Pov. Austin

No meu sonho, Ally estava comigo em meu quarto. Com a cabeça apoiada em meu peito,e dormia tranquilamente. Eu meio que acordei sentindo como se fosse tudo real,como se ela estivesse mesmo bem ali,comigo.

Fiquei um tempo na cama, já acordado,olhando para o teto e pensando quando foi exatamente que isso aconteceu. Tipo, quando foi que eu comecei a sonhar que estava num quarto com uma garota, apenas dormindo. E quando foi que eu realmente tive vontade de proteger alguém desse jeito. Porque eu realmente estava me sentindo assim nos últimos dias.

Quando percebi, o relógio já marcava 07:10, o que significava que eu já estava praticamente atrasado para ir pegar a Ally. A ideia de ir pra escola nem parecia mais tão ruim agora, afinal,eu sabia que iria vê-la e que estávamos bem.

Consegui me arrumar em uma velocidade recorde de 9 minutos, peguei alguns biscoitos e saí comendo.

Eram 07:36 quando parei na frente da casa dela. Pensei que Ally já tivesse até mesmo saído para ir a escola, mas logo a porta da frente se abriu, e lá estava ela. Com uma blusa preta caída em um dos ombros e uma saia jeans meio curta,deixando a mostra suas pernas.

Ela sorriu, enquanto caminhava até o carro.

– Está atrasado - ela disse,quando entrou.

– Virei seu motorista,agora ? - Perguntei, e não pude deixar de sorrir.

Descobrir que a amo, foi uma das coisas mais fáceis pra mim. Mesmo que eu sempre tivesse uma ideia errada de como seria isso.

Eu estava errado em tudo.

– Você quis isso.

– Não me lembro de ter tomado essa decisão.

Ally fechou a cara, o que me fez rir.

– Não vamos começar com isso logo de manhã, não é ? - Ela falou.

– Tudo bem, como quiser. - Ela suspirou,quase como se estivesse aliviada.

Pousei uma das mãos no volante, o carro estava ligado,mas eu ainda não tinha dado a partida. Ao invés disso, fiquei a observando. Seu cabelo estava com mais cachos do que o normal, seus dedos brincavam com alguma coisa na barra da saia, o que praticamente me obrigava a olhar para suas pernas.

Ela enfim, tirou a mão dali para arrumar a blusa, mas meus olhos não saíram do mesmo lugar. Ally riu enquanto passava as mãos no cabelo e olhava de relance pra mim. Percebi que talvez,ela brincasse com a roupa e os próprios dedos quando estava envergonhada ou apenas distraída.

Estava pensando nisso, quando ela disse:

– Você não vai parar de olhar para as minhas pernas ?

Desviei rapidamente o olhar e ela riu,mais uma vez.

– Sabe o que eu percebi ? - Mudei de assunto. - Que você não me deu nenhum beijo de bom-dia. - Falei, como se estivesse magoado. Eu queria mesmo beijá-la, e também foi bom para trocar o rumo da conversa. Ally fez uma expressão divertida antes de se aproximar de mim, selando nossos lábios em um selinho demorado. Ela se afastou um pouco,e então,segurei seu pulso a fim de não afastá-la. Seus lábios não demoraram a se abrirem,dando espaço para minha língua. Mais algumas que eu havia percebido: 1) Seu beijo era doce. 2) Eu amava beijá-la. 3) E eu adorava sentir sua pele arrepiada toda vez que eu a tocava.

– Tudo bem, assim a gente vai se atrasar. - Ela disse.

Resistindo um pouco, finalmente dei a partida no carro.

– Afinal, de quem é esse carro ? - Ally perguntou.

– Esse é um carro reserva. - Ela franziu a testa. - Meu pai me prometeu um carro quando eu fizesse 18 anos, e ele começou com isso quando eu tinha 15, então, esse era o antigo carro dele, só tem 1 ano de uso, mas ele quis outro. Então, eu fiquei com esse até ter o meu de verdade. Só faltam mais alguns meses.

– Carro reserva. - Ela sorriu. - Isso parece chique.

Eu ri.

– É só um nome criativo.

Ally ficou em silêncio por um tempo. Olhava fixamente para a janela, e fiquei tentando imaginar no que estava pensando. Em um momento, ela parecia tensa. Algo a estava incomodando. Eu estava quase prestando mais atenção nela do que no trânsito.

O sinal fechou.

– Alls, você está bem ? - Perguntei.

Claro- . - Ela respondeu, no mesmo segundo. Mas não parecia. - É só ... Ah, esquece.

– É só o que ? - Insisti.

Ela suspirou antes de falar:

– Eu estava pensando no Nick. - Falou,por fim. Dessa vez, eu parecia tenso. - Ele parecia mal ontem,e nem veio falar comigo.

Meus dedos batiam no painel,como uma música, rápido mas calmo. E eu pensei em algo como: "Tudo bem, tudo bem, eles são amigos." Mas na verdade eu queria que ela não pensasse nele agora, não enquanto estivesse comigo. Mas também não queria ficar bravo ou reclamar disso. Também não queria começar uma briga.

– Você não deveria falar pra mim que está pensando em outro cara. - Acabei falando,ou resmungando, sei lá.

O sinal abriu. Dei a partida.

– Ele é meu amigo. - Ela disse.

– Eu sei. - Falei, a voz dura, e me repreendi mentalmente por isso.

Ally ergueu a mão e passou no meu ombro, e na minha nuca,fazendo carinho no meu cabelo. Queria que o sinal fechasse de novo para eu poder sentir seus lábios nos meus de novo. Mesmo assim, o seu carinho era bom. Sorri para ela.

– As vezes, você é muito ciumento. - Ela começou, podia ver seu sorriso,como se ela ficasse feliz por isso. - Não que isso seja de todo ruim, eu até gosto. - Sorri também. - E também pode ser engraçado.

– Não entendo o que você quer dizer. Você gosta, ou não gosta ? É ou não é engraçado ? - Perguntei, sorrindo, eu estava gostando do rumo dessa conversa.

– Eu gosto. - Falou. - Mas as vezes,pode ser chato. Tipo, um namorado ciumento em cima de você o tempo todo.

Parei o carro, já no estacionamento da escola.

– Você disse namorado ? - Perguntei, não contendo o sorriso bobo que estava se formando no meu rosto.

– Hã ? - Ela pareceu perdida, mas então,corou. - Talvez ...

– Você pode me chamar assim. - Falei. - E prometo não ser um namorado tão ciumento assim.

Ela sorriu.

– É mesmo ?

– Claro. E você também pode tentar ser uma namorada menos ciumenta.

– O que ? Eu não sou ciumenta. - Ally disse,ofendida.

Nós dois acabamos rindo.

– Vamos,temos que ir pra aula, namorada. - Falei.

– Tudo bem , namorado.

Saímos do carro. Já estávamos atrasados. O sinal tocou na metade da nossa pequena discussão e nenhum de nós deu ouvidos pra ele. E mesmo assim, caminhamos devagar de mãos dadas para dentro da escola.