá, mamãe não queria ter dito essas coisas estúpidas. Desculpa a mãe boba que você tem? É que mamãe tem que trabalhar pra poder comprar mais brinquedos pra sua irmã pra ela parar de pegar os seus. – disse secando suas lágrimas, tentando ser o mais convincente possível.

Tá bom então, mãe, beijos!

Mas mesmo assim com todos os dramas diários que tínhamos que lidar, eu tava feliz. Duas filhas tava de bom tamanho. Mas aí, os sinais tão conhecidos foram chegando: enjoos, cansaço, atraso... Outro filho era tudo que não dava naquele momento, não tínhamos dinheiro, não cabia no nosso orçamento. Porém, lá tavam as duas listrinhas vermelhas no teste de gravidez rindo da minha cara. Confesso que pensei coisas horríveis que tenho até vergonha de ter pensado. Chorei por horas só de pensar que pensei naquela opção. Mas não havia mais jeito, eu teria que arcar com essa criança e dar meu jeito pra que nada faltasse a ela. A noite depois que coloquei as meninas pra dormir, fui tomar meu banho. Edward já tava no quarto há tempos, e tenho certeza que quase dormindo. Quando cheguei ao quarto, o cheiro do perfume dele irritou meu estomago e precisei vomitar; pelo olhar dele já sabia o que tava acontecendo. Peguei o teste na bolsa e o entreguei.

—Tenho uma coisa pra te contar.

Sentei na cama já prevendo a notícia bombástica.

—O que foi amor?

Peguei o teste na cabeceira do meu lado da cama.

—Desculpe.

—Tudo bem, daremos um jeito. Nos demos bem com as meninas, não será diferente agora. — Ele levantou meu queixo e me deu um beijo suave, me abraçando, enquanto eu chorava em seu peito.

—Não temos dinheiro pra bancar outro bebê, Edward.

—Nós daremos um jeito. Eu darei um jeito, nada faltará a ele.

Naquela noite eu tive certeza de uma coisa. Eu tinha um parceiro maravilhoso que sempre estaria comigo em qualquer momento.


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Notas finais do capítulo

O que será que vai rolar agora em gente? Tenso!
Espero vcs nos comentários