Música para ouvir enquanto lê:Beach at Dusk - Explorers of Sky

Ah, falhei de novo. Que novidade. Não tenho coragem o suficiente nem para falar com alguém, do que dirá fazer algo como isso. Apenas o que trago é uma pedra. Quando olho ela, me faz sentir confiante.

Pena que não consigo ser tão confiante assim quando percebo que não posso fazer uma missão tão grandiosa. Minha vida nunca teve nada demais mesmo.

Caminhando por esta colina novamente, observo todos sorrindo. Há um motivo tão grande assim para ser feliz? Há realmente uma missão a cumprir? Nem em destino eu acredito.

Me pergunto qual a fonte da felicidade deles. É tão legal assim ser especial, poder ajudar, poder ser alguém na vida? Ou só sirvo para ser mais um rostinho bonito diante aos gênios? Não sei. Só sei que os Krabbys continuam a soprar bolhas. Qual o objetivo deles, afinal? Dúvidas...

Há alguém ali? Parece que está perdido... mas, ajudar pra quê? Ser ridicularizardo como sempre? Procuro ver se tem algum engraçadinho atrás das moitas. Não. Apenas eu e este estranho pokémon, que parece um cachorro roxo... ah, o que é cachorro? Sei lá... vou ir andando.

— Ei! Não vá agora! Você precisa ajudar este pokémon misterioso!!! — disse uma voz em minha cabeça... ou apenas um narrador. É, preso assim eu não posso fazer minhas próprias escolhas. Nem posso prosseguir para a caverna, que um diálogo imaginário vai aparecer me prendendo na situação em que me encontro.

E daí? Simples, não posso controlar meu futuro. Não posso ter a coragem do protagonista... e certos amigos meus ficam presos em pequenas bolas, sem nem poder respirar direito.

Deve ser interessante poder controlar o próprio futuro. E é isso que venho tentando. Não quero ajuda de um mero coleguinha. Por que não trapacear um pouco?

Consigo uma tal "trapaça" de poder controlar eu mesmo. Não quero mais ajuda de ninguém para me guiar. Quero ser livre.

Aqui, nessa primeira caverna. Escura e fria...pelo menos a água. Sinto um reboliço no estômago. É cheia de pokémons selvagens, e tentam me atacar!

Kabuto — Qual o seu problema afinal??? Você não tem um parceiro! — disse um intrometido qualquer, um tal de Kabuto.

Eu — Qual é o SEU problema afinal??? Você está preso em uma caverna esperando um qualquer passar para morrer! — Fui curto e grosso.

Kabuto — Tem razão. — Disse a estranha casca ambulante, de uma forma um tanto quanto perturbadora. Tremia a voz enquanto falava e estava nervoso e confuso.

Kabuto — Prepare-se... ROCK TOMB!!!

Escuro... tão escuro... mas isso não importa. Nada mais importa. Só quero ficar aqui, até meu fim. Não quero mais viver sendo somente um fardo inútil para todos. Apenas um secundário, a segunda opção, a ajuda do protagonista, o alívio cômico.

Está tão escuro aqui... estou com medo.

Aqui não tem vida. Aqui é triste. Aqui há brigas. Aqui não há ninguém.

Mas vou enfrentar. Não me sinto corajoso, mas vou fazer isso por mim. Quero ser corajoso pelo menos uma vez na vida, sem depender de você.

??? — Você, cuidado!! — Quem? Alguém tentando me impedir?

??? — Idiota, essas rochas poderiam ter te matado!

Eu — Mas esse era o plano...

Um barulho extremamente alto de desabamento. Estranho... escuro... só consigo sentir ser carregado por alguém. É meio áspero, como um colar metálico.

Depois de um tempo, fui voltando aos sentidos.

??? — Finalmente você acordou, raposinha teimosa.

Eu — Não pedi pra me salvar.

??? — Ainda é mal agradecida, haha!

Eu — Que diabos é você?

??? — Sou Riolu, um viajante do tempo.

Eu — Não diga. Conte-me mais sobre isso.

Riolu — Tudo bem. Estava eu em uma tarde de inspiração...

Eu — CALA A BOCA, DROGA!

Riolu — Sempre soube que pokémons de fogo eram extressados, mas não achava que era tanto...

Eu — O que está esperando agora, que eu beije seus pés e te chame de "meu mestre"?

Riolu — Se quiser...

Eu — EMBER!

Riolu — Aaah! Esse projeto de kyuubi sem noção vai me matar!

Eu — Leva logo essa porcaria de pedra e me deixa em paz!

Riolu — *olhos brilhando* E-esse talismã!! É muito poderoso!!!

Eu — Cai fora logo.

Riolu — Mas vim aqui exatamente para falar com o líder do clã do Wigglytuff, e preciso de um parceiro para entrar!

C-como ele sabe, droga?! É exatamente o que estou tentando fazer há anos sem sucesso, e vem um "viajante do tempo" pirado das ideias e vai de cara lá tentar entrar! Não é justo!

Eu — Não acredito que vou ter que formar equipe com um cachorro mal evoluido projeto de lutador de UFC barato!

Riolu — Wigglytuff, aí vamos nós!

Naquela noite, caminhávamos até o clã.

O luar e as bolhas contrastavam na água. O céu estava estrelado. A praia estava deserta.

Só senti o momento. Fiquei tensa. Era estranho eu conversar com alguém tão tranquila. Andar com alguém tão segura. Olhar bem no fundo dos olhos e saber que está tudo bem.

Naquele dia, a praia estava mais bonita. A partir daquele dia, minha vida começou.