Amortentia escrita por Anne Weasley


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oie, oie.
Mais uma one para vocês, hehehe. Adorei escrevê-la e espero que adorem lê-la também.
OBS: coloquei uns links nas notas finais com fotos dos atores que se parecem fisicamente as personagens, quem tiver curiosidade é só ir lá :)



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— Classe, estão dispensados. Espero os deveres em cima da minha mesa no início da próxima aula – dissera Slughorn, concluindo a sua aula.

O habitual som das carteiras sendo empurradas para fora do caminho ecoou pela sala de aula. Poções era a última aula antes do almoço dos alunos do sexto ano de Slytherin e Ravenclaw. Geralmente, estas aulas – de Poções – eram realmente muito proveitosas quando se tinha estudantes das duas casas que mais se interessavam pela disciplina. Os alunos de Ravenclaw viviam com suas mãos suspensas na intensão de fazer questionários ao professor ou comentários, alguns eram capazes de questionar até mesmo os métodos do professor. Também eram mestres em escrevinhar absolutamente tudo o que Slughorn falava. Já Slytherin pouco se importavam com as aulas de Poções, todavia não demostravam isso. Não eram burros de transparecer uma coisa dessas, pois dependiam da nota dos N. I. E. M’s para conseguirem um bom emprego, mesmo que estivessem mais interessados em tornarem-se seguidores do Lorde das Trevas. Alguns sonserinos eram realmente bons em Poções, possuíam um talento nato, como Rabastan Lestrange, Lucius Malfoy ou Rita Skeeter.

Os primeiros a saírem foram Vicent Crabbe e Travis Flint que eram verdadeiras negações na matéria, e muitos questionavam como conseguiram ganhar um Excede Às Expectativas em seus N. O. M’s. Logo, os demais alunos rapidamente recolhiam seus pertences, jogavam na mochila e seguiam para o Salão Principal onde um delicioso banquete preparado pelos elfos domésticos aguardava-os.

— Tomara que tenha pastelão de rins e rosbife. Estou com saudades destas delícias. – Comentara Benjy Fenwick aos amigos quando rumava para fora da sala.

Um ou outro estudante ficara para trás e entre eles estava Lucius Malfoy, que estava lerdeando propositalmente. O garoto dispensou vários de seus amigos sonserinos quando começaram a apressar-lhe. Bellatrix fora a primeira a deixar a sala, resmungando. Detestava esperar por Lucius. Necessitava que a classe estivesse quase completamente vazia, exceto por ele e pelo professor, para questionar algo que martelava em sua mente.

— Vão em frente. Tenho que perguntar algo a Slughorn – alegou.

Ele ignorou os olhares espantados que foram compartilhados entre seus amigos e fez o seu caminho até a frente da sala de aula, onde Slughorn estava limpando suas vestes após sua primeira aula do ano. Ele olhou para trás certificando-se que havia ficado a sós com o mestre. Ótimo, já foram, pensou. Olhou para frente e reparou o olhar espantado de Slughorn com a presença do jovem Malfoy em sua sala.

— Lucius, meu caro rapaz! Bem feito, hoje, muito bem feito. Você quase teve sucesso em preparar Felix Felicis. Um pouco mais de paciência, e você poderia ter ganhado meu pequeno prêmio – falou o professor em seu tom habitual de gentileza.

Malfoy deu um sorriso, aquele que ele reservava especificamente para os professores e aqueles que ele precisava para dar uma boa impressão para conseguir o que queria.

— Ah, o senhor está certo. Eu estava um pouco entusiasmado depois de um verão de muito pouca prática – respondeu-lhe.

Slughorn riu e balançou a cabeça. Sabia que Lucius Malfoy não estaria até agora em sua classe se não precisasse de algo.

— Posso ajudá-lo, filho?

— Na verdade sim, eu tenho uma pergunta – ele apontou para o pequeno caldeirão preto que estava bem coberto. — O senhor disse que esta poção, a Amortentia, era a mais poderosa poção na sala hoje. Certamente, Felix Felicis ou a do Morto-Vivo não seria mais eficaz? Ou até mesmo a Poção Polissuco? Poderia explicar o seu raciocínio por trás de sua declaração?

Horacio acenou com a cabeça, pensativo e pousou os livros que estava segurando. Lançou um sorrisinho de lado para o loiro e virou-se para o caldeirão.

— Sim, sim. Essas três são extremamente poderosas, mas Amortentia tem como característica o poder, inconsequência e, às vezes, o desespero. Amor não é algo que deve ser levemente deixado de lado. Há mais perigo na emoção do que na razão. É difícil de explicar. Existem muitas partes da magia que são extremamente difíceis de esclarecer e entender.

Lucius parecia cético. Slughorn coçou a cabeça, ergueu a mangas das vestes e levantou a tampa que cobria o caldeirão.

— Você não estava perto o suficiente para ser capaz de ter sido realmente afetado por ela. Venha aqui, meu caro rapaz. A melhor maneira de lhe explicar é provando – declarou o professor.

Ele acenou com a mão para que o garoto de aproximasse e ele obedeceu, aproximando-se do caldeirão de estanho e farejando a fumaça perolada que ela emanava.

— O que você cheira? – Perguntou Slughron, curioso.

Lucius inclinou-se um pouco e respirou fundo. Fechou os olhos tentando definir os aromas. Era uma mistura exótica e encantadora.

— Charutos, cadeiras de couro, especiarias como canela, cravo, noz-moscada, cheiro de livros novos e... – Ele parou e cheirou de novo, completamente confuso e vacilante.

O último cheiro de sua Amortentia era floral, delicado e ao mesmo tempo marcante. Tinha certeza que já havia sentido aquele aroma antes, mas não se recordava de onde. Abriu os olhos, deu uns dois passos para distanciar-se da poção, mas ainda assim ele era afetado pelo vapor.

— Então?

— Alguma coisa floral e delicada. Algo que eu senti o cheiro antes... - o professor assentiu e fechou a tampa.

— Um dia, senhor Malfoy, você vai saber o quão poderosa é essa poção. Pelo menos, eu espero. É o que desejo isso para todos os meus alunos. Agora, vá para o almoço - ele acenou e voltou a guardar todo seu material dentro do armário.

Sem se dar conta de onde estava indo, seus pés guiaram-no automaticamente pelo caminho familiar para o Salão Principal. Lucius estava absorto em seus pensamentos, tentando descobrir de onde era o último cheiro da Amortentia, que não percebeu o charme que Lucinda Talkalot jogara para ele. Não era o cheiro das flores dos jardins em sua casa ou da casa de campo na França, nem da casa na Suíça, que possuía algumas flores ao seu redor. Era algo que ele reconheceu facilmente. Ainda pensando, ele caminhou até a mesa da Sonserina e tomou o seu lugar habitual, sem prestar atenção a quem mais estava lá; afrouxou um pouco a gravata, estava suando. Pôs os punhos em cima da mesa e continuou a pensar.

— Alguém está distraído... – A risada suave e ao mesmo tendo fria veio de seu lado direito Lucius ficou surpreso por ser tirado de seus devaneios por um simples toque em sua mão.

Assustou-se um pouco, mas logo sorriu para Narcisa. Fez um carinho, quase que imperceptível na mão dela sobre a sua. Depois, tirou-a dali. Serviu-se de uma coxa de frango e suco de abóbora e pôs-se a observar os amigos.

— Detesto suco de abóbora! – Exclamara Rodolphus Lestrange, que estava sentado defronte a Lucius, cuspindo a bebida. — Me dá nojo!

— Então por que bebe? – Perguntou Bellatrix.

— Porque não há uma bebida decente nesta mesa, Bella. Só há essa porcaria para matar a minha sede.

E assim instaurou-se um bate-boca na mesa de Sonserina sobre bebidas. Evan Rosier afirmava que Dumbledore deveria liberar bebidas alcoólicas na escola, mas Narcissa contestou assegurando que o diretor nunca liberaria bebidas, pois não permitiria que seus preciosos alunos ficassem bêbados o suficiente para não prestarem atenção nas aulas e além de muitos contrabandearem álcool para dentro da escola, o que não adiantaria nada. Rabastan Lestrange e Severus Snape concordaram com a loira. Evan calou-se vendo que não teria apoio, afinal nunca ninguém confrontava Narcissa. Lucius nada disse, não entraria numa discussão estúpida e ainda estava pensando no cheiro de sua Amortentia. Enquanto o restante dos alunos ainda debatia, Narcissa virou-se para o noivo e disse-lhe:

— Meu pai mandou que o informasse que irá enviar uma encomenda à você. Sobre você sabe o quê.

— Ótimo.

Ela riu e balançou os cabelos para afastá-los dos olhos. E ele olhou para ela, achando-a linda. Foi então que reparou na cabeleira loira de Narcissa Black, que exalava o cheiro floral e delicado de seu xampu. Só pode perceber porque estava encostado nela.

É ela. É o cheiro dos cabelos dela que era a última fragrância de sua poção do amor. O loiro ficara estático com a constatação.

A jovem fitou curiosa para a confusão nos olhos do loiro. Malfoy tinha olhos azuis profundos, frios e sempre havia um brilho de superioridade neles, mas hoje os olhos do rapaz estavam distantes. E percebeu que ele estava estático também, como se uma tivesse chocado com uma goles bem na barriga.

— Lucius? Você está bem?

Ele sorriu, foi o primeiro genuíno de um dia inteiro. Sorrisos genuínos eram raridades vindas do loiro, e a única pessoa neste mundo que conseguia extrair um sorriso verdadeiro do rapaz era ela. Ela. Narcissa.

— Sim, eu estou – afirmou com veemência. — Estava pensando em algo Slughorn disse. Nada para de importante.

Narcisa deu um pequeno aceno de cabeça e levantou-se, tinha vários deveres para serem feitos e ela não estava com fome, tampouco Lucius. Pigarreou e isso fez com que o rapaz voltasse sua atenção à noiva.

— Tenho vários deveres para concluir, importa-se se eu me retirar? – Perguntou, encarando-o. Sabia que ele estava escondendo alguma coisa.

— Não, claro que pode ir – dizendo isso, Narcissa pegou seus livros que estavam ao seu lado e saiu do Salão Principal e foi em direção à biblioteca, apressada.

Assim que ela saiu, Lucius sentiu-se estranho. Percebeu que um nó se formara em seu estômago, bloqueando com seu apetite. Era tudo misterioso para ele. Sentimentos eram intrigantes para ele. Talvez seja pelo fato de que muitas vezes se proibia deles ou mesmo disfarçava-os de todos, inclusive ele próprio. Como alguém conseguia ocultar suas próprias emoções? Simples. Ele fora criado para não deixar transparecer nenhum tipo de afeição. Segundo Lucius, se você tivesse controle principalmente de sua mente e de seu corpo era fácil, depois, dominar a sensibilidade é uma consequência. Mas como ele estava enganado. Dominar sua sensibilidade não quer dizer especificamente parar de sentir. Como Lucius era tolo!

Percebeu que a discussão sobre bebidas havia acabado e Lucius agradeceu a Merlin por isso. Sentira uma vontade enorme de fumar, já fazia certo tempo que não tragava e seu corpo já sentia falta da nicotina. Consultou seu relógio de pulso. Não faltava muito tempo para o início da próxima aula, mas isso não importava. Pegou sua mochila, jogou nos ombros e se levantou.

— Vou para o jardim – informou para os amigos.

Todos fizeram algum aceno afirmativo com a cabeça. E ele começou a andar em direção a imponente porta de carvalho, quando a voz estridente de Glenda Chittock soou gritando atrás de si:

— Malfoy, não se esqueça de que temos de terminar o trabalho de Transfiguração hoje!

Lucius fez um aceno com a mão.

Assim que pisou nos corredores, uma brisa fria lhe mordiscou as faces e ele instintivamente enterrou a mão nos bolsos. Ao colocar as mãos ali, notou que guardara o maço de cigarros. Ótimo. Detestava procurar as coisas.

Lucius cruzou os terrenos da escola, sentara no pé da árvore que fora plantada perto do Lago Negro. Era razoavelmente afastado do castelo, mas ali nenhum professor poderia vê-lo fumando e nenhum aluno estava olhando em sua direção. Todos que estavam ali estavam ocupados demais com seus deveres e jogando conversa fora que nem reparam em Lucius Malfoy andando sozinho e distraidamente por ai.

Quando deu a primeira tragada Lucius ficou mais leve. Era ótima a sensação que o tabaco lhe causava, o acalmava. Como ficava tranquilo quando tragava... Conseguia pensar mais profundamente sobre alguns assuntos.

Reviveu toda a conversa com Slughorn mais cedo e depois relembrou o almoço na mesa de Slytherin. A Amortentia era uma poçãozinha um tanto quanto engraçada, pensou Lucius. Ela, se ingerida, causa uma paixonite aguda e inconsequente, e por isso é uma poção tão perigosa, mas quanto ao cheiro que se difere para cada pessoa não, é até útil em alguns casos. Útil para Lucius. Descobrir que estava atraído por Narcissa era realmente bom, pois atração poderia converter-se em emoções. E emoções por uma garota, especialmente sua noiva, poderiam estragar seus planos de vida.

Lucius tragou outra vez.

Ele não precisava de amor ou paixão. Precisava mostrar-se um bom aluno, um bruxo talentoso, um homem frio, para tornar-se um Comensal da Morte e assim dar orgulho ao seu pai que logo faleceria – Abraxas Malfoy sofria de Varíola de Dragão. Ele não queria orgulhar somente ao seu pai, que tanto lhe cobrava uma atitude que condizia com seus ideais, gostaria que um dia, quando morresse, encontrar sua mãe e lhe dizer com todas as palavras que se vingou de sua morte torturando até mesmo os homens aliados de Dumbledore que lhe fizeram isso, e principalmente, desejava mostrar a si mesmo que não era um fraco, que lutou por uma causa nobre, que ajudou a limpar o mundo de toda a sujeira e honrar o sangue e o nome que tem. Pois este era Lucius Malfoy e não seria um sentimento tolo como o amor e até mesmo a paixão desviá-lo de seu caminho, mesmo que estes sentimentos fossem por alguém que aprendeu a respeitar e começou a admirar. Poderia até apaixonar-se por Narcissa, mas ele iria reprimir e enganar suas emoções, afinal de conta, era Lucius, e enganava a qualquer um. Até mesmo seu coração.

Quando seu cigarro já estava chegando ao final a sineta tocou indicando que o horário do almoço havia acabado. Ao longe, viu alguns alunos que estavam no jardim, dispersando-se e rumando em direção ao interior do castelo. Também se levantou, jogou a bituca de cigarro no Lago Negro, pegou sua mochila, jogou nas costas e andou em direção ao castelo, ainda pensando em seus projetos de vida.

Assim que chegou ao corredor, encontrou os amigos conversando. Ele não disse nada. Continuou caminhando em silêncio. Seus amigos sabiam que ele não costumava falar quando seguiam o caminho para a sala de aula.

O jovem Malfoy sabia que a vida estava lhe dando escolhas. A oportunidade de escolher entre os sentimentos, um caminho com muitas curvas e obstáculos, um caminho duvidoso, onde ele não terá certeza de nada e que nunca lhe trará glórias. Ou poderia escolher pelos seus sonhos, por seus ideais, uma alternativa onde terá de mostrar seus talentos, terá de lutar e ser determinado, mas que com certeza lhe trará grandes frutos e reconhecimentos.

Lucius sabia qual escolher. Um destino de incertezas, ou um destino de glórias.

Estava convicto de que faria a melhor opção e já escolhera. Contemplou a sua frente e riu. Ele precisava de uma esposa, mas não necessitava amá-la.

Mal o jovem Malfoy sabia que vinte anos mais tarde ele se arrependeria da escolha que fez. Talvez o amor não tivesse lhe dado glórias ou títulos, mas certamente teria lhe dado uma vida repleta de felicidades e talvez o amor de seu filho. Ele optou por não amar Narcissa e consequentemente Draco preferiu não amá-lo.

A vida é como um jogo de xadrez. As decisões tomadas no começo da partida terão consequências no final.


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Notas finais do capítulo

E então o que acharam? Comentem, por favor.
Links das personagens:
Lucius Malfoy → http://static4.worldofwonder.net/wp-content/uploads/2014/06/Boyd-Holbrook-kyle-oshea-28954244-800-1152.jpg
Narcissa Black → http://sarahgadonfan.com/gallery/albums/userpics/10001/Cannes2014.jpg
Bellatrix Black → http://katie-mcgrath.com/photos/albums/Photoshoots/2013/05/008.jpg
LucindaTalkalot→http://www.hqdiesel.net/gallery/albums/userpics/10004/hqdiesel_28929~943.jpg
Rodolphus Lestrange → http://37.media.tumblr.com/afcb0ce74e75bb370beefdc9d51dc44b/tumblr_mgxxacmqB21qistxzo1_500.png
Glenda Chittock→ http://www.hqdiesel.net/gallery/albums/userpics/10001/617_286729.jpg .
Rabastan Lestrange→ http://www.kz-manofthehour.com/gallery/albums/userpics/10001/2014-06-04_281029.jpg
Evan Rosier → http://26.media.tumblr.com/tumblr_loil439hnC1qajqvxo2_500.gif
Severus Snape → http://24.media.tumblr.com/tumblr_ll1xi447kO1qbsg9zo1_500.jpg
Espero que tenham gostado :)