Pov. Ally

– Eu juro que quero morrer sendo sua amiga. - Trish disse enquanto contava para ela sobre a nova situação com Austin. Porque,de qualquer jeito,alguma coisa na minha vida sempre vai ter a ver com ele.

Eu ainda estava brava. De verdade. Eu havia sido paciente e ouvido tudo o que ele havia falado. Eu acreditei nele. Mesmo depois de tudo,e não estou falando apenas do beijo com aquela loira. Me refiro as férias também,e sim,algumas coisas que haviam acontecido naqueles meses não foram muito boas pra mim. Eu já estava magoada. E agora continuo com raiva.

– Sabe, acho que estou certa. - Falei.

– Com certeza,você está. Tipo,quem ele pensa que é ? - Trish estava fazendo mais drama do que o normal. Digo,ela tinha alguma coisa na mente que parecia a fazer querer humilhar o Austin. E isso era apenas o jeito meio estranho e raivoso dela.

– Bom, vamos ver no que dá. - Murmurei.

Trish gargalhou.

– E o que você pretende fazer ? Esperar que ele chegue na sua frente se ajoelhando e fazendo uma linda declaração de amor ? - Ela estava sendo irônica. Franzi o cenho. - Isso não acontece no mundo real. E tenho certeza que você não deve ter um plano,certo ?

É claro que eu já sabia de todas essas coisas. E não esperava nada disso. Só não estava mesmo entendendo aonde ela queria chegar.

– Plano ? Do que está falando ?

– Você precisa o fazer se sentir mal. Muito mal pelo o que ele fez. - Ela deu um sorriso traiçoeiro e maldoso.

– Trish,eu tenho certeza de que ele já está mal. - Ela revirou os olhos. - Eu o conheço. O conheço muito bem.

– Não duvido disso. - Ela disse,suspirando. - Só acho que o que você quer fazer é,esperar um tempo,para ver o que ele vai aprontar,e logo dizer que está perdidamente apaixonada por ele - Ela deu um ar dramático na frase - E tudo irá voltar a ser como era antes.

Tudo bem,não era exatamente assim,mas na minha mente,eu só queria ver o que ele iria fazer. Trish deveria estar falando de algum plano maléfico.

– Bom, não era bem isso ...

– No fundo, - ela me cortou - você está louca pra voltar pra ele.

– Na verdade,nós nunca estivemos juntos.

– Ah,cala a boca. - Ela falou. - Você entendeu o que eu estou falando,não adianta negar. E olha,fazer ele esperar é muito bom,mas o tempo não é suficiente.

Pela segunda vez em menos de 10 minutos,Trish me deixou confusa e até com um pouco de medo. Definitivamente não deveria imaginar o que está na sua mente.

– Como assim ?

– O tempo não vai fazer ele sofrer. - Pensei em falar pra ela sobre minha discordância disso,e também que eu não queria exatamente que ele sofresse,mas ela começou a falar de novo,antes de eu ter a chance de abrir a boca. - Mas,algumas ações,talvez.

Ela sorriu maléfica de novo,e juro,aquilo já estava me assustando muito.

– Trish,vá direto ao ponto. - Disse.

Estávamos sentadas na minha cama,de frente uma para outra. E enquanto eu me irritava com o fato dela falar praticamente por códigos,quase acabei caindo da cama por causa do meu pulo.

– Bem,só estou dizendo,ou melhor,quero dizer,que você deveria sair com outros caras.

Dessa vez,eu comecei a gargalhar.

– Isso não vai dar certo. E além do mais,é incrivelmente infantil,Trish. Acha mesmo que eu faria isso ?

Ela assumiu uma expressão pensativa por 1 segundo e respondeu :

– Você deveria.

( ... )

Digamos que tudo aquilo que a Trish me falou naquela tarde havia ficado na minha mente durante a noite toda. E no dia seguinte,na escola,ela repetiu tudo aquilo e pensei se deveria falar com mais alguém. Então,agora,ela estava na minha frente tentando convencer Dez a concordar com aquela sua lógica ridícula.

– Vamos lá,ruivo - Ela falava com uma cara ameaçadora - Eu te dou 5 dólares.

Ele fingiu pensar.

– 10 - ele disse.

– Que tal 2 ? - Trish falou,divertida,e pensei no quão idiota era aquilo,e que é claro,ele nunca concordaria.

– Fechado ! - Dez gritou,animado. - Espera aí ... - Ele falou depois que percebeu a idiotice.

– Tarde demais. - Trish falou enquanto sorria traiçoeira.

– Ah,você me enganou ! - Ele esperneou.

Comecei a rir disfarçadamente daquilo. Não parecia que Dez tinha 17 anos,suas roupas engraçadas e sua mente,extremamente infantil denunciavam isso.

– Tanto faz,agora,fala pra ela. - Trish apontou para mim e beliscou Dez até ele falar.

– Tudo bem,tudo bem. - Ele falou,o rosto retorcido de dor. - Você deveria mesmo fazer isso, Ally.

– Viu ? - Trish soltou seu braço. - Até mesmo ele concorda com isso.

Gargalhei mais uma vez. Acho que ela não pararia com isso tão cedo.

– Cade meu dinheiro ? - Dez perguntou.

– Depois,ruivo,depois. - Algo me dizia que ele não teria aqueles míseros 2 dólares tão cedo.

– Trish, eu acho isso extremamente idiota. Sinto muito.

E saí dali,decidida a tentar fazer algo um pouco mais normal. Acho que ela queria que eu devolvesse na mesmo moeda,e talvez isso seria uma boa,mas não sei se conseguiria. E de qualquer maneira não me interesso em outro garoto.

Havia alguns pequenos cartazes no mural de informações da escola,parei para ler,caso tivesse alguma atividade que eu gostasse de fazer. Só tinha coisas como balé,xadrez e novas inscrições para o time de basquete. Me perguntei se Austin gostaria de fazer parte disso.

Balancei a cabeça quando percebi que já estava pensando nele de novo. Maldito loiro que não saía da minha cabeça !

Acho que faltava 5 minutos para começar a aula,e eu estava torcendo para que não desse de cara com Austin logo no primeiro período. E não estava a fim de ouvir Trish fazendo chantagens com Dez e toda aquela maluquice.

O sinal tocou.

Dei uns dois passos para trás,terminando de checar os avisos,mais logo senti um impacto atrás de mim,e quase me desequilibrei,a droga da minha sapatilha tinha até escorregado. Mesmo assim,alguém me segurou pela cintura.

– Me desculpa. - Uma voz grave falou atrás de mim. Me virei dando de cara com um garoto moreno. Ele parecia mesmo querer se desculpar,e eu até iria falar alguma coisa,se ele não tivesse continuado. - Sinto muito,eu estava distraído. Acho que o sinal já tocou não é ? Que droga,eu não pude vir ontem no primeiro dia,e já vou chegar atrasado hoje ... Mesmo assim,me desculpa.

Ele parecia nervoso,e aquilo era até fofo.

– Tá tudo bem. - Sorri para ele,que logo retribuiu.

Ele tinha olhos quase cinzas,de tão azuis,e o cabelo era castanho fraco e estava repartido de um lado o deixando meio plastificado.

– Hã, acho que seu cabelo ficaria melhor assim. - Passei minha mão o bagunçando um pouco,e acho que só depois de alguns segundos,me dei conta do que tinha feito,já ia pedir desculpas quando ele sorriu de novo.

– É. Fica melhor sim. Minha irmã que fez isso. - Ele sorriu,um pouco desconfortável e envergonhado. E mais uma vez,parecia fofo. - Qual seu nome ?

– Ally Dawson. - Respondi esticando minha mão para apertar a sua.

– Nicolas Roberts. - Parecia até nome de ator.

– Qual sua aula agora ? - Perguntei enquanto percebia que realmente já tinha batido e que estávamos incrivelmente atrasados.

Ele olhou em uma folha em sua mão.

– História. - Respondeu.

– É a minha também. - Falei.

– Podemos ir juntos ? - Ele perguntou,com um sorriso de canto,e ele parecia extremamente tímido.

Sorri para ele antes de falar um "sim".

Indiquei pra onde ficava a sala e praticamente saímos correndo pelos corredores. Estávamos realmente atrasados. Apontei para a porta quando chegamos no corredor certo

Acabamos escorregando no chão - que estava muito liso -, então,quando chegamos na sala,estávamos rindo como se já nos conhecêssemos a muito tempo. A porta estava aberta,então todos olharam para nós,que ainda estávamos gargalhando.

Olhei de relance para a turma,e pude ver Austin sentado na primeira fila. Droga,essa aula era com ele.

– Vocês ... - O professor começou,mas eu o interrompi.

– Desculpe o atraso. - Murmurei,ainda com vontade de rir. Nicolas fez o mesmo e entregou um papel para a o professor.

– Tudo bem,vão sentar.

Nick foi na frente e se sentou num dos únicos lugares disponíveis bem na janela. O professor falou alguma coisa sobre ter que sair por um minuto. Então,fui até a classe do lado do garoto novo.

Antes de conseguir chegar até lá,tive que passar por Austin,e ele segurou meu pulso,me impedindo de passar.

– Ally ... - Falou baixo enquanto soltava meu pulso para pegar minha mão e começar a brincar com meus dedos. Não tentei sair dali,apenas fiquei em pé,na sua frente o olhando. O resto da turma começou a conversar sobre diversas coisas,aproveitando que o professor não estava na sala. - Você ainda está brava comigo ?

– Sim. - Respondi,no mesmo instante. - Mas tá tudo bem. Somos amigos. Somos apenas amigos.

E puxei minha mão de volta indo enfim,me sentar.